fbpx

Acesse sua conta de usuário

Nome de usuário *
Senha *
Lembrar de mim
 

UCRÂNIA - A ucraniana Iryna Filkina, de 52 anos, foi uma das vítimas do massacre em Bucha, cidade próxima de Kiev, e teve seu corpo reconhecido a partir da foto de sua mão com as unhas pintadas de vermelho e rosa. A imagem chocante rodou o mundo nesta semana.

Segundo o New York Times, a maquiadora Anastasiia Subacheva foi a responsável por identificar a mulher. Iryna teria pedindo ajuda a ela no início do ano com o objetivo de se tornar uma profissional de beleza.

"Quando a vi, senti fisicamente que meu coração começou a quebrar", disse Anastasiia ao jornal americano.

Iryna morreu após ser atingida por disparos de soldados em um tanque russo enquanto empurrava sua bicicleta de volta para casa. Imagens de um drone flagraram o momento exato em que a ucraniana foi assassinada ao virar uma esquina.

A aspirante a maquiadora Iryna Filkina

A aspirante a maquiadora Iryna Filkina

DIVULGAÇÃO: INSTAGRAM/@S.C.H.1.R.U.C.H.K.A

 

A filha da aspirante a maquiadora, Olha Shchyruk, fugiu de Bucha após o início da guerra, em 24 de fevereiro. Ela conta que, em 6 de março, soube que sua mãe havia sido baleada quando voltava do trabalho, mas manteve a esperança de que ela estaria viva.

"Entendo que não foi possível, porque ela não entrou em contato por um mês. Mas uma criança sempre estará esperando por sua mãe”, disse Olha.

Na última sexta-feira (1º), data do aniversário de Iryna, a filha recebeu um vídeo da mãe morta no chão junto com a foto da mão com as unhas pintadas, detalhe que para ela não seria necessário para saber de quem era aquele corpo.

"Mesmo que não houvesse a manicure, eu teria reconhecido minha mãe", disse a filha.

O caso de Iryna é uma exceção no confronto no Leste Europeu. Grande parte das centenas de corpos que estavam pelas ruas de Bucha não foi identificada e muitos ainda foram enterrados em valas coletivas. Inicialmente, as autoridades ucranianas contabilizaram pelo menos 410 civis assassinados.

KRAMATORSK - Mais de 30 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas em um ataque de foguete russo a uma estação ferroviária em Kramatorsk, no leste da Ucrânia nesta sexta-feira (8), enquanto civis tentavam evacuar para partes mais seguras do país, informou a empresa ferroviária estatal.

Segundo o órgão, dois foguetes russos atingiram uma estação, que é usada para a evacuação de civis de áreas sob bombardeio pelas forças russas.

"Dois foguetes atingiram a estação ferroviária de Kramatorsk", disse a Ucrania Railways em comunicado.

Mais tarde, acrescentou: "De acordo com dados operacionais, mais de 30 pessoas foram mortas e mais de 100 ficaram feridas no ataque com foguete na estação ferroviária de Kramatorsk".

A Reuters não pôde verificar a informação. A Rússia não comentou imediatamente os relatos do ataque e o número de vítimas. Moscou negou atacar civis desde que invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro.

RÚSSIA - Todos os dias, a Rússia enterra soldados mortos na Ucrânia. A BBC estima que 20% dos mortos contabilizados pelas regiões russas são oficiais. O que os dados dizem sobre o estado do Exército russo lutando na Ucrânia?

A última vez que o Ministério da Defesa russo informou sobre perdas foi em 25 de março - segundo eles, 1.351 militares tinham morrido. Já as Forças Armadas da Ucrânia dão um número muito maior para a estimativa de russos mortos: 18.300 pessoas.

Em 5 de abril, fontes oficiais russas publicaram os nomes de pelo menos 1.083 soldados russos mortos. A maioria dos relatórios sobre as perdas foi publicada pelos chefes das regiões ou distritos.

 

Alta patente

Dos 1.083 mortos identificados, 217 são oficiais de postos que vão de tenente a general. Eles compõem 20% de todos os militares na lista de mortes confirmadas pelo Exército russo, que a BBC acompanha desde o início da guerra.

Uma proporção semelhante foi observada durante o primeiro relatório do Serviço Russo da BBC sobre as perdas do Exército do país: dos 557 mortos identificados, 109 eram oficiais, ou seja, 19,6%.

Um número tão alto de oficiais nas listas de perdas confirmadas não significa que um em cada cinco russos que morreu no campo de batalha fosse oficial. Tradicionalmente, os corpos de comandantes mortos no Exército russo são enviados para casa como prioridade, e suas mortes são mais propensas a serem anunciadas publicamente, diz Samuel Cranny-Evans, do Royal United Services Institute (RUSI, do Reino Unido.

"Em conflitos passados, os militares russos prestaram mais atenção à evacuação dos corpos de oficiais mortos. E menos atenção foi dada aos oficiais militares de baixa patente após a morte. Mas, ao mesmo tempo, os oficiais realmente constituem a espinha dorsal das Forças Armadas russas", diz o especialista.

Na lista de mortos, a BBC encontrou 10 coronéis (incluindo um capitão do primeiro escalão), 20 tenentes-coronéis, 31 majores e 155 oficiais subalternos (de tenente a capitão).

A Ucrânia afirma que sete generais russos já morreram, mas a Rússia apenas confirmou a morte do major-general Andrei Sukhovetsky.

Nos Exércitos dos países da Otan, sargentos, cabos e outros subalternos são autorizados a executar muitas tarefas no campo de batalha. Já no Exército russo, decisões de nível semelhante só podem ser tomadas por oficiais com a patente de pelo menos tenente.

"Os oficiais russos fornecem liderança tática e treinamento para seus pelotões ou batalhões. Os sargentos do Exército russo, na maioria das vezes, apenas controlam equipamentos ou seguem ordens, ou seja, não lideram ninguém. Isso significa que os oficiais são forçados a assumir mais funções na direção. Portanto, é mais provável que um oficial russo morra em combate do que oficiais de muitos outros exércitos", diz Cranny-Evans.

 

Paraquedistas sem apoio

Ao analisar a lista de baixas confirmadas na Rússia, outra tendência é perceptível: cerca de 15% de todos os mortos identificados serviam nas Tropas Aerotransportadas.

Especialistas ouvidos pela BBC observam que os paraquedistas russos são amplamente utilizados para resolver tarefas que, em teoria, poderiam ser atribuídas à infantaria convencional. Mas os comandantes militares russos preferem usar as Forças Aerotransportadas, já que essas unidades geralmente estão muito mais bem preparadas, tanto física quanto mentalmente.

A taxa de baixas relativamente alta entre os paraquedistas não é surpreendente, disse Rob Lee, membro sênior do Instituto de Pesquisa de Política Externa dos EUA. "Unidades de Tropas aerotransportadas participaram de operações nos setores mais difíceis da linha frente - em Hostomel, nas batalhas perto de Kiev e em confrontos no sul da Ucrânia", acrescenta.

No primeiro dia da guerra, o Exército russo desembarcou tropas no aeroporto Antonov, na vila de Hostomel - as tropas esperavam que os militares russos, vindos da Bielorrússia, pudessem estabelecer contato com eles e providenciar suprimentos. Isso não foi feito por completo e, em 31 de março, - após um mês de intensos combates - as tropas ucranianas recuperaram o controle do aeroporto.

Cranny-Evans explica que as operações de armas combinadas da Rússia foram relativamente lentas, e as unidades aerotransportadas na linha de frente ficaram sem tropas regulares e apoio aéreo.

Há informações sobre baixas de outras unidades de elite russas. A lista de perdas que pudemos confirmar inclui 15 representantes das forças especiais de inteligência militar controladas pelo GRU, o Departamento Central de Inteligência, (incluindo cinco oficiais) e 10 representantes das forças especiais da Guarda Nacional.

Entre os mortos estão pelo menos três proprietários de "boinas vermelhas" (Ruslan Galyamov e Oleg Kirillov do Tartaristão, e Vyacheslav Aktyashev da região de Perm) - esta é a elite das forças especiais da Rússia. A seleção para o direito de usar boina vermelha é considerada uma das provas militares mais difíceis do mundo.

A lista de vítimas confirmadas por nós também inclui pessoas de profissões inesperadas. Em 28 de março, jornalistas de Bryansk noticiaram a morte de um sargento sênior da banda militar, Alexander Karpeev. Especifica-se que Karpeev tocava trompete. Quais tarefas ele realizou na Ucrânia não são mencionadas nos relatórios.

 

Longo caminho para casa

Na maioria dos casos conhecidos publicamente, os corpos dos mortos são entregues em casa duas a três semanas após sua morte. Por exemplo, um alferes das forças especiais da Guarda Nacional chamado Ruslan Galyamov, segundo dados publicados, morreu em 11 de março e foi enterrado em 26 de março.

Em alguns casos, o corpo pode levar mais de um mês para ser enviado. Mikhail Bakanov, de 20 anos, segundo dados oficiais, foi morto no segundo dia da guerra - 25 de fevereiro. Eles conseguiram entregar seu corpo em casa apenas no final de março.

Esses prazos de entrega dos corpos dos mortos são geralmente típicos dos grandes conflitos modernos, de acordo com o Instituto Real Britânico de Estudos de Defesa e Segurança.

"Em uma situação como na Ucrânia, os vivos sempre terão precedência sobre os mortos. E os esforços estarão sempre focados em preservar e prover para aqueles que estão vivos. Enviar os corpos daqueles que não podem mais ser ajudados para sua terra natal não é prioridade. A situação é agravada pela linha de frente em constante mudança. Nesta fase do conflito, é difícil para ambos os lados proteger seus flancos das incursões inimigas", observa Cranny-Evans.

Autoridades ucranianas e testemunhas oculares afirmaram repetidamente que, ao recuar, o Exército russo deixa os corpos de soldados mortos para trás. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que Kiev quer transferir os corpos dos mortos para a Rússia, mas a Rússia "a princípio recusou, depois ofereceu algum tipo de bolsa".

Na segunda quinzena de março, o chefe da administração regional de Nikolaev, Vitaly Kim, exortou os moradores locais a relatar a localização de corpos de militares russos nos territórios libertados pela Ucrânia.

"Nem sempre eles levam seus [soldados], e na primavera e no verão será um problema nosso. Por favor, diga-nos onde estão, […] se possível, recolha-os em bolsas. Por isso, temos que recolhê-los e colocá-los em geladeiras, enviá-los de volta para que sejam identificados por DNA, porque esses soldados também têm mães."

Pelo menos três militares russos foram identificados apenas após um exame de DNA. Alexander Vavilin, de 21 anos, da cidade de Nizhny Novgorod, morreu em 27 de fevereiro, mas seus parentes foram informados de sua morte apenas em 1º de abril. Durante todo esse tempo uma investigação estava em andamento e, segundo a mídia local, eles estavam esperando, entre outras coisas, pelos resultados de um teste de DNA.

Alexander Yemtsov, um nativo de Transbaikalia de 27 anos, também foi identificado apenas graças a um exame - Yemtsov morreu em um veículo blindado queimado.

 

Trabalhos do Exército

A região na Rússia onde a maioria das mortes foi relatada é o Daguestão - 93 soldados foram enterrados lá. As escolas recebem seus nomes e até as ruas são batizadas com seus nomes.

Altos números de mortos também foram relatados na Buriácia (52 pessoas), na região de Volgogrado (48), na região de Orenburg (41) e na Ossétia do Norte (39).

Isso não significa que representantes de determinadas regiões tenham sido especialmente enviados para participar da invasão da Ucrânia, como sugeriram alguns especialistas e jornalistas.

"A parte principal dos soldados contratados no Exército russo são pessoas da periferia, não é o sul, nem o norte do Cáucaso, mas toda a periferia - cidades médias e pequenas, vilas e aldeias", explica a especialista na área de sociologia e desenvolvimento econômico das regiões russas, professora Natalya Zubarevich.

Ela observa que pessoas de regiões mais pobres também costumam se juntar ao Exército. A Buriácia é considerada uma dessas áreas.

Uma das pessoas mortas desta região é Mikhail Garmaev, de Ulan-Ude. Depois de sair da escola, ele entrou no ensino técnico de construção, mas não terminou seus estudos e foi servir no Exército.

Depois de servir, Mikhail voltou para Ulan-Ude e conseguiu um emprego em uma empresa de instalação de alarmes. Mas alguns anos depois, ele voltou ao Exército e assinou um contrato. Em 6 de março, perto de Kiev, Mikhail foi pego em uma emboscada e baleado duas vezes. Em 21 de março, ele foi enterrado em Ulan-Ude.

Cenários semelhantes - de alguém que estudou, serviu, tentou conseguir um emprego civil, mas depois voltou para o Exército - são encontrados nas biografias de muitos outros russos que morreram na guerra na Ucrânia.

"O Exército é um empregador importante em áreas onde é quase impossível ganhar dinheiro. O recrutamento no Exército dá a você um salário estável e segurança", enfatiza Zubarevich.

As regiões da Rússia ainda têm políticas diferentes em relação à publicação de informações sobre os mortos.

Em oito regiões, não houve relatos de mortes de oficiais. Mas em três deles - a região de Tomsk, a República de Adygea e a Chukotka - a BBC conseguiu confirmar relatos sobre funerais de soldados russos que foram mortos na Ucrânia.

Até o fim de março, as autoridades da região de Kemerovo não tinham relatado oficialmente as mortes na Ucrânia. No curso da primeira investigação sobre perdas nas forças armadas russas, a BBC conseguiu estabelecer os nomes de sete moradores de Kuzbass que morreram nesta guerra. Poucas horas após esta publicação, as autoridades da região de Kemerovo, que anteriormente mantinham silêncio, anunciaram detalhes sobre 13 militares mortos, sem nomeá-los. Desde então, os dados não foram atualizados oficialmente. No momento, a BBC conseguiu identificar pelo menos 18 pessoas da região de Kemerovo que morreram na Ucrânia.

"Na região de Kemerovo, o governador se baseou na retórica vitoriosa de forma mais enfática, com menos atenção ao tema do custo da guerra", observa o cientista político Mikhail Vinogradov.

"Admito que no Daguestão o envolvimento emocional é maior, inclusive para reconhecer o papel das pessoas da república na operação. Isso é feito em parte em uma competição à revelia com pessoas da Chechênia que estão em primeiro plano publicamente. Em outras regiões, os dados podem ser percebidos de forma mais traumática", acrescenta o cientista político.

Vinogradov acredita que Moscou deliberadamente delegou aos chefes de regiões o dever de relatar perdas na guerra, o que na Rússia é chamado de "operação especial".

"Acho que há um desejo de não traumatizar os cidadãos desnecessariamente com os números agregados de perdas - portanto, eles são dados raramente e às vezes vagamente", diz o especialista.

"Por outro lado, o fluxo de perdas é relativamente grande e você não quer escondê-lo completamente. E, por isso, poucas pessoas têm interesse em encontrar números comuns. Talvez os governadores não tivessem um comando claro sobre como cobri-lo, e há relativamente muita autonomia."

Em algumas regiões da Rússia, houve casos em que a mídia noticiou a morte de militares russos, mas depois excluiu o relatório.

"Não é proibido coletar informações sobre os militares mortos, mas, pelo que sei, todos os meios de comunicação da região foram informados de que isso não irá ao ar ou será publicado por enquanto. E eles não dizem quando será possível publicar. Pessoalmente, suponho que nunca", disse um jornalista siberiano à BBC sob condição de anonimato.

 

Propaganda

Os caixões com soldados russos que morreram na Ucrânia chegam não apenas às regiões da Rússia, mas também aos países da ex-União Soviética.

Em 25 de março, o funeral de Egemberdi Dorboev foi realizado na região de Issyk-Kul, no Quirguistão. O prefeito de Norilsk disse que Dorboev chegou recentemente ao território de Krasnoyarsk e morava lá com sua mãe. O jovem tinha cidadania russa e, no outono de 2021, foi convocado para o Exército. Ele morreu com 19 anos.

Rustam Zarifulin, de 26 anos, que assinou contrato com o Exército russo e morreu na Ucrânia, também foi enterrado no Quirguistão.

Os corpos de dois soldados russos (Saidakbar Saidov e Ramazon Murtazoev), que morreram na Ucrânia, foram enterrados no Tajiquistão. E na capital da Ossétia do Sul, que se separou da Geórgia, o sargento russo Andrei Bakaev, que participou da guerra, foi enterrado.

"Antes, pessoas de alguns países pós-soviéticos aspiravam a ingressar no Exército russo, porque era uma forma de obter a cidadania russa sob um esquema simplificado. Agora não há tais preferências", diz a ativista de direitos humanos Svetlana Gannushkina.

Ela acrescenta que, para alguns migrantes, as Forças Armadas podem continuar sendo um empregador atraente: "Com o Tajiquistão, por exemplo, a Rússia tem um acordo sobre dupla cidadania. E as pessoas que serviram como recrutas no Exército do Tajiquistão também são consideradas oficialmente como tendo servido na Rússia. Isso significa que, se desejarem, podem ir imediatamente ao serviço contratado. Essas pessoas não nos contataram. Mas, pelo que posso imaginar, para aqueles que não tiveram um destino diferente e de alguma forma não conseguiram prosperar, por exemplo, com educação, o serviço militar pode parecer atraente. E há uma propaganda apropriada."

ALEMANHA - As exportações de trigo da União Europeia devem aumentar, enquanto as importações de milho podem despencar em 2022/23, à medida que os mercados de grãos se ajustam à guerra na Ucrânia, disse a Comissão Europeia ontem (5) em sua primeira perspectiva para a próxima safra.

A comissão estimou que os embarques de trigo soft da União Europeia saltarão para 40 milhões de toneladas na temporada 2022/23, que começa em julho, ante 33 milhões projetados para o 2021/22.

Em nota, a comissão disse que o forte aumento nas exportações de trigo reflete “a demanda mundial com menor oferta da Ucrânia”.

A estimativa de embarques de trigo para 2021/22 também foi revisada em 1 milhão de toneladas, ante 32 milhões apontados no mês anterior.

UCRÂNIA - Vladyslav Starodubtsev afirma ter decidido ficar na Ucrânia em vez de deixar seu país após a invasão russa para mostrar que socialistas como ele podem ser úteis em tempos de guerra.

"Trabalhamos em ajuda humanitária, com refugiados no oeste da Ucrânia, comprando e entregando medicamentos, equipamentos militares ou armas", disse Starodubtsev em entrevista à BBC Mundo, serviço em espanhol da BBC.

Seu partido, Sotsyalnyi Rukh (Movimento Social), é uma organização socialista democrática ucraniana que se define como oposta ao capitalismo e à intolerância.

E nos últimos dias, ele também tentou convencer grupos de esquerda no Ocidente - do Podemos da Espanha aos trotskistas venezuelanos - a apoiar o envio de armas para a Ucrânia contra as forças de Moscou.

Desde que o presidente russo Vladimir Putin ordenou a invasão da Ucrânia em fevereiro, alguns partidos, líderes e governos de esquerda evitaram condená-lo tão claramente quanto outros e, em vez disso, apontaram para a responsabilidade dos EUA e da Otan pela crise.

"Nem mesmo os socialistas russos cometem o mesmo erro que os socialistas ocidentais" e "(os socialistas russos) se opõem à invasão", afirma Starodubtsev.

A seguir, veja os principais trechos da conversa por telefone que o socialista ucraniano, de apenas 19 anos e membro do conselho do seu partido, teve com a BBC Mundo:

 

BBC News Mundo - Como está a situação aí?

Vladyslav Starodubtsev - Está mais ou menos estável. Nos primeiros dias houve pânico, mas também um esforço de organização e de ajuda mútua. As pessoas viajaram quilômetros para se juntar ao Exército. Agora se estabilizou e tudo voltou ao normal. As pessoas se acostumaram a sirenes aéreas e bombardeios e tentam levar uma vida normal, como antes da guerra.

 

BBC News Mundo - Qual é sua opinião sobre a invasão russa na Ucrânia?

Starodubtsev - A invasão russa é absolutamente injustificada e horrível. Alguns tentam dizer que a Rússia está se defendendo contra a Otan. Mas isso não tem relação com a realidade.

Na realidade, trata-se de uma guerra do nacionalismo radical russo que acredita ter o direito de decidir o que os ucranianos devem ser, como devem viver. É uma guerra do imperialismo russo.

 

BBC News Mundo - Seu partido tem se oposto ao governo do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Como você avalia a forma como ele respondeu à invasão russa na Ucrânia?

Starodubtsev - Há duas dimensões para essa resposta. Em primeiro lugar, a resposta militar e tudo relacionado à ela, como sua maneira de fazer campanha na mídia, seu apelo aos europeus e assim por diante. Nesse sentido, Zelensky fez um ótimo trabalho. Ele motivou a todos, mostrou liderança na guerra. Ele tomou decisões militares corretas. Ele fez um ótimo trabalho reunindo todos nessa luta.

Mas há uma segunda dimensão em sua resposta: a dimensão social, defendendo a estabilidade do povo ucraniano. Aqui a resposta é muito pior.

Em tempos de guerra, o governo tenta promover sua reforma anti-trabalhista, reformar o código trabalhista para permitir 60 horas de trabalho semanais e que os trabalhadores possam ser demitidos sem justificativa. Eles também estão promovendo cortes de bem-estar e uma reforma da dívida que coloca todas as necessidades da guerra sobre os pobres, ao mesmo tempo em que defendem empresas e corporações. Nesse sentido, Zelensky foi horrível.

 

BBC News Mundo - A ideologia desempenhou algum papel em como você e outros na Ucrânia reagiram à invasão russa?

Starodubtsev - Nós, como socialistas, nos opomos ao imperialismo russo desde o início.

Mas a ideologia, infelizmente, desempenhou um papel na esquerda ocidental para defender as políticas de Putin e o imperialismo contra a Ucrânia.

UCRÂNIA - Várias divisões da Guarda Nacional da Ucrânia chegaram na terça-feira (5) à antiga usina nuclear de Chernobyl, após a retirada russa de 31 de março, anunciou a estatal Chernobyl NPP.

A "principal tarefa" dos guardas é "garantir a segurança e a defesa das instalações nucleares, assim como a proteção física do material nuclear", comentou a companhia em comunicado divulgado em redes sociais.

Após a retirada russa das instalações na semana passada, ainda está pendente uma inspeção da infraestrutura por parte das Forças Armadas ucranianas. Outra tarefa a ser realizada é a medição das radiações na usina e nas instalações onde as forças russas se alojaram, já que "ignoraram completamente as regras de segurança" durante a estada.

A estatal acrescenta que é preciso dar um descanso aos trabalhadores encarregados da manutenção da usina, entre eles 46 voluntários que assumiram as funções em 20 de março, durante o controle russo.

Também continuam em Chernobyl 13 funcionários que já acumulam mais de mil horas de trabalho e que estavam na usina quando as instalações foram capturadas, em 24 de fevereiro.

EUA - O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, afirmou na segunda-feira (4) que a Rússia está "reposicionando suas forças para concentrar suas operações ofensivas no leste e em partes do sul da Ucrânia".

"A Rússia tentou subjugar toda a Ucrânia e falhou. Agora tentará subjugar partes do país", disse Sullivan, estimando que essa nova fase da ofensiva militar "pode durar meses ou mais".

A Rússia indicou há alguns dias que concentrará seus esforços no leste da Ucrânia e redobrou seus esforços nessa região do território, assim como no sul.

Nessa região se encontram cidades portuárias fundamentais para a criação de uma conexão terrestre entre a península da Crimeia — anexada em 2014 pela Rússia — e as regiões separatistas pró-Rússia de Donetsk e Lugansk.

Sullivan declarou que os Estados Unidos e seus aliados vão anunciar "nesta semana" novas sanções econômicas contra a Rússia. Segundo o funcionário americano, estudam-se possíveis medidas "relacionadas à energia", um tema muito delicado para os europeus, muito dependentes do gás russo.

Nesta segunda-feira, o governo dos Estados Unidos anunciou ter aprovado a venda de oito aviões de combate F-16 para a Bulgária, para "reforçar a segurança" de um dos membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), no contexto da guerra na Ucrânia.

RÚSSIA - O conflito na Ucrânia chama a atenção do mundo por ser a primeira grande guerra na Europa desde a década de 1940. O que muitos acabam não percebendo, entretanto, é que o confronto iniciado pela Rússia no final de fevereiro pode ser o marco para uma nova ordem mundial de poder.

É o que defende o cientista político e pesquisador da USP (Universidade de São Paulo) Pedro da Costa Júnior. O autor do livro Colapso ou Mito do Colapso encabeça um artigo que defende que China e Rússia estabeleceram no início de 2022 a Nova Ordem Mundial Policêntrica.

Os presidentes Vladimir Putin e Xi Jinping assinaram há cerca de dois meses um documento chamado Aliança Sem Limites, no qual os líderes das duas grandes potências prometem uma forte parceria em áreas vitais, como economia e diplomacia.

“[Os presidentes] dizem que têm uma parceria econômica, política, tecnológica e diplomática para as próximas décadas. Agora você tem a segunda economia do mundo, que é a China, que cresce initerruptamente a taxas estratosféricas há 40 anos [...] unida com a segunda maior potência militar do mundo, a Rússia”, conta Costa Júnior ao R7.

 

 

Lucas Ferreira, do R7

RÚSSIA - Dois helicópteros ucranianos lançaram um bombardeio contra um depósito de gasolina em território russo na cidade de Belgorod nesta sexta-feira (1º), disse o governador local.

"Houve um incêndio no depósito de petróleo devido a um bombardeio lançado por dois helicópteros militares ucranianos, que entraram em território russo voando a baixa altitude", informou Vyacheslav Gladkov no canal Telegram.

Belgorod está localizada a cerca de 80 quilômetros ao norte de Kharkov, uma grande cidade ucraniana sob ataque das forças russas desde o início da ofensiva do Kremlin.

Em outra mensagem, o governador indicou que os bombeiros estavam trabalhando para apagar o fogo e que dois funcionários do armazém ficaram feridos. O Ministério de Situações de Emergência da Rússia afirmou por seu lado que 170 socorristas estavam trabalhando no local.

A gigante de energia Rosneft, proprietária do depósito, disse a agências russas que evacuou seu pessoal do local.

Na quarta-feira (30), explosões foram relatadas em um depósito de munição na região de Belgorod, sem que as autoridades russas explicassem claramente o motivo do incidente.

 

 

Por AFP | Do R7

POLÔNIA - Uma organização que atua na Polônia ajudando refugiados ucranianos afirma que há registro de mulheres e crianças desaparecidas após atravessar a fronteira entre os países. De acordo com o grupo, essas pessoas são vítimas de gangues ligadas ao tráfico sexual.

Esses criminosos se aproximariam de mulheres e crianças no entorno de abrigos montados nas cidades fronteiriças da Polônia. De acordo com a organização de direitos humanos Homo Faber, eles oferecem transporte para outras cidades, trabalho ou acomodações para conseguir atrair as pessoas. A partir daí, aplicam o golpe e passam a praticar o tráfico.

A coordenadora da Homo Faber, Karolina Wierzbinska, contou ao portal britânico The Guardian que homens atuam ao lado de mulheres para não levantar suspeitas dos refugiados que chegam à Polônia. Em alguns casos, grupos grandes tentam levar ucranianos para carros não identificados pelos voluntários na fronteira.

“[Vemos equipes] esperando por pessoas que chegam da Ucrânia fingindo que oferecem carona ou hospedagem a mulheres angustiadas e exaustas de sua jornada”, conta Wierzbinska.

Para tentarem afastar criminosos, voluntários na fronteira da Polônia têm registrado os carros que oferecem carona a refugiados ucranianos. Essa é uma tentativa das organizações de conseguir traçar e registrar para onde cada pessoa está indo.

De acordo com o Acnur (Alto-Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), 2,3 milhões de ucranianos atravessaram a fronteira em direção à Polônia. Para patrulhar a região, o Exército do país, além de policiais e bombeiros, trabalha 24 horas por dia ajudando a receber os refugiados.

Entretanto, um grupo não convocado oficialmente pelas forças polonesas chegou à cidade de Medyka — uma das principais portas de entrada do país para quem chega da Ucrânia. Os homens se identificam como veteranos da Legião Estrangeira Francesa, dispostos a proteger mulheres e crianças.

“Já vi mulheres assustadas, crianças aparecendo na fronteira e ninguém sabe onde estão os pais. É um alvo fácil”, contou um soldado da Legião Estrangeira ao The Guardian. “Eu não conseguia nem me concentrar, porque poderia ser minha irmã, minha filha.”

Um voluntário da Cruz Vermelha polonesa, que falou anonimamente, destacou que o grande fluxo de pessoas, somado à falta de organização para retirar os refugiados do local, torna mais fácil a ação de criminosos.

“O problema do tráfico de pessoas é que a maioria dos transportes que acontecem não é organizada. São voluntários que chegam de todos os lugares em seu carro particular. Então, em todos os pontos de recepção, você tem diferentes organizações tentando estabelecer um sistema de rastreamento.”

 

 

R7

Nosso Facebook

Calendário de Notícias

« Novembro 2024 »
Seg. Ter Qua Qui Sex Sáb. Dom
        1 2 3
4 5 6 7 8 9 10
11 12 13 14 15 16 17
18 19 20 21 22 23 24
25 26 27 28 29 30  
Aviso de Privacidade

Este site utiliza cookies para proporcionar aos usuários uma melhor experiência de navegação.
Ao aceitar e continuar com a navegação, consideraremos que você concorda com esta utilização nos termos de nossa Política de Privacidade.