IBATÉ/SP - Assim como outras importantes datas, o Meio Ambiente também tem seu dia especial, 05 de junho. Esta data foi estabelecida pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 1972, durante à Conferência de Estocolmo, na Suécia, marcando assim um encontro importante entre vários países na busca da defesa do meio ambiente.
No Brasil, a partir de 1974, foi iniciado um trabalho específico de preservação do meio ambiente, através da criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente, com o objetivo de sensibilizar as pessoas da importância de lutar contra a degradação da natureza. Em razão da modernidade e da praticidade da vida, o lixo tem aumentado e levado a natureza ao caos da poluição e da destruição.
Sabendo de sua importância, a Secretaria de Educação proporcionou aos docentes e gestores da Rede Municipal de Ensino, uma palestra on-line denominada “Meio Ambiente, juntos pela proteção do planeta”, ministrada pela coordenadora Carla Cristina Castanheiro dos Santos, com foco na trajetória histórica da educação ambiental global, resíduos sólidos urbanos/domésticos, geração de resíduos no Brasil e estimativa por habitante e sugestões de ações que visam a mitigação dos impactos de ordem ambiental.
Para o Secretário Municipal de Educação, Alexandre Moraes Gaspar, é necessário mais do que informações e conceitos, mas atitudes e formação de valores. “O tema será trabalhado no âmbito das escolas municipais de Ibaté, nas diferentes etapas de ensino, conforme orientações da Política Nacional de Educação Ambiental, Lei nº 9.795/99, que orienta a prática integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades de ensino, sensibilização de pessoas e formação docente. O objetivo é estimular práticas sustentáveis de redução, reutilização e reciclagem de materiais”, salientou.
O Secretário destacou a importância dos professores e funcionários na conscientização dos alunos em relação ao tema e sobre a relevância da data. “Os docentes e os funcionários são fundamentais na conscientização dos alunos, e fazem isso com maestria. O Dia Mundial do Meio Ambiente é uma data que merece destaque, entretanto, não basta apenas plantar uma árvore ou separar o lixo nesse dia. É necessário que sejam feitas campanhas de grande impacto que mostrem a necessidade de mudanças imediatas nos nossos hábitos”, concluiu.
As coordenadoras Carla e Rosemary Gaudêncio destacaram a importância da conscientização sobre o Meio Ambiente. “Sabemos que precisamos tomar atitudes em nosso cotidiano para colaborar com o meio ambiente. Sugestões não faltam: não jogar lixo nos rios e lagos; economizar água nas atividades cotidianas (banho, escovação de dentes, lavagem de louças e etc.); reutilizar a água em diversas situações; respeitar as regiões de mananciais e divulgar ideias ecológicas para amigos, parentes e outras pessoas são algumas atitudes que podem fazer a diferença. É muito importante que as crianças desde cedo aprendam e tomem consciência de como ajudar o meio ambiente”, finalizaram as coordenadoras.
No período de 10 a 12 de junho o Sesc será palco para o Encontro Ambiental de São Carlos, com debates, oficinas, bate-papos, exibição de filme e visitas mediadas
SÃO CARLOS/SP - O EA 2022 retoma uma série de encontros de educação ambiental realizados em São Carlos nos anos 2000. Este ano, além da troca de experiências e da valorização dos projetos, ações e atividades em Educação Ambiental (EA) realizadas localmente, visa incentivar a apropriação do ProMEA-SC, o Programa Municipal de Educação Ambiental de São Carlos. O EA 2022 propõe revisitar o histórico da criação do ProMEA-SC, pontuando como a educação ambiental em São Carlos pode dialogar com suas áreas temáticas e linhas de ação e assim identificar suas fortalezas e lacunas e apontar caminhos para sua consolidação.
Organização: CGEA - Conselho Gestor de Educação Ambiental de São Carlos; REA-SC - Rede de Educação Ambiental de São Carlos; CDCC/USP - Centro de Divulgação Científica e Cultural da Universidade de São Paulo; SMMACTI - Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Inovação e Prefeitura Municipal de São Carlos
Parceria: Sesc São Carlos
Apoio: UNICEP
visita mediada
Trilha da Natureza UFSCar: aquecendo para o EA 2022
Com equipe da Trilha da Natureza
Dia 10/6, sexta, das 7h30 às 10h
Ponto de encontro: UFSCar - Departamento de apoio à educação ambiental/ DGR
Grátis
Inscrições: www.bit.ly/trilha-EA2022
Inscrição e Credenciamento
Espaço para inscrição e credenciamento no EA 2022. As inscrições podem ser realizadas previamente de forma online por meio do link: https://forms.gle/9twFURmQqfJLPvCQ6
Dia 10/6, sexta, às 18h
Foyer do teatro
Mesa de Abertura
Com membros do Conselho Gestor de Educação Ambiental de São Carlos e autoridades convidadas
O enraizamento do Programa Municipal de Educação Ambiental de São Carlos (ProMEA-SC) e a sua articulação com os movimentos nacionais.
Na mesa de abertura do EA 2022 é apresentado um breve histórico do processo de criação do ProMEA-SC no âmbito da atuação da Rede de Educação Ambiental de São Carlos (REA-SC) e parceiros e dos EAs realizados nos anos 2000 até a promulgação do Programa em 2008.
A discussão aborda ainda a constituição do Conselho Gestor de Educação Ambiental (CGEA), a revisão do ProMEA-SC pelo Conselho e, finalmente, a relação entre a articulação local e os movimentos nacionais de educação ambiental.
José Galizia Tundisi
Professor Titular aposentado da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP). Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências. Secretário Municipal de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Inovação de São Carlos.
Flávio Okamoto
Bacharel em Direito pela USP. Promotor de Justiça desde 2002, tendo sido titular em Taquarituba, Barretos, Taquaritinga e São Carlos. Atualmente é o 7o Promotor de Justiça de São Carlos, com atuação na área ambiental.
Flávia Torreão Thiemann
Educadora ambiental com doutorado e pós-doutorado na área pela UFSCar. Sócia-fundadora da Fubá Educação Ambiental e vice-presidente da Associação para Proteção Ambiental de São Carlos (APASC). Foi Assessora de Educação Ambiental da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de São Carlos de 2005 a 2008. Membro do Conselho Gestor de Educação Ambiental de São Carlos.
Mariano Maudet
Formado em Ciências Biológicas pela USP. Mestre em Conservação de Fauna pela UFSCar e FPZSP. Especialista em Gestão Ambiental pela UFSCar. Especialista Ambiental pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Atual Coordenador do Conselho Gestor de Educação Ambiental de São Carlos CGEA-SC (gestão 2021-2022).
Participação virtual
Marcos Sorrentino
Biólogo e pedagogo formado na UFSCar. Mestre e doutor em Educação com três pós-doutorados na área de Educação Ambiental e Sustentabilidade. Ativista e professor desde os anos 1970, participou da fundação da Associação para Proteção Ambiental de São Carlos (APASC) e foi diretor de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, de 2003 a 2008. Atualmente é professor sênior na USP e professor visitante na UFBA.
Mediação de Daniela Baptista
Educadora ambiental e gestora de projetos socioambientais. É graduada em Oceanologia pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e especialista em Educação Ambiental pelo CRHEA/USP. Atua junto à Associação Veracidade. É membro do Conselho Gestor de Educação Ambiental de São Carlos.
Dia 10/6, sexta, às 19h30
Teatro
Grátis
Retirada de ingressos na Central de Atendimento, com 1 hora de antecedência. Lugares limitados.
Acessível em Libras
Livre
oficina
Ativando um minhocário do zero
Com integrantes do grupo gestor do Programa Lixo Menos é Mais do Sesc
Minhocário é um dispositivo composto geralmente por três caixas plásticas, onde se dá a reciclagem do lixo orgânico caseiro, com as minhocas transformando os restos de comida em adubo (húmus). Nesta vivência experimentaremos ativar um minhocário do zero para entendermos juntos todas as etapas deste processo.
Dia 11/6, sábado, das 11h às 12h30
Galpão
Grátis - Entrega de senhas no local da atividade, com 30 minutos de antecedência. Lugares limitados.
Livre
instalação
São Carlos por suas bacias
Com Centro de Divulgação Científica e Cultural da Universidade de São Paulo - CDCC-USP
Por meio de maquetes e outros recursos gráficos e visuais, a instalação contextualiza a ocupação urbana na perspectiva das principais microbacias hidrográficas da cidade, com o intuito de dar visibilidade aos impactos causados pela ocupação humana, assim como de levantar a reflexão sobre possíveis maneiras de minimizá-los.
Dia 11/6, sábado, das 11h às 18h
Galpão. Grátis. Livre
debate
Apresentação de trabalhos de educação ambiental do EA 2022
Apresentação em formato de pôster de trabalhos em educação ambiental desenvolvidos na cidade que foram submetidos e selecionados no âmbito do EA 2022. A sessão de pôsteres estará organizada em blocos temáticos que representam as linhas de ação do ProMEA-SC:
a) Políticas públicas, legislação e instâncias tomada de decisão;
b) Formação continuada e fortalecimento de coletivos e espaços educadores;
c) Desenvolvimento de ações de Educação Ambiental;
d) Captação de recursos;
e) Produção de materiais didáticos, científicos e de comunicação.
Um espaço de intercâmbio de experiências e percepções sobre os temas levantados. Em cada agrupamento, haverá facilitação e registro das discussões.
Dia 11/6, sábado, das 13h30 às 15h30
Galpão
Grátis - Lugares limitados
bate-papo
Plenária
A Rede de Educação Ambiental de São Carlos (REA-SC) apresenta o "Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global", uns dos documentos-base para a elaboração do ProMEA-SC.
Espaço de compartilhamento e sistematização das discussões realizadas nos grupos temáticos e de proposição de encaminhamentos para fortalecimento do ProMEA-SC no município.
No segundo semestre de 2022, está prevista a realização da 3ª Jornada Internacional de Educação Ambiental, com foco na construção da Rede Internacional do Tratado de Educação Ambiental. A apresentação será conduzida pela REA-SC, que é uma das redes da malha da Rede Brasileira de Educação Ambiental (REBEA).
Dia 11/6, sábado, das 16h às 18h
Galpão
Grátis - Lugares limitados.
oficina
Tem jataí no meu quintal
Com Juliana Massimino Feres e Marianna Tojal Araújo, biólogas com experiência em criação de abelhas nativas
Esta vivência apresenta o universo das abelhas nativas por meio de seu maior representante: a colmeia de jataí.
Os participantes vão observar colmeias, aprender a identificar uma diversidade de abelhas, a construir ninhos temporários de captura e a criar abelhas no próprio quintal! Além de experimentar o mel da jataí e conhecer suas propriedades medicinais e terapêuticas.
Dia 12/6, domingo, das 10h às 12h
Galpão
Grátis - Entrega de senhas na Central de Atendimento, com 30 minutos de antecedência. Lugares limitados.
Livre
visita mediada
Caminhada pelo Parque Linear do Córrego do Gregório
Com educadores do Sesc e da Rede de Educação Ambiental de São Carlos (REA-SC)
Caminhada de intensidade leve por trecho do Parque Linear do Córrego do Gregório, isto é, a área verde localizada na marginal, em frente ao Sesc São Carlos. Além de praticar atividade física, o grupo participa de uma atividade de interpretação ambiental, conhecendo um pouco mais sobre os rios e ocupação da cidade.
Ponto de encontro: Área verde em frente ao Sesc.
Distância aproximada: 4 km
Não esqueça de usar chapéu ou boné, filtro solar, repelente e de levar sua garrafa de água.
Dia 12/6, domingo, das 9h30 às 11h
Atividade externa
Grátis - Inscrições no local e horário da atividade. Lugares limitados.
12 anos
Exibição de filme
Pantanal: a boa inocência de nossas origens
Brasil. 2019. Cor. Dir.: Eduardo Nunes e Izabella Faya. 75 min. Documentário.
Esse documentário mostra o dia a dia de moradores da maior planície alagada do mundo, no coração da América do Sul, um dos locais mais desafiadores para o ser humano. Partindo do olhar dos personagens, vamos entender melhor o frágil equilíbrio entre homem e natureza num lugar onde é impossível não entender que somos parte de algo muito maior, no qual o movimento das secas e das enchentes determina a forma de viver.
Dia 12/6, domingo, às 16h30
Teatro
Grátis. - Retirada limitada a 1 ingresso por pessoa, com 1h de antecedência. Lugares limitados.
14 anos
Produção: 3 Tabela Filmes e Produções Artísticas Ltda
Elenco: Lourenço Pereira Leite, João Batista da Cruz, Elmo da Silva Santos, Roberto dos Santos Rondon, Marcos Almeida Dias, Zé Floresta, Claudia Regina Sala de Pinho, Silvano Carmo de Souza, Marina da Silva Lara, Maria Antônia da Silva Rondon, Laureana da Silva Rondon, Allan Carlos Rondon Bozoki, Lauane Rondon Bazoki.
Apresenta músicas de Almir Sater e poemas de Manoel de Barros.
Todo filmado no Pantanal, a maior planície de inundação do mundo
Serviço:
Data: de 10 a 12 de junho
Ingressos: Grátis. Lugares limitados
Local: Unidade São Carlos – Av. Comendador Alfredo Maffei, 700 – Jd. Gibertoni – São Carlos – SP
Mais informações pelo telefone: 3373-2333
SÃO CARLOS/SP - A Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Inovação realiza a partir da próxima semana, de 6 a 12 junho, a Semana Verde dentro da programação em comemoração ao Dia do Meio Ambiente.
Vários setores estarão envolvidos no evento com atividades presenciais com oficinas, encontros, lives e painéis. Confira a programação completa:
6 DE JUNHO - SEGUNDA-FEIRA - 18H - Abertura da Semana do Verde com Prof. José Galízia Tundisi – Secretário de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Inovação. Na sequência início do 1º Simpósio do Fogo: Incêndios e Queimadas em São Carlos
LOCAL: Paço Municipal de São Carlos
7 DE JUNHO - TERÇA-FEIRA - 9H - Oficina de Formação de Guia de Ecoturismo Sustentável de Base Comunitária, com Dr. Matheus Reis INSCRIÇÃO: https://forms.gle/9vSLPiToLbe9Lt626
LOCAL: PARQUE DO BICÃO
8 DEJUNHO - QUARTA-FEIRA - 9H - Live: Técnicas de Observação e Contemplação da Natureza, com Dr. Matheus Reis
INSCRIÇÕES: https://forms.gle/WQxBc2BkJHGozLSg6
9 DE JUNHO - QUINTA-FEIRA - 14H ÀS 17H - Evento on-line: Painel Drenagem Sustentável CONVIDADOS: Jozrael - Presidente do CBH -TJ Arquiteta Renata Bovo Perez - Professora da UFSCar Arquiteta Luciana Schenk - Professora do IAU-USP
LINK: https://sigrh.sp.gov.br/cbhtj/agenda
ORGANIZAÇÃO: CBH-TJ
10 DE JUNHO - SEXTA-FEIRA - 9H - Visita ao Sítio São João - Escola da Floresta
LOCAL: SÍTIO SÃO JOÃO
6 A 10 DE JUNHO - 18H ÀS 20H - 1º Simpósio do Fogo: Incêndios e Queimadas em São Carlos
LOCAL: Auditório do Paço Municipal
10 A 12 DE JUNHO – Encontro de Educação Ambiental EA2022
LOCAL: SESC São Carlos
INSCRIÇÃO: https://forms.gle/9twFURmQqfJLPvCQ6
Dia 10/06 – 18h30 – abertura
Dia 11/06 – 9h às 18h
Dia 12/06 – 9h às 12h
ORGANIZAÇÃO: CGEA, SMMACTI, CDCC/USP, REA, PMSC APOIO: SESC São Carlos e UNICEP
AUSTRÁLIA - Uma equipe de pesquisadores da Universidade da Austrália Ocidental descobriu em Shark Bay, na costa oeste do país, a maior planta do mundo.
A erva marinha da espécie “Posidonia australis” foi localizada a cerca de 800 km ao norte da cidade Perth, e se estende por 180 km. A equipe de cientistas também estima que a planta tenha pelo menos 4.500 anos.
O estudo foi publicado na quarta-feira (1º) pela revista científica Proceedings of the Royal Society B.
De acordo com Jane Edgeloe, principal responsável pela pesquisa, sua equipe coletou amostras de brotos de ervas marinhas do outro lado da baía e examinou 18 mil marcadores genéticos para criar uma “impressão digital” em cada uma.
“A resposta nos surpreendeu – havia apenas uma! É isso, apenas uma planta expandiu mais de 180 km em Shark Bay, tornando-a a maior planta do mundo”, disse Edgeloe.
A planta também se destaca por sua resiliência. “Ela parece ser realmente resistente, pois experimentou uma ampla gama de temperatura e salinidade, além de condições extremas de luz alta, condições que juntas seriam muito estressantes para a maioria das plantas”, disse Elizabeth Sinclair, autora sênior do estudo.
Os cientistas montaram uma série de experimentos em Shark Bay para entender como essa planta sobrevive e prospera sob condições tão variáveis.
CAMPINAS/SP - Onça parda, lobo guará, guaxinim, veado, cachorro do mato. Esses são alguns dos animais que circulam nos arredores do campus da Unicamp em Campinas. Junto à flora da Mata Atlântica, as espécies compõem as belezas nativas do território. No entanto, estão em situação de risco devido ao avanço da urbanização e à derrubada da mata. Para permitir o trânsito seguro dos animais e recuperar as espécies da flora, o Projeto Corredores Ecológicos no Campus da Unicamp e Região foi aprovado pela Comissão de Planejamento Estratégico Institucional da Universidade (Copei).
Os corredores ecológicos irão restabelecer e conectar remanescentes de mata nativa na região da Fazenda Argentina, área de 1,4 milhão de metros quadrados adquirida pela Unicamp em 2014. A conexão entre os fragmentos de mata deverá permitir a troca gênica das espécies de fauna e flora, evitando sua degeneração. O plano também contempla a conexão e recuperação de nascentes de água.
A previsão é que, em cinco anos, sejam criados 217.000m² de corredores ecológicos, 300.000m² de área de plantio, 92 metros de passadores de fauna e 6.500 metros de cercamentos de corredores. O plantio está previsto para ser iniciado na próxima estação chuvosa, a partir de setembro, e seguirá o mapeamento das espécies nativas realizado pela professora do Instituto de Biologia (IB) Dionete Santin.
A proposta de criação dos corredores e recuperação de nascentes integra o Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS), criado para ser um distrito modelo em sustentabilidade. O reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, destaca que o projeto está alinhado ao compromisso da Universidade com os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Os ODS propõem metas para a eliminação de problemas globais, como pobreza, desigualdades, fome e degradação ambiental, a serem cumpridas até 2030.
O projeto de corredores ecológicos é fundamental para que a ocupação da Fazenda Argentina e, de modo mais abrangente, de toda a área do HIDS, se dê de forma sustentável, refletindo o compromisso da Unicamp com a agenda de 2030 da ONU, pontua Meirelles.
Recuperação da mata nativa e das nascentes
Na área em que está localizada a Fazenda Argentina, há fragmentos da Mata Atlântica, bioma que perdeu 88% da sua vegetação nativa devido à ação humana. O distrito de Barão Geraldo, onde se localiza o campus de Campinas da Unicamp, também é caracterizado por ser uma zona de transição entre os biomas da Mata Atlântica e Cerrado, o que favorece uma grande diversidade de espécies.
Segundo a coordenadora do Serviço de Áreas Verdes da Divisão de Meio Ambiente da Unicamp, Camila Santos, a degradação da vegetação da região se deu em razão da expansão urbana e do uso do solo para agropecuária. As características da degradação dificultam a regeneração da mata de forma natural. Há alguns fatores que impedem que a mata se regenere. Por exemplo, aqui é uma área rural com bastante capim, um solo muito mexido por causa da agropecuária. Por isso é importante fazer os plantios, avalia.
Outro fator decisivo para a regeneração da flora é a presença de animais. Os passadores, além de permitirem a circulação segura, irão promover a disseminação das espécies da mata. O projeto contempla passadores superiores, para fauna arborícola, e inferiores, para fauna terrestre. Os passadores inferiores são implantados quando há uma sobreposição entre um corredor e uma via de trânsito, de forma que os animais consigam fazer a transposição, explica a coordenadora de Sustentabilidade da Unicamp, Thalita Dalbelo.
A conexão e recuperação de nascentes, também contemplada na proposta, será importante para propiciar água aos animais. A Fazenda Argentina abriga parte da bacia do Rio das Pedras e o Ribeirão Anhumas. Ao recompor a mata ao longo dos corpos d’água, evitam-se processos de erosão e assoreamento, garantindo melhoria na qualidade da água.
Corredores ecológicos da Unicamp integram projeto macrorregional
Os corredores dão sequência às ações de preservação ambiental da DMA da Unicamp. Em 2012, observando o elevado número de atropelamentos de animais, o órgão iniciou a instalação de placas de advertência para motoristas e o cercamento parcial das Áreas de Preservação Permanente (APP) localizadas no campus. Em um ano, houve uma diminuição de 70% nos atropelamentos.
Depois disso, teve início a implantação de corredores que interligam manchas de floresta e de APPs. Em 2016, a Prefeitura de Campinas estabeleceu o Plano Municipal do Verde, cujas resoluções foram elaboradas com a participação da Unicamp. Foi uma contribuição nossa ao município de Campinas e agora daremos início a esse plano, afirma Thalita.
O plano prevê linhas de conectividade para Campinas e região metropolitana, dentro das quais se inserem os corredores a serem implementados na Fazenda Argentina. Participamos desse projeto macrorregional de integração dos nossos corredores com os de fora do território da Unicamp para viabilizar a sobrevivência das espécies em toda a região. Dessa forma, teremos uma comunicação segura entre os fragmentos, evitando que os animais venham para as vias e sejam atropelados, explica o coordenador do Centro de Monitoramento Animal (CEMA) da DMA, Paulo de Tarso.
A previsão é que dez anos após o plantio já exista uma mata amadurecida. O monitoramento do crescimento da vegetação e do uso dos corredores pelos animais será constante.
Proposta contribui para a persistência de espécies
Além de conectar os fragmentos de mata e recuperá-los, os corredores contribuem para o fortalecimento genético das espécies da fauna. Quando os animais estão isolados em um mesmo espaço, pode ocorrer perda da adaptabilidade e até extinção. Possibilitar que animais de uma mesma espécie tenham contato com indivíduos de outros grupos permite a troca genética entre eles e a viabilização desses grupos no ambiente regional como um todo, diz Paulo, idealizador do projeto.
Ele destaca que os corredores buscam devolver um equilíbrio mínimo às espécies, o que é relevante não só para elas, mas também para a saúde pública. Sem isso, estamos sujeitos a problemas como a pandemia de Covid-19. Há microorganismos circulando em ambientes selvagens. Quando invadimos e degradamos esses espaços, eles passam a ter acesso a nós, aponta.
Os benefícios que os sistemas naturais promovem, denominados serviços ecológicos, poderão ser fortalecidos por meio do projeto. Dentre eles, a redução da temperatura e melhoria na qualidade do ar. A implantação dos corredores visa reduzir o impacto da fragmentação, promovendo uma conectividade maior. Talvez nunca mais tenhamos uma mata contínua, mas podemos mitigar o problema. Enquanto existirem, os corredores poderão garantir uma troca mínima de genes entre populações de plantas e animais e permitir que fauna e vegetação caminhem pelos corredores, o que promove a manutenção dos serviços ecológicos, explica o coordenador de patrimônio do HIDS e professor de Zoologia do Instituto de Biologia da Unicamp, Wesley Silva.
Corredores ecológicos integram missão do HIDS
O Projeto Corredores Ecológicos é de responsabilidade da Diretoria Executiva de Planejamento Integrado (DEPI) e conta com a contribuição de diversos órgãos da Unicamp. Além da Divisão de Meio Ambiente da Prefeitura Universitária, há a participação da Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DeDH) e de unidades de ensino. O envolvimento de múltiplas áreas para a utilização do espaço como um laboratório vivo é incentivado pela Reitoria.
Integrada ao HIDS, a proposta alinha-se à preocupação da Universidade em fortalecer ações direcionadas à sustentabilidade. A coordenadora do componente físico-espacial do HIDS e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, Gabriela Celani, indica que o projeto de ocupação da Fazenda Argentina está sendo elaborado levando em conta a proteção dos corredores ecológicos e das APPs. Redução da densidade de construções nas regiões próximas aos corredores e zonas de amortecimento são medidas que ela cita como possibilidades.
O projeto do HIDS e dos corredores pode servir de modelo para outras universidades. Sabemos que muitos campi estão em zonas periurbanas como a nossa e estão implantando regiões de conhecimento, áreas em que há parques tecnológicos e incubadoras de empresas. Com a aproximação de instituições de pesquisa e desenvolvimento, ocorre um processo de urbanização. Nosso exemplo de como lidar com situações de fragilidade ambiental poderá ser uma referência para outras universidades, afirma.
Este texto foi originalmente publicado por Jornal da Unicamp de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND.
TEXTO: LIANA COLL
CAMPO GRANDE/MS - A Embrapa Pantanal (MS) e a Embrapa Gado de Corte (MS), em parceria com a Associação Brasileira de Produtores Orgânicos (ABPO), avaliaram a dinâmica do desenvolvimento da cadeia produtiva de bovinos criados em sistema orgânico no Pantanal Sul-Mato-Grossense. Em apenas três anos, de 2013 a 2016, foi registrado aumento acima de 200% no número de animais e na quantidade de carne proveniente dessa cadeia. O número de produtores e abates cresceu mais de 100% no mesmo período. Crescimento exponencial dos abates mensais com certificação de carne sustentável também foi observado no período de junho de 2020 a maio de 2021.
Segundo os autores do estudo, todas as regiões do Pantanal têm vocação para a produção de carne orgânica. Boas práticas de produção, certificadas, com atendimento a requisitos que vão do tipo de alimento fornecido ao rebanho ao cumprimento de legislação específica (leia nesta matéria), dão direito ao uso de selos de carne orgânica e sustentável.
A pecuária é a principal atividade econômica da região pantaneira e vem sendo desenvolvida de maneira extensiva há mais de 200 anos, com a utilização racional dos recursos naturais, principalmente das forrageiras nativas. "A crescente produção de carne orgânica e sustentável pode ser uma opção capaz de contribuir para que se mantenham as boas condições de conservação ambiental do bioma”, afirma o pesquisador da Embrapa Urbano Abreu, líder das atividades sobre a temática.
A produção na região atende ainda à demanda do mercado consumidor por produtos obtidos por meio de sistemas de produção ambientalmente corretos e socialmente justos. Isso agrega valor ao produto, além de oferecer uma carne de melhor qualidade ao consumidor. Abreu lembra que uma parcela da população mundial se preocupa com a utilização de compostos químicos na produção animal. “Os processos de pecuária orgânica seguem critérios de qualidade que incentivam a conservação ambiental, a saúde humana, os direitos dos trabalhadores e o bem-estar animal”, destaca, afirmando que há muitas oportunidades no mercado de orgânicos. “Em especial, para os certificados premium e gourmet e de vínculo com a origem”, completa, ressaltando que os produtos também ajudam a valorizar o bioma.
Propriedades certificadasAtualmente, de acordo com o Gerente-Executivo da ABPO, Silvio Balduíno, há fazendas certificadas em produção de carne orgânica e sustentável em todas as regiões pantaneiras do Mato Grosso do Sul (MS). As marcas Korin, Wessel, Malunga, Farmi, Taurinos e Bio Carnes já comercializam o produto nos mercados interno e externo. Há seis indústrias frigoríficas credenciadas para fazer o abate desses animais: Boibrás Ind. Com. Carnes e Sub Produtos Ltda (São Gabriel do Oeste), Frima Frigorífico Marinho Ltda (Corumbá), JBS (Campo Grande), Frigo Balbinos (Sidrolândia), Frizelo Frigoríficos Ltda (Terenos) e Naturafrig Alimentos Ltda (Rochedo). |
A produção de carne orgânica no Pantanal iniciou-se com a formação da ABPO, que elaborou um protocolo de produção, no qual foram incorporados os conceitos de qualidade e sustentabilidade nas bases social, ambiental e econômica. Os pesquisadores da Embrapa, juntamente com parceiros da ABPO e WWF, deram início às pesquisas relacionadas à produção de pecuária orgânica no Pantanal em 2004. Ao longo dos anos, foram realizados estudos de casos de implantação e desenvolvimento de sistemas orgânicos no Pantanal, com levantamento de custos e análises dos pontos que apresentavam necessidade de pesquisa analítica dos sistemas de produção. Quem organiza e decide sobre os sistemas são os produtores pantaneiros.
O estudo avaliou a quantidade de carne orgânica produzida, número de produtores, reses e lotes abatidos em Mato Grosso do Sul (2013-2016). A análise mostrou a evolução da cadeia produtiva da carne orgânica: gargalos, oportunidades e demandas, além da taxa de crescimento médio. As avaliações mostraram um crescimento acima de 200% no número de animais e da quantidade de carne dessa cadeia produtiva, e acima de 100% no número de produtores e de abates. Os números avaliados em apenas três anos mostram que o interesse do consumidor por esse tipo de carne diferenciada é crescente.
Por outro lado, o peso médio individual das carcaças diminuiu 0,6%, provavelmente refletindo o direcionamento da ABPO em trabalhar com fêmeas mais jovens com melhor acabamento. Esse aspecto é de fundamental importância para a análise da eficiência econômica desses sistemas de produção. Pois a redução da idade do animal ao abate pode levar ao aumento da produtividade por unidade de área pelo uso mais eficiente do espaço das fazendas, com menor tempo e custo de produção. Isso mostra que a adoção de novas tecnologias será necessária para o desenvolvimento das cadeias da carne orgânica e sustentável visando ao aumento da produtividade e redução de perdas. As informações geradas possibilitam direcionar o crescimento dessa cadeia de forma mais eficiente com o objetivo de gerar lucro.
Vários criadores pantaneiros vêm se associando, com o objetivo de se beneficiar desse sistema natural de criação e procurando alternativas tecnológicas para aumentar a produtividade animal. Após o marco legal da Carne Sustentável do Pantanal de MS, ocorrido em novembro de 2018, e, apesar da pandemia, o mercado se organizou. E no período de junho de 2020 a maio de 2021 foi observado um crescimento exponencial (Figura 1) dos abates mensais com certificação de carne sustentável.
Políticas públicas para a cadeia produtivaEm 2018, o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul aprovou legislação que oficializa o incentivo fiscal para produção de carne orgânica, com a criação do Subprograma “Carne Sustentável e Orgânica do Pantanal”, no âmbito do Programa de Avanços na Pecuária de Mato Grosso do Sul (Proape), por meio da Resolução conjunta Sefaz/Semagro nº 074, de 22 de novembro de 2018 (Mato Grosso do Sul, 2018). A certificação de Carne Sustentável da ABPO segue o protocolo registrado junto ao CNA. O Subprograma foi criado junto com a ABPO e tem por objetivo fomentar a competitividade e incentivar a pecuária bovina de baixo impacto ambiental no Pantanal. Essa política estimula a produção baseada no modelo tradicional, com baixo nível de intervenção nos recursos naturais existentes na região para linha de produtos característicos e diferenciados, com maior agregação de valor e devidamente certificados, por empresas independentes de terceira parte acreditadas pelo Inmetro. Em paralelo, as normas do programa da carne orgânica segue o protocolo nacional de propriedades que se enquadram na lei federal do Sistema Brasileiro de Conformidade Orgânica. O IBD Certificação é que faz a certificação dos dois programas. Segundo Silvio Balduíno, os pecuaristas da região que se dedicarem à produção de uma proteína orgânica ou sustentável poderão optar por duas premiações, para receber o plus pela certificação - para o sistema orgânico (devem seguir a legislação de produção orgânica determinada pelo Lei Federal n° 10831), isenção de 67% do ICMS. E para o sistema sustentável (adoção do protocolo da ABPO), com isenção de 50% do ICMS. Cátia Urbanetz, Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Pantanal, ressalta que o trabalho da empresa desenvolvido sobre o tema tem favorecido o desenvolvimento da cadeia produtiva na região. “A geração de informações técnicas e análises realizadas pela Embrapa Pantanal em parceria com a ABPO embasaram políticas estaduais de isenção fiscal de 67% do imposto devido em operações com bovinos orgânicos certificados. Isso gerou impacto econômico para os produtores rurais, reafirmando o papel relevante da instituição junto a eles e ao governo do estado do Mato Grosso do Sul”, afirmou Cátia. |
Raquel Brunelli d´Avila / Embrapa Pantanal
ALEMANHA - O asteroide que provocou a extinção de boa parte das espécies de dinossauros há 66 milhões de anos não selou somente o destino dos animais, mas também alterou a rota evolutiva de plantas, flores e frutas. É essa a conclusão de um estudo recente, realizado por pesquisadores do Centro Alemão de Pesquisa Integrada em Biodiversidade (iDiv) e da Universidade de Leipzig: a extinção dos dinossauros provocou mudanças radicais no comportamento e no futuro da vegetação do planeta a partir de então.
O princípio de tal efeito é ligado diretamente à extinção em massa dos animais: muitos deles eram herbívoros, e as ausências, no consumo e manipulação das plantas e frutas causaram uma redução na velocidade evolutiva média e no desdobramento em novas espécies vegetais. A conclusão contraria a ideia recorrente de que, com o desaparecimento dos animais, as vegetações viveram uma explosão de crescimento, diversificação e evolução.
Já a velocidade de plantas com grandes frutos, segundo o estudo, permaneceu praticamente constante, com o tamanho dos frutos aumentando no período após a extinção. “Assumimos, portanto, que a falta de influência de grandes herbívoros levou a vegetações mais densas nas quais plantas com sementes e frutos maiores tinham uma vantagem evolutiva”, afirmou Renske Onstein, pesquisador que liderou o estudo, realizado a partir da análise de plantas fossilizadas e outras ainda vivas.
De acordo com a pesquisa, ao longo dos primeiros 25 milhões de anos que sucederam o asteroide, a vegetação enfrentou mudanças expressivas, com diversas plantas perdendo mecanismos de defesa, como espinhos, enquanto outras começaram a crescer frutos maiores. “Assim, pudemos refutar a suposição científica anterior de que a presença de grandes frutos de palmeiras dependia exclusivamente de mega-herbívoros”, diz o autor. “Traços de defesa sem predadores aparentemente não ofereciam mais vantagens evolutivas”, explicou o cientista.
Segundo o estudo, com a perda das defesas das plantas, os animais menores também passaram a comer grandes frutas e, assim, espalhar suas sementes. Não por acaso, essas defesas retornaram na maioria das espécies de palmeiras, quando os novos mega-herbívoros surgiram, como elefantes e rinocerontes. O estudo foi publicado na revista científica Proceedings of the Royal Society.
Vitor Paiva / HYPENESS
PANAMÁ - Localizado ao norte do Panamá, o Vale do Anton possui uma atração natural que parece saídas das mais fantásticas páginas da literatura, mas que floresce em plena vida real: algumas árvores no local são quadradas. Sim, ao invés do esperado formato circular, os troncos dessas árvores possuem um desenho quadrado ou retangular que há muitos anos espantam a comunidade científica e atrai os turistas para conhecer a região, posicionada sobre as cinzas de um antigo e gigante vulcão inativo – que, não por acaso, ganhou o apelido de “Vale das árvores quadradas”, se tornando uma verdadeira atração popular.
Muita gente encontra explicação para o formato especial das árvores no fato do “Vale das Árvores Quadradas” se localizar dentro do segundo maior vulcão adormecido do mundo, mas a verdade é que a comunidade científica ainda não encontrou a razão por trás do peculiar desenho dos troncos na região. A maior parte dos “arboles cuadrados” são do tipo Quararibea asterolepis, uma espécie nativa da América Central e da América do Sul, e até mesmo os anéis, representando a “idade” de cada árvore, possuem o o desenho quadrado no interior dos troncos.
Cientistas ligados à Universidade da Flórida, nos EUA, vêm tentando desvendar o motivo do raro desenho encontrado nas árvores da região do Vale do Anton, e chegaram a pegar algumas mudas para plantá-las em outro local, a fim de descobrir se elas manteriam sua característica peculiar e cresceriam no formato. A conclusão comprovou que os troncos quadrados estão ligados ao ambiente da região do Panamá, já que as árvores cresceram em formato arredondado quando replantadas em outro local.
Há quem não enxergue nada de especial nas árvores, e nem sequer as perceba como realmente quadradas, tratando a lenda do “Vale das Árvores Quadradas” como algo natural ou simplesmente projetado para atrair turistas à região. Seja como for, o fato é que não é todo dia que encontramos uma porção de árvores quadradas na natureza, especialmente crescendo exclusivamente dentro de um dos maiores vulcões adormecidos do mundo – trata-se, portanto, de uma aventura especial, que vale a visita e o mistério.
Vitor Paiva / HYPENESS
BELO HORIZONTE/MG - Estudos da Embrapa Milho e Sorgo no Cerrado Mineiro comprovaram que a fixação de carbono pelas árvores em diferentes modelos de sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é capaz de neutralizar a emissão de metano por bovinos. A pesquisa, realizada em áreas de pastagens degradadas com níveis diferenciados de investimento tecnológico, oferece aos produtores da região a possibilidade de agregar ganho ambiental à produção, além de ingressar no sistema de certificação Carne Carbono Neutro (CCN), entre outros benefícios.
As atividades foram desenvolvidas na Unidade de Referência Tecnológica (URT) da Fazenda Lagoa dos Currais, no município de Curvelo, MG. Segundo pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo, o estado de Minas Gerais possui grande potencial para exploração florestal, com condições de solo e clima propícias ao cultivo de espécies florestais, grãos, pecuária de leite e de corte.
“A pesquisa em ILPF nessa região pode validar a recomendação de sistemas que apresentam, além de produtividade e rentabilidade, a capacidade de neutralização das emissões de metano pelos bovinos manejados nessa integração, garantindo um ganho ambiental para o produtor e para a sociedade”, diz o pesquisador Miguel Marques Gontijo Neto.
“Além disso, o tempo e o manejo de um sistema ILPF podem possibilitar ao produtor ingressar em sistemas de certificação, atribuindo valor agregado ao seu produto. A certificação Carne Carbono Neutro (CCN), por exemplo, atesta que os bovinos que deram origem à carne tiveram suas emissões de metano neutralizadas durante o processo de produção pela fixação de carbono no fuste (tronco) das árvores presentes no sistema silvipastoril”, acrescenta Gontijo.
A pesquisadora Monica Matoso Campanha relata que a adoção de tecnologias sustentáveis fortalece a agropecuária brasileira, tornando-a mais competitiva nos mercados internos e externos.
Renques de eucalipto
Na URT os sistemas ILPF foram implantados onde anteriormente havia pastagem em elevado grau de degradação. Uma área de 44 hectares foi dividida em quatro piquetes de 11 hectares e em cada piquete foi trabalhado o sistema ILPF, com diferente nível de investimento tecnológico, para reforma de pastos degradados. Segundo Campanha, o nível de investimento (NI) mínimo foi equivalente ao padrão regional, no qual se aplicam somente calcário, gesso, fosfato e nitrogênio em doses moderadas na renovação de pastagens. “Os demais níveis seguiram uma utilização crescente de doses desses insumos, além de potássio e micronutrientes, até alcançar condições que viabilizassem maior intensificação do sistema, com a introdução de sorgo forrageiro BRS 658 como componente agrícola no primeiro ano (safra 2017/2018)”, explica a pesquisadora. Os sulcos para implantação dos renques de eucalipto foram realizados em 2017 e as mudas plantadas em janeiro de 2018, no espaçamento de 20m x 4 m entre linhas e plantas, respectivamente, formando um estande inicial de 125 árvores por hectare. Foi avaliado o crescimento e estimado o volume das árvores, anualmente, por três anos. Os sistemas de ILPF foram planejados quanto à previsão de colheita da madeira considerando um ciclo florestal de 12 anos.
Componente animal
A partir do segundo ano foi introduzido o componente animal nos sistemas. Anualmente, em dezembro, entram nos sistemas lotes de novilhas Guzerá, com peso médio inicial em torno de 250 kg, e idade entre sete e nove meses. “A carga animal é ajustada nos piquetes em função da disponibilidade de forragem no decorrer do ano”, diz Gontijo.
Com base no número e no peso médio dos animais no decorrer de cada período de pastejo foram calculadas as cargas animal (CA), em Unidade Animal por hectare (UA/ha), para cada um dos quatro sistemas (quatro diferentes níveis de investimento tecnológico). Assim, os sistemas ILPF mais intensificados comportaram maior carga animal.
As estimativas de produção animal e emissão de metano foram avaliadas em dois ciclos de pastejo, de dezembro de 2018 a outubro de 2019, em um primeiro lote de novilhas e em um segundo lote de animais, de dezembro de 2019 a maio de 2020. A projeção da produção de madeira no momento da colheita foi feita por meio de softwares específicos para esta finalidade.
Balanço de GEEs nos sistemas ILPF
Segundo Campanha, os dados mostram que as árvores de eucalipto, na densidade utilizada nos sistemas ILPF (125 árvores ha-1), capturaram carbono suficiente para neutralizar a emissão de carbono do componente animal e ainda proporcionar uma sobra, que poderia ser utilizada para neutralizar outras emissões oriundas do sistema, como aquelas derivadas do uso de fertilizantes nitrogenados, excretas dos bovinos, como um potencial aumento do número de unidades animais “neutralizáveis”, ou até mesmo outras emissões da fazenda como um todo.Há a expectativa de maior produção florestal aos 12 anos nos sistemas ILPF com maior nível de investimento, que proporcionaram maiores capacidades de correção e adubação do solo, considerando a mesma densidade de árvores. “A melhoria do potencial produtivo se dá nos diferentes componentes do sistema: pastagem, grãos e eucalipto”, diz a pesquisadora.Campanha acrescenta que a produção do eucalipto impacta o sequestro de carbono da atmosfera, aumentando a neutralização da emissão de metano dos bovinos. “Entretanto, considerando as premissas do protocolo CCN, a densidade de árvores utilizada nos sistemas ILPF pode ser recomendada apenas para sistemas menos intensivos de manejo das pastagens. Para sistemas mais intensificados, uma das alternativas seria aumentar a densidade de árvores por hectare”, explica.
Prestação de serviços ambientais em sistemas de produção agropecuária
Os pesquisadores concluíram que nos sistemas ILPF estudados na região do Cerrado Mineiro, as estimativas de produtividade das árvores com 12 anos de idade mostram que 125 árvores de eucalipto por hectare, em fileiras simples no espaçamento 20 x 4 m, tem potencial de sequestrar carbono no tronco das árvores suficiente para permitir uma média de neutralização do metano produzido por 3,6 UA por hectare por ano, animais em pastejo.
A utilização de sistemas silvipastoris no Cerrado, com renques de eucalipto em pastagens, pode ser recomendada visando à neutralização das emissões de metano por bovinos em pastejo, além de outros benefícios ambientais, como contribuição para o conforto animal proporcionado pela sombra, a diversificação da produção de carne, de grãos e de madeira e o aumento de renda na atividade rural.
“Nesse sentido, a intensificação de sistemas pecuários com componente florestal, em ILPF, aumenta a produção e as perspectivas de incentivos por serviços ambientais e produtos certificados, como a Carne Carbono Neutro”, ressalta Campanha.
Mais informações sobre o trabalho encontram-se disponíveis na Circular Técnica 275 “Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta como estratégia para neutralização da emissão de metano entérico de bovinos na região do Cerrado de Minas Gerais”, e na publicação sobre os sistemas ILPF implantados na URT Lagoa dos Currais.
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) são alternativas de intensificação do uso da terra como importante estratégia de aumento da produção agropecuária de forma sustentável. Os sistemas ILPF foram também reconhecidos como tecnologia de baixa emissão de carbono, estabelecida pelo Plano Setorial de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC). Esse plano foi criado pelo governo brasileiro para o setor agropecuário, para cumprir os compromissos assumidos em conferências internacionais de redução da emissão de GEE.De acordo com os pesquisadores, diferentes regiões do País têm adotado os sistemas ILPF e desfrutado de diversos benefícios, entre eles o sequestro de carbono pelo componente florestal, reduzindo a emissão de CO2 para atmosfera, ajudando a mitigar os efeitos das mudanças climáticas. A neutralização de carbono ocorre quando a fixação desse gás na biomassa das plantas (sequestro de carbono) é maior do que o carbono emitido pelos animais no sistema.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
O projeto também busca atender aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), voltados à segurança alimentar, ao desenvolvimento econômico e social com meios de produção agropecuária sustentável, ao enfrentamento das mudanças climáticas e à mitigação de processos que levam à degradação dos ambientes rurais.
Assim, o presente trabalho pretende contribuir para o atendimento dos ODS: 2 – “Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável”; ODS 12 – “Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis”; e ODS 13 – “Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos”, de acordo com os Indicadores propostos em 2021.
Sandra Brito / Embrapa Milho e Sorgo
EUA - Um terço dos tubarões, raias (ou arraias) e quimeras do mundo está sob ameaça de extinção, causada principalmente pela pesca. A informação é o resultado de um grande painel científico com especialistas do mundo inteiro, reunidos em torno do Projeto de Tendências Globais sobre Tubarões (GSTP, na sigla em inglês). Os resultados da pesquisa foram publicados recentemente em um artigo na revista Current Biology.
Esses três tipos de peixes formam um único grupo, chamado de condrictes, caracterizados por serem cartilaginosos. Os especialistas analisaram individualmente as 1.199 espécies conhecidas do trio e, a partir de uma longa lista de fatores, classificaram 391 (32%) como apresentando risco de extinção.
Há oito anos, o mesmo estudo havia sido realizado pela União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), entidade responsável por analisar o status de cada espécie no meio ambiente. Na época, 17,4% das espécies estavam ameaçadas.
A constatação de que, em um período tão curto, o percentual de espécies ameaçadas quase dobrou acendeu um sinal vermelho para os especialistas. Esse novo trabalho chama a atenção para o fato de que estamos caminhando para uma possível extinção em massa dos tubarões, diz a Profª Patricia Charvet, do Programa de Pós-Graduação em Sistemática, Uso e Conservação da Biodiversidade da UFC. A Profª Patricia foi a única brasileira a assinar o artigo da Current Biology.
COMO É REALIZADO O ESTUDO
No trabalho, os especialistas realizaram uma revisão geral das pesquisas científicas sobre os condrictes (a classe na qual estão tubarões, raias e quimeras) e, a partir de inúmeros critérios, classificam as espécies em sete categorias, por ordem de avaliação do risco de extinção (Baixa preocupação, Quase ameaçados, Vulnerável, Ameaçado, Criticamente ameaçado, Extinto na Natureza e Extinto). Para ser considerada ameaçada de extinção, a espécie precisa ser enquadrada entre as categorias vulnerável, ameaçada ou criticamente ameaçada.
No caso de a espécie possuir informações muito escassas, elas eram classificadas em uma categoria à parte chamada de Deficiente de dados. Considerando essa escassez de informações, os pesquisadores estimam que o total de espécies ameaçadas pode chegar a 37,5%, caso as espécies sobre as quais não se tem dados suficientes sigam o padrão das categorizadas.
O estudo apontou que as ameaças atingem mais duramente as raias (41% das espécies) e os tubarões (35,9%). Já as quimeras, que tendem a habitar águas profundas, são as que menos sofrem com esse tipo de ameaça (9,3%). As espécies de águas tropicais e subtropicais são as mais ameaçadas: nada menos que três quartos delas estão em risco. Três espécies, inclusive, não são registradas há décadas e já aparecem como provavelmente extintas.
O agravamento da situação aponta para um quadro com impactos que vão além da sobrevivência dos próprios tubarões e raias. Esses peixes a maioria deles, predadores têm um papel fundamental na manutenção, na ciclagem de nutrientes e no bem-estar do ecossistema marinho e, em alguns casos, também de água doce, explica a Profª Patricia Charvet.
Por conta disso, diz, os tubarões e raias têm importância fundamental no equilíbrio marinho. Os mares não são apenas lugar de produção de alimentos, mas também de produção de oxigênio. A partir do momento em que se ameaça esse equilíbrio, coloca-se em risco até o bem-estar da própria espécie humana, completa.
PESCA, O GRANDE VILÃO
O estudo não abre margem para dúvidas: a grande vilã dessa história é a pesca. Praticamente todos os elasmobrânquios (99,6%) estão ameaçados pela pesca, ainda que outros fatores como a destruição dos habitats para fins de desenvolvimento, poluição e aquecimento global também os afete.
A Profª Patricia Charvet lembra que tubarões e raias são bastante suscetíveis à pesca porque têm crescimento lento, maturidade sexual tardia e deixam poucos descendentes. Ao mesmo tempo, pesquisas anteriores publicadas pela revista Marine Policy já haviam estimado que entre 6,4% a 7,9% da população total de tubarões é morta por ano, devido à pesca. A matemática, portanto, é bem simples. Estamos retirando da natureza uma quantidade maior desses peixes do que ela consegue repor, resume a professora. Ou seja, a pesca dos condrictes tem ocorrido em sua grande maioria de maneira não sustentável.
No relatório, o Brasil é citado algumas vezes, sempre como sinal de grande preocupação devido ao alto número de espécies ameaçadas e até de espécies já extintas localmente. Há um motivo para isso. O País é um dos maiores consumidores de carne de raias e tubarões, estes últimos vendidos sob o genérico nome de cação já houve inclusive campanhas para que as pessoas saibam o que estão consumindo.
A estimativa da Sociedade Brasileira de Elasmobrânquios (SBEEL) é de que o País produza 20 mil toneladas de carne de raia e tubarão por ano e importe a mesma quantidade. Além das questões ambientais, o consumo desse tipo de carne pode provocar problemas de saúde a longo prazo.
Por ocuparem níveis mais altos da cadeia trófica marinha, a carne de tubarões está entre os pescados com maior concentração de metais pesados, como mercúrio e arsênio, informou a SBEEL, por meio de nota. Essas substâncias têm efeito cumulativo e, quando ingeridas por longo prazo, podem prejudicar quem as consome com certa regularidade.
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