Em 30 dias, foram realizados 3 procedimentos, mesmo durante a pandemia da COVID-19
SÃO CARLOS/SP - A Santa Casa de São Carlos bateu um recorde na captação de órgãos: foram feitos 3 procedimentos em 30 dias, enquanto a média é de 1 procedimento a cada 2 meses. No total, dos 3 doadores, foram captados 4 rins, 1 fígado e 2 córneas. Os órgãos e tecidos foram transplantados em pacientes que aguardavam na fila de espera nos hospitais de Ribeirão Preto, São Paulo e no Hospital de Base de São José do Rio Preto
Participaram desses procedimentos médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e do Centro Cirúrgico da Santa Casa, juntamente com as equipes de captações de órgãos.
De acordo com a Enfermeira da Comissão de Doação de Órgãos e Tecidos da Santa Casa, Sara de Almeida Pedrosa, a captação de órgãos segue um protocolo rigoroso, que começa com a constatação da morte cerebral do paciente. “Antes de tudo, a família é avisada que será aberto o protocolo de morte encefálica, quando há perda irreversível das funções cerebrais. Só depois que a morte encefálica é constatada, é que uma equipe multiprofissional, composta por psicólogos, médicos e enfermeiros, entrevista a família e fala sobre a opção da doação dos órgãos. Se a família concordar, são feitos todos os exames necessários para avaliar as condições dos órgãos. Em seguida, é feita a documentação autorizando a doação e, assim, seguir com os procedimentos cirúrgicos para a retirada dos órgãos.
A equipe da Organização de Procura de Órgãos da Regional de Ribeirão Preto (OPO-RP) é a responsável pela captação dos rins e por toda a logística do processo de doação. Já a distribuição dos órgãos é feita pela Central de Transplantes Regional que, por meio de um sistema, define quem serão os receptores que estão na fila de espera para receber o transplante.
A Enfermeira Chefe da OPO-RP, Judith dos Santos, explica que, em virtude da pandemia, houve uma redução de 30% nas captações de órgãos na região de Ribeirão Preto (onde São Carlos está incluída). “Por isso, o recorde da Santa Casa de São Carlos é animador, mostra o trabalho da Instituição em valorizar a doação de órgãos. Nós da OPO também continuamos em busca de potenciais doadores, pois muitas pessoas aguardam por essa chance de viver”, comenta a Enfermeira.
A grande dificuldade no processo de captação e doação de órgãos ainda é a recusa dos familiares. O fato de não terem conhecimento sobre a vontade do possível doador, causa o impedimento da doação. Por isso, a Coordenadora da Comissão de Doação de Órgãos e Tecidos da Santa Casa de São Carlos, Tatiana Zanqueta, explica que é muito importante conversar com a família sobre o desejo de ser doador para que, assim, os familiares autorizem a doação. “Essa comunicação é fundamental, já que hoje em dia não existe mais a necessidade apresentar a carteirinha do doador. Optar pela doação dos órgãos é um gesto nobre de dar a esperança de um novo recomeço de vida para o próximo. É permitir que alguém tenha uma qualidade melhor de vida”, afirma a coordenadora.
Para a Gerente de Práticas Assistenciais da Santa Casa, Vanisia Sulpino, o hospital tem um papel muito importante por ser o notificador de potenciais doadores. “Apesar da COVID-19, pessoas continuam perdendo vidas na fila de espera por um transplante. E a gente conseguir bater esse recorde no meio da pandemia, é importante demais, porque estamos ajudando a também salvar essas vidas".