De acordo com Lívia Polastri Piai, estudante de graduação em Psicologia da UFSCar e responsável pelo estudo, esquemas iniciais desadaptativos são conceitos cunhados pelo psicólogo Jeffrey Young para designar padrões emocionais e cognitivos de característica autoderrotista, que são iniciados no período inicial de desenvolvimento de uma pessoa e são repetidos ao longo da vida. "Esses esquemas são formados pela não satisfação de necessidades fundamentais no início da vida, seja ela eliciada por abusos, seja por instabilidade na família de origem ou privação emocional, como também pela superproteção e repressão da espontaneidade da criança". Segundo a pesquisadora, associados aos esquemas, estão um conjunto de memórias, emoções, sensações corporais e cognições, que geram comportamentos em resposta a eles.
A pesquisa da UFSCar está buscando identificar quais desses esquemas podem ser encontrados em pessoas que sofreram algum tipo de violência em um relacionamento. Para Lívia Piai, a investigação da violência dentro de relacionamentos é um tema que tem ganhado destaque dentro dos debates atuais, sobretudo em relação à vitimização de mulheres. "A violência se apresenta de diversas formas, podendo ser de ordem física, psicológica, sexual, patrimonial e tem, predominantemente, mulheres como vítimas", detalha. Assim, o trabalho quer "contribuir com a compreensão da dinâmica dos relacionamentos com violência pela investigação dos aspectos cognitivos que os mantêm: os esquemas iniciais desadaptativos (EIDs), buscando identificar quais deles estão mais frequentemente presentes em vítimas dessas relações".
Dessa forma, o estudo "objetiva, também, contribuir com o corpo de literatura dos EIDs em relacionamentos com violência, visto que, apesar de pouco estudado, esse é um problema de gravidade notável e que, sob a perspectiva da Teoria dos Esquemas, pode proporcionar grandes avanços no desenvolvimento de tratamentos", complementa a estudante de Psicologia. Ela conta que "existem 18 esquemas iniciais desadaptativos, estando divididos em cinco domínios. O tratamento, a partir da Terapia de Esquemas, mostra-se promissor ao propor uma ruptura da perpetuação esquemática, quebrando ciclos repetitivos e buscando uma mudança integrativa".
Como participar
Os requisitos para os participantes são: ter mais de 18 anos e estar ou ter estado em um relacionamento de no mínimo três meses. Não há restrições de gênero e orientação sexual, e não é necessário que tenha havido violência no relacionamento.
Os dados são anônimos e não serão divulgados. O questionário fica aberto durante o mês de dezembro e pode ser acessado no link https://bit.ly/3VlTDaT. O tempo estimado de resposta é de 20 minutos. Dúvidas podem ser esclarecidas pelos contatos da pesquisadora que constam no formulário.
O estudo, intitulado "Esquemas iniciais desadaptativos e violência entre parceiros íntimos", tem orientação da professora Sabrina Mazo D’Affonseca, do Departamento de Psicologia (DPsi) da UFSCar, e apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (CAAE: 54303921.6.0000.5504)