O aniversário foi no último dia 9 de setembro. Curiosamente, Dia do Médico Veterinário!
SÃO CARLOS/SP - Se existe um espaço público municipal em São Carlos que resiste a crises econômicas e políticas, principalmente com as trocas de prefeitos, com certeza é o Parque. Ao longo dessas mais de quatro décadas, o ambiente se consolida como um dos mais prestigiados pela população quando o assunto é proteção e cuidado com a fauna. Por causa da pandemia, este ano não haverá programação especial para comemorar a data e, sobretudo, o retrospecto de reconhecimento e sucesso.
Um pouco da história - O Parque Ecológico nasceu em 1976 através de uma fundação criada entre a UFSCar e a Prefeitura Municipal. Surgiu com um conceito inovador para a época: trabalhar com a fauna brasileira, o que não era comum para zoológicos naquele período. Dra. Nícia Magalhães, criadora do Parque, idealizou recintos com apresentação natural e temática, propostas que seriam implantadas muitos anos depois nos zoológicos brasileiros.
O local escolhido também não poderia ser mais simbólico, a antiga piscina do Espraiado que na época estava desativada, mas guardava o carinho de muitos frequentadores do local. Aliás, esta piscina de água natural (atual lago de entrada do Parque) era abastecida pelo córrego do Espraiado, manancial de água da cidade preservado dentro do PESC que fornece água de qualidade há mais de 100 anos (captação Espraidado/Monjolinho, inaugurada em 1918). O local também serviu de estande de tiro para treinamento do Tiro de Guerra. Até hoje, marcas dos antigos atiradores estão gravadas nas madeiras que circundam o atual escritório do Parque.
Hoje o Parque é, certamente, o ponto turístico mais visitado e procurado na região. Com seus mais de 60 hectares, boa parte para passeio, é uma área verde importante para a cidade e que atrai cada vez mais pessoas de São Carlos, de cidades vizinhas e até de outros estados e países.
No Parque são abrigados cerca de 400 animais da fauna sul-americana, em especial a brasileira, como micos leões, dourado, preto e de cara dourada, jaguatiricas, emas (os animais símbolos do Parque), tamanduás bandeira e mirim, iguanas, serpentes de várias espécies, dentre muitos outros animais.
Um ponto muito forte do local é a educação ambiental para aumentar a consciência ecológica e de proteção dos recursos naturais. Para isso, são promovidas diversas atividades lúdicas como ações de contato com os animais e brincadeiras com crianças e adultos com a temática sobre a proteção da fauna. Também são realizadas campanhas de conscientização, como forma de sensibilizar contra o atropelamento de animais, e em especial a de recolhimento de esponjas dupla face usadas, que ensina a importância da reciclagem e recolhe um volume enorme de resíduos que iram para o aterro sanitário.
O Parque se diferencia no sucesso com a reprodução de várias espécies de animais, como os micos leões dourados, tamanduás e os ursos de óculos. Estes últimos são uma espécie ameaçada na América do Sul, e o Parque deu uma importante contribuição reproduzindo estes animais durante anos e enviando exemplares nascidos aqui para formar novos casais reprodutivos em outros zoológicos e parques, uma ação para conservação reconhecida nacionalmente. Os cervos do pantanal também se reproduzem com frequência no Parque, que além de contribuir para o Programa Nacional de Conservação dos Cervídeos Brasileiros, sob coordenação da UNESP de Jaboticabal, também recebeu da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil a responsabilidade de ser padrinho desta ameaçada espécie, mantendo e divulgando a necessidade de proteger este animal para as futuras gerações.
Para o diretor do Parque Ecológico de São Carlos, o biólogo Fernando Magnani (que, aliás, há mais de 30 anos está nessa função), a história de sucesso do espaço se deve a um conjunto de fatores, internos e externos, todos muito importantes, mas o comprometimento, dedicação, carinho e atenção de uma equipe multidisciplinar de funcionários é o grande destaque. “Todas as pessoas envolvidas nesse processo têm uma parcela significativa de contribuição para o êxito de todas as atividades desenvolvidas no Parque, sobretudo aquelas que dizem respeito especificamente ao zelo com os animais. Cuidados que vão desde a higiene diária dos recintos, alimentação balanceada e criteriosa, atenção com a saúde e bem estar, respeito ao comportamento individual das espécies e todos os demais manejos que compõem as estratégias de ação para garantir a quantidade e a qualidade de vida dos bichos que estão sob nossa responsabilidade. Afinal, como bem definiu Charles Darwin, a compaixão para com os animais é das mais nobres virtudes da natureza humana”.
Para Mariel Olmo, secretário de Serviços Públicos, pasta da qual o Parque faz parte, apesar da falta de recursos para investimentos em diversas áreas da administração pública, as melhorias no local continuaram. “O Parque Ecológico é um patrimônio da cidade e mesmo com a escassez de recursos, porém com apoio da iniciativa privada e de destinação de emendas parlamentares, conseguimos adquirir um novo veículo, construir um novo recinto para os bugios, inclusive com conceito moderno e com o túnel, reformamos o recinto para aves na entrada do Parque e estamos finalizando as obras dos recintos para macacos amazônicos, a reforma do Centro de Educação Ambiental, uma reivindicação antiga dos servidores, além disso, aproveitamos esse período sem visitação pública em virtude da pandemia para construir novos sanitários e o fraldário”, ressalta o secretário.
O Parque Ecológico “Dr. Antônio Teixeira Vianna” está fechado para visitação pública desde o dia 17 de março em cumprimento ao decreto nº 115, que dispõe sobre medidas não-farmacológicas e sim de distanciamento social para evitar a transmissão do novo coronavírus no município.
No momento o Departamento de Proteção e Defesa Animal da Secretaria de Serviços Públicos finaliza um protocolo específico de segurança sanitária para o retorno das visitações e atividades no local. O protocolo ainda será analisado pelo Comitê Emergencial de Combate ao Coronavírus.