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BRASÍLIA/DF - A Câmara dos Deputados aprovou na segunda-feira (4) a urgência para o projeto de lei que fixa limite para os juros do cartão de crédito. Com a aprovação de urgência, a proposta pode ser votada em Plenário sem passar pela análise das comissões.

Além dos juros, foi incluída ao Projeto de Lei 2685/22 a Medida Provisória 1176/23 que cria o Desenrola, programa do governo federal de renegociação de dívidas.

 

Juros do cartão

O relator do projeto, deputado Alencar Santana (PT-SP), propõe que o Conselho Monetário Nacional (CMN) defina em até 90 dias o teto para juros e encargos cobrados no parcelamento da fatura nas modalidades rotativo e parcelado. Se o limite não for definido dentro do prazo, contado a partir da publicação da nova lei, a cobrança de juros e encargos não pode superar o valor original da dívida.

Segundo o parecer preliminar, o limite para os juros do rotativo também valerá para as instituições financeiras que não aderirem à autorregulação.

Em junho, segundo os dados mais recentes do Banco Central, os juros do rotativo chegam a 437% ao ano. No caso do cartão de crédito parcelado, os juros ficaram em 196,1% ao ano.

O projeto prevê ainda a portabilidade da dívida do cartão de crédito e até mesmo dos parcelados. A ideia é estimular a concorrência no mercado para que o consumidor tenha opção de buscar juros menores e quitar a dívida.  Essa medida também precisa de regulamentação do CMN.

 

 

* Com informações da Agência Câmara

Por Agência Brasil

BRASÍLIA/DF - Os aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pagarão menos nas futuras operações de crédito consignado. Por 14 votos a 1, o Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS) aprovou na quinta-feira (17) o novo limite de juros de 1,91% ao mês para essas operações.

O novo teto é 0,06 ponto percentual menor que o antigo limite, de 1,97% ao mês, nível que vigorava desde março. O teto dos juros para o cartão de crédito consignado caiu de 2,89% para 2,83% ao mês. Propostas pelo próprio governo, as medidas entram em vigor assim que a instrução normativa for publicada no Diário Oficial da União.

A justificativa para a redução foi o corte de 0,5 ponto percentual na Taxa Selic (juros básicos da economia). No início do mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu os juros básicos de 13,75% para 13,25% ao ano.

Durante a reunião, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, disse que a pasta pretende propor novas reduções no teto do consignado à medida que a Selic cair. As mudanças têm de ser aprovadas pelo CNPS. Ele também disse que os bancos oficiais cobram taxas menores que o novo teto de 1,91% ao mês. O Banco do Brasil cobra 1,77% ao mês. A Caixa, 1,7% ao mês.

Apenas o representante da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF) votou contra. A entidade pediu que a votação fosse adiada porque a oferta de crédito consignado está encolhendo, mas a reivindicação não foi aceita.

Impasse

O limite dos juros do crédito consignado do INSS foi objeto de embates no início do ano. Em março, o CNPS reduziu o teto para 1,7% ao ano. A decisão opôs os Ministérios da Previdência Social e da Fazenda.

Os bancos suspenderam a oferta, alegando que a medida provocava desequilíbrios nas instituições financeiras. Sob protesto das centrais sindicais, o Banco do Brasil e a Caixa também deixaram de conceder os empréstimos porque o teto de 1,7% ao mês era inferior ao cobrado pelas instituições.

A decisão coube ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que arbitrou o impasse e, no fim de março, decidiu pelo teto de 1,97% ao mês. O Ministério da Previdência defendia teto de 1,87% ao mês, equivalente ao cobrado pela Caixa Econômica Federal antes da suspensão do crédito consignado para os aposentados e pensionistas. A Fazenda defendia um limite de 1,99% ao mês, que permitia ao Banco do Brasil, que cobrava taxa de 1,95% ao mês, retomar a concessão de empréstimos.

 

Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil

BRASÍLIA/DF  - O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campo Neto, afirmou, na quinta-feira (10), que a autarquia estuda o fim do crédito rotativo de cartão de crédito. Essa é uma das modalidades de crédito mais caras do mercado, com juros que chegaram a 437,3% ao ano em junho.

Campos Netos participou hoje de uma sessão plenária no Senado Federal para explicar decisões de política monetária e estabilidade financeira tomadas pelo BC no semestre anterior.

O rotativo é aquele crédito contratado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão e dura 30 dias. Após os 30 dias, as instituições financeiras parcelam a dívida. No caso do cartão de crédito parcelado, os juros ficaram em 196,1% ao ano em junho.

Campos Neto disse que, em até 90 dias, o BC deve apresentar uma solução para o “grande problema” que é o cartão de crédito. E a solução que está se encaminhando é o fim do rotativo, com o crédito indo direto para o parcelamento, com uma taxa ao redor de 9% ao mês. 

“Ou seja, extingue-se o rotativo, quem não paga o cartão vai direto para o parcelamento ao redor de 9%. E que a gente crie algum tipo de tarifa para desincentivar esse parcelamento sem juros tão longos. Não é proibir o parcelamento sem juros, é simplesmente tentar fazer com que eles fiquem um pouco mais disciplinados, numa forma bem faseada, para não afetar o consumo”. Campos Neto ressalta que cartão de crédito hoje representa 40% do consumo no Brasil.

Uma das situações que faz os juros do cartão serem tão altos, segundo o presidente do BC, é a grande utilização do parcelamento de compras por prazos mais longos. Isso aumenta o risco do crédito para as instituições financeiras e, consequentemente, os juros.

“A gente tem um parcelado sem juros, que ajuda muito o comércio, que ajuda muito a atividade, mas que tem aumentado muito o número de parcelas, de três para cinco, para sete, para nove, para onze. Hoje, o prazo médio são 13 parcelas. Então, é como se fizessem um financiamento de longo prazo sem juros. A pessoa que toma a decisão de dar os juros não é a mesma que paga pelo risco, isso gera uma assimetria”, explicou Campos Neto.

 

Facilidades

Além disso, o Brasil teve um grande aumento no número de cartões nos últimos anos e facilidades de crédito, o que fez crescer a inadimplência na modalidade. “Os bancos, novos entrantes e varejistas acabaram usando o cartão de crédito como um instrumento de fidelizar o cliente. Então, nós saímos de cento e poucos milhões de cartões de crédito para 215 milhões de cartões de crédito num período de dois anos e meio, isso é uma alta bastante grande”, disse. “O resultante disso foi uma inadimplência no rotativo de 52%. Não tem nenhuma inadimplência, nem parecida, em nenhum outro lugar do mundo, que eu tenha olhado, no cartão de crédito”, acrescentou.

Outra solução seria simplesmente limitar os juros de cartão, mas segundo o presidente do BC, isso acarretaria na retirada dos cartões de circulação. “Para as pessoas que têm mais risco os bancos não ofereceriam aquele cartão, devido a uma relação de risco e retorno ineficiente. O problema de cortar o número de cartões é que se sabe como começa, mas não se sabe como termina. Então, isso pode gerar um efeito muito grande na parte de consumo, na parte de varejo”, disse.

 

Política monetária

Campos Neto afirmou aos senadores que sua mensagem principal é que, na condução da política monetária, o BC “fez um bom trabalho em termos de pouso suave”, de “trazer a inflação para baixo com o mínimo de custo possível”. Ele destacou que as previsões para o crescimento da economia subiram e que o desemprego vem recuando.

“O que é o pouso suave? É a gente ter conseguido trazer a inflação muito alta para um nível muito mais baixo, com quase nenhum custo ou muito pouco custo, tanto de crescimento, quanto de emprego, quanto de contração de crédito. Quando a gente faz uma comparação relativa, o Brasil atingiu ou está atingindo um pouso suave. É importante mencionar que a gente ainda tem uma luta com a inflação pela frente, mas a gente está atingindo um pouso suave de forma bastante eficiente”, disse.

Diante da forte queda na inflação, na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reduziu a Selic, a taxa básica de juros, de 13,75% ao ano para 13,25% ao ano. Foi o primeiro corte de juros em três anos. A taxa Selic é o principal instrumento do BC para alcançar a meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

A última vez em que o BC tinha reduzido a Selic foi em agosto de 2020, quando a taxa caiu de 2,25% para 2% ao ano, em meio à contração econômica gerada pela pandemia de covid-19. Depois disso, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo que começou em março de 2021, em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis, e, a partir de agosto do ano passado, manteve a taxa em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas.

A decisão da manutenção da Selic nesse patamar, por esse prazo, vinha sendo motivo de críticas do governo federal e de alguns setores produtivos. Isso porque o aumento da Selic causa reflexos nos preços, encarecem o crédito e estimulam a poupança, o que também pode dificultar a expansão da economia.

Como em outras apresentações, Campo Neto destacou que as decisões do BC sobre a Selic são técnicas e consideraram a expectativa de inflação (12 a 18 meses a frente), o hiato de produto (capacidade de crescer sem gerar inflação) e a inflação corrente. Ele ainda defendeu a autonomia do Banco Central e apresentou dados apontando a uma relação entre o grau de autonomia dessas instituições pelo mundo e a inflação. 

“Ela [a autonomia] garante um ganho institucional, ele separa o ciclo político do ciclo econômico, ele facilita a obtenção de inflação baixa e menores juros estruturais na economia e alinha o Brasil às melhores práticas internacionais”, disse.

O presidente do Banco Central afirmou ainda que as atuais boas avaliações e previsões para a economia brasileira também são mérito da atuação do BC. Ele citou a elevação das notas de crédito do Brasil por agências de classificação de risco internacionais e avaliações de outras instituições reconhecidas e até da imprensa especializada. 

“Quando a gente olha todos esses índices de termômetro, todos eles, 100% deles, mencionam a autonomia do Banco Central e mencionam a política de juros do Banco Central como um fator decisivo”, disse. “Isso foi atingido aqui, com a ajuda do Congresso, em termos de colocar a autonomia do Banco Central e essa capacidade do Banco Central de gerir a crise de forma autônoma e técnica, tem mostrado grandes e grandes frutos. Então acho que, por trás de cada comemoração que a gente tem feito recentemente no Brasil, tem também um pedaço que foi a atuação do Banco Central. Eu gostaria que isso não fosse esquecido”, acrescentou.

 

 

 

Por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil

ALEMANHA - As vendas no varejo da zona do euro caíram 0,3% em junho ante maio, segundo dados publicados nesta sexta-feira, 4, pela agência oficial de estatísticas da União Europeia (UE), a Eurostat.

O resultado frustrou a expectativa de analistas consultados pela FactSet, que previam alta de 0,2% das vendas no período. Em relação a igual mês do ano passado, as vendas do setor varejista do bloco sofreram contração de 1,4% em junho.

A Eurostat revisou para cima as vendas de maio ante abril, de estável para alta de 0,6%, e também da comparação anual, de queda de 2,9% para declínio de 2,4%.

 

 

ISTOÉ DINHEIRO

LONDRES - O Banco da Inglaterra elevou sua taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual nesta quinta-feira, para um pico de 15 anos de 5,25%, e fez novo alerta de que os custos de empréstimos deverão permanecer altos por algum tempo.

Ao contrário do Federal Reserve ou do Banco Central Europeu - que também aumentaram os em 0,25 ponto na semana passada - o Comitê de Política Monetária do banco central britânico deu poucas indicações de que aperto está prestes a terminar enquanto luta contra a inflação elevada.

"O Comitê de Política Monetária garantirá que a taxa bancária seja suficientemente restritiva por tempo suficiente para retornar a inflação à meta de 2%", disse o Banco da Inglaterra em uma nova orientação sobre as perspectivas para os juros.

"Alguns dos riscos de pressões inflacionárias mais persistentes podem ter começado a se cristalizar", acrescentou.

A inflação britânica atingiu um pico de 41 anos de 11,1% no ano passado e tem caído mais lentamente do que em outros lugares, chegando a 7,9% em junho, a mais alta de qualquer grande economia.

Economistas consultados pela Reuters na semana passada previam que os juros atingiriam um pico de 5,75% ainda este ano. As próprias previsões do banco central foram baseadas em previsões recentes do mercado - que agora diminuíram um pouco - de que as taxas atingiriam um pico acima de 6% e uma média de quase 5,5% nos próximos três anos.

"A inflação atinge mais duramente os menos favorecidos e precisamos ter certeza absoluta de que ela caia para a meta de 2%", disse o governador Andrew Bailey.

As autoridades de política monetária votaram por 6 a 3 para o aumento. Dois membros do comitê - Catherine Mann e Jonathan Haskel - votaram por um aumento de 0,5 ponto este mês, enquanto Swati Dhingra votou por manutenção, como ela fez durante todo este ano, alertando para o aperto excessivo.

Os mercados viam uma chance em três de um aumento maior para 5,5%, o que teria repetido a alta de junho.

O Banco da Inglaterra prevê que a inflação cairá para 4,9% até o final deste ano - um declínio mais rápido do que havia previsto em maio.

Isso aliviará o primeiro-ministro Rishi Sunak, que prometeu em janeiro reduzir a inflação pela metade neste ano, uma meta que parecia desafiadora.

No entanto, o banco central estima que a inflação cairá de forma ligeiramente mais lenta a partir do final do próximo ano. A inflação não deve voltar à meta de 2% até o segundo trimestre de 2025, três meses depois da previsão de maio.

 

 

 

Reportagem adicional de Suban Abdulla / REUTERS

EUA - O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) voltou a aumentar nesta quarta-feira, 26, a taxa de referência para os juros no país (a Fed Fund Rate), que está agora em seu maior patamar em 22 anos. A taxa foi reajustada em 0,25 ponto porcentual, e passou a variar entre 5,25% e 5,5% ao ano.

O aumento já era esperado pelo mercado, e muito analistas previam, até antes da reunião, que este pudesse ser a última alta do atual ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos – que começou em março de 2022, quando os juros estavam em 0,25%. Desde então, foram 11 altas da taxa referencial.

No comunicado divulgado pelo colegiado, porém, o Fed afirma que a atividade econômica vem crescendo em um ritmo “moderado”. O termo chamou a atenção de analistas, já que na reunião de junho (que terminou sem aumento de juros) a palavra empregada foi “ritmo modesto”. O Fed ressaltou ainda que a alta de preços e a expansão de vagas de trabalho seguem em patamar elevado. Em junho do ano passado, a inflação ao consumidor no país chegou a 9,1% no acumulado de 12 meses. Hoje, está em 2,6%, ante uma meta contínua de 2%.

 

Powell

Em entrevista coletiva, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que a instituição está preparada para apertar mais a política monetária caso seja necessário. Ele se recusou, porém, a falar de forma mais explícita sobre os próximos passos dos juros no país, sob a justificativa de que existe um nível elevado de incertezas.

Segundo ele, ainda há “um caminho pela frente” no processo de desinflação, apesar de progressos recentes. Powell acrescentou que a decisão de adotar um ritmo “mais gradual” de aperto não significa que os juros serão elevados a cada duas reuniões. “Nós podemos ser mais pacientes.”

Refletindo as dúvidas que ainda existem sobre a variação dos juros, os índices de referência da Bolsa de Nova York não sustentaram a onda de recuperação ensaiada ainda no meio da tarde. Enquanto o Dow Jones fechou o dia com avanço de 0,23%, o S&P e o Nasdaq recuaram 0,02% e 0,12%, respectivamente. “Ficou bem claro o sinal de que o Fed continuará a acompanhar os dados e os efeitos do aperto monetário para entregar a meta de inflação de 2%”, disse João Piccioni, analista da Empiricus Research.

Os investidores no Brasil também mantiveram uma postura de cautela, mesmo depois de a agência de risco Fitch elevar o rating do País. A B3 fechou em alta de 0,45%, aos 122,5 mil pontos – maior patamar desde 9 de agosto de 2021. Já o dólar registrou nova queda em relação ao real. A moeda americana recuou 0,46%, vendida a R$ 4,72. É o menor patamar desde 20 de abril de 2022. Segundo operadores, parte do movimento refletiu a melhora do rating do País, que pode abrir caminho para o ingresso de novos investimentos estrangeiros.

 

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

ISTOÉ

INGLATERRA - Apostas na trajetória da taxa básica de juros do Banco da Inglaterra subiram para o nível mais alto em 25 anos, já que os operadores questionam a capacidade das autoridades de domar a inflação sem prejudicar a economia do Reino Unido.

Os mercados monetários agora precificam em 100% uma taxa terminal acima de 6,5% até março, de acordo com os swaps de taxas de juros atrelados às datas das reuniões de política monetária. Esse patamar seria o mais alto desde 1998 e se compara com apostas em um pico de 5% apenas alguns meses atrás.

Elevar os juros a esse nível agravaria o problema das hipotecas a ser administrado pelo BOE, tornando o crédito para empresas menos acessível, além de representar um duro golpe em uma economia que está em crise desde a pandemia. Esse cenário aumentaria as dificuldades enfrentadas pelo governo do primeiro-ministro Rishi Sunak antes de eleições amplamente esperadas para o ano que vem.

“Quanto mais os rendimentos sobem, mais assustam os compradores, porque ninguém quer pegar uma faca caindo”, disse Rishi Mishra, analista da Futures First Canada. “Se fosse apenas sobre os níveis, estes são níveis bons o suficiente para os compradores entrarem.”

O BOE entregou 13 aumentos sucessivos de juros desde o final de 2021, incluindo uma alta inesperada de 0,5 ponto percentual no mês passado. Mas a inflação do Reino Unido, em 8,7%, tem superado as estimativas há quatro meses consecutivos e ainda permanece muito acima da meta de 2% do BOE.

Em comentários nesta quinta-feira, o presidente do BOE, Andrew Bailey, disse que a inflação ainda está “muito alta” e apontou para indícios da chamada “ganância”, embora tenha sugerido que o ritmo de ganhos dos preços deve cair acentuadamente este ano.

 

Sinal de esperança

Também há sinais de esperança: uma pesquisa do BOE com diretores financeiros mostrou que as expectativas de ganhos de preços diminuíram em junho. A taxa observada nos próximos 12 meses caiu para 5,7% em junho frente a 5,9% em maio. O número mensal de 4,9% para junho foi o ritmo mais fraco previsto desde fevereiro do ano passado, quando a Rússia invadiu a Ucrânia e elevou os preços da energia.

Por enquanto, o aperto da política monetária se reflete na economia.

Taxas mais altas elevam o custo do serviço da dívida do governo do Reino Unido e limita a capacidade do governo de Sunak de oferecer os cortes de impostos que deseja prometer aos eleitores a tempo para a eleição. Na quarta-feira, o Escritório de Gestão da Dívida do Reino Unido vendeu um gilt com o maior rendimento médio desde 2007.

Também é provável que acentue a crise do custo de vida dos consumidores, a pior em gerações.

Allan Monks, economista do JPMorgan Chase, disse que existe o risco de o BOE ter que elevar as taxas de juros para até 7%, provocando um “pouso forçado” na economia. A Schroders também espera que as autoridades priorizem a inflação em detrimento do crescimento ao subir a taxa bancária para 6,5%.

Com “a falta de ‘guidance’ para a taxa básica do BOE e a incerteza em relação à trajetória da inflação”, traders não estão dispostos a apostar contra o aumento das taxas, de acordo com Evelyne Gomez-Liechti, estrategista de juros do Mizuho International.

 

 

--Com a colaboração de Reed Landberg e Andrew Atkinson.

bloomberg.com

ISTAMBUL - Olhar os cardápios de Istambul salvos no Google Maps é ver o passado. Há um ano, no restaurante House of Medusa, um prato com dois espetos de frango custava 115 liras turcas. Em janeiro, saía por 320. No começo deste mês, o preço era de 430 liras (R$ 87).

A economia turca vive um cenário conturbado desde 2021, marcado pela alta da inflação e pela queda do valor da lira. Para combater o problema, o presidente Recep Erdogan apostou em reduzir os juros, em vez de aumentá-los, como recomenda o receituário padrão dos economistas para domar a alta de preços.

Com juros mais altos, fica mais difícil financiar compras e obter empréstimos, o que acaba esfriando a economia e, consequentemente, contendo a alta de preços. O efeito colateral é que junto podem vir recessão e desemprego.

A inflação na Turquia ganhou tração há dois anos, justamente depois que o governo começou a baixar a taxa de juros em um momento em que os preços estavam em leve alta.

Em agosto de 2021, quando começou a baixa nos juros, a inflação estava na casa de 20%, considerando o acumulado de 12 meses. Um ano depois, em agosto de 2022, o indicador estava em 80%.

Mesmo assim, o governo Erdogan manteve a queda dos juros, que eram de 19% ao ano em agosto de 2021 e hoje está em 8,5%.

A inflação teve queda nos primeiros meses deste ano, e atualmente está na casa dos 40% anuais. A diminuição coincidiu com o período eleitoral. No fim de maio, Erdogan foi reeleito para mais um mandato, de cinco anos.

Uma das táticas para melhorar os números da economia no período foi vender reservas em moeda estrangeira para estabilizar o valor da lira, na faixa de um dólar para 20 liras.

No entanto, dias após o pleito, veio a desvalorização: a lira caiu para a faixa de 23 por dólar, um recorde negativo histórico.

Neste começo de novo mandato, iniciado em junho, o presidente fez mudanças no comando do Ministério das Finanças e no Banco Central: trouxe nomes com experiência em bancos estrangeiros, para tentar recuperar a credibilidade internacional, mas segue com mensagem dúbia.

"Nossos amigos não devem se enganar, como perguntar 'nosso presidente fará uma mudança séria na política de juros?'", disse Erdogan a jornalistas, na sexta (16).

"Mas, aceitamos que ele [ministro das Finanças] tomará medidas rapidamente, e de forma confortável com o banco central", acrescentou o presidente. O mandatário disse que a meta é trazer a inflação para taxas anuais de um dígito, algo não visto no país desde 2019.

As falas de Erdogan foram entendidas como um sinal de que o BC turco poderá subir os juros em sua próxima reunião mensal, na quinta (22).

Analistas apontam, no entanto, que o governo turco precisará de gestos mais firmes para recuperar a confiança estrangeira e voltar a atrair investimentos. Entre as críticas, estão a de que o governo fez muitas mudanças bruscas na condução econômica e na política nos últimos anos, o que gera temores de novas reviravoltas.

Em 2017, após um referendo, Erdogan teve seus poderes ampliados, inclusive para mudar regras comerciais e tributárias de forma unilateral. Houve também cerceamento da independência da Justiça.

Há dois anos, por exemplo, a Turquia deixou a Convenção de Istambul, um tratado contra a violência de gênero. "Isso sinalizou aos mercados internacionais que qualquer tratado pode ser anulado por decreto presidencial", disse Mehmet Gun, líder da ONG turca Better Justice Association, à agência Reuters.

"Há mais de uma década há uma captura do banco central pelo Executivo. Em muitos aspectos, é o presidente que define a política monetária", avalia Lívio Ribeiro, sócio da consultoria BRCG e pesquisador associado do FGV Ibre.

"Não é que eles estão combatendo a inflação com juros baixos. Eles não estão combatendo a inflação. Ponto. Eles tentam acomodar pressões inflacionárias para não fazer o que tem que ser feito", prossegue.

"Os preços das commodities, em especial o petróleo, subiram muito e isso afetou diretamente a inflação na Turquia. Não foi o único fator, mas foi importante. Foi um choque de oferta, e a taxa de juros não costuma produzir efeito sobre este tipo de inflação", pondera Pedro Raffy, professor de economia do Mackenzie.

Ribeiro aponta que a combinação de inflação alta e desvalorização da moeda acaba comprometendo as exportações. "Em termos reais, [neste cenário] a moeda possivelmente está se apreciando, o que significa que a competitividade externa do país está diminuindo. A inflação come o poder de compra da moeda e o poder de compatibilidade gerado pela depreciação da moeda. Anda-se em círculos."

Na última década, a lira perdeu 90% de seu valor frente ao dólar, sendo a maior parte disso nos últimos anos. No dia a dia, isso se reflete em mais inflação, especialmente em produtos importados, como a gasolina. O preço do litro nos postos era de 22 liras, cerca de um dólar, no começo de junho. "Era 18 liras há 15 dias", comenta Demir, morador de Istambul que pediu para ter o nome trocado, por ser crítico de Erdogan.

Apesar da inflação da gasolina, Istambul segue vibrante, com trânsito pesado em boa parte do dia. Muita gente sai para fazer compras nas ruas e shoppings e para se divertir em bares e restaurantes.

As taxas de juros mais baixas facilitam a obtenção de crédito, mas a inflação derrete o poder de compra. "Hoje é muito difícil comprar o primeiro carro. Geralmente só consegue um carro novo quem tem outro para dar como garantia ou pagamento", explica Demir.

"A situação da Turquia mostra muita semelhança com o que já aconteceu no Brasil e em outras economias emergentes. Há populismo por parte do governo, preocupação excessiva com o curto prazo, de não se desgastar com o aumento da taxa de juros e o corte dos gastos do governo. Mas, em algum momento isso vai se refletir em um custo maior para a sociedade", comenta Raffy, do Mackenzie.

 

 

por RAFAEL BALAGO / FOLHA de S.PAULO

BUENOS AIRES - O governo da Argentina anunciou um pacote de medidas para conter a alta da inflação e apoiar o cambaleante peso cambial no domingo, incluindo ajustes nas taxas de juros, mais intervenções no mercado de câmbio e acordos acelerados com os credores.

As medidas incluem um aumento da taxa de juros pelo banco central, disse o Ministério da Economia em um comunicado. O ministério não deu mais detalhes, mas uma fonte oficial disse à Reuters que o aumento seria de 600 pontos-base, elevando a taxa para 97%.

O aumento da taxa entrará em vigor na segunda-feira, acrescentou a fonte.

O país está lutando para reduzir a inflação, que atingiu 109% anualmente em abril. A Argentina também enfrenta a queda da confiança no peso e a diminuição das reservas em moeda estrangeira, que ameaçam as finanças do governo.

O banco central também aumentará sua intervenção no mercado de câmbio e dobrará seu plano de desvalorização da moeda, disse o ministério. Um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para distribuir fundos para o país também será acelerado, acrescentou o ministério.

Mais medidas devem ser anunciadas nos próximos dias, segundo o ministério.

O governo do presidente Alberto Fernandez está tentando controlar a situação econômica à medida que as eleições se aproximam, com pesquisas de opinião mostrando apoio fraco ao partido peronista no poder.

O próprio Fernandez já anunciou que não será candidato, mas o governo tenta melhorar a situação econômica para evitar uma vitória da oposição.

 

 

Reportagem de Jorge Otaola e Maximilian Heath / REUTERS

BRASÍLIA/DF - O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic, juros básicos da economia, em 13,75% ao ano. A decisão divulgada após reunião na quarta-feira (3) foi unânime.

"O ambiente externo se mantém adverso. Os episódios envolvendo bancos no exterior têm elevado a incerteza, mas com contágio limitado sobre as condições financeiras até o momento, requerendo contínuo monitoramento. Em paralelo, os bancos centrais das principais economias seguem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, em um ambiente em que a inflação se mostra resiliente", destaca o comunicado divulgado pelo Banco Central (BC).

O documento também afirma que, em relação ao cenário doméstico, "o conjunto dos indicadores mais recentes de atividade econômica segue corroborando o cenário de desaceleração esperado pelo Copom, ainda que exibindo maior resiliência no mercado de trabalho".

"A inflação ao consumidor, assim como suas diversas medidas de inflação subjacente, segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação. As expectativas de inflação para 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus elevaram-se marginalmente e encontram-se em torno de 6,1% e 4,2%, respectivamente", acrescenta o comunicado.

A taxa continua no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava em 13,75% ao ano. Essa foi a sexta vez seguida em que o BC não mexeu na taxa, que permanece nesse nível desde agosto do ano passado. Anteriormente, o Copom tinha elevado a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis.

Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica, iniciada em 1986. Por causa da contração econômica gerada pela pandemia de covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.

Inflação

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo o comunicado, a manutenção da taxa considerou entre outros fatores, a persistência das pressões inflacionárias globais, incerteza sobre o desenho final do arcabouço fiscal a ser analisado pelo Congresso Nacional e uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada.

"Por um lado, a reoneração dos combustíveis e, principalmente, a apresentação de uma proposta de arcabouço fiscal reduziram parte da incerteza advinda da política fiscal. Por outro lado, a conjuntura, caracterizada por um estágio em que o processo desinflacionário tende a ser mais lento em ambiente de expectativas de inflação desancoradas, demanda maior atenção na condução da política monetária", diz o comunicado.

 

 

Por Heloisa Cristaldo - Repórter da Agência Brasil

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