UCRÂNIA - O Departamento de Defesa dos Estados Unidos anunciou na sexta-feira (19) um novo pacote de ajuda militar para a Ucrânia avaliado em US$ 775 milhões, que inclui vários tipos de mísseis, artilharia e sistemas de limpeza de minas.
O pacote inclui mais mísseis para os sistemas de artilharia de precisão Himars, que permitiram às forças ucranianas atacar os centros de comando russos e os depósitos de munições bem atrás das linhas de frente, e mais armas antiblindagem, incluídos mísseis TOW e sistemas Javelin.
Também proporciona drones de vigilância Scan Eagle, mísseis antirradiação de alta velocidade (HARM, na sigla em inglês) e obuses de 105 mm, assim como 36.000 projéteis de artilharia.
"Queremos ter certeza de que a Ucrânia tenha um fluxo constante de munições para satisfazer suas necessidades, e é isto o que estamos fazendo com este pacote", disse aos jornalistas um funcionário de alto escalão do Pentágono.
O funcionário disse que as forças da Ucrânia fizeram bom uso dos pacotes de armas enviados pelos Estados Unidos desde que Moscou invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro, que os ajudaram a conter o avanço das forças russas.
"Estamos vendo uma completa e total falta de progresso por parte dos russos no campo de batalha", disse o funcionário, que falou na condição de anonimato.
"Os russos continuam pagando um preço alto com os ataques ucranianos, especialmente o sistema Himars", disse o funcionário. "Eles não conseguem avançar", acrescentou.
Por outro lado, a fonte do Pentágono admitiu que os ucranianos não conseguiram recuperar território significativo ao longo das linhas de frente no leste e no sul do país.
Contudo, o novo pacote de armas ajudará a fortalecer a resistência ucraniana, garantiu o funcionário americano, que também assinalou que é muito importante "manter as conquistas que vimos dos ucranianos no campo de batalha".
O funcionário disse que a inclusão do equipamento de limpeza de minas, que conta com 40 veículos resistentes a minas com esteiras que podem detonar esses artefatos de forma segura, é para ajudar os ucranianos com mais ações ofensivas.
"Os ucranianos vão precisar deste tipo de capacidade para poder impulsionar suas forças e retomar o território", assinalou.
TURQUIA - O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou na quinta-feira (18) que seu país está do lado da Ucrânia na guerra contra a Rússia.
"Enquanto continuamos nossos esforços para encontrar uma solução, permanecemos ao lado de nossos amigos ucranianos", disse. A declaração, que poderia soar como a repetição de outras manifestações de apoio por parte de aliados de Kiev, chama a atenção por contrastar com os passos recentes de Erdogan nos últimos meses, o turco vinha se aproximando de seu homólogo russo, Vladimir Putin.
Há duas semanas, por exemplo, os dois líderes estiveram juntos em Sochi, no sudoeste da Rússia, e concordaram em fortalecer a cooperação econômica entre os dois países. A aproximação era monitorada e vista com ressalvas pelo Ocidente. Analistas especulavam que Ancara, que integra a Otan (aliança militar ocidental), poderia ajudar Moscou a contornar sanções impostas como retaliação contra a guerra que está prestes a completar seis meses.
O aceno de Erdogan a Kiev se deu durante visita do turco a Lviv, no oeste da Ucrânia, onde se encontrou com o presidente Volodimir Zelenski e com o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Reforçando o trânsito que tem com Moscou, o presidente turco disse que um dos temas discutidos na reunião foi a troca de prisioneiros de guerra acrescentando que ele apresentaria uma proposta a respeito a Putin. Parentes de ucranianos que se renderam à Rússia após semanas de embates no polo siderúrgico de Azovstal, em Mariupol, organizaram um protesto nesta quinta pedindo às Nações Unidas mais esforços para protegê-los.
Na reunião, a Turquia também se comprometeu a ajudar a Ucrânia a reconstruir a infraestrutura destruída durante o conflito, e as lideranças discutiram soluções políticas para o fim dos confrontos, a segurança da usina nuclear de Zaporíjia e o recente tratado para o escoamento da produção de cereais.
O acordo de reconstrução foi assinado pelo ministro do Comércio turco, Mehmet Mus, e pelo ministro da Infraestrutura ucraniano, Oleksandr Kubrakov. Os detalhes do tratado ainda não estão claros, mas as autoridades disseram que uma força-tarefa será criada para atrair investimentos, desenvolver projetos de cooperação e facilitar os trabalhos.
"As estruturas empresariais e governamentais turcas poderão desenvolver projetos específicos de reconstrução, bem como prestar consultoria e assistência técnica", disse, em comunicado, a pasta ucraniana.
Erdogan manifestou preocupação com o cenário da usina de Zaporíjia. O maior complexo nuclear da Europa foi tomado pela Rússia em março, mas ganhou centralidade na fase atual da Guerra da Ucrânia. Moscou acusa Kiev de disparar de forma imprudente em ataques contra o local, enquanto os ucranianos afirmam que as tropas invasoras provocam explosões propositais para interromper o fornecimento de energia no país.
"Estamos preocupados, não queremos outra Tchernóbil", disse Erdogan, referindo-se ao pior acidente nuclear da história, ocorrido em 1986, quando a Ucrânia ainda fazia parte da União Soviética.
UCRÂNIA - Quatro pessoas morreram e 20 ficaram feridas em novos bombardeios russos nesta quinta-feira contra Kharkiv e outra cidade próxima na região nordeste da Ucrânia, anunciaram as autoridades regionais.
"Às 4H30 (22H30 de Brasília, quarta-feira), o inimigo lançou oito mísseis a partir da cidade de Belgorod (na Rússia) contra Kharkiv", informou no Telegram o governador da região, Oleg Sinegubov.
"No bairro de Slobidsky, um dos mísseis atingiu um edifício residencial. O imóvel ficou parcialmente destruído. De acordo com as informações preliminares, duas pessoas morreram e 18 ficaram feridas, incluindo duas crianças", disse.
Outro bombardeio com mísseis atingiu a cidade de Krasnograd, 80 quilômetros ao sul de Kharkiv, e provocou duas mortes.
Os bombardeios aconteceram no dia da visita à Ucrânia do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que deve se reunir com os presidentes ucraniano Volodymyr Zelensky e turco Recep Tayyip Erdogan em Lviv, oeste do país.
RÚSSIA - A Otan exigiu, nesta quarta-feira (17), uma "inspeção urgente" da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) na usina de Zaporíjia, no sul da Ucrânia, alvo de ataques dos quais russos e ucranianos se acusam mutuamente, aumentando o temor de um desastre nuclear. Kiev alertou que qualquer cenário é possível, enquanto suas equipes de resgate participam de exercícios simulados de agressões a instalações nucleares e suas tropas reforçam uma contraofensiva na Crimeia, anexada por Moscou em 2014.
A explosão em um depósito militar russo na Crimeia, na terça-feira (16), é parte de uma tentativa ucraniana de enfraquecer as bases de retaguarda russas, no sul da Ucrânia. O exército russo revelou que um depósito militar perto de Djankoi, no norte da região anexada pela Rússia, tinha "sido danificado em consequência de um ato de sabotagem", sem, no entanto, nomear os responsáveis.
Em um vídeo obtido pela agência de notícias AFP, é possível ver nuvens de fumaça, das quais surgem bolas de fogo. “Várias infraestruturas civis, incluindo uma linha de alta tensão, uma central elétrica, uma linha ferroviária, bem como várias casas foram danificadas”, informou o exército russo.
As explosões ocorrem uma semana depois que outro aeródromo militar russo foi danificado, em Saki, na Crimeia. Moscou mencionou, então, um acidente, enquanto especialistas e imagens de satélite pareciam revelar o resultado de um ataque ucraniano. Pelo menos nove aviões foram destruídos, segundo o analista dinamarquês Oliver Alexander.
Desde a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, a Crimeia tem servido como base logística para as forças russas. A ofensiva no sul da Ucrânia, que permitiu a Moscou conquistar grandes extensões de território nas primeiras semanas da guerra, começou por esta região.
O Instituto Norte-Americano para o Estudo da Guerra (ISW) analisa que esses ataques a posições russas na Crimeia sejam "parte de uma contraofensiva ucraniana coesa destinada a recuperar o controle da margem ocidental do Dnipro". As forças de Kiev também dispararam contra pontes que atravessam esse rio, com o objetivo de impedir o abastecimento e o reforço das tropas russas presentes na região de Kherson, prossegue o relatório americano.
Nesta quarta-feira, a Ucrânia ameaçou derrubar a ponte Kerch, construída por Moscou para conectar a Rússia à península anexada da Crimeia. "Esta ponte é uma estrutura ilegal e a Ucrânia não deu permissão para a sua construção", escreveu o assessor presidencial ucraniano, Mikhailo Podoliak, no Telegram.
Neste 175º dia da guerra, o governador pró-ucraniano da região de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, relatou vários bombardeios russos que deixaram pelo menos dois mortos e treze feridos nas regiões separatistas do leste da Ucrânia.
Infraestruturas são alvo
Ao mesmo tempo, os russos miram nas infraestruturas ucranianas, como as redes de abastecimento de água. É o que destaca Franck Galland, especialista em questões de segurança relacionadas aos recursos hídricos.
“Antes do conflito, Mariupol havia investido maciçamente em redes para abastecimento de água. Hoje, estes investimentos estão todos parados e a infraestrutura existente foi destruída. Mesmo se houver paz amanhã, a cidade levará cerca de 20 anos para se reconstruir”, explicou em entrevista à RFI o autor de "War and Water” (edições Robert Laffont). “A população não é abastecida e os hospitais, sem água, não podem tratar dos feridos”, acrescenta.
Medo de acidente nuclear
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que é "urgente autorizar uma inspeção pela AIEA" na usina nuclear de Zaporíjia. Ele também pediu a "retirada de todas as forças russas" da maior central elétrica da Europa, controlada por Moscou desde o início de março. A ocupação russa da usina de Zaporíjia "representa uma ameaça séria para as instalações [e] aumenta o risco de um acidente ou um incidente nuclear", alertou.
Ciberataque
Nesta terça-feira (16), o operador público ucraniano de usinas nucleares Energoatom denunciou um ciberataque russo "sem precedentes" contra o seu site, afirmando, no entanto, que a operação na usina não foi interrompida. O grupo de piratas russos "People's Cyber Army" usou 7,25 milhões de robôs de internet que atacaram o site Energoatom por três horas, garantiu a empresa ucraniana, mas sem "impacto considerável".
A Ucrânia deve se preparar para "todos os cenários" na usina nuclear de Zaporíjia, ocupada por tropas russas e alvo de repetidos bombardeios, alertou o ministro do Interior ucraniano, Denys Monastyrsky, nesta quarta-feira.
Moscou e Kiev se acusam mutuamente por esses ataques que visam a usina. "Ninguém poderia imaginar que as tropas russas iriam disparar contra reatores nucleares usando tanques. Era algo impensável", afirmou o ministro durante uma viagem a Zaporíjia, cidade localizada a cerca de cinquenta quilômetros desta instalação nuclear.
Preparação para acidentes nucleares
Dezenas de equipes de resgate ucranianas participaram, nesta quarta-feira, de exercícios de primeiros socorros em caso de acidente nuclear em Zaporíjia. Equipados com máscaras de gás e roupas de proteção, eles treinaram para retirar os feridos e limpar os veículos contaminados.
"Devemos nos preparar para todos os cenários possíveis", disse Monastyrsky, acusando a Rússia de ser um "estado terrorista”. De acordo com a mesma fonte, “enquanto a Rússia controlar a usina nuclear de Zaporíjia, há grandes riscos".
O chefe do operador nuclear ucraniano Energoatom, Petro Kotin, estima que até 500 soldados russos, bem como cerca de cinquenta veículos militares, incluindo blindados e tanques, estejam na usina nuclear de Zaporíjia neste momento. “O pior é que, nas últimas duas ou três semanas, eles colocaram esses veículos na sala de máquinas das unidades 1 e 2", onde a eletricidade é produzida, disse Kotine, ex-diretor da instalação.
RÚSSIA - O exército russo chamou de "ato de sabotagem" a explosão desta terça-feira no depósito de munições de uma base militar na Crimeia, península anexada pela Rússia.
O depósito militar, perto de Dzhankoi, ao norte da Crimeia, "foi danificado na manhã de 16 de agosto por um ato de sabotagem", afirma um comunicado militar, citado por agências de notícias russas, que não aponta os responsáveis pela ação.
"Infraestruturas civis, como uma linha de alta tensão, uma central elétrica, uma ferrovia e várias casas também foram danificadas", explicou o Exército em seu comunicado.
Por volta das 03h15 GMT (00h15 no horário de Brasília), um incêndio ocorreu em um depósito temporário de munição em uma base russa no distrito norte de Dzhankoi.
"Após o incêndio, ocorreu uma detonação de munições", disse o Ministério da Defesa russo.
O governador da Crimeia, Sergei Aksionov, que foi ao local, indicou que dois civis ficaram feridos e que a retirada dos habitantes de um município vizinho estava em andamento.
"A manhã perto de Dzhankoi começou com explosões", disse o assessor presidencial ucraniano Mikhailo Podoliak no Twitter. "A Crimeia, em um país normal, é o Mar Negro, as montanhas, a diversão e o turismo. Mas a Crimeia ocupada pelos russos é de explosões de depósitos de munição e um alto risco de morte para invasores e ladrões", afirmou.
O chefe da administração presidencial ucraniana, Andriy Yermak, comemorou no Telegram "um trabalho de ourives das forças armadas ucranianas em uma operação de 'desmilitarização'" que continuará, segundo ele, "até a completa libertação dos territórios ucranianos".
UCRÂNIA - "Se morrermos, acontecerá em um segundo e não sofreremos", diz Anastasia, moradora de Marganets. Nesta cidade ucraniana, a poucos quilômetros da usina nuclear de Zaporizhzhia, ocupada pelas tropas russas, a população vive com medo constante.
Nos últimos dias, Kiev e Moscou se acusaram mutuamente de realizar bombardeios no complexo da usina nuclear, a maior da Europa.
Na quinta-feira, os ataques danificaram alguns sensores de nível de radioatividade.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) alertou para a gravidade da situação.
Marganets está a apenas 13 quilômetros de Zaporizhzhia. A cidade, localizada no topo de uma colina, permanece sob controle ucraniano e dela é possível ver, do outro lado do rio Dnieper, a usina nuclear construída nos tempos soviéticos.
"Se morrermos, acontecerá em um segundo e não sofreremos. Me tranquiliza saber que meu filho e minha família não sofrerão", diz Anastasia, 30 anos, fazendo compras.
- "Coisas terríveis" -
A usina nuclear de Zaporizhzhia está na linha de frente desde que foi tomada pelas tropas russas no início de março, dias após o Kremlin ordenar a invasão da Ucrânia.
Em Marganets, os militares ucranianos aconselham a não se aproximar da margem do rio Dnieper, por medo de que o inimigo atire da margem oposta, a cerca de 6 quilômetros de distância.
A cidade, que tinha cerca de 50.000 habitantes antes da guerra, tem um centro animado onde as pessoas vivem suas vidas diárias além dos pensamentos sombrios e rumores persistentes sobre o estado dos seis reatores da usina.
"Estou com medo por meus pais e por mim. Quero viver e aproveitar a vida nesta cidade", diz Ksenia, de 18 anos, que atende clientes em um café na principal rua comercial.
"O medo é constante. E as notícias dizem que a situação na usina é muito tensa, então cada segundo que passa é terrível. Você tem medo de dormir, porque coisas horríveis acontecem à noite", acrescenta.
Em Marganets e Nikopol, outra cidade a uma curta distância rio abaixo, 17 pessoas foram mortas esta semana em ataques noturnos, segundo autoridades locais.
A Ucrânia acusa a Rússia de disparar do outro lado do rio e de dentro do complexo nuclear.
As tropas ucranianas se abstêm de responder por medo de desencadear uma catástrofe.
Na sexta-feira, um alto funcionário ucraniano disse à AFP que as tropas russas estão até "atirando em algumas áreas da usina para dar a impressão de que a Ucrânia está fazendo isso".
Uma situação que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, descreveu como "chantagem nuclear".
"Acho que os russos estão usando a usina como um ás, para perseguir seus próprios objetivos", diz Anton, de 37 anos.
A Ucrânia foi em 1986 cenário do desastre nuclear de Chernobyl, 530 quilômetros a noroeste de Marganets.
Naquele ano, um reator nuclear explodiu, liberando radiação na atmosfera. Cerca de 600.000 pessoas foram alistadas como "liquidadores", encarregados de descontaminar a terra ao redor da usina.
O número oficial de mortos é de apenas 31, mas algumas estimativas falam de dezenas de milhares e até centenas de milhares de mortes.
Em Marganets existe um monumento a esses "liquidadores".
Ao lado da cratera aberta por um foguete que caiu em Marganets à noite, Sergei Volokitin, de 54 anos, relembra aqueles tempos.
"Depois que me formei trabalhei na mina, e na minha equipe havia duas pessoas que eram liquidadores", lembra.
"Sabíamos tudo o que acontecia lá. Conhecemos os efeitos da radiação e quais serão as consequências se algo acontecer".
UCRÂNIA - Em reunião do Conselho de Segurança da ONU, Rafael Grossi, chefe da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), alertou que a situação da central nuclear de Zaporíjia, controlada pela Rússia, no sul da Ucrânia, é grave.
Depois de um bombardeio na semana passada - sobre o qual Rússia e Ucrânia se acusam mutuamente - um novo ataque perto de uma área de armazenamento de material radioativo na usina foi registrado na quinta-feira (11).
Segundo o Energoaton, o operador das usinas ucranianas, o bombardeio de ontem foi realizado pelas tropas russas e danificou "vários sensores de radiação" da central, assim como "a estação de bombeamento de esgoto", observou a estatal ucraniana.
A companhia alerta que os ataques ocorreram perto de um reator e "nas imediações" de um depósito de substâncias radioativas".
"Atualmente, nenhuma contaminação foi detectada na usina e o nível de radioatividade é normal", afirmou Evguéni Balitski, chefe da administração civil e militar instalada nesta região do sudoeste da Ucrânia oriental ocupada pela Rússia.
Rafael Grossi fez um apelo para que uma missão da Agência Internacional de Energia Atômica seja enviada o quanto antes ao local. “Estou particularmente muito preocupado com a situação na central nuclear de Zaporijia e reforço que toda ação militar colocando em perigo a segurança nuclear deve parar imediatamente”, disse.
"Consequências muito graves"
“Essas ações militares próximas de uma usina nuclear tão importante como essa podem ter consequências muito graves. Avaliando as informações mais recentes, os especialistas da AIEA consideraram que não há uma ameaça imediata para a segurança nuclear, mas essa situação pode mudar a qualquer momento. Peço que as duas partes cooperem com a AIEA e permitam uma visita aconteça logo que possível”, completou o diretor-geral da instituição.
A França também manifestou sua preocupação com a situação da usina nuclear de Zaporíjia e pediu que a Rússia retire imediatamente suas tropas e ceda o controle do local à Ucrânia.
Na quarta-feira (10), o G7, grupo que reúne as sete democracias mais industrializadas do mundo, acusou Moscou de "colocar em risco" a região em torno da usina nuclear de Zaporíjia, ocupada por tropas russas, e exigiu a devolução da central à Ucrânia.
Analistas ouvidos pela RFI destacaram os riscos de um acidente nuclear que superaria a catástrofe de Tchernobyl, uma ameaça que o Exército russo estaria consciente.
Nesta quinta-feira (11), os Estados Unidos pediram que a Rússia cessasse todas as operações militares dentro e ao redor de usinas nucleares na Ucrânia e afirmaram que apoiam o pedido de Kiev por uma "zona desmilitarizada" em Zaporíjia, novamente bombardeada.
(Com informações da AFP)
UCRÂNIA - O representante chinês na Organização das Nações Unidas (ONU), Zhang Jun, alertou o Conselho de Segurança de que um acidente na central nuclear de Zaporizhia poderá ser mais grave do que o ocorrido em Fukushima, em 2011.
Segundo comunicado da missão chinesa na ONU, Zhang lembrou, nessa quinta-feira (11), que Zaporizhia, no Leste da Ucrânia, é a maior central nuclear da Europa e disse que não quer que "o mesmo risco" se repita.
O acidente nuclear de Fukushima, no Japão, ocorreu em 11 de março de 2011, depois de intenso terremoto de 9 graus na escala Richter, que provocou ondas de cerca de 15 metros de altura e matou quase 18 mil pessoas.
Em reunião de emergência do Conselho de Segurança, convocada pela Rússia, o representante chinês apelou a russos e ucranianos que exerçam "contenção, atuem com prudência, evitem tomar medidas que comprometam a segurança nuclear".
Tropas russas controlam atualmente Zaporizhia, que tem sido alvo de bombardeios nesta semana, com Kiev e Moscovu a trocando acusações sobre os recentes incidentes de segurança na central.
O diplomata chinês manifestou apoio à Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) para desempenhar "papel ativo" na promoção de questões de segurança e proteção nuclear.
Zhang Jun pediu também à Rússia e à Ucrânia que removam "obstáculos" à visita de uma equipe de especialistas da AIEA a Zaporizhia.
Ele afirmou que, após cinco meses de guerra e conhecendo os problemas de segurança que o conflito representa para as instalações nucleares, somente com o restabelecimento da paz os riscos nucleares podem ser eliminados.
Na mesma reunião, o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, disse que análises preliminares indicam não haver "ameaça imediata" à segurança nuclear após ataques a Zaporizhia, mas alertou que a situação é grave e "pode mudar" rapidamente.
UCRÂNIA - A Ucrânia responderá ao bombardeio de uma cidade pelos russos e precisa avaliar como infligir o máximo dano possível à Rússia para encerrar a guerra rapidamente, disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, na quarta-feira (10).
A Ucrânia disse que 13 pessoas morreram e 10 ficaram feridas após a Rússia disparar foguetes contra Marhanets a partir do território de uma usina nuclear que foi capturada na região de Dnipropetrovsk.
"As forças armadas da Ucrânia, nossa inteligência e nossas agências de aplicação da lei não deixarão sem resposta o bombardeio russo de hoje na região de Dnipropetrovsk", disse Zelenskiy em um discurso em vídeo.
O ataque, segundo ele, ressaltou a necessidade de os aliados fornecerem armas mais poderosas aos militares ucranianos.
"Quanto mais perdas os ocupantes sofrerem, mais cedo poderemos liberar nossa terra e garantir a segurança da Ucrânia", disse.
"Isto é o que todos que defendem nosso Estado e ajudam a Ucrânia devem pensar - como infligir as maiores perdas possíveis aos ocupantes para encurtar a guerra."
UCRÂNIA - Pelo menos 11 pessoas morreram e outras 13 ficaram feridas por bombardeamentos russos no distrito ucraniano de Nikopol, na região de Dnipro, no sul do país.
"O inimigo atingiu o distrito duas vezes com o Grad MLRS [sistema de lançamento múltiplo de mísseis], disparando 80 mísseis contra bairros residenciais", disse hoje Valentyn Reznichenko, chefe da Administração Militar Regional de Dnipro.
Os russos "lançaram um ataque deliberado e insidioso enquanto as pessoas dormiam em suas casas. As comunidades de Marhanets e Myrove foram atacadas", disse o responsável na plataforma Telegram.
Em Marhanets, dez pessoas morreram e outras 11 ficaram feridas. Dez moradores foram hospitalizados, sendo que sete estão em estado grave.
Mais de 20 blocos de apartamentos, um centro de serviços administrativos, o palácio da cultura, duas escolas, o edifício da Câmara Municipal e várias outras instalações administrativas foram danificados, disse Reznichenko.
Uma linha de transmissão elétrica foi afetada, deixando vários milhares de moradores de Marhanets sem energia. Equipas de emergência e eletricistas estão a realizar reparações, acrescentou o responsável.
"Uma mulher foi morta em Vyshchetarasivka, na comunidade de Myrove. A sua casa foi completamente destruída por um projétil inimigo", disse Reznichenko.
Nesta área, um casal ficou ferido, enquanto 11 casas particulares e gasodutos foram danificados. Cerca de mil pessoas ficaram sem abastecimento de gás natural.
A vizinha região de Zaporijia, já controlada em parte por tropas russas, sofreu nos últimos dias fortes ataques que tentam deter uma contraofensiva ucraniana.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de cinco mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar russa causou a fuga de mais de 16 milhões de pessoas, das quais mais de 5,7 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
Também segundo as Nações Unidas, 15,7 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
LUSA
Este site utiliza cookies para proporcionar aos usuários uma melhor experiência de navegação.
Ao aceitar e continuar com a navegação, consideraremos que você concorda com esta utilização nos termos de nossa Política de Privacidade.