Premiada na categoria Matemática, Zuanetti desenvolve projeto que propõe métodos estatísticos para descrever tendências e para fazer previsões a partir de dados genéticos.
"Por quais motivos células doentes são diferentes das saudáveis? Qual o padrão de comportamento de cada uma delas? São essas respostas que buscamos para, assim, identificar fatores genéticos que determinam o aparecimento ou fatores de risco para uma doença, possibilitando prevenção", exemplifica.
O projeto se diferencia por desenvolver análises de sequências de RNA encontradas em células únicas - ou seja, investigadas individualmente, e não em massa, como é comum em modelos estatísticos já existentes. "Isso torna a pesquisa mais precisa. Além disso, os métodos estão sendo desenvolvidos em softwares modernos e, assim, mais eficientes", reforça.
Esses métodos estatísticos poderão colaborar em pesquisas em saúde humana e animal, bem como em melhoramento genético de plantas.
Após a elaboração e a validação dos métodos, a ideia é torná-los públicos para que cientistas de várias áreas consigam acessá-los e aplicá-los à sua realidade, identificando, portanto, padrões e tendências.
Em sua 17ª edição, o Prêmio "Para Mulheres na Ciência" visa apoiar pesquisas acadêmicas feitas por mulheres, incentivando a participação feminina e o equilíbrio de gêneros no cenário científico brasileiro.
Incentivo e inclusão
Natural de Porto Ferreira, interior de São Paulo, Zuanetti foi a primeira pessoa de sua família a cursar e completar o Ensino Superior. "Meus pais completaram apenas o Ensino Fundamental e começaram a trabalhar muito cedo, mas sempre me incentivaram nos estudos, pois entendiam a importância da construção de carreira para uma independência financeira e melhores condições de vida", relembra.
Seus estudos na área começaram desde a Iniciação Científica, na graduação em Estatística pela UFSCar, nos anos 2000, e seguiram no mestrado na mesma instituição. Após experiência em empresa do mercado financeiro, por sete anos, ela retornou à UFSCar para o doutorado na universidade em que, desde 2016, é docente.
A pesquisadora afirma que a inclusão de gênero ainda é um desafio no universo acadêmico. "Mesmo com tantas mudanças já feitas na sociedade, ainda existe um estigma sobre a mulher cientista, especialmente na área de Exatas, de que ela 'não nasceu' para isso ou não deve seguir por esse caminho", reflete.
Por isso, ao receber o prêmio, Zuanetti ficou surpresa e, ao mesmo tempo, feliz com o reconhecimento do projeto, tendo em vista a seleção de apenas sete mulheres em todo o território nacional.
"Além de dar visibilidade ao trabalho de excelência que tem sido produzido por cientistas da UFSCar e, mais especificamente, do DEs, a premiação é uma oportunidade para despertar em meninas e mulheres cientistas a curiosidade e o interesse em áreas como Estatística e Matemática. Também quero que percebam que todas elas são capazes de conquistas como essa", reforça.
As cientistas premiadas em "Para Mulheres na Ciência" recebem R$ 50 mil para serem investidos em seus projetos. No caso de Zuanetti, a verba será essencial para o andamento das pesquisas em seu laboratório. "O intuito é adquirir computadores com alta capacidade de processamento, para conseguirmos, enfim, realizar simulações com grande quantidade de dados", finaliza.
Confira todas as mulheres contempladas em https://twitter.com/