GOIÁS/GO – O desmatamento no Cerrado brasileiro atingiu a maior alta em sete anos, mostraram dados do governo nesta quarta-feira, indicando a destruição de um habitat vital para espécies ameaçadas e liberando grandes quantidades de gases de efeito estufa que impulsionam as mudanças climáticas.
A destruição da vegetação nativa aumentou 25%, para 10.689 quilômetros quadrados, nos 12 meses até julho, em comparação com o mesmo período anterior, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A área é maior do que o Líbano.
A Reuters antecipou na terça-feira o aumento na destruição do bioma, citando fontes. As estatísticas oficiais de desmatamento do Brasil vão de agosto a julho para minimizar o efeito das nuvens que atrapalham as imagens.
O Cerrado, a savana mais rica em espécies do mundo, deu lugar à expansão da fronteira agrícola do Brasil por décadas. Cerca de metade da vegetação do bioma já foi destruída, com grande parte convertida em fazendas e sítios.
Países presentes em uma cúpula da natureza COP15 da ONU em Montreal pretendem fechar um acordo para proteger e reverter a perda de áreas ricas em biodiversidade, como o Cerrado. Mas, com a cúpula marcada para terminar em 19 de dezembro, os negociadores ainda discordam em cerca de 200 pontos, de acordo com os documentos da conferência.
“O que comemos e como produzimos nossos alimentos são os principais impulsionadores dessa aniquilação em larga escala”, disse Jean-Francois Timmers, especialista em políticas da organização defensora do meio ambiente WWF.
“Precisamos que os negociadores da COP15 priorizem o fim do desmatamento e a conversão em áreas onde a taxa anual de perda de ecossistemas é alarmante, como o Cerrado”.