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Turquia diz estar do lado da Ucrânia na guerra e fecha acordo para reconstruir país

Escrito por  Ago 19, 2022

TURQUIA - O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou na quinta-feira (18) que seu país está do lado da Ucrânia na guerra contra a Rússia.

"Enquanto continuamos nossos esforços para encontrar uma solução, permanecemos ao lado de nossos amigos ucranianos", disse. A declaração, que poderia soar como a repetição de outras manifestações de apoio por parte de aliados de Kiev, chama a atenção por contrastar com os passos recentes de Erdogan nos últimos meses, o turco vinha se aproximando de seu homólogo russo, Vladimir Putin.

Há duas semanas, por exemplo, os dois líderes estiveram juntos em Sochi, no sudoeste da Rússia, e concordaram em fortalecer a cooperação econômica entre os dois países. A aproximação era monitorada e vista com ressalvas pelo Ocidente. Analistas especulavam que Ancara, que integra a Otan (aliança militar ocidental), poderia ajudar Moscou a contornar sanções impostas como retaliação contra a guerra que está prestes a completar seis meses.

O aceno de Erdogan a Kiev se deu durante visita do turco a Lviv, no oeste da Ucrânia, onde se encontrou com o presidente Volodimir Zelenski e com o secretário-geral da ONU, António Guterres.

Reforçando o trânsito que tem com Moscou, o presidente turco disse que um dos temas discutidos na reunião foi a troca de prisioneiros de guerra —acrescentando que ele apresentaria uma proposta a respeito a Putin. Parentes de ucranianos que se renderam à Rússia após semanas de embates no polo siderúrgico de Azovstal, em Mariupol, organizaram um protesto nesta quinta pedindo às Nações Unidas mais esforços para protegê-los.

Na reunião, a Turquia também se comprometeu a ajudar a Ucrânia a reconstruir a infraestrutura destruída durante o conflito, e as lideranças discutiram soluções políticas para o fim dos confrontos, a segurança da usina nuclear de Zaporíjia e o recente tratado para o escoamento da produção de cereais.

O acordo de reconstrução foi assinado pelo ministro do Comércio turco, Mehmet Mus, e pelo ministro da Infraestrutura ucraniano, Oleksandr Kubrakov. Os detalhes do tratado ainda não estão claros, mas as autoridades disseram que uma força-tarefa será criada para atrair investimentos, desenvolver projetos de cooperação e facilitar os trabalhos.

"As estruturas empresariais e governamentais turcas poderão desenvolver projetos específicos de reconstrução, bem como prestar consultoria e assistência técnica", disse, em comunicado, a pasta ucraniana.

Erdogan manifestou preocupação com o cenário da usina de Zaporíjia. O maior complexo nuclear da Europa foi tomado pela Rússia em março, mas ganhou centralidade na fase atual da Guerra da Ucrânia. Moscou acusa Kiev de disparar de forma imprudente em ataques contra o local, enquanto os ucranianos afirmam que as tropas invasoras provocam explosões propositais para interromper o fornecimento de energia no país.

"Estamos preocupados, não queremos outra Tchernóbil", disse Erdogan, referindo-se ao pior acidente nuclear da história, ocorrido em 1986, quando a Ucrânia ainda fazia parte da União Soviética.

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Após o encontro com os líderes visitantes, Zelenski deu uma entrevista coletiva em que disse ter chegado a um acordo sobre parâmetros para uma possível missão da Agência Internacional de Energia Atômica para inspecionar a usina de Zaporíjia.

O ucraniano chamou as recentes ações do Kremlin de "terror deliberado" e disse que os ataques à planta podem resultar em "consequências catastróficas". Também também voltou a pedir que a Rússia retire imediatamente suas forças do local e pare de bombardear o complexo nuclear.

Guterres, por sua vez, voltou a pediu a desmilitarização da usina em nome da segurança. "A instalação não deve ser parte de nenhuma operação militar."

Moscou descreveu a posição do português como inaceitável e reiterou ameaças de interrupção na geração de energia em Zaporíjia, o que teria efeitos diretos sobre o abastecimento na Ucrânia, visto que a planta responde por cerca de 25% da matriz energética ucraniana.

Os serviços de inteligência militar de Kiev acusam Moscou de preparar uma "grande provocação" no local para esta sexta-feira (19) ao determinar que todos os civis que trabalham na usina fiquem em casa por um dia, com exceção do mínimo pessoal necessário para manter a planta em funcionamento.

Zelenski, Erdogan e Guterres ainda saudaram o sucesso de um acordo mediado pela ONU que permite a passagem de navios de três portos ucranianos do mar Negro e discutiram maneiras de aprimorar o diálogo. Segundo o líder turco, isso pode fornecer uma base para negociações sobre o fim da guerra.

No front, nesta quinta autoridades ucranianas disseram que o número de vítimas em um ataque em Kharkiv chegou a 17, com 42 feridos. Na região da Crimeia, onde operações mirando alvos russos têm levado pânico à população, ao menos quatro explosões foram ouvidas próximo à base aérea de Belbek, usada por Moscou. Segundo o governador de Sebastopol, não houve feridos, e um drone ucraniano teria sido abatido.

 

 

FOLHA de S. PAULO

Redação

 Jornalista/Radialista

Website.: https://www.radiosanca.com.br/equipe/ivan-lucas
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