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RÚSSIA - O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, advertiu hoje que qualquer ação contra os "soldados da paz" russos na Transnístria, na Moldova, será considerada um ataque à própria Rússia.

"Todos devem compreender que qualquer ação que ponha em perigo a segurança dos nossos militares será considerada, em conformidade com o Direito internacional, como um ataque à Rússia", disse Lavrov.

Tal como a Ucrânia antes da guerra iniciada por Moscovo em 24 de fevereiro deste ano, a Moldova também possui uma pequena região separatista, a Transnístria, armada e apoiada pela Rússia.

"No que diz respeito aos nossos interesses, as nossas forças de manutenção da paz estão ali estacionadas (...) protegendo o maior depósito de munições da Europa em Kolbasna", disse Lavrov, citado pela agência russa Interfax.

A Transnístria anunciou a sua separação da Moldova após uma curta guerra civil no início dos anos 1990, mas nenhum país reconheceu a independência, incluindo a Rússia.

Moscovo mantém 1.500 soldados no território, que enquadra como uma força de manutenção de paz.

A Transnístria é uma estreita faixa de terra no leste da Moldova que faz fronteira com a Ucrânia.

Tem uma população de cerca de 470.000 habitantes, maioritariamente russa e ucraniana.

Desde o início da guerra na Ucrânia, as autoridades de Kiev receiam que Moscovo possa utilizar a Transnístria para lançar ataques no sudoeste do país.

Em maio, o Estado-Maior das forças armadas ucranianas chegou a alertar que grupos armados e tropas russas na Transnístria estavam preparados para entrar em combate.

O comandante-adjunto do Distrito Militar Central da Rússia, general Rustam Minnekayev, disse, em abril, que o domínio do sul da Ucrânia também ajudaria os separatistas da Transnístria, "onde há também casos de opressão da população de língua russa".

A proteção da população de língua russa no leste da Ucrânia foi uma das justificações de Moscovo para invadir o país vizinho.

As autoridades da Moldova têm insistido que só irão recuperar a gestão da Transnístria através de negociações, rejeitando qualquer solução armada.

 

 

LUSA

UCRÂNIA - Em meio a relatos contraditórios naturais em uma guerra que antes de tudo é de propaganda, a contraofensiva anunciada pela Ucrânia para tentar retomar áreas ocupadas pelos russos no sul do país registrou combates mais intensos na terça (30).

Como seria óbvio, Kiev diz estar avançando, e Moscou, que as tentativas ucranianas foram todas rechaçadas. Em comum, apenas a concordância de que há combates em curso na região de Kherson, cuja capital homônima foi a primeira cidade significativa a ser tomada pelos russos, em 3 de março, logo após a invasão de 24 de fevereiro.

Sites ucranianos mostraram vídeos de tiroteios registrados na cidade, que tinha 280 mil pessoas antes da guerra. Não é possível assegurar sua veracidade ainda, mas a administração russa da cidade confirmou ter havido conflitos na região.

Com efeito, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, apenas disse nesta terça que "a operação militar especial segue conforme o plano", o mantra de seu chefe, Vladimir Putin. Ele respondia à ameaça feita pelo homólogo ucraniano do presidente, Volodimir Zelenski, que na noite anterior havia dito que os russos precisariam fugir para sobreviver.

A ofensiva lançada na segunda não tem um desenho ainda definido, o que gera dúvidas acerca da capacidade de Kiev de romper de forma efetiva as linhas russas, que foram reforçadas durante o mês em que a ação foi propagandeada por Zelenski no intuito de obter mais apoio militar do Ocidente.

Nesse período, a Ucrânia introduziu o emprego de sistemas de artilharia com mísseis de precisão Himars norte-americanos. Eles foram usados para atacar depósitos de munição e quartéis russos mais distantes das linhas de frente e também para ajudar a isolar a cidade de Kherson.

Como fica separada do resto do território ocupado pelos russos pelo rio Dnieper, a capital regional está em uma posição vulnerável. Pontes foram atacadas e fechadas, obrigando a construção de pontões e o uso de barcaças para transporte de suprimentos para a cidade pelos russos.

Ainda assim, uma tomada física da cidade demandaria o tipo de combate de atrito que os russos têm preferido na guerra, com grande destruição, e diferentemente de outros locais ocupados há muitos ucranianos morando ainda em Kherson.

Enquanto não se sabe o real rumo da ofensiva, alguns detalhes começam a emergir de sua preparação. Segundo o jornal americano The Washington Post, Kiev construiu diversos modelos de madeira dos lançadores Himars para enganar os russos e fazê-los desperdiçar mísseis e artilharia.

É uma tática tão antiga quanto as guerras, e nesse caso teria sido usada para atrair drones de Moscou que orientam o disparo de mísseis e obuses. Isso explicaria o alto número de sistemas Himars que os russos dizem ter destruído (6 dos 16 entregues até aqui) e o contínuo uso do armamento.

Novamente, pode ser só propaganda, como ocorre de lado a lado. Segundo o governador da região de Mikolaiv, que fica anexa a Kherson e foi o ponto em que as tropas russas pararam no seu caminho ao porto de Odessa, "combates pesados continuam". "A liberação virá logo", disse Vitali Kim a uma TV local.

Já em Kherson, o adjunto da administração russa local foi assassinado a tiros no domingo (28). Ele se chamava Alexander Kovalev e era um deputado ucraniano que mudou de lado com a invasão. O chefe dele, o também colaborador Kirill Stremusov, foi flagrado por internautas gravando um pronunciamento em vídeo de Voronej, no sul da Rússia, o que sugere que ele pode ter fugido.

Alguns vilarejos foram tomados, afirmou a mídia ucraniana, enquanto o Ministério da Defesa russo postou um vídeo de uma vila completamente obliterada, dizendo que ela havia sido "libertada". Enquanto isso, combates seguem em regiões de Donetsk, província do leste cuja parte ainda sob controle de Kiev está sob ataque desde que Moscou conquistou a vizinha Lugansk.

 

 

IGOR GIELOW / FOLHA de S. PAULO

UCRÂNIA - Combates violentos entre as forças ucranianas e o exército russo eram registrados em quase toda a região ocupada de Kherson, sul da Ucrânia, onde as tropas de Kiev iniciaram uma contraofensiva, informou nesta terça-feira (30) a presidência ucraniana.

"Durante todo o dia (segunda-feira) e toda a noite foram registradas explosões potentes na região de Kherson. Combates intensos acontecem em quase todo o território da região", afirmou a presidência em um comunicado divulgado na manhã de terça-feira.

"As Forças Armadas ucranianas iniciaram ações ofensivas em várias direções", acrescenta a nota, que cita a destruição de alguns "depósitos de munições e de todas as grandes pontes" que permitiam aos veículos atravessar o rio Dniepr.

As autoridades ucranianas anunciaram na segunda-feira o início de uma contraofensiva nesta região do sul do país, ocupada pela Rússia desde o início do conflito em fevereiro, para retomar o controle da cidade de Kherson, que tinha 2 80.000 habitantes antes da guerra.

A região, essencial para a agricultura ucraniana, também é estratégica porque faz fronteira com a península da Crimeia, anexada pela Rússia em março de 2014 e usada como base para a invasão.

A Rússia, no entanto, afirmou na segunda-feira que frustrou as ofensivas ucranianas nas regiões de Kherson e Mykolaiv.

Não foi possível verificar as afirmações russas e ucranianas com fontes independentes.

 

 

AFP

UCRÂNIA - Sob grande ceticismo de observadores militares, o governo da Ucrânia afirmou ter iniciado nesta segunda (29) sua primeira contraofensiva para tentar retomar áreas no sul do país ocupadas desde março pela Rússia.

Os detalhes ainda são escassos. "Nós começamos ações ofensivas em várias direções, incluindo na região de Kherson", afirmou a porta-voz do Comando Militar do Sul do país, Natalia Humeniuk, numa entrevista coletiva.

O site público Suspilne mostrou imagens do que seria o bombardeio na região de Mikolaiv, o ponto em que as forças russas pararam seu avanço rumo a Odessa, o principal porto do país que está sob bloqueio parcial, com exceção da saída de alguns navios com grãos.

Kiev passou as últimas cinco semanas ensaiando o ataque por terra, após uma série bem-sucedidas de bombardeios com artilharia de precisão americana de alvos logísticos russos, como depósitos de munição distantes da linha de frente. Pontes sobre o rio Dnieper, que separa a capital homônima do resto de Kherson, também foram atingidas.

Isso irritou o Kremlin, que acusou o envolvimento dos EUA de direto no conflito, o que Washington nega por temer uma Terceira Guerra Mundial. A situação da cidade Kherson ficou mais vulnerável, mas mesmo autoridades militares ucranianas afirmaram sob reserva não dispor de forças para tomá-la.

Isso levou a um impasse, pois o presidente Volodimir Zelenski e seus aliados crescentemente pressionaram por resultados de sua área militar. O temor deles é óbvio: a demora fez com que os russos reforçassem suas posições no sul, apesar dos ataques, e o inverno está chegando.

A temporada promete ser de crise acentuada, já que a disputa reduziu a quantidade de gás russo para países europeus, que impõem sanções a Moscou. Com isso, casas podem ficar sem aquecimento não só na Ucrânia, mas em toda a Europa, reduzindo o apoio de governos a Kiev.

Isso já foi admitido pelo governo alemão, cuja economia dependia muito do gás vindo da Rússia e de esquemas de fornecimento arquitetados ao longo de duas décadas entre Berlim e a gestão Vladmir Putin.

O problema para Zelenski é que o tempo está do lado de Putin, que apesar de ter a economia atingida pelas punições, tem sobrevivido politicamente a elas e tem maiores reservas. Um sinal da estratégia de prolongamento do conflito foi o anúncio de que as Forças Armadas russas terão cerca de 10% a mais de soldados a partir de 2023.

Mesmo o grande exercício militar anual russo, que ocorre de forma escalonada a cada edição por 4 dos 5 comandos do país, foi reduzido. O Vostok (Leste) começa na quinta (1º) com cerca de 50 mil homens, ante 300 mil de sua edição anterior, de 2018. A edição de 2021, ocorrida no oeste com a Belarus, teve 200 mil soldados.

O Vostok assim chama mais a atenção pela constante presença de aliados, notadamente a China, agora no contexto de uma Guerra Fria 2.0 tornada quente na Europa por Putin.

Essas restrições refletem as dificuldades russas até aqui, mas também a posição de força de Putin. Na primeira etapa da guerra, o ataque por várias frentes há seis meses, o Kremlin fracassou em tomar Kiev de supetão, mas penetrou bastante o sul ucraniano.

Na segunda, iniciada em abril, focou suas forças no Donbass, o leste do país cuja autonomia de áreas russófonas foi uma das justificativas centrais para a invasão -que buscava estabelecer um controle de Putin sobre todo o país, com ou sem ocupação, num desafio ao que é percebido como ameaça da Otan, aliança militar ocidental que se expandiu a leste após o fim da União Soviética em 1991.

O russo ali teve mais sucesso, de forma bastante lenta e sangrenta. Conquistou a província de Lugansk e avançou no restante que ainda não controla da de Donetsk, mas num atrito tão intenso que o último ganho territorial importante ocorreu em junho. Mas consolidou um corredor terrestre entre o Donbass e a Crimeia, anexada sem luta em 2014, desenhando um novo mapa.

No fim de julho, uma nova etapa do conflito se desenhou com ataques renovados de Moscou e a ação ucraniana com armas ocidentais, que prenunciava uma contraofensiva que agora diz estar em curso. Houve também ataques pontuais em áreas da Crimeia, de efeito mais psicológico. Há dúvidas acerca da capacidade de Kiev de, por exemplo, tomar e reocupar Kherson, mas os dias dirão a realidade.

Para Putin, a curva de aprendizado com os erros táticos até aqui se mostrou ambígua. Seu poder político segue inabalável, ao contrário do que previam comentaristas ocidentais, e a opção por uma guerra de atrito ao estilo do segundo conflito mundial só choca quem não conhece a mentalidade militar russa.

Mas a sucessão de problemas e a resistência ucraniana, alimentada com armas da Otan, têm desmoralizado a modernização propagandeada de suas Forças Armadas. Concorre também o isolamento internacional e, agora, a crise na usina nuclear de Zaporíjia.

Ocupada pelos russos, a região é palco de combates, com ambos os lados acusando o outro de perigosos bombardeios que podem gerar um desastre nuclear. Uma comissão da Agência Internacional de Energia Atômica deverá enfim ir até lá nesta semana para avaliar os riscos. Um eventual cessar-fogo na região poderá servir de base para uma retomada de negociações entre Kiev e Moscou, apesar de isso ser remoto hoje.

 

 

IGOR GIELOW / FOLHA de S. PAULO

KIEV - O presidente da Ucrânia pediu ao mundo que aja muito mais rápido para forçar as tropas russas a desocuparem a maior usina nuclear da Europa depois que o local ficou sem eletricidade por horas em um incidente que, segundo ele, arriscou um desastre internacional de radiação.

O presidente Volodymyr Zelenskiy disse que bombardeio russo na quinta-feira provocou incêndios nos poços de cinzas de uma usina de carvão próxima que desligou a usina Zaporozhzhia da rede elétrica. Uma autoridade russa afirmou que a culpa é da Ucrânia.

Geradores a diesel de backup garantiram o fornecimento de energia vital para os sistemas de refrigeração e segurança da usina, disse Zelenskiy, elogiando os técnicos ucranianos que operam a usina sob o olhar dos militares russos.

"É necessária uma pressão internacional que force os ocupantes a se retirarem imediatamente do território da usina nuclear de Zaporizhzhia", declarou ele em um discurso em vídeo na noite de quinta-feira.

"A AIEA e outras organizações internacionais precisam agir muito mais rápido do que estão agindo agora. Porque cada minuto que as tropas russas ficam na usina nuclear é um risco de um desastre global de radiação", disse ele, referindo-se ao órgão de vigilância nuclear das Nações Unidas.

Moradores de Zaporozhzhia, 50 km a nordeste da usina e cerca de 435 km a sudeste de Kiev, expressaram preocupação com a situação.

"Claro que estou com medo. Todo mundo está com medo, não sabemos o que vai acontecer, o que está esperando por nós a cada minuto, segundo", disse a gerente de mídia social Maria Varakina, de 25 anos.

A professora Hanna Kuz, de 46, afirmou que as pessoas temem que as autoridades ucranianas não possam avisar os moradores a tempo em caso de radiação.

A empresa nuclear estatal ucraniana Energoatom disse que um dos dois reatores em funcionamento da usina foi reconectado à rede e estava novamente fornecendo eletricidade depois de ser totalmente desconectado na quinta-feira.

Vladimir Rogov, autoridade nomeada pela Rússia na cidade ocupada de Enerhodar, perto da usina, culpou as Forças Armadas ucranianas pelo incidente de quinta-feira, dizendo que eles causaram um incêndio em uma floresta perto da usina.

"Isso foi causado pela desconexão das linhas de energia da usina nuclear de Zaporizhzhia como resultado das provocações dos combatentes de Zelenskiy", escreveu Rogov no Telegram. "A desconexão em si foi desencadeada por um incêndio e curto-circuito nas linhas de energia."

O Ministério da Defesa da Rússia disse nesta sexta-feira que suas forças destruíram um obus M777 fabricado nos Estados Unidos, que, segundo a pasta, a Ucrânia usou para bombardear a usina de Zaporizhzhia. Imagens de satélite mostraram um incêndio perto da usina, mas a Reuters não conseguiu verificar sua causa.

A Energoatom informou que o incidente de quinta-feira foi a primeira desconexão completa da usina, que se tornou um ponto crítico na guerra de seis meses.

Autoridades regionais em Zaporizhzhia disseram que mais de 18.000 pessoas em vários assentamentos ficaram sem eletricidade na sexta-feira devido a danos causados ​​a linhas de energia.

 

 

Por Tom Balmforth e Max Hunder / REUTERS

 

RÚSSIA - Como muitas cidades russas, Volosovo tem alto-falantes em postes nas ruas principais. Eles são tradicionalmente usados ​​para tocar música em feriados nacionais. Agora, eles têm um propósito diferente.

"Dois batalhões de artilharia voluntários estão sendo formados. Convidamos homens entre 18 e 60 anos para se juntarem", gritam os aparelhos.

É uma mensagem que se repete em todo o país. Nas redes sociais, televisão e outdoors, os homens são instados a assinar contratos de curto prazo com o Exército para lutar na Ucrânia.

Perante perdas significativas de soldados no conflito, as autoridades russas lançaram uma campanha de recrutamento.

Eu paro um homem na rua em Volosovo e pergunto se ele apoia a convocação de voluntários. "Sim! Se eu fosse jovem eu iria, mas estou muito velho", diz ele, cerrando os punhos. "Devemos bombardeá-los!"

No entanto, a maioria das pessoas parece menos entusiasmada. "[Guerra] é muito doloroso até mesmo de falar", diz uma mulher. "Matar seus irmãos é errado."

Pergunto o que ela diria se um de seus parentes quisesse participar. "Por que ir? Apenas seus corpos serão devolvidos." E muitos corpos são.

'Sinal de desespero'

A Rússia não publica números, mas autoridades ocidentais dizem que entre 70 mil e 80 mil soldados russos foram mortos ou feridos desde que o governo do presidente Vladimir Putin lançou sua invasão há seis meses.

Para atrair novos recrutas, as autoridades oferecem aos voluntários grandes somas de dinheiro, terras e até privilégios para seus filhos nas escolas.

Recrutadores visitaram até prisões para alistar detentos, prometendo-lhes liberdade e dinheiro.

O jornalista investigativo Roman Dobrokhotov diz que a campanha de recrutamento é um sinal de desespero por parte das autoridades.

"Estes não são o tipo de soldados necessários para uma guerra vitoriosa. O Kremlin ainda espera que a quantidade possa vencer a qualidade. Que eles possam levar centenas de milhares de pessoas desesperadas com suas dívidas e simplesmente as jogar na zona de conflito."

Apesar das enormes quantias de dinheiro oferecidas a potenciais recrutas (até R$ 30 mil por mês em alguns casos), Dobrokhotov diz que a realidade é diferente.

"As pessoas não recebem esse dinheiro", diz ele. "Eles estão voltando [da Ucrânia] agora e estão dizendo a nós jornalistas como foram enganados. Isso também está influenciando a situação, essa falta de confiança em nosso governo, então, não acho que essa estratégia tenha sucesso."

No entanto, alguns estão felizes em participar. O filho de Nina Chubarina, Yevgeny, deixou seu vilarejo no norte da Carélia para se juntar a um batalhão de voluntários.

Nina diz que seu filho, que não tinha experiência militar, recebeu uma arma e foi enviado diretamente para a Ucrânia. Ele morreu alguns dias depois. Yevgeny tinha 24 anos.

A dor dos parentes

Nina concordou em me encontrar em um parque perto de Moscou, onde encontrou um emprego de meio período em uma fábrica de pães. Ela diz que a tarefa monótona de embalar o pão distrai sua mente da perda do filho.

Ela se lembra de implorar para ele não ir para a Ucrânia. "Tentei dissuadi-lo. Chorei. Disse-lhe: 'Há uma guerra, eles vão te matar!' Ele disse: 'Mãe, tudo vai ficar bem'."

Nina critica como as autoridades recrutam voluntários. "Eles apenas os mandam para lá como pintinhos bobos! Eles mal seguraram uma arma antes. Eles são bucha de canhão. Os generais pensam: 'Temos um voluntário: ótimo, vá em frente!'"

Mas nem todo mundo está disposto a se alistar como Yevgeny. Viajando por este país, não se tem a impressão de que o povo russo apoia totalmente a "operação militar especial", como o Kremlin gosta de chamá-la.

O número de carros nas estradas russas exibindo o símbolo "Z" pró-guerra é relativamente baixo. Especialistas dizem que o número de voluntários também é.

O analista militar Pavel Luzin acredita que as pessoas não estão dispostas a se sacrificar por seu presidente.

"O problema do Kremlin é que a maioria dos russos não está disposta a morrer por Putin ou pela restauração do 'grande império'. O recrutamento não é possível nas atuais circunstâncias, porque não há consenso civil na Rússia para a guerra. Compare isso com a Ucrânia. Os ucranianos estão prontos para lutar."

 

 

 

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-62681167

UCRÂNIA - No dia em que a Ucrânia celebrou 31 anos de independência do domínio soviético, o presidente Volodimir Zelenski disse que dois ataques na região de Dnipropetrovsk (sudeste do país) deixou pelo menos 22 pessoas mortas e 50 feridas. Kiev vinha alertando sobre a possível intensificação de bombardeios russos na data, que coincidiu com os seis meses do início da guerra.

Em reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas nesta quarta (24), Zelenski afirmou que forças russas dispararam mísseis contra a estação de Tchapline, a cerca de 145 quilômetros de Donetsk (cidade controlada por separatistas pró-Moscou). "Quatro vagões de passageiros estão pegando fogo. Os funcionários estão trabalhando, mas, infelizmente, o número de vítimas ainda pode aumentar", disse.

Antes disso, outro ataque russo atingiu uma área próxima e matou uma criança de 11 anos, segundo o governo.

Na terça (22), o presidente havia citado o risco de um "ataque brutal" e outras provocações no Dia da Independência, feriado que ganhou novo significado diante da invasão russa, iniciada em fevereiro.

Temendo que os moradores se expusessem a mísseis disparados pelas forças de Vladimir Putin, o governo ucraniano proibiu eventos públicos, o que deixou as ruas da capital, Kiev, menos movimentadas do que costumam ficar em festividades tradicionalmente marcadas por um desfile militar.

O ataque anunciado por Zelenski mudou o panorama do dia. Até o meio da tarde no horário brasileiro nenhuma ação de porte havia sido registrada, embora sirenes antibombas tenham soado em Kiev e outros locais. Mesmo com os alertas, algumas pessoas se reuniram no centro da capital, onde carcaças de tanques russos capturados em combate estão em exibição. A Khreschatik, uma das principais vias da cidade, transformou-se em museu militar para a celebração de um feriado indissociável da guerra.

"Provavelmente ninguém fez tanto para unir a Ucrânia quanto Putin", disse o ucraniano Ievhen Palamartchuk, 38, à agência Reuters. "Sempre tivemos algumas tensões internas no país, mas desde 2014 [ano da anexação da Crimeia], e especialmente desde fevereiro, estamos mais unidos do que nunca."

O tom da declaração é semelhante ao que Zelenski usou em seu discurso do Dia da Independência. Falando em frente ao monumento central de Kiev, o presidente disse que o país renasceu quando foi invadido pela Rússia, acrescentando que vai resistir à invasão até o fim, sem fazer concessões ou assumir compromissos que possam ir contra os interesses da Ucrânia.

"Uma nova nação surgiu em 24 de fevereiro às 4h da manhã. Não nasceu, mas renasceu. Uma nação que não chorou, não gritou, não se apavorou. Não fugiu. Não desistiu. E não esqueceu", afirmou o presidente, em vídeo, adotando o tom ufanista que marca seus discursos no contexto do conflito com a Rússia.

Zelenski também repetiu a afirmação de que vai recuperar a Crimeia a qualquer custo, assim como as áreas do leste ora ocupadas pelas tropas de Putin. Segundo ele, a Ucrânia não vê mais a guerra terminando quando houver paz, mas quando for, de fato, vitoriosa.

"O ocupante acreditou que em poucos dias estaria desfilando no centro da nossa capital. Hoje, você pode ver esse desfile em Khreschatik. A prova de que o equipamento inimigo pode aparecer no centro de Kiev apenas dessa forma: queimado, em ruínas e destruído." A fala fez referência ao início do conflito, quando Moscou fez uma empreitada ousada, mas que se mostraria falha, para tentar conquistar Kiev no susto.

Em seu discurso, o líder ucraniano citou ainda o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, dizendo que, mesmo falando inglês, ele se faz mais compreensível e próximo de Kiev do que os "assassinos, estupradores e saqueadores que cometem crimes em russo".

Boris, que anunciou sua renúncia no início do mês, fez nesta quarta nova viagem surpresa à Ucrânia, onde se encontrou com Zelenski e anunciou um pacote militar de US$ 63,5 milhões (R$ 324 milhões), incluindo 2.000 drones e munições o dia também reservaria o anúncio de novo auxílio americano.

O premiê britânico, a quem Zelenski descreveu como "querido amigo Boris", disse que é vital que a Europa mantenha seu apoio militar e econômico à Ucrânia, mesmo com o aumento dos preços da energia e dos alimentos impactando os consumidores do continente.

"Para todos os nossos amigos, eu simplesmente digo isso, devemos continuar. Devemos mostrar como amigos da Ucrânia que temos a mesma resistência estratégica que o povo da Ucrânia", disse.

O ataque à estação de trem marcou a celebração da independência e o aniversário da guerra, em certa maneira cumprindo a previsão de Zelenski de que Putin tentaria "algo particularmente feio". Moscou, no entanto, não deu início ao julgamento de soldados ucranianos capturados durante a tomada de Mariupol o que também vinha sendo alardeado como um ato de agravamento das tensões.

 

 

FOLHA de S. PAULO

UCRÂNIA - A Ucrânia lutará "até o fim" contra a invasão russa, sem fazer nenhuma concessão ou compromisso, afirmou nesta quarta-feira (24) o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em uma mensagem do Dia da Independência do país, que também marca os seis meses de guerra.

"Não nos importamos com o exército que vocês têm, só nos importamos com nossa terra. Lutaremos por ela até o fim", declarou Zelensky em um vídeo.

"Permanecemos firmes há seis meses. É difícil, mas cerramos os punhos e estamos lutando pelo nosso destino", acrescentou.

"Para nós, a Ucrânia é toda a Ucrânia. Todas as 25 regiões, sem qualquer concessão ou compromisso".

"O que é para nós o fim da guerra? Antes respondíamos 'paz'. Agora dizemos 'vitória'. Não vamos tentar nos dar bem com os terroristas russos", disse Zelensky.

Também nesta quarta-feira, o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, principal aliado da Rússia, feliciou o povo ucraniano no Dia da Independência.

"Estou convencido de que as atuais divergências não poderão destruir a base multissetorial das relações sinceras de boa vizinhança entre os povos dos dois países", afirmou Lukashenko em uma mensagem.

Belarus continuará defendendo o "reforço dos contatos amistosos baseados no respeito mútuo em todos os níveis com Kiev", acrescentou.

"O presidente bielorrusso desejou aos ucranianos um céu pacífico, tolerância, coragem e força para restabelecer um bom caminho", acrescentou o serviço de imprensa de presidência.

Principal aliado de Moscou, o presidente Lukashenko, que governa Belarus desde 1994, deu ao exército russo acesso a seu território para que pudesse iniciar a ofensiva contra a Ucrânia em 24 de fevereiro.

 

 

AFP

EUA - A embaixada dos Estados Unidos na Ucrânia advertiu nesta terça-feira (23) que a Rússia pode atacar "nos próximos dias" infraestruturas civis e edifícios governamentais, e recomendou aos cidadãos do país que "saiam da Ucrânia".

"O Departamento de Estado dispõe de informações segundo as quais a Rússia intensifica seus esforços para executar ataques contra infraestrutura civil e instalações governamentais na Ucrânia nos próximos dias", afirmou a embaixada em uma mensagem publicada em seu site, sem revelar mais detalhes.

A nota pede aos cidadãos americanos que "saiam da Ucrânia no momento e utilizem os meios de transporte terrestre privados disponíveis".

O conflito, iniciado em 24 de fevereiro com a invasão russa, completará seis meses na quarta-feira.

Após o recuo das forças russas dos arredores de Kiev no fim de março, os principais combates se concentram no leste da Ucrânia, onde Moscou avançou de maneira lenta até chegar a uma fase de estagnação, e no sul, onde as tropas ucranianas anunciaram uma lenta contraofensiva.

A Rússia, no entanto, continua atacando de maneira frequente as cidades ucranianas com mísseis de longo alcance, mas raramente apontam contra a capital ou seus arredores.

 

 

AFP

UCRÂNIA - Alguns moradores de Kiev observavam outros tiravam selfies/fotos com vários tanques russos capturados e/ou destruídos que foram levados para serem exibidos em uma das principais vias da capital ucraniana, o jornalista ucraniano Oleksiy Sorokin, tuitou:

"Os russos finalmente conseguiram seu desfile militar no centro de Kiev. No entanto, há uma pegadinha".

No próximo dia 24 de agosto a Ucrânia comemora o aniversário de independência do país, o que ocorreu pelo parlamento ucraniano, conhecido como Rada, proclamando a independência do país da antiga União Soviética. 

"Em fevereiro, os russos estavam planejando um desfile no centro de Kiev. Seis meses após o início da guerra, a vergonhosa exibição de metal russo enferrujado é um lembrete para todos os ditadores de como seus planos podem ser arruinados por uma nação livre e corajosa", disse uma mensagem com imagens dos tanques divulgada no perfil do Twitter do Ministério da Defesa da Ucrânia.

 

Um porta-voz das Forças Armadas da Ucrânia disse que os combatentes russos que avançaram até os arredores da capital ucraniana no início do conflito haviam trazido uniformes de desfile, numa demonstração de confiança de que Kiev seria facilmente dominada. Porém, não foi o que aconteceu.  

Os tanques russos finalmente entraram em Kiev, mas como troféus de guerra dos ucranianos e não dominando a Ucrânia como os russos imaginavam.

Um site que contabiliza as perdas dos equipamentos militares na guerra da Ucrânia, apontou em agosto, que a Rússia já havia 5.000 veículos militares desde o início da invasão, incluindo mais de 900 tanques de guerra.

Oleksii Reznikov, ministro da defesa ucraniana postou em seu Twitter: "Os agressores sonhavam em capturar Kiev em três dias. Os invasores pretendiam realizar um desfile em nossa capital. Ok. Eles estão agora aqui. Como toneladas de sucata", tuitou.

 

Na última quinta-feira,18, um relatório de inteligência do Ministério da Defesa do Reino Unido relatou "grande desgaste" dos tanques russos na Ucrânia, que atribuiu parcialmente à "falha da Rússia em empregar adequadamente armadura explosiva reativa (ERA) adequada" nos veículos.

"Isso sugere que as forças russas não corrigiram uma cultura de mau uso do ERA, que remonta à Primeira Guerra da Chechênia em 1994", apontou as autoridades de defesa britânicas.

 

 

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