RÚSSIA - Moscovo vai suspender as entregas de eletricidade para a Finlândia a partir deste sábado (14), devido a contas não pagas. Medida vem na sequência do anúncio de Helsínquia sobre adesão à NATO.
O anúncio do corte de fornecimento de energia russa à Finlândia, na sexta-feira (13), ocorre num cenário de crescente tensão entre Moscovo e Helsínquia, que anunciou esta semana a intenção de aderir à NATO, uma decisão de imediato criticada pelo Kremlin, que ameaçou com retaliações.
A RAO Nordic Oy, braço europeu da empresa de energia russa Inter RAO, com sede em Helsínquia, não recebe pagamentos pela eletricidade fornecida à Finlândia desde 6 de maio, disse o grupo em comunicado, alegando a falta de meios financeiros para continuar a receber eletricidade importada da Rússia.
"Esta situação é excecional e ocorre pela primeira vez em mais de 20 anos", acrescentou a empresa, explicando que está obrigada a "suspender a importação de eletricidade a partir de 14 de maio".
"Esperamos que a situação melhore em breve" e que as entregas da Rússia sejam retomadas, conclui a empresa.
Principal importador de eletricidade da Rússia para os mercados nórdicos, a RAO Nordic opera na União Europeia desde 2002.
Finlândia preparada
Em abril, a empresa finlandesa de energia Fingrid informou que limitaria a capacidade de transmissão de energia na fronteira com a Rússia, o que reduziria a potência de importação de 1.300 MW para 900 MW.
"Esta decisão é baseada em uma avaliação dos riscos para o sistema energético no contexto das mudanças da situação internacional", disse a companhia, referindo-se ao conflito militar iniciado pela Rússia na Ucrânia a 24 de fevereiro.
Na sequência do anúncio desta sexta-feira, a operadora da rede elétrica finlandesa garantiu que pode prescindir das importações de energia da Rússia.
"Estávamos preparados para isso e não será difícil. Podemos compensar com um pouco mais de importações da Suécia e da Noruega", disse à agência de notícias AFP Timo Kaukonen, gerente de operações da operadora Fingrid.
Adesão à NATO
Na quinta-feira, a Finlândia -- que tem uma longa fronteira com a Rússia - anunciou o desejo de passar a integrar a NATO, devendo formalizar o pedido de adesão no domingo (15).
O Presidente turco manifestou-se hoje desfavorável à entrada da Finlândia e da Suécia na NATO, na primeira voz dissonante no seio dos 30 aliados. A unanimidade é necessária para um novo membro entrar para a aliança atlântica, colocando a Turquia em posição de bloquear as candidaturas dos dois países nórdicos, previstas para os próximos dias.
O Kremlin já disse que a entrada da Finlândia na NATO constituiu uma ameaça e que será forçada a "tomar medidas recíprocas, tecno-militares e outras", para responder ao que considera ser uma "ameaça à segurança nacional".
Lusa, EFE, tms