EUA - A autobiografia de Matthew Perry, lançada no início do ano, alcançou o patamar de livro mais vendido no mundo via internet na segunda-feira (30/10), dois dias após a morte do ator. O livro “Amigos, Amores e Aquela Coisa Terrível” ultrapassou até mesmo o recém-lançado “A Mulher em Mim”, autobiografia de Britney Spears, segundo dados da Amazon.
No livro, o ator eternizado como Chandler na série “Friends”, desabafa sobre sua batalha contra a dependência de opioides e o alcoolismo – “Aquela Coisa Terrível”, como ele denomina. O narrador, com um tom irônico, leva o leitor por um passeio em sua vida real, muito além das telas. Perry evidencia uma jornada de autoconhecimento e enfrentamento de seus demônios, sem cair no autovitimismo.
As confissões amorosas são um capítulo à parte. Na obra, o ator compartilhou sua insegurança em relacionamentos, terminando com Julia Roberts e outras antes que o abandonassem. As memórias se estendem às grandes amizades, como a com Bruce Willis, com quem contracenou em “Meu Vizinho Mafioso” (1999).
O melhor emprego do mundo
Os relatos de Perry sobre o período de “Friends” – ou ao “melhor emprego do mundo” – são uma viagem à época dourada da TV americana.
O vazio crônico, nascido de uma infância com pais separados, foi preenchido parcialmente por seu alter ego, Chandler, um personagem que, segundo Perry, era uma extensão de si mesmo. O ator reflete sobre sua jornada, desde os desafios iniciais até alcançar a fama, descrevendo com carinho o período em “Friends”, mas sem mascarar os percalços de sua vida pessoal.
Luta pela vida
Revelando que ele e seus co-protagonistas ganhavam US$ 1,1 milhão por episódio nas últimas temporadas, Perry estima ter gastado cerca de US$ 7 milhões em busca da sobriedade. O ator descreve um ciclo vicioso com 65 internações para desintoxicação e 14 cirurgias decorrentes do vício, destacando uma vida de lutas contínuas. Certa vez, fortemente constipado, seu intestino simplesmente estourou, e daí vieram coma e 2% de chance de sobreviver. Por isso, ele abre o livro afirmando que devia estar morto.
Ao final, o ator revela que, apesar dos desafios, manteve sua integridade profissional, nunca atuando sob efeito de drogas nos 237 episódios de “Friends”.
por Pedro Benjamin Prado / PIPOCA MODERNA