UCRÂNIA - O número de mortos nos ataques desta segunda-feira (18) contra Lviv, na Ucrânia, localizada a 80 km da fronteira do país com a Polônia, chega a 11, com uma criança entre as vítimas.
O prefeito da cidade, Andriv Sadovy, divulgou balanço na conta que mantém no Telegram, de acordo com informações veiculadas pela agência ucraniana de notícias Ukrinform.
Anteriormente, a mesma fonte havia indicado o registro de seis vítimas e oito pessoas feridas pelos ataques, dirigidos contra infraestruturas militares mas que também afetaram alvos civis, incluindo uma loja de pneus.
Por sua vez, o responsável pela região militar de Lviv, Maksym Kozytskyi, divulgou no Facebook que a cidade recebeu o impacto de, pelo menos, quatro mísseis.
De acordo com a fonte, a população local deverá se manter abrigada em segurança, em meio a previsão de novos ataques.
Lviv foi, desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro, um dos principais pontos de saída da Ucrânia para a população local que fugia dos ataques, em razão da proximidade da cidade com a fronteira com a Polônia.
UCRÂNIA - "A situação em Mariupol é tão grave quanto pode ser. Simplesmente desumana", disse Zelenski em um vídeo, acusando a Rússia de "destruir deliberadamente qualquer um que esteja" nesta cidade no mar de Azov, no sudeste do país.
O presidente destacou que havia apenas "duas opções": o fornecimento dos países ocidentais de "todas as armas necessárias" para romper o longo cerco de Mariupol ou "o caminho da negociação" em que "o papel dos aliados deve ser igualmente decisivo.
Suas declarações coincidiram com uma declaração do Ministério da Defesa da Rússia pedindo aos últimos soldados ucranianos entrincheirados em um enorme complexo metalúrgico em Mariupol para desistir da luta no domingo às 06h00 em Moscou e deixar o local antes das 13h00 (horário de Kiev).
"Todos aqueles que abandonarem suas armas terão a garantia de salvar suas vidas (...) É sua única chance", disse o ministério no Telegram, assegurando que este complexo é o último foco de resistência na cidade.
KIEV - A Rússia bombardeou mais uma fábrica militar próxima a Kiev, neste sábado (16), cumprindo sua ameaça de intensificar os ataques contra a capital ucraniana após o naufrágio do navio Moskva, no Mar Negro, nesta semana, em um ataque reivindicado pela Ucrânia.
O complexo industrial sob ataque produz principalmente tanques e fica no distrito de Darnytsky, segundo informações da AFP. Um grande número de soldados e socorristas estava no local, de onde saía bastante fumaça, como atestaram os repórteres da agência.
"Mísseis ar-terra de longo alcance e alta precisão destruíram os edifícios de uma fábrica que produz armamentos em Kiev", afirmou o ministério em um comunicado feito pelo Telegram.
O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, afirmou nas redes sociais que não havia informações sobre possíveis vítimas ainda.
"Nesta manhã, Kiev foi bombardeada. Houve explosões em Darnytsky, na periferia da cidade. As equipes de resgate trabalham neste momento por lá", afirmou Vitali.
O prefeito pediu mais uma vez aos habitantes que não voltem a Kiev e permaneçam em "local seguro" fora da capital.
Duro golpe para a Rússia
Os ataques russos contra a capital ucraniana haviam diminuído desde o fim de março, quando Moscou retirou suas tropas de Kiev e anunciou que concentraria sua ofensiva no leste da Ucrânia.
Porém, a Rússia sofreu na quinta-feira (14) um duro golpe nesta semana com o incêndio e posterior naufrágio do cruzador Moskva, no Mar Negro, que Kiev garante ter atingido com mísseis, enquanto Moscou acusa as forças ucranianas de bombardear localidades russas próximas da fronteira.
A Rússia, porém, continua afirmando que o cruzador afundou por conta de um incêndio causado pela explosão de suas próprias munições e que a tripulação de cerca de 500 homens foi retirada.
Por outro lado, uma oficial ucraniana rebateu essa informação. "Uma tempestade impediu o resgate do navio e a retirada da tripulação russa", afirmou Natalia Gumeniuk, porta-voz do comando militar do sul da Ucrânia.
"Estamos perfectamente conscientes de que não nos perdoarão", continuou Natalia, referindo-se à Rússia e possíveis novos ataques.
UCRÂNIA - Um navio de guerra russo no mar Negro foi "seriamente danificado" por uma explosão de munição, disseram agências estatais russas na quarta-feira (13), depois que a Ucrânia alegou ter atacado o navio.
"Devido a um incêndio, a munição explodiu no cruzeiro de mísseis Moskva. O navio foi seriamente danificado", declarou o Ministério da Defesa, citado por esses meios de comunicação.
A tripulação do navio foi evacuada, e a causa do incêndio está sendo determinada.
"Os mísseis Netuno que vigiam o mar Negro causaram danos muito sérios ao navio russo. Glória à Ucrânia!", escreveu mais cedo o governador Maksym Marchenko, no Telegram.
Um assessor do presidente ucraniano, Oleksii Arestovich, confirmou no YouTube os ataques ucranianos ao navio, sem indicar sua localização.
"[O navio] queima forte. Agora mesmo. E, com este mar tempestuoso, não se sabe quando poderá receber ajuda", afirmou, durante uma transmissão pelo YouTube.
O Moskva ganhou notoriedade no início da guerra, quando exigiu a rendição das tropas de fronteira ucranianas estacionadas na pequena ilha da Cobra, que se recusaram a obedecer à ordem, desafiadoramente.
Acreditou-se inicialmente que os soldados ucranianos tivessem sido mortos, mas na verdade eles haviam sido feitos reféns, e depois foram libertados, em uma troca de prisioneiros com a Rússia, no fim de março, de acordo com o Parlamento ucraniano.
Em 24 de março, um mês após o início da invasão russa da Ucrânia, a Marinha ucraniana alegou ter destruído um navio russo ancorado no porto de Berdyansk, cidade próxima a Mariupol, no mar de Azov.
MARIUPOL - Mais de 1.000 soldados ucranianos se renderam às tropas russas na cidade de Mariupol, que está sitiada há semanas, disse o Ministério da Defesa russo nesta quarta-feira (13).
"Na cidade de Mariupol, na área da fábrica metalúrgica Ilyich... 1.026 militares ucranianos da 36ª Brigada de Fuzileiros Navais depuseram voluntariamente as armas e se renderam", disse o ministério em comunicado.
Segundo esta fonte, 150 deles ficaram feridos e foram levados para o hospital de Mariupol.
Na noite de terça (12) para quarta-feira (13), uma reportagem da televisão pública russa transmitida no Russia 24 noticiou a rendição.
As imagens mostravam homens em roupas de camuflagem carregando pessoas feridas em macas ou sendo interrogadas, de pé no que parecia ser uma caverna.
Na terça-feira, as autoridades regionais do sudeste da Ucrânia estimaram o número de mortos em Mariupol, que foi bombardeada há mais de 40 dias, em pelo menos 20.000 mortos. A luta está agora concentrada na gigantesca zona industrial da cidade.
Do R7, com informações da AFP
RÚSSIA - O presidente russo, Vladimir Putin, disse na terça-feira (12/04) que o que está acontecendo na Ucrânia "é uma tragédia", mas que a Rússia "não teve escolha" a não ser lançar o que ele chamou de "uma operação militar especial" - o eufemismo usado pelo Kremlin para a guerra de agressão no país vizinho.
Falando em público sobre a guerra pela primeira vez desde que as forças russas se retiraram do norte da Ucrânia, Putin afirmou que a Rússia triunfará em todos os seus "nobres" e "claros" objetivos na ex-república soviética. O presidente não mencionou as denúncias de atrocidades cometidas por tropas russas e o bombardeio indiscrimado de áreas civis.
O chefe do Kremlin também destacou que o confronto "com as forças antirussas" que surgiram na Ucrânia era inevitável e que era apenas uma questão de tempo para que ocorresse.
"Eles começaram a transformar a Ucrânia em um campo de desfile antirusso, começaram a cultivar os brotos do nacionalismo e do neonazismo que estavam lá há muito tempo", disse, repetindo a narrativa do Kremlin para justificar a guerra, que pinta o governo ucraniano, liderado pelo judeu Volodimir Zelenski, como uma organização "dominada por nazistas".
Segundo Putin, não havia outra alternativa, pois era preciso defender os falantes de russo do leste da Ucrânia e impedir que a ex-república soviética se tornasse um trampolim anti-russo para os inimigos de Moscou.
Discurso ao lado de Lukashenko
O discurso foi feito em um evento para celebrar o 61º aniversário da viagem do primeiro homem ao espaço, Yuri Gagarin. Putin esteve acompanhado do presidente belarusso, Alexander Lukashenko, um de seus poucos aliados políticos, em visita ao Cosmódromo de Vostochny, no extremo leste da Rússia.
Questionado por funcionários da agência espacial russa se a operação na Ucrânia atingiria seus objetivos, Putin afirmou que "não tem nenhuma dúvida". "Seus objetivos são absolutamente claros e nobres", disse Putin. "Não há dúvida de que serão alcançados", acrescentou.
"O principal objetivo é ajudar o povo de Donbass, o povo de Donbass, que reconhecemos e que fomos forçados a defender, porque as autoridades de Kiev, pressionadas pelo Ocidente, se recusaram a cumprir os Acordos de Minsk visando uma solução pacífica dos problemas", afirmou.
Putin alegou que o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, declarou publicamente que Kiev "não gosta" de nenhuma cláusula dos Acordos de Minsk, enquanto "outros funcionários declararam que sua implementação é impossível".
"Eles o rejeitaram publicamente. Bem, era simplesmente impossível continuar tolerando esse genocídio que durou oito anos", afirmou Putin, referindo-se ao conflito armado entre o Exército ucraniano e os separatistas pró-Rússia em Donetsk e Lugansk.
Erva daninha do neonazismo
Putin afirmou que na Ucrânia "a erva daninha do neonazismo foi especialmente cultivada" e que o confronto da Rússia contra essas forças "era inevitável".
"Infelizmente, o neonazismo se tornou um fato da vida em um país relativamente grande perto de nós. Isso é uma coisa óbvia: era inevitável, era apenas uma questão de tempo", disse.
Kiev e o Ocidente consideram a narrativa do Kremlin como um falso pretexto para invadir a Ucrânia. O governo ucraniano afirma que está lutando por sua sobrevivência, depois que Putin anexou a Crimeia em 2014 e que reconheceu como soberanas, em 21 de fevereiro, duas regiões ucranianas onde lutam rebeldes pró-Moscou.
Putin acrescentou que a "operação militar" prosseguirá conforme o planejado, enquanto o país pró-ocidental se prepara para uma grande ofensiva russa no leste.
"Nossa tarefa é cumprir e alcançar todas as metas estabelecidas, minimizando as perdas. E vamos agir ritmicamente, com calma, de acordo com o plano originalmente proposto pelo Estado-Maior", disse.
Putin, que era onipresente na televisão russa nos primeiros dias da guerra, havia se afastado em grande parte dos olhos do público desde a retirada da Rússia do norte da Ucrânia e sinais que a invasão não correu como planejado por Moscou, com perdas significativas de material bélico e tropas.
Sua única aparição pública na semana passada havia sido no funeral de um deputado ultranacionalista aliado, ocasião na qual ele não abordou diretamente a guerra.
Na segunda-feira, ele se encontrou com o chanceler federal da Áustria em uma residência rural nos arredores de Moscou, mas nenhuma imagem da reunião foi divulgada.
Putin diz que sanções falharam
Putin também afirmou que as sanções do Ocidente impostas a Moscou devido a invasão na Ucrânia não funcionaram, com a economia russa resistindo e o rublo (a moeda russa) se recuperando. Para ele, a inflação e o aumento dos preços dos alimentos e do petróleo em países ocidentais começarão a pressionar os políticos.
Para o presidente russo, as sanções vão sair pela culatra. Como exemplo, ele citou as restrições a fertilizantes da Rússia e de Belarus, que irão aumentar os preços globais do produto, levando à escassez de alimentos e ao aumento dos fluxos migratórios.
Putin disse que "o bom senso deve prevalecer" e acrescentou que o Ocidente deve "voltar à razão e tomar decisões equilibradas". "Eles não serão capazes de fechar todas as portas e janelas", afirmou.
Ele argumentou que as novas restrições ocidentais às exportações de alta tecnologia vão encorajar a Rússia a se mover mais rápido para desenvolver novas tecnologias, abrindo uma "nova janela de oportunidades".
Como parte disso, durante o evento, Putin anunciou que reiniciará o programa lunar. "Estamos falando do lançamento desde o cosmódromo Vostochny do aparato robótico espacial Luna-25", disse o chefe de Estado.
"Precisamos enfrentar com êxito os desafios na exploração espacial, para resolver de maneira mais efetiva as tarefas de desenvolvimento nacional aqui na Terra", completou.
Putin garantiu que a Rússia seguirá trabalhando no desenvolvimento de uma nave cargueira de nova geração, com fontes de energia nuclear.
O Kremlin anunciou no ano passado que adiaria até julho de 2022 o lançamento da nave espacial Luna-25, projeto que estava programado inicialmente para outubro de 2021. A ideia era ter mais tempo para testes adicionais.
A Luna-25 será a primeira nave do novo programa russo e terá como fim investigar a região do polo sul da Lua. Em agosto de 1976, a antecessora do equipamento, a Luna-24, foi a terceira a recuperar amostras da superfície lunar.
Conquista da União Soviética como exemplo
Na visita ao leste da Rússia, Putin fez uma analogia entre o primeiro voo espacial de Gagarin, há 61 anos, e o desafio da Rússia hoje em dia.
"As sanções foram totais, o isolamento foi completo, mas a União Soviética ainda foi a primeira no espaço", disse Putin, que tem 69 anos, lembrando sua própria admiração como um estudante aprendendo sobre a conquista.
"Não pretendemos ficar isolados", afirmou o presidente russo. "É impossível isolar severamente qualquer pessoa no mundo moderno, especialmente um país tão vasto como a Rússia", afirmou.
O governo russo há muito cita o sucesso da União Soviética no espaço - pouco mais de uma década após a Segunda Guerra Mundial - como um alerta sobre a capacidade da Rússia de alcançar resultados espetaculares contra todas as probabilidades.
Os primeiros sucessos espaciais russos da Guerra Fria, como o voo de Gagarin e o lançamento em 1957 do Sputnik 1, o primeiro satélite artificial da Terra, têm uma pertinência especial para a Rússia: ambos os eventos surpreenderam os Estados Unidos e foram consideradas vitórias de propaganda da União Soviética.
No entanto, hoje em dia, a economia da Rússia é pequena em comparação com a da superpotência União Soviética - e está bem atrás dos Estados Unidos e da China na maioria das frentes tecnológicas.
No ano passado, a produção econômica nominal da Rússia foi de 1,6 trilhão de dólares - menor que a da Itália e apenas cerca de 7% da economia de 22,9 trilhões de dólares dos EUA.
Além disso, a economia da Rússia está a caminho de uma contração de mais de 10% em 2022, a pior desde os anos que se seguiram à queda da União Soviética em 1991, disse o ex-ministro das Finanças Alexei Kudrin nesta terça-feira.
le (EFE, Reuters, AP, AFP, dpa)
DNIPRO - A guerra da Rússia contra a Ucrânia entra no 48º dia. No último fim de semana, mísseis russos destruíram o aeroporto de Dnipro, quarta maior cidade do país. Não há informações sobre vítimas.
Veja o vídeo:
Emerson Fraga, do R7
ALEMANHA - Um "verdadeiro embargo" à energia de origem russa por parte de países ocidentais - como os da União Europeia - poderia parar a guerra na Ucrânia, disse Andrei Illarionov, ex-assessor econômico de Vladimir Putin.
Illarionov disse que a Rússia "não levou a sério" as ameaças de outros países de reduzir a compra de energia.
Apesar de tentar reduzir sua dependência de fontes russas, a Europa continua comprando petróleo e gás.
No ano passado, os preços em alta significaram que as receitas de petróleo e gás representaram 36% dos gastos do governo russo.
Grande parte dessa receita vem da União Europeia, que importa cerca de 40% de seu gás e 27% de seu petróleo da Rússia.
Esta semana, o representante da União Europeia Josep Borrell disse que "um bilhão de euros é o que pagamos a Putin todos os dias pela energia que ele nos fornece".
A Rússia é o terceiro maior produtor de petróleo do mundo, atrás apenas dos EUA e da Arábia Saudita.
Illarionov disse que se os países ocidentais "tentarem implementar um embargo real às exportações de petróleo e gás da Rússia... aposto que provavelmente dentro de um mês ou dois, as operações militares russas na Ucrânia provavelmente serão encerradas, serão interrompidas".
"É um dos instrumentos muito eficazes ainda em poder dos países ocidentais", acrescentou.
Embora o comércio de petróleo e gás tenha continuado durante o conflito, sanções diversas levaram a um cenário em que muitas outras atividades econômicas pararam, muitas empresas estrangeiras se retiraram e as exportações foram interrompidas.
Uma pesquisa recente do próprio banco central da Rússia prevê que a economia encolherá 8% este ano, enquanto o Instituto Internacional de Finanças diz que pode cair até 15%.
Illarionov sugeriu que o presidente Putin estava preparado para suportar um golpe na economia e que ele mostra onde estão suas prioridades.
"Suas ambições territoriais, suas ambições imperiais, são muito mais importantes do que qualquer outra coisa, incluindo o sustento da população russa e da situação financeira do país... até mesmo o estado financeiro de seu governo", disse ele.
Empregos sob ameaça
Na semana passada, em meio a tensões com a Europa sobre como o gás seria pago, Putin disse que os "indicadores-chave" da saúde da economia russa incluem a "criação de empregos, a redução da pobreza e da desigualdade, a melhoria da qualidade de vida das pessoas, a disponibilidade de bens e serviços".
Números do Banco Mundial apontam que quase 20 milhões de russos vivem na pobreza.
Nos últimos anos, Putin prometeu reduzir pela metade esse número.
Agora, Illarionov disse que "veremos provavelmente dobrar o número dessas pessoas, talvez até triplicar" à medida que a economia russa piora.
O Centro de Pesquisa Estratégica, think tank com sede em Moscou, estimou que dois milhões de empregos podem ser perdidos este ano, à medida que a taxa de desemprego aumenta após uma baixa recorde.
Essas preocupações são compartilhadas por Vladimir Milov, que é ex-vice-ministro da Energia da Rússia, mas agora faz parte do partido de oposição Rússia do Futuro, de Alexei Navalny.
"Muitas pessoas estão preocupadas em perder seus empregos, a maioria realmente não percebe a gravidade da situação econômica", disse.
A inflação, que já subiu para 15,7% por causa da guerra, significa que as pessoas podem parar de gastar dinheiro em coisas como academias e refeições em restaurantes e "isso é uma má notícia para muitas pequenas empresas", disse Milov.
Alguns alimentos básicos, como açúcar, cebola e repolho, tiveram alta de preço de mais de 40% desde o início deste ano.
Milov disse que qualquer queda perceptível nos padrões de vida ajudaria a causa de seu partido como oposição.
"Temos explicado às pessoas o tempo todo que a política de Putin levaria a Rússia a uma catástrofe, incluindo uma catástrofe social e econômica completa, incluindo uma deterioração dos padrões de vida que não vimos em décadas", disse ele.
"Devo dizer que isso tem um preço extremamente alto. Preferíamos não ver o que está acontecendo hoje."
No entanto, Milov, que fugiu para a Lituânia no ano passado, acredita que levará tempo para que a queda dos padrões de vida se traduza em mudanças políticas.
"A Rússia é um país com grande inércia na sociedade e muito medo instigado pelas autoridades. Especificamente, as pessoas realmente têm muito medo de protestar porque agora podem acabar na prisão por muito, muito tempo por fazer isso".
Ele acrescentou: "Mas eu diria que dentro de alguns meses de problemas econômicos reais e profundos, que não vimos em 30 anos, isso mudará o humor da sociedade. Mais pessoas começarão a reclamar em voz alta."
Andrei Illarionov, que agora vive nos Estados Unidos, disse que uma mudança de governo é inevitável "mais cedo ou mais tarde".
Ele disse que "é absolutamente impossível ter qualquer futuro positivo para a Rússia com o atual regime político".
Sob o presidente Putin, ele sugeriu, "não há como esse país ser integrado de volta às relações internacionais, na economia mundial".
UCRÂNIA - Os Estados Unidos estão empenhados em fornecer à Ucrânia "as armas que ela precisa" para se defender contra a Rússia, afirmou no domingo (10/04) o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, enquanto a Ucrânia busca mais ajuda militar do Ocidente.
Sullivan disse que o governo Joe Biden enviará mais armas para a Ucrânia para evitar que a Rússia amplie o controle de áreas do território ucraniano e promova ataques a civis, os quais Washington considera crimes de guerra.
"Vamos fornecer à Ucrânia as armas de que ela precisa para derrotar os russos e impedi-los de tomar mais cidades e vilas onde eles cometem esses crimes", disse Sullivan em uma entrevista à emissora ABC News. Moscou rejeita as acusações de que tenha cometido crimes de guerra na Ucrânia.
Em seguida, à emissora NBC News, Sullivan disse que os Estados Unidos estavam "trabalhando 24 horas por dia para entregar nossas próprias armas (...) e organizar e coordenar a entrega de armas de muitos outros países". "As armas estão chegando todos os dias", disse Sullivan, "inclusive hoje".
Os Estados Unidos afirmam ter enviado 1,7 bilhão de dólares (R$ 8 bilhões) em assistência militar à Ucrânia desde que a Rússia iniciou sua invasão, em 24 de fevereiro, disse a Casa Branca na semana passada.
As entregas de armas incluem mísseis antiaéreos Stinger e mísseis antitanque Javelin, bem como munições e coletes balísticos. Mas os líderes americanos e europeus estão sendo pressionados pelo presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, a fornecer armas e equipamentos mais pesados para combater a Rússia na região leste do país, onde se espera que os russos intensifiquem seus ataques.
Zelenski cético sobre promessa americana
Em entrevista à CBS News neste domingo, Zelenski manifestou ceticismo de que os Estados Unidos entregariam as armas que ele considera serem necessárias.
Se a Ucrânia poderá ou não vencer a invasão russa "depende de quão rápido seremos ajudados pelos Estados Unidos. Para ser honesto, se seremos ou não capazes de sobreviver depende disso", disse Zelenski. "Tenho 100% de confiança em nosso povo e em nossas Forças Armadas, mas infelizmente não tenho confiança de que receberemos tudo o que precisamos."
Na sexta-feira, autoridades ucranianas relataram que mais de 50 pessoas foram mortas em um ataque com mísseis em uma estação de trem na cidade de Kramatorsk, na região de Donetsk.
A invasão da Rússia forçou cerca de um quarto da população de 44 milhões a deixar suas casas, transformou cidades em escombros e matou ou feriu milhares de pessoas.
Moscou nega ter como alvo os civis no que chama de "operação especial" para desmilitarizar e "desnazificar" seu país vizinho. A Ucrânia e as nações ocidentais descartam essa alegação e a consideram um pretexto infundado para a guerra.
A Rússia nomeou no sábado um novo general para liderar suas forças na Ucrânia, Aleksandr Dvornikov, que tem experiência militar significativa na Síria. Considerando esse histórico, Sullivan disse esperar que Dvornikov autorize mais brutalidade contra a população civil ucraniana.
A deputada americana Liz Cheney, do Partido Republicano, afirmou à CNN que a administração Biden deveria fornecer à Ucrânia também armas ofensivas, como tanques e aviões, além de sistemas defensivos como mísseis antitanque e antiaéreos. "Acho que precisamos fazer tudo o que Zelenski diz precisar neste momento, dada a batalha inacreditável que eles vêm travando", disse.
Uma pesquisa divulgada neste domingo pela CBS News mostrou amplo apoio entre os americanos para o envio de mais armas para a Ucrânia. De acordo com o levantamento, realizado na semana passada à medida que as notícias dos ataques russos contra civis se multiplicavam, 72% dos entrevistados disseram ser a favor do envio de mais armas, e 78% apoiam sanções econômicas contra a Rússia.
bl (Reuters)
UCRÂNIA - Ao comentar o massacre de civis em Bucha, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, culpou as tropas russas, mas também fez sérias acusações à ex-chanceler federal alemã Angela Merkel. Ele a convidou para visitar Bucha e ver "a que conduziu a política de concessões à Rússia em 14 anos", disse Zelenski.
Há 14 anos, em uma cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Bucareste, Merkel e o então presidente francês Nicolas Sarkozy, em particular, agiram para que a Ucrânia não recebesse um convite para ingressar na aliança militar ocidental. Eles tentavam evitar provocar a Rússia. Hoje, Zelenski chama isso de "erro de cálculo", que, segundo ele, fez com que a Ucrânia esteja passando agora "pela pior conflito da Europa desde a Segunda Guerra Mundial".
Nord Stream 2 aprovado após anexação da Crimeia
O governo Merkel também se recusou a entregar armas à Ucrânia após a anexação russa da Crimeia em 2014. E ainda aprovou o gasoduto Nord Stream 2 pouco tempo depois, contornando a Ucrânia como país de trânsito de gás. "De que outra forma Moscou deveria entender isso, a não ser como uma aceitação tácita de uma mudança violenta de fronteiras?" questiona Henning Hoff, do Conselho Alemão de Relações Exteriores.
O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, também se dirigiu diretamente a Merkel: "Senhora chanceler, você tem estado em silêncio desde o início da guerra. No entanto, é precisamente a política da Alemanha nos últimos 10, 15 anos, que levou à força da Rússia hoje, com base no monopólio da venda de matérias-primas". E, sob o chanceler federal Olaf Scholz, a Alemanha está bloqueando sanções mais decisivas da UE, acusou Morawiecki.
Merkel e Scholz não são os únicos que estão sob fogo no momento. Andrij Melnyk, embaixador da Ucrânia em Berlim, acusou o presidente alemão e ex-ministro do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, no jornal Tagesspiegel de ainda encarar cegamente a relação com a Rússia como "algo fundamental, mesmo sagrado, não importa o que aconteça, nem mesmo a guerra de agressão desempenha um papel importante". Provavelmente nunca antes na história da República Federal da Alemanha um embaixador estrangeiro foi tão duro com um chefe de Estado alemão.
Política externa de Berlim foi "grande autoengano"
As críticas não atingem apenas os indivíduos, mas toda a política externa, de segurança e comercial alemã dos últimos 30 anos. "Houve demasiado diálogo e muito pouca dureza em relação ao Kremlin", afirmou o embaixador Melnyk.
O cientista político Stephan Bierling, da Universidade de Regensburg, confirmou esta avaliação à DW: "Todos os governos alemães desde que Putin assumiu o poder têm sinalizado que relações descomplicadas com Moscou são mais importantes do que o destino da Ucrânia. Isto encorajou o Kremlin a lançar seu ataque".
Bierling já havia classificado a política externa alemã dos últimos anos como um "grande autoengano" na revista política Cicero em 24 de março. Sob a constante proteção militar dos EUA, a Alemanha teria "cedido às ilusões pacifistas" e se concentrado apenas em seus próprios negócios.
Ingenuidade em relação a Pequim
Bierling também vê este padrão na política da China: "Agradar para receber vantagens econômicas, aplicar ideias ingênuas de influência liberalizante de um império a partir do exterior, sacrificar ideais democráticos como os direitos humanos e a liberdade de expressão para não irritar os que estão no poder".
É verdade que vários governos europeus, assim como Washington, criticaram durante anos a política da Alemanha em relação à Rússia − e também à China. Mas isso não foi ouvido em Berlim − até que o exército russo invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro.
Steinmeier admite erros
Quando a guerra começou, o chanceler federal Olaf Scholz falou de um "ponto de virada". Será que ele também quis dizer "mudança fundamental na política externa alemã?"
Na última terça-feira, o presidente Steinmeier reconheceu publicamente que errou em relação à Rússia, especialmente sobre a questão do Nord Stream 2, que custou muita credibilidade à Alemanha.
"Nós falhamos em construir uma casa europeia comum", disse Steinmeier. "Eu não acreditava que Vladimir Putin abraçaria a completa ruína econômica, política e moral de seu país por causa de sua loucura imperial", acrescentou. "Nisto, eu, como outros, estava enganado."
Entretanto, quando Putin tomou posse, não havia como saber como ele se comportaria com o tempo, completou Steinmeier.
Henning Hoff discorda: Desde a segunda guerra da Tchechênia, iniciada em 1999, quando Putin era ainda primeiro-ministro, já era possível reconhecer o caráter "criminoso, hipernacionalista" do líder russo, argumenta.
Alexander Dobrindt, chefe do grupo parlamentar do partido conservador CSU, na oposição ao governo Scholz atualmente, é um dos poucos políticos alemães que ainda defende a política tradicional de incentivar mudanças através do comércio. Ele afirma que o objetivo dela era garantir a paz e criar prosperidade comum. No entanto, Putin destruiu isso. "Mas, na época, essas decisões não estavam fundamentalmente erradas", disse Dobrindt.
Merkel: Ucrânia não deve entrar na Otan
Com exceção de uma declaração divulgada imediatamente após a invasão russa na Ucrânia, Angela Merkel tem evitado se manifestar. O que se sabe é que ela não lamenta sua decisão, em 2008, de bloquear a adesão da Ucrânia à Otan. Ela "mantém suas decisões em relação à cúpula de Bucareste em 2008", anunciou uma porta-voz da Merkel.
E esta posição ainda é o consenso dentro da própria Otan: a maioria dos membros da aliança militar está feliz por não ser obrigada a prestar assistência militar à Ucrânia porque não quer ser arrastada para uma guerra direta com a Rússia.
O sucessor de Merkel, Olaf Scholz, também vê as coisas dessa maneira. Entretanto, ele tem incentivado mudanças na área de defesa. Hoje, o governo alemão, chefiado por um social-democrata e um vice-chanceler federal verde, anunciou que querrearmar maciçamente a Bundeswehr (as Forças Armadas da Alemanha) e também está fornecendo armas para a Ucrânia, "numa ruptura com longas tradições", como definiu Scholz na quarta-feira.
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