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FRANÇA - O presidente francês, Emmanuel Macron, recebeu nesta segunda-feira (3), no Palácio do Eliseu, 184 membros de uma convenção de cidadãos que se reuniu durante três meses e se posicionou amplamente a favor da elaboração de uma lei autorizando o suicídio assistido e a eutanásia, atualmente proibidos na França. Os procedimentos deverão seguir uma regulamentação e condições específicas, que ainda serão detalhadas no projeto.

Macron disse “ter ouvido a resposta clara” da sociedade, que após uma longa reflexão sobre o assunto pede a elaboração de um “modelo francês de fim de vida”. O presidente prometeu apresentar aos franceses até setembro um novo projeto de lei, a ser proposto pelo Parlamento e o governo, para regulamentar os cuidados paliativos e o final de vida no país.

Era "uma prioridade absoluta", comemora Claire Fourcade, presidente da Sociedade Francesa de Apoio e Cuidados Paliativos. “Existe a vontade política, vamos agora ficar extremamente atentos para ver como essa vontade será aplicada”, acrescenta.

Macron lembrou aos presentes à audiência que ele próprio tem “uma opinião pessoal que pode evoluir”, mas que como chefe de Estado “tem uma responsabilidade pela harmonia e um desejo de apaziguamento". Os católicos franceses, que formam uma parcela importante do eleitorado conservador, se pronunciam frequentemente contra a eutanásia.

No relatório apresentado domingo (2) pelos franceses que haviam sido escolhidos por sorteio para discutir esse tema, três quartos do grupo votaram a favor de alguma forma de assistência ativa para morrer (AAM), concretamente ao suicídio assistido ou à eutanásia, sob certas condições, como: doença incurável que comprometa o prognóstico vital, grande sofrimento e garantia da expressão da livre vontade do paciente. De forma alguma o mecanismo poderia ser usado para “casos de isolamento social, ou quando o paciente se sente um fardo para as famílias”, destacou o presidente. Ele observou, ainda, que “uma lei não vai dar conta de todo o drama” envolvido nesses casos.

Emmanuel Macron defendeu um "plano nacional de dez anos para a gestão da dor e de cuidados paliativos". Este plano, segundo o presidente, será acompanhado de “investimentos necessários”, considerando que “o Estado tem obrigação de resultado” para garantir “o acesso efetivo e universal aos cuidados de suporte em fim de vida”, completou.

A legislação atual, estabelecida pela lei Claeys-Leonetti, de 2016, permite que a equipe médica e enfermeiros sedem irreversivelmente pacientes próximos da morte, cujo sofrimento é intolerável. Mas não chega a autorizar o suicídio assistido (o próprio paciente administra um produto letal) ou a eutanásia (um profissional o injeta). Neste procedimento legal, o paciente é sedado, recebe medicamento contra a dor e sua alimentação e hidratação são interrompidas. A prática pode ser realizada tanto no hospital quanto na casa do doente, sob a vontade dele, se estiver consciente. Caso esteja inconsciente, a família ou o corpo médico podem autorizar essa prática.

A lei francesa trata a eutanásia ativa como um assassinato, um crime punível com penas que vão de 30 anos de detenção à prisão perpétua. O Código Penal também prevê aos profissionais da saúde que decidirem realizar esse procedimento a proibição de continuar exercendo suas profissões. O suicídio assistido – quando um profissional da saúde ajuda um doente consciente a colocar voluntariamente um fim à vida – também é ilegal e punido por lei na França.

 

Governo não seguiu todas as recomendações de consulta sobre clima

O Executivo havia sido criticado por ter negligenciado, em grande parte, as conclusões de uma convenção cidadã anterior sobre o clima. Os membros da Convenção "não decidem no lugar das autoridades, que têm legitimidade para fazê-lo", mas "as suas conclusões são importantes e serão levadas em consideração", garante o Palácio do Eliseu.

A Convenção dos cidadãos exige a garantia de que o paciente tenha se beneficiado previamente de um acompanhamento em profundidade e que tenha podido expressar a sua vontade a qualquer momento. A Convenção não se pronunciou sobre a possível falta de discernimento dos pacientes e nem sobre o acesso à morte assistida para menores de idade. “São dois assuntos bloqueadores e não há, necessariamente, interesse em ir mais longe nessas áreas”, afirma em nota o Executivo, parecendo querer deixar esses dois pontos de lado. Em seu discurso nesta segunda-feira, Macron fechou a porta a qualquer assistência à morte para menores.

A discussão sobre esse assunto era promessa de campanha do chefe de Estado, que acredita que, depois de décadas de polêmica, é preciso avançar. O Comitê Consultativo Nacional de Ética (CCNE) - principal organismo administrativo e independente a cargo de analisar questões éticas na França – já havia emitido um parecer favorável à evolução da legislação sobre práticas em prol do fim voluntário e medicalizado da vida.

 

Visão política

Se a legalização da eutanásia e do suicídio assistido tem apoio entre a esquerda e parte do centro, o tema desperta forte relutância na direita francesa. Em entrevista ao canal LCI, a líder da extrema direita, Marine Le Pen, advoga por mais "meios para cuidados paliativos" e anunciou que votaria "contra" uma lei que favorece a eutanásia.

Por outro lado, Jean-Luc Mélenchon, da extrema esquerda, defendeu em entrevista ao canal France 3 está "liberdade adicional", pedindo a organização de um referendo, o que segundo ele seria "o mais razoável".

O risco, segundo analistas políticos, é que esta questão intensifique ainda mais a tensão que existe na sociedade, já abalada pela crise previdenciária.

Em uma pesquisa publicada no Jornal de Domingo (JDD), realizada entre mil franceses, a maioria (70%) disse ser a favor da assistência ativa na morte. Mas apenas 36% consideram recorrer à eutanásia caso sofram de uma doença dolorosa e incurável.

 

 

 

por Maria Paula Carvalho / RFI

PARIS – O presidente da França, Emmanuel Macron, irá à China na próxima semana para uma rara visita à superpotência, em um embaraçoso ato de equilíbrio entre suas ambições de estadista global e sua luta para conter protestos contra reforma da previdência dentro de seu país.

O líder da França, cuja decisão de forçar a contestada legislação previdenciária no parlamento no início deste mês provocou confrontos e violência nas cidades francesas, está tentando manter sua ocupada agenda diplomática nos trilhos.

Mas as cenas caóticas de pilhas de lixo queimando em Paris, que foram transmitidas para todo o mundo, já obrigaram Macron a cancelar uma visita de Estado do rei britânico Charles, um constrangimento que não passou despercebido nos círculos diplomáticos.

“É uma coisa muito prestigiosa receber a primeira visita do rei da Inglaterra ao exterior, não acontece todos os dias. Se você não conseguir, é um problema”, disse o embaixador de um país europeu à Reuters.

“Está claro que ele está enfraquecendo”, afirmou outro diplomata da União Europeia. “É difícil medir o impacto, mas ele existe.”

Os protestos, que farão com que os sindicatos realizem uma 11ª greve nacional durante o período de Macron em Pequim, ocorrem no momento em que o presidente francês tenta recuperar a iniciativa sobre a guerra na Ucrânia e desempenhar um papel de liderança na Europa.

Isso não escapou aos observadores chineses.

“Os protestos trazem uma grande quantidade de risco e a França precisa de um destaque diplomático, especialmente porque quer desempenhar o papel de líder da Europa”, disse Wang Yiwei, diretor do Centro de Estudos Europeus da Universidade Renmin, na China.

Macron também precisará ter em mente a tática da China de dividir para governar, disse um diplomata não ocidental que sugeriu que a China pode tentar usar a viagem para colocar uma rixa no campo ocidental e distanciar a França dos Estados Unidos.

De sua parte, Macron quer enviar um aviso claro a seu colega Xi Jinping, que foi recebido no Kremlin pelo presidente russo Vladimir Putin neste mês, de que a Europa não aceitará que a China forneça armas à Rússia, agora com um ano de invasão da Ucrânia.

“Nossa mensagem será clara: pode haver uma tentação de se aproximar da Rússia, mas não ultrapasse essa linha”, disse um importante diplomata francês.

Analistas dizem que a decisão de Putin de posicionar armas nucleares em Belarus pode oferecer uma oportunidade para a França pressionar a China a se distanciar da Rússia neste ponto, já que Pequim há muito condena a proliferação nuclear.

“A França é uma potência nuclear, tem esta carta para jogar”, afirmou Antoine Bondaz, do think tank francês FRS.

 

 

 

Reportagem de Michel Rose, John Irish em Paris e Laurie Chen em Pequim / REUTERS

FRANÇA - Grupos vestidos de preto atearam fogo em latas de lixo e atiraram projéteis contra policiais em Paris, que responderam com gás lacrimogêneo, à margem de uma marcha contra o presidente francês, Emmanuel Macron, e seu projeto de lei altamente impopular para as aposentadorias.

Os confrontos também eclodiram em manifestações semelhantes em cidades como Rennes, Bordeaux e Toulouse, com uma agência bancária e carros sendo incendiados em Nantes.

No entanto, embora a frustração pública tenha evoluído para um sentimento anti-Macron mais amplo, o nível de violência nesta terça-feira não chegou nem perto do visto na semana passada e os protestos foram, em sua maioria, pacíficos.

No início do dia, o governo rejeitou uma nova demanda dos sindicatos para suspender e repensar o projeto de reforma, que atrasará a idade de aposentadoria em dois anos, para 64 anos, enfurecendo líderes trabalhistas que disseram que o governo tem de encontrar uma saída para a crise.

O governo disse que está mais do que disposto a conversar com os sindicatos, mas sobre outros assuntos, e repetiu que se manterá firme na questão previdenciária.

Milhões de pessoas têm se manifestado e se juntado à greve desde meados de janeiro para mostrar sua oposição ao projeto de lei.

Os protestos se intensificaram desde que o governo usou poderes especiais para aprovar a legislação no Parlamento sem uma votação.

A polícia disse que 93.000 pessoas marcharam em Paris na terça-feira, número menor do que o recorde de 119.000 pessoas na manifestação de 23 de março, mas maior ou igual às manifestações anteriores desde janeiro.

Um manifestante em Paris capturou o clima, brandindo uma faixa que dizia: "A França está com raiva".

"O projeto de lei (de aposentadoria) tem atuado como um catalisador para a raiva com as políticas de Macron", disse Fanny Charier, de 31 anos, que trabalha para a agência governamental francesa de empregos Pôle emploi.

Macron, que prometeu entregar a reforma previdenciária em ambas as suas campanhas presidenciais, diz que a mudança é necessária para manter as finanças do país em equilíbrio. Sindicatos e partidos de oposição dizem que há outras maneiras de fazer isso.

"Propusemos uma saída... e é intolerável que estejamos sendo obstruídos novamente", disse o chefe da central sindical CFDT, Laurent Berger, a repórteres no início de uma manifestação em Paris.

 

 

 

Reportagem de Tassilo Hummel, Stephane Mahe, Antony Paone, Bertrand Boucey, Eric Gaillard, Elizabeth Pineau, Marc Leras, Forrest Crellin, Jean-Michel Belot / REUTERS

PARIS – A polícia disparou gás lacrimogêneo e lutou contra violentos manifestantes anarquistas vestidos de preto em Paris e em toda a França nesta quinta-feira, enquanto centenas de milhares de pessoas marcharam contra o plano do presidente Emmanuel Macron de aumentar a idade de aposentadoria.

O nono dia de protestos em todo o país, em sua maioria pacíficos, interrompeu viagens de trem e avião. Os professores estavam entre as muitas profissões que abandonaram o trabalho, dias depois de o governo aprovar um projeto de lei para aumentar a idade de aposentadoria em dois anos, para 64 anos.

As manifestações na região central de Paris foram de maneira geral pacíficas, mas grupos de anarquistas “Black Bloc” quebraram vitrines, destruíram móveis urbanos e saquearam um restaurante McDonald’s. Os confrontos ocorreram quando a tropa de choque repeliu os manifestantes com gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral.

O ministro do Interior do país, Gerald Darmanin, disse que 149 policiais ficaram feridos e 172 pessoas foram presas em todo o país. Dezenas de manifestantes também ficaram feridos, incluindo uma mulher que perdeu um polegar na cidade de Rouen, na região da Normandia.

“Há bandidos, muitas vezes da extrema esquerda, que querem derrubar o Estado e matar policiais”, disse Darmanin depois de visitar a sede da polícia de Paris na noite de quinta-feira.

Pequenos grupos continuaram a enfrentar a polícia em Paris até tarde da noite, acendendo fogueiras em todo o centro da cidade e brincando de gato e rato com as forças de segurança.

A polícia também disparou gás lacrimogêneo contra alguns manifestantes em várias outras cidades, incluindo Nantes e Lorient, no oeste, e Lille, no norte, e usou canhões de água contra outros em Rennes, no noroeste.

Os sindicatos temem que os protestos possam se tornar mais violentos se o governo não der atenção à crescente raiva popular em relação às mudanças no setor previdenciário.

“Esta é uma resposta às falsidades expressas pelo presidente e sua teimosia incompreensível”, disse Marylise Leon, vice-secretária-geral da central sindical CFDT. “A responsabilidade desta situação explosiva não é dos sindicatos, mas do governo.”

Os sindicatos pediram uma ação regional no fim de semana e novas greves e protestos em todo o país em 28 de março, dia em que o rei Charles, do Reino Unido, deve viajar de trem de Paris para Bordeaux.

A entrada principal da prefeitura de Bordeaux foi incendiada na quinta-feira, dias antes da visita do monarca à cidade no sudoeste francês.

Na quarta-feira, Macron quebrou semanas de silêncio sobre a nova política, insistindo que a lei entraria em vigor no final do ano. Ele comparou os protestos com a invasão do Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021.

Slogans e faixas foram dirigidas ao presidente, que evitou os repórteres ao chegar a Bruxelas para uma cúpula de líderes da União Europeia.

As pesquisas de opinião há muito mostram que a maioria dos eleitores se opõe à nova legislação previdenciária. A raiva aumentou na semana passada, quando o governo forçou as mudanças pela câmara baixa do parlamento, sem votação.

 

 

 

Reportagem de Dominique Vidalon, Forrest Crellin, John Irish, Sudip Kar-Gupta, Lucien Libert, Stephane Mahe, Eric Gaillard, Bertrand Boucey, Marc Leras e Benoit van Overstraeten / REUTERS

FRANÇA - O Comitê Organizador Jogos de Paris 2024 (Olimpíada e Paralimpíada) abriu as inscrições do programa de voluntários para o maior evento esportivo do mundo. Os cadastros são realizados por meio de uma plataforma on-line. As inscrições vão até 3 de maio e podem ser feitas por interessados do mundo todo. Os organizadores esperam reunir 45 mil voluntários nos Jogos Olímpicos (de 26 de julho a 11 de agosto) e nos Paralímpicos (de 28 de agosto a 8 de setembro).

São várias as atribuições dos voluntários durante os Jogos, além das boas-vindas a delegações, torcedores e imprensa. Entre as atividades que prestam estão a de guiar fãs e pessoas credenciadas nas áreas de competição e Vila do Atletas; ajudar na distribuição de equipamentos e auxiliar em casos de atendimento médico.

Para pleitear uma vaga de voluntário é preciso ter 18 anos ou mais em 1º de janeiro de 2024; falar ao menos inglês ou francês; e estar disponível por, no mínimo, 10 dias entre a abertura da Vila dos Atletas (12 de julho de 2024), e dois dias depois do encerramento da Paralimpíada (10 de setembro de 2024).

 

 

AGÊNCIA BRASIL

TOULOUSE - Foi por pouco. Num contexto de crise política e social na França, faltaram apenas nove votos para que a oposição ao presidente Emmanuel Macron na Assembleia Nacional aprovasse uma moção de censura capaz de derrubar a primeira-ministra, Elisabeth Borne, e reverter a aprovação da controversa reforma da Previdência.

A moção, apresentada por uma coalizão transpartidária, recebeu 278 dos 287 votos necessários para sua aprovação.

Uma segunda moção de censura foi proposta pelo partido de ultradireita Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen, mas teve votação menos expressiva, com 94 votos a menos do que os necessários, uma vez que vários deputados favoráveis à medida declararam se recusar a votar numa iniciativa do RN.

Com a derrota, a reforma da Previdência, que aumenta a idade mínima para aposentadoria no país de 62 para 64 anos e é rejeitada pela maioria dos franceses, será implementada, num contexto de radicalização dos protestos contra a medida.

"Nove votos de diferença não são suficientes para nos fazer mudar de ideia", declarou o líder do partido de ultraesquerda França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, em frente à Assembleia Nacional, em Paris.

"Emmanuel Macron brincou com o fogo em um barril de pólvora", disse ele, que apelou à "censura popular" em "todos os lugares e em todas as circunstâncias". Mélenchon aposta na pressão das ruas para impedir a sanção da nova lei.

Ao final da votação, protestos eclodiram em cidades como Lyon, Rennes, Bordeaux, Estrasburgo e Toulouse, onde a polícia usou gás lacrimogêneo contra manifestantes que depredaram o mobiliário público. Em vários bairros de Paris, manifestantes atearam fogo às montanhas de lixo que se acumulam pelas ruas da capital por causa da greve dos garis contra a reforma. Pelo menos 70 pessoas foram presas.

As moções foram apresentadas em retaliação ao governo, que impôs a reforma da Previdência aos franceses por meio de um dispositivo constitucional, o artigo 49.3, que permite aprovação de um projeto de lei mesmo sem votação parlamentar favorável. O recurso incendiou os protestos contra a reforma, que já levaram milhões de franceses às ruas e que prometem continuar, a despeito da derrota parlamentar.

Numa sessão conturbada e ruidosa, deputados da oposição atacaram o governo diante da primeira-ministra que, sentada na primeira fila do plenário, permaneceu impassível mesmo diante dos discursos mais inflamados.

A notável ausência de parlamentares da base do governo na sessão foi sintoma do isolamento político de Borne, que se tornou tóxica depois de evocar o "número maldito", 49.3.

Quando subiu ao púlpito, ao mesmo tempo em que integrantes das siglas de esquerda abandonavam o plenário, Borne acusou deputados de atitudes anti-parlamentares, de obstrução do debate sobre o projeto, de ataques pessoais e de "violência nunca vista na 5ª República", período iniciado a partir da Constituição de 1958.

"Há deputados que acreditam que todos os ultrajes são permitidos", disse ela, antes de defender a medida adotada pelo governo. "O 49.3 não é a invenção de um ditador, mas a escolha profundamente democrática feita pelo general [Charles] de Gaulle e aprovada pelo povo francês."

Pesquisa do Ifop apontou que 78% dos franceses rejeitavam o uso do artigo 49.3 para acelerar as mudanças previdenciárias. E enquete do instituto Cluster 17 mostrou que 3 em cada 4 franceses (74%) queriam que a Assembleia aprovasse a moção e derrubasse a primeira-ministra. Segundo a pesquisa, ainda que esse desejo fosse majoritário entre eleitores do Reunião Nacional (91%), Le Pen, e da França Insubmissa (98%), de Mélenchon, a medida era vista com bons olhos mesmo entre eleitores de Macron (19%).

Os números dão dimensão ao desgaste do atual governo, que deve enfrentar maior resistência a seus projetos na Assembleia Nacional, além de uma nova jornada de manifestações de rua, que têm recebido adesões espontâneas nos últimos dias.

Bloqueios e quebra-quebra têm sido apontados como gatilho para ameaças contra parlamentares que se manifestaram a favor da reforma e contrários à moção de censura da oposição.

Durante o final de semana, o escritório do presidente do partido Republicanos, Eric Ciotti, em Nice, no sul da França, foi apedrejado e pichado com a frase: "a moção ou a rua". A ação ocorreu dias após manifestantes cortarem o suprimento de energia da casa do senador do Republicanos Bruno Retailleau.

O Republicanos era crucial para a aprovação da moção de censura pela Assembleia, assim como o foi para a aprovação da reforma pelo Senado. A maioria dos seus deputados refutou as moções de censura à esquerda e à direita.

Deputados da oposição, no entanto, ainda buscam alternativas para barrar a implementação da reforma.

A presidente da Assembleia Nacional informou nesta segunda (20) ter recebido o pedido de um referendo de iniciativa partilhada (RIP, na sigla em francês) assinado por 252 deputados e entregue à presidência pelo Partido Comunista Francês. O referendo permite a organização de uma consulta popular sobre um projeto de lei por iniciativa de um quinto dos parlamentares, ou seja, 185 dos 925 deputados e senadores.

O trâmite do pedido é longo e complexo e começa pela apreciação, nos próximos 30 dias, por um conselho constitucional. Caso seja aprovado, precisa colher assinaturas de apoio de um décimo do eleitorado, ou seja, 4,87 milhões de pessoas, para ser implementado.

 

 

por FERNANDA MENA / FOLHA de S.PAULO

FRANÇA - O Senado francês aprovou, no sábado (11), a polêmica reforma da previdência promovida pelo presidente Emmanuel Macron, enquanto milhares de pessoas foram às ruas, embora o movimento tenha perdido força.

A votação foi um passo-chave para colocar em prática a reforma, que ainda precisa ser aprovada pela Assembleia Nacional, a câmara baixa do Parlamento francês, possivelmente na quinta-feira.

“Um passo importante foi dado”, declarou a primeira-ministra Elisabeth Borne, após 195 senadores votarem a favor da proposta e 112 contra. “Apesar das tentativas de obstrução por parte de certos grupos, o debate democrático foi finalizado”.

Borne garantiu que o governo “continuará colocando toda sua energia” para ir “até o final do processo democrático para que este texto seja votado”.

Os sindicatos convocaram o protesto para sábado com a esperança de atrair mais trabalhadores, e ainda e ainda esperam forçar Macron a desistir da proposta.

Segundo o Ministério do Interior, 368 mil pessoas foram às ruas na França neste sábado, 48 mil delas em Paris. O número é inferior ao de 16 de fevereiro (440 mil na França, 37 mil na capital), dia que havia mobilizado o menor número de manifestantes desde o início dos movimentos de protestos, em final de janeiro.

No entanto, o sindicato CGT estimou em mais de um milhão os manifestantes deste sábado, 300 mil deles em Paris.

 

– Reforma impopular –

Uma recontagem feita pela consultoria Occurrence para um grupo de meios de comunicação, incluindo a AFP, rebaixou as estimativas do número de manifestantes em Paris para 33 mil neste sábado.

Dois terços dos franceses, segundo as pesquisas, são contrários ao plano de elevar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos a partir de 2030, além de antecipar para 2027 a exigência de contribuição por 43 anos (e não 42 como atualmente) para que o aposentado receba a pensão integral.

A rejeição dos franceses foi demonstrada em vários protestos desde 19 de janeiro, além de greves nos transportes e no setor de energia.

“É a reta final”, disse Marylise Leon, secretária-geral adjunta do sindicato CFDT. “Tudo está em jogo agora”, declarou em entrevista à rádio Franceinfo.

A tensão sobre a reforma atingiu o pico esta semana, depois que Macron se recusou a aceitar reuniões com representantes dos sindicatos, o que provocou “muita irritação”, segundo Philippe Martinez, líder do CGT.

“Quando milhões de pessoas estão nas ruas, quando há greves e tudo o que recebemos do outro lado é o silêncio, as pessoas perguntam: O que mais temos que fazer para sermos ouvidos?”, afirmou, antes de pedir um referendo sobre a reforma previdenciária.

“Como ele está muito seguro de si, o presidente da República deveria consultar o povo. Veremos qual é a resposta do povo”, propôs.

“Imploro aos que governam este país que saiam desta forma de negação do movimento social”, insistiu o líder do sindicato CFDT, Laurent Berger.

 

 

ISTOÉ DINHEIRO

FRANÇA - O atacante Neymar passará por uma cirurgia para reparação dos ligamentos do tornozelo direito, depois de sofrer mais uma lesão no local no mês passado. O PSG informou através de nota oficial nesta segunda-feira que o procedimento será realizado em Doha nos próximos dias, e que o jogador deve ficar de fora dos gramados por até quatro meses.

Desta forma, caso o prazo se confirme, Neymar não deve atuar mais na atual temporada, que se encerrará em junho. Ele vinha se recuperando de uma lesão sofrida diante do Lille, no dia 19 de fevereiro, através de tratamento conservador, mas os médicos do clube optaram pela intervenção cirúrgica devido ao histórico recente do jogador de 31 anos.

- Neymar Jr teve vários episódios de instabilidade do tornozelo direito nos últimos anos. Após sua última entorse, a equipe médica do Paris Saint-Germain recomendou uma operação de reparação ligamentar, a fim de evitar um grande risco de recorrência. Todos os especialistas consultados confirmaram essa necessidade. Esta cirurgia será realizada nos próximos dias no Hospital Aspetar, em Doha. Espera-se um período de três a quatro meses para seu retorno aos treinos coletivos - diz a nota oficial do clube francês.

As últimas notícias sobre a recuperação vieram na sexta-feira, quando o técnico Christophe Galtier informou que o brasileiro estaria fora, pelo menos, dos dois próximos jogos do PSG - incluindo o duelo decisivo contra o Bayern de Munique, na quarta-feira, pela Champions. Minutos depois, o médico da seleção brasileira, Rodrigo Lasmar, explicou que Neymar não foi convocado para o amistoso contra o Marrocos, no dia 25 de março, por uma questão clínica.

As duas declarações indicaram que o brasileiro seguiria em tratamento por pelo menos mais alguns dias. O PSG prometeu dar novas informações sobre o estado da recuperação do jogador nesta segunda-feira, quando foi informada a decisão de realizar a cirurgia.

A atual lesão no tornozelo direito ocorreu durante o jogo do PSG contra o Lille, pelo Campeonato Francês, no dia 19 de fevereiro. O jogador, que tinha marcado um gol e dado uma assistência na partida, se machucou no começo do segundo tempo e deixou o campo de maca e chorando.

O último problema do jogador na mesma região havia ocorrido em novembro, na estreia do Brasil na Copa do Mundo no Catar. Na ocasião, Neymar teve um edema ósseo detectado logo depois do confronto contra a Sérvia, na primeira rodada, e só voltou a atuar nas oitavas de final, diante da Coreia do Sul.

Ele participou normalmente daquele confronto e também das quartas de final do Mundial, quando a seleção brasileira caiu, e depois retornou para o PSG. Depois disso, participou de nove partidas do clube francês, marcando três gols e dando cinco assistências no período. Diante do Lille, entretanto, voltou a sentir dores depois de uma disputa com Benjamin Andre.

Neymar tem um histórico de lesões no tornozelo direito - citado pelo PSG na decisão de realizar a cirugia. A primeira vez que o jogador teve um problema na região foi em 2014, quando ficou fora de oito partidas do Barcelona por uma entorse nos tendões. Em 2019, Neymar rompeu um ligamento do local, e voltou a ter uma entorse na Copa do Mundo.

 

 

Por Redação do ge

FRANÇA - O presidente da França, Emmanuel Macron, defendeu na terça-feira (21) sua polêmica reforma da Previdência, que atrasa em dois anos a idade mínima de aposentadoria e eleva os anos de contribuição para 43, após vários dias de manifestações massivas no país em repúdio ao texto.

"Temos que trabalhar um pouco mais, caso contrário não conseguiremos financiar nossas aposentadorias", disse Macron a repórteres durante uma visita ao maior mercado atacadista do país.

“Todos nós sabemos que, como vivemos mais, não há milagre: se quisermos preservar um sistema de repartição, devemos trabalhar mais”, acrescentou, referindo-se ao sistema previdenciário vigente na França.

Os sindicatos ameaçam "paralisar" a França em março, se o presidente "não der ouvidos" à rejeição da maioria à sua reforma da Previdência.

O governo quer adiar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e adiantar para 2027 a exigência de contribuir 43 anos (e não 42 como agora) para poder receber a aposentadoria completa.

A maioria dos franceses - dois em cada três, segundo as pesquisas - se opõe à reforma, com a qual o governo busca aproximar a idade de aposentadoria à de seus vizinhos da Europa e evitar um déficit futuro.

Em um dos maiores protestos anti-reforma no final de janeiro, mais de um milhão de pessoas foram às ruas em todo o país, segundo o Ministério do Interior. Um novo dia de manifestações e greves em vários setores está marcado para 7 de março.

Desde que lançou a reforma, Macron quase não falava sobre isso e não organizava eventos na rua há três meses.

 

 

AFP

FRANÇA - O Presidente francês, Emmanuel Macron, recebeu ontem Volodymyr Zelensky para um jantar no Palácio do Eliseu, com a presença também de Olaf Scholz, o chanceler alemão. O apoio militar à Ucrânia foi o principal tema de discussão entre os três líderes.

O Presidente Volodymyr Zelensky chegou por volta das 21h50 a um terminal especial do aeroporto de Orly, e seguiu depois para o Palácio do Eliseu, sendo saudado pelos franceses que vieram às janelas no seu trajeto para acolher o líder ucraniano. Chegado à residência do Presidente Emmanuel Macron, Zelensky foi acolhido calorosamente.

"A Ucrânia pode contar com a França, a Europa e seus aliados para ganhar a guerra. A Rússia não pode e não deve ganhar esta guerra. Enquanto ela continuar, vai ser necessário que continuemos, adaptemos e modelemos o dispositivo militar necessário à Ucrânia", declarou o Presidente francês, numa declaração conjunta aos jornalistas.

Por seu lado, Volodymyr Zelensky que passou o dia em Londres, reiterou o seu pedido por armamento pesado e aviões, pedindo aos seus aliados que não abandonem Kiev.

"Atualmente temos muito pouco tempo, temos de falar das semanas e meses que aí vêm e peço as armas necessárias para a Paz porque precisamos travar esta guerra", declarou o Presidente ucraniano, mencionando que pediu "aviões" e "armamento pesado" para continuar a fazer recuar Moscovo.

Já Olaf Scholz lembrou que há pouco tempo a Alemanha cedeu finalmente tanques Leopard a Kiev, algo há muito reclamado por Zelensky. O chanceler disse mesmo que o apoio à Ucrânia vai durar enquanto for necessário.

"Desde o início desta guerra atroz, a Europa e os seus parceiros estiveram sempre ao lado da Ucrânia. Fizemo-lo financeiramente e com armamento, mais recentemente com tanques pesados e vamos continuar a fazê-lo enquanto for necessário", prometeu Olaf Scholz.

 

 

 

por Catarina Falcão / RFI

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