ESPANHA - Os espanhóis têm ficado sob a sombra dos parques, ido à praia ou optado por bebidas geladas para enfrentar temperaturas sufocantes de até 43°C, enquanto o país experimenta sua segunda onda de calor neste ano.
O sol quente do verão combinado com uma frente de ar quente do norte da África elevou as temperaturas, disseram os meteorologistas da estatal AEMET no domingo, 10, e a onda de calor pode durar até 14 de julho.
A temperatura mais alta registrada foi de 43°C no entorno do rio Guadalquivir, perto de Sevilha, no sul do país, e em Badajoz, no oeste espanhol, disseram os meteorologistas.
O porta-voz da AEMET, Ruben del Campo, disse à Reuters que as temperaturas podem chegar a 44°C em Córdoba ou Extremadura, no sul da Espanha.
Em junho, os espanhóis enfrentaram a mais antecipada onda de calor desde 1981, de acordo com a AEMET, com temperaturas superiores a 40°C em partes do centro e do sul da Espanha.
BELO HORIZONTE/MG - As mudanças climáticas impulsionadas pelas ações humanas proporcionaram um aumento na intensidade das chuvas que atingiram o Nordeste do Brasil no fim de maio e no início de junho, principalmente no estado de Pernambuco.
Segundo pesquisadores, sem o aquecimento global, os eventos ocorridos seriam um quinto menos intensos.
As informações são de estudo do World Weather Attribution, divulgado na terça (5). A pesquisa foi realizada por cientistas do Brasil, Reino Unido, Holanda, França e Estados Unidos.
As análises foram realizadas a partir de modelos climáticos que simulam o evento meteorológico em um cenário sem a emissão de gases do efeito estufa e no cenário atual, com aquecimento do planeta em cerca de 1,2°C.
A climatologista Friederike Otto, da Universidade Imperial College de Londres, no Reino Unido, explica que o objetivo desse tipo de estudo é analisar a relação de eventos meteorológicos intensos com as mudanças climáticas. Segundo ela, isso é importante para entender as possibilidades de eventos similares acontecerem e como eles seriam sem as mudanças do clima.
O pesquisador Lincoln Alves, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), afirma que o trabalho incluiu a caracterização do evento, para entender o quão raro foram as chuvas em comparação com o histórico.
Foram selecionadas 75 estações pluviométricas na região que possuíam dados ao menos desde a década de 1970 para realizar o estudo. As análises foram feitas a partir da quantidade de chuva que caiu na região em recortes de um período de sete dias e de um período de 15 dias.
Tais eventos meteorológicos raros são mais prováveis de acontecer atualmente que em um cenário sem aquecimento global. No entanto, a partir do estudo não é possível mensurar o quanto as mudanças climáticas fazem com que esses eventos aconteçam no futuro.
Entre os dias 27 e 28 de maio, o estado de Pernambuco recebeu em 24 horas mais de 70% da chuva esperada para todo o mês. Somente em Pernambuco, ao menos 129 pessoas morreram em decorrência das chuvas. Outros estados como Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Sergipe também foram afetados.
Desde o último fim de semana, temporais voltaram a preocupar alguns estados do Nordeste. Oito pessoas morreram e dezenas de cidades entraram em situação de emergência em Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
Outro elemento apontado pelos pesquisadores que agravou as consequências das chuvas na região metropolitana do Recife foram os problemas de vulnerabilidade da população. O aumento da urbanização não planejada em áreas de risco de inundação e encostas íngremes ampliaram a exposição das pessoas aos riscos causados pela chuva.
Segundo Edvânia Pereira dos Santos, da Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), a cidade do Recife e a região metropolitana são muito vulneráveis, devido a fatores como a alta densidade demográfica e o fato de a cidade ter sido construída ao redor de rios.
De acordo com Alexandre Köberle, pesquisador do Grantham Institute na Universidade Imperial College de Londres, os sistemas de alerta realizados por órgãos municipais, estaduais e federais auxiliam na redução dos danos nesse tipo de tragédia. Segundo ele, esses sistemas podem ser melhorados para que ações antecipadas mais eficazes sejam realizadas.
Santos, que fez parte do estudo, explica que a APAC atua em parceria com a Defesa Civil para emitir tais alertas e orientar a população.
De acordo com ela, a agência vem trabalhando para melhorar a comunicação com a população sobre a importância dos alertas meteorológicos e sobre medidas a serem tomadas. Segundo ela, muitas pessoas não veem importância nos avisos ou não sabem como proceder para evitar consequências mais graves.
Santos diz que desde março a agência monitorava a possibilidade da ocorrência de fortes chuvas neste ano, devido a fenômenos como a La Niña e o aquecimento do Atlântico. Com esses prognósticos a Defesa Civil atua para tomar as medidas possíveis e necessárias.
ISAC GODINHO / FOLHA
COLÔMBIA - Uma espécie de tubarão com dentes chatos que viveu há milhões de anos foi identificada pela primeira vez no nordeste da Colômbia, a partir de numerosos fósseis, informou à AFP um dos pesquisadores responsáveis pela descoberta.
A espécie, batizada de ‘Strophodus rebecae’ foi encontrada no município de Zapatoca, departamento de Santander. Estudos revelam que viveu há 135 milhões de anos, media entre quatro e cinco metros e possuía dentes semelhantes a peças de dominó, que lhe serviam para esmagar o alimento, mais do que para cortar e rasgá-lo como os tubarões atuais, de dentes afiados, aponta a pesquisa.
Os paleontólogos Edwin Cadena, da Universidade do Rosario, e Jorge Carrillo, da Universidade de Zurique, Suíça, trabalharam por quase 10 anos naquela área para concretizar a descoberta.
“São muitos indivíduos, fósseis encontrados em diferentes pontos ao redor da área de Zapatoca, que, somados, estamos certos de que pertencem à mesma espécie”, disse Cadena. Além disso, trata-se do primeiro registro de um peixe da família Strophodus no hemisfério sul do planeta, conhecido então como Gondwana e que era formado por América do Sul, África, Austrália, Índia e Antártica.
“Existem registros do mesmo gênero na América do Norte e na Europa, principalmente na Alemanha e na Suíça, mas este é o primeiro registro que temos de todo esse grupo de tubarões para a parte sul do planeta”, explicou Cadena.
A descoberta permite estudar como era o ecossistema do mar cretáceo da Colômbia, os predadores e presas que o habitavam. “Esses tubarões certamente tiveram um papel ecológico importante, porque, com seus dentes, podiam esmagar presas como peixes, mas também invertebrados, e, por sua vez, servir de presas para grandes répteis que estavam nesse entorno, gerando um controle ecológico do ecossistema”, explicou Cadena.
Os fósseis estão na Universidade do Rosario, em Bogotá e fazem parte de sua coleção paleontológica, enquanto um museu é construído em Zapatoca com condições para exibi-los.
A revista científica “PeerJ” publicou a pesquisa colombiana.
SÃO CARLOS/SP - O Departamento de Fiscalização da Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano intensificou as vistorias em virtude de denúncias de incêndios provocados em terrenos baldios para fazer a limpeza do local, o que é proibido por força de Lei
A Lei Municipal nº 15.751/11 estipula que é proibido o emprego de fogo como forma de limpeza de vegetação, lixo ou qualquer detritos e objetos, nos imóveis edificados e não edificados.
A Lei pune os proprietários dos terrenos que forem denunciados por incêndio. A multa para flagrante é de R$ 5,53 por metro quadrado. A pessoa autuada tem prazo de 30 dias para recorrer. Passando esse prazo, o valor da multa vai para dívida ativa do município.
De acordo com o diretor de Fiscalização, Rodolfo Penela, somente esse ano já foram recebidas 137 denúncias. “Somente na última segunda-feira, dia 27, foram registradas 7 autuações em relação a ocorrência de fogo em terrenos particulares”, revelou o diretor.
Sem controle e com incidência sobre qualquer forma de vegetação, os incêndios, em terrenos, matas ou florestas prejudicam a vegetação, causam a morte de animais silvestres, aumentam a poluição do ar, diminuem a fertilidade do solo, além de oferecer risco de queimaduras, acidentes com vítimas e causar problemas de saúde na população.
Segundo Rodolfo Penela, a atenção e cuidados devem ser redobrados nessa época do ano. “A população deve denunciar os incêndios em terrenos. O fiscal vai até o local para analisar a situação. A intenção não é multar, mas alertar os proprietários para que mantenham seus terrenos limpos, evitando problemas”, afirmou.
A ausência de chuvas favorece ocorrência de fogo em matas e florestas. Pequenos cuidados e atitudes simples podem prevenir os incêndios, portanto não jogue cigarros ou fósforos acessos nas rodovias; não faça fogueira ou queimada perto da rede elétrica, em dias quentes ou com ventos fortes; soltar, fabricar ou vender balões é crime e pode causar muitos acidentes; soltar fogos de artifícios é proibido em São Carlos e as fagulhas podem dar início a incêndios; na área rural esse é o período para fazer os aceiros, faixas ao longo das cercas onde a vegetação é completamente eliminada da superfície do solo. A finalidade é prevenir a passagem do fogo para área de vegetação, evitando-se assim queimadas ou incêndios. Ele protege cercas, postes, balancins e arames; as queimadas comprometem a segurança do motorista, já que a fumaça reduz a visibilidade, o que pode levar a acidentes, principalmente colisões traseiras. No caso do motorista se deparar com alguma queimada na rodovia, além de avisar os órgãos competentes, ele pode tomar algumas precauções para prevenir acidentes, como fechar os vidros do veículo; manter distância segura do veículo da frente; trafegar com farol baixo acesso; não ligar o pisca alerta com o veículo em movimento e não parar na faixa de rolamento.
As denúncias podem ser feitas na Ouvidoria da Prefeitura de São Carlos pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou pelo telefone 3362-1080. A Defesa Civil (199), o Corpo de Bombeiros (193) e a Guarda Municipal (153), também recebem denúncias.
NEPAL - O Nepal está considerando realocar o Everest Base Camp devido a preocupações ambientais. De acordo com o diretor-geral do Departamento de Turismo do Nepal, Taranath Adhikari, a localização do Acampamento Base enfrenta algum risco devido ao derretimento da geleira Khumbu próxima.
“Recebemos recomendações de várias partes interessadas para realocar o acampamento base. Embora nenhuma decisão tenha sido tomada ainda, estamos levando essas sugestões muito a sério”, disse Adhikari.
Essas partes interessadas incluem moradores locais, montanhistas e especialistas em meio ambiente. No entanto, quaisquer mudanças importantes no Monte Everest, o pico mais alto do mundo, não serão feitas às pressas.
Como as atividades de pesquisa só podem ser realizadas durante a primavera, pode levar de 2 a 3 anos para tomar uma decisão. Alguns estudos ocorreram durante a temporada de escalada da primavera deste ano, que geralmente atinge o pico em maio.
Uma vez que as partes envolvidas concluam sua pesquisa, provavelmente precisarão apresentar uma proposta ao governo nepalês. O Gabinete do Nepal teria a palavra final sobre uma decisão.
Adhikari citou “atividades antropogênicas” – também conhecidas como comportamentos humanos – e mudanças climáticas como questões que afetam o acampamento base. A geleira Khumbu está derretendo a uma velocidade mais rápida que a taxa natural.
Esta não é a primeira vez que as partes interessadas soam o alarme sobre os danos ambientais no Monte Everest.
Um estudo no Nature Portfolio Journal of Climate and Atmospheric Science publicado no início deste ano revelou que o gelo se formou ao longo de um período de 2.000 anos na geleira South Col derreteu em cerca de 25 anos .
Paul Mayewski, líder da expedição e diretor do Instituto de Mudanças Climáticas da Universidade do Maine, disse à CNN que as descobertas mostraram “uma mudança completa do que foi experimentado naquela área, provavelmente durante todo o período de ocupação por humanos em as montanhas.”
As mudanças climáticas estão afetando muitos dos lugares mais preciosos do mundo.
“O Nepal sozinho não pode reduzir as emissões de carbono e o impacto do aquecimento global.” disse Adhikari. “No entanto, podemos mitigar alguns problemas fazendo esse tipo de medidas temporárias”.
Ele acrescentou: “Por um lado, queremos preservar a montanha e a geleira. Por outro lado, não queremos afetar a economia da montanha”.
Equilibrar os desejos de escalar o Everest com as necessidades das comunidades locais tem sido um desafio constante no Nepal. O turismo é a quarta maior indústria do país, empregando 11,5% dos nepaleses de alguma forma, seja trabalhar em um hotel ou pousada ou guiar turistas estrangeiros nas montanhas mais altas do mundo.
As licenças para escalar o Everest custam US$ 11.000 por pessoa. Uma parte desse dinheiro é destinada a comunidades próximas à montanha.
Os riscos do montanhismo também são graves. Em 2015, o Nepal baniu alpinistas iniciantes do Everest alegando preocupações de segurança e superlotação.
Deixar que muitos alpinistas subam dentro do curto período de tempo permitido pelo clima pode resultar em ”engarrafamentos“, que muitas vezes têm resultados mortais.
O acampamento base do Monte Everest fica a 5.400 metros (17.700 pés) acima do nível do mar.
Um local proposto para um novo acampamento base pode ser de 200 a 300 metros (656 a 984 pés) abaixo da altitude atual.
CAMBOJA - Um pescador cambojano capturou uma arraia gigante de 300 quilos no rio Mekong, o maior peixe de água doce registrado na história, segundo os cientistas.
Batizada de Boramy – “lua cheia” na língua khmer – por sua forma arredondada, a fêmea de quatro metros de comprimento foi liberada depois que um chip eletrônico foi colocado para estudar seus movimentos e comportamento.
Pescada na província de Stung Treng, norte do Camboja, a arraia pesava o dobro de um gorila médio, de acordo com os cientistas.
“Em 20 anos de pesquisa de peixes gigantes em rios e lagos em seis continentes, este é o maior peixe de água doce que encontramos ou que já foi documentado em qualquer lugar do mundo”, afirmou Zeb Hogan, diretor do ‘Wonders of the Mekong’ (Maravilhas do Mekong), um projeto de conservação financiado pelos Estados Unidos.
“É uma descoberta absolutamente surpreendente e justifica os esforços para a melhor compreensão dos mistérios que cercam esta espécie e o incrível trecho de rio onde ela vive”.
Ameaçada pela pesca excessiva, a poluição e a perda de seu habitat, a arraia gigante de água doce é uma espécia protegida.
O espécime bateu o recorde de um bagre de 293 quilos pescado em 2005 no mesmo rio, no norte da Tailândia.
O Mekong é um dos rios mais longos da Ásia (4.350 quilômetros) e abriga a biodiversidade aquática mais importante do mundo depois do rio Amazonas, com mais de 1.000 espécies de peixes.
Exemplares gigantescos de até três metros comprimento são encontrados em suas águas que, com profundidade de até 80 metros, podem abrigar variedades ainda maiores, segundo os cientistas.
Vital para a sobrevivência de milhões de pessoas no sudeste asiático, o Mekong e sua fauna estão ameaçados pelas dezenas de barragens construídas por Pequim na China, Laos ou Camboja e pela poluição.
As informações são da IstoÉ.
SÃO PAULO/SP - “Abelhas jataí, ótimas para polinizar seu jardim, fazemos envios para todo o Brasil”. Anúncios como esse não são raros na internet e, em alguns cliques, é possível adquirir a própria colônia de abelhas sem ferrão. Esse comércio, no entanto, sem as devidas autorizações e cuidados, é ilegal e uma das principais ameaças à conservação de espécies brasileiras. O biólogo e pesquisador do Instituto Nacional da Mata Atlântica (Inma) Antônio Carvalho desenvolveu métodos de mineração de dados na internet para analisar anúncios de vendas de abelhas sem ferrão. Ele desvendou uma rede de vendedores que opera ilegalmente o comércio em mercados de vendas online no Brasil. A pesquisa foi publicada na revista inglesa Insect Conservation and Diversity e divulgada pela Agência Bori. Carvalho encontrou na internet vendedores de 85 cidades brasileiras. A maioria está localizada em áreas da Mata Atlântica, que comercializam colônias de abelhas a preços que vão de R$ 70 a R$ 5 mil. Ao todo, o pesquisador mapeou 308 anúncios de vendas ilegais entre dezembro de 2019 e agosto de 2021. Juntos, esses anúncios somavam R$ 123,6 mil. As vendas são feitas em espaços de fácil acesso. A maior parte, 79,53%, por exemplo, está no Mercado Livre.
Existem, no Brasil, mais de 240 espécies de abelhas sem ferrão. Os principais grupos visados pelos vendedores nos 308 anúncios observados no estudo foram jataí (Tetragonisca angustula), diversas espécies de uruçu (Melipona spp.), mandaguari (Scaptotrigona spp.) e abelhas-mirins (Plebeia spp.). Entre as mais cobiçadas estão a uruçu-capixaba (Melipona capixaba) e a uruçu-nordestina (Melipona scutellaris), abelhas em perigo de extinção.
“A gente já trabalha com essas espécies há muito tempo e já sabe que estão sendo inseridas a uma velocidade muito grande, principalmente nos últimos anos, por causa do tráfico e por causa da venda clandestina pela internet”, diz Carvalho. “Eu posso citar vários problemas que podem levar inclusive ao desaparecimento dessas abelhas, favorecendo a crise mundial de polinizadores que a gente vem enfrentando”, alerta.
Desequilíbrio ambiental
O estudo mostra que o comércio ilegal de abelhas pode gerar sérios desequilíbrios ambientais. “As abelhas são responsáveis pela polinização de quase todas as plantas que a a gente conhece e utiliza”, diz, Carvalho. “Elas visitam uma flor e levam o pólen de outra. Por isso têm frutos e grande diversidade nas florestas. Sem pedir nada em troca, as abelhas acabam protegendo o ambiente de forma geral. A função ecossistêmica delas é importantíssima”.
O pesquisador explica que introduzir espécies em novos ambientes sem os devidos cuidados pode causar desequilíbrios, prejudicando a reprodução das plantas e, consequentemente, a produção de alimentos no campo e nas cidades, além de ameaçar espécies locais de abelhas e outros insetos.
As abelhas podem ainda levar consigo alguns parasitas que não são comuns a esse novo ambiente, com o risco de contaminar a fauna local. Além disso, as abelhas transportadas podem não se adaptar ao clima do novo local e morrer.
O que diz a lei
Carvalho ressalta que a criação de abelhas, mesmo em áreas urbanas, não é proibida e nem a sua comercialização, mas é necessário que os interessados tenham os devidos registros nos órgãos ambientais e que sejam tomados cuidados para evitar prejuízos à fauna e à flora local.
De acordo com a Resolução 496/2020 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), a criação de abelhas-nativas-sem-ferrão deve ser “restrita à região geográfica de ocorrência natural das espécies” e é necessária autorização ambiental para a comercialização. Para transportá-las, é necessária a emissão de Guia de Transporte Animal (GTA), documento oficial de emissão obrigatória para o trânsito intradistrital e interestadual de animais.
“Eu vi no meu trabalho que a maioria dos vendedores comercializa até três colônias por anúncio. Então, são raros os que chamo no trabalho de vendedores regulares, ou seja, os profissionalizados, aqueles que fazem e sabem que estão fazendo errado e vendem muitas colônias”, explica Carvalho.
Para ele, além de ações por parte do governo, com fiscalizações e conscientização e ação conjunta da comunidade científica e da comunidade em geral, uma forma de combater o comércio ilegal é conscientizando os próprios criadores.
“Eu trabalho com meliponicultores há muitos anos, vejo que a lei veio e eles ainda não se adaptaram. Vejo que a principal forma é a educação dos meliponicultores para o problema, para que entendam que eles são as principais vítimas, porque as próprias colônias deles podem sofrer com a inclusão de parasitas no ambiente onde estão fazendo seus negócios. Trazer os meliponicultores para o nosso lado é muito importante”, defende o pesquisador.
Combate ao comércio ilegal
Em nota, o Mercado Livre diz que, conforme preveem os seus termos e condições de uso, é proibido o anúncio de espécies da flora e fauna em risco ou em extinção. A venda é proibida pela legislação ou pelas normas vigentes, assim como o anúncio de espécies de fauna silvestre. “Diante disso, assim que identificados, esses anúncios são excluídos e o vendedor notificado, podendo até ser banido definitivamente”.
A empresa informa ainda que combate proativamente “o mau uso de sua plataforma, que conta com tecnologia e equipes dedicadas para identificação e moderação dos conteúdos. Além disso, atua rapidamente diante de denúncias que podem ser feitas pelo poder público, por qualquer usuário diretamente nos anúncios ou por empresas que integram seu programa de proteção à propriedade intelectual”.
A nota acrescenta que o Mercado Livre não é responsável pelo conteúdo gerado por terceiros, conforme prevê o Marco Civil da Internet e a jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para plataformas de intermediação, mas que mesmo assim, atua no combate à venda de produtos proibidos e auxilia as autoridades na investigação de irregularidades.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) foi procurado, mas não se posicionou até o fechamento desta matéria.
Este texto foi originalmente publicado pela Agência Brasil de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original.
EUA - Reduzir a poluição do ar, causada principalmente pelos combustíveis fósseis, aumentaria em até dois anos a expectativa de vida, de acordo com um estudo da Universidade de Chicago divulgado nesta terça-feira (14).
"Reduzir de forma permanente a contaminação do ar no mundo para cumprir as recomendações da OMS adicionaria 2,2 anos à expectativa de vida do ser humano", afirma o texto.
O percentual de micropartículas na atmosfera é particularmente elevado em países do sudeste asiático, onde o crescimento econômico está retirando milhões de pessoas da pobreza, em troca de gastos consideráveis de energia.
A expectativa de vida na região poderia aumentar em até cinco anos se a poluição fosse reduzida aos padrões recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo o relatório do Instituto de Política Energética da Universidade de Chicago.
A OMS endureceu as escalas de medição das micropartículas (que causam câncer) no ano passado, para alertar e promover a implementação de medidas de saúde.
De acordo com a organização, as micropartículas com tamanho equivalente ou inferior a 2,5 mícrons (aproximadamente o diâmetro de um fio de cabelo humano) são capazes de passar dos pulmões para o sangue, o que aumenta as probabilidades de câncer.
Segundo os novos critérios da OMS, o nível máximo de concentração destas partículas (conhecido como PM2.5) não deveria superar 15 microgramas por metro cúbico em um período de 24 horas, ou 5 mcg/m3 como média ao longo de um ano.
Nos estados indianos de Uttar Pradesh e Bihar, com quase 300 milhões de habitantes, a expectativa de vida poderia aumentar oito anos com a adoção de medidas. Na capital, Nova Délhi, poderia aumentar até 10 anos.
"O ar limpo representa anos de vida adicionais para todos os habitantes do planeta", afirma a principal autora do relatório, Crista Hasenkopf.
Bangladesh, Índia, Nepal ou Paquistão, assim como partes do centro e oeste da África e América Central, também sofrem com os elevados níveis de poluição.
CUIABÁ/MT - A arara-azul, também conhecida como arara-azul-grande, é uma ave que pertence à família Psittacidae e ao gênero Anodorhynchus. Trata-se de um animal que se destaca pela beleza, tamanho e comportamento. Atualmente, a ave encontra-se ameaçada de extinção devido à caça, ao comércio clandestino (tráfico de animais) e à degradação de seu habitat em decorrência do desmatamento.
Por gerar grande visibilidade, a arara-azul é uma espécie-bandeira do Brasil. Para sobreviver, essa ave necessita da preservação de toda uma cadeia de espécies, além de grandes extensões de área em bom estado de conservação.
Na América do Sul, além da arara-azul-grande, a maior espécie, é comum a presença de mais duas espécies de araras-azuis, também pertencentes ao gênero Anodorhynchus: a arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus) e a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari). Vale ressaltar que a arara-azul-de-lear também está ameaçada de extinção, enquanto a arara-azul-pequena é considerada extinta.
A família dos psitacídeos é composta por araras, papagaios, periquitos, jandaias, maracanãs e tuins. Todas essas aves apresentam características e estruturas muito semelhantes, como cabeça larga, bico forte e curvo especializado em quebrar e descascar sementes, mandíbula de largura incomum e plumagens com cores extravagantes. Por isso, qualquer espécie de psitacídeo é facilmente reconhecida.
Os psitacídeos podem ser encontrados ao longo de diversas áreas tropicais do planeta, sendo o Brasil uma das regiões mais ricas em indivíduos dessa família. Ao todo, a família é constituída de 78 gêneros, nos quais estão distribuídas 332 espécies. Segundo o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO), cerca de 84 dessas espécies vivem no Brasil.
Como o nome sugere, a arara-azul destaca-se por sua coloração predominantemente azul-cobalto, com regiões em amarelo ao redor dos olhos e na mandíbula inferior. Apesar de a grande maioria de suas penas serem azuis, a parte interna das asas dessa ave é preta. Além disso, a arara-azul apresenta a pele em volta da mandíbula na forma de fita e mede em torno de um metro.
Os hábitos peculiares da arara-azul chamam atenção. Ela é considerada uma ave social, sendo encontrada voando em pares ou em grupos. Nos finais de tarde, as araras-azuis se reúnem em árvores dormitórios, que funcionam como áreas de descanso. Por isso, as araras-azuis apresentam alta capacidade de socialização entre os membros do grupo.
A arara-azul habita áreas abertas de regiões tropicais do Brasil, Paraguai e Bolívia. No Brasil, essas aves são encontradas principalmente no Pantanal, onde ocupam bordas de cordilheiras, paredões rochosos e locais afetados por ações antrópicas. A arara-azul também está presente em regiões de veredas no Cerrado. Além disso, elas podem ser encontradas em algumas áreas da Amazônia, ao longo de formações florestais e em matas secas.
A arara-azul apresenta um bico forte e curvo especializado em quebrar e descascar sementes. Por isso, sua dieta é restrita a frutos de palmeiras, tais como buriti, licuri e macaúba. Geralmente, a arara-azul é observada alimentando-se em bandos. Esse tipo de alimentação é uma forma importante de proteção contra predadores. Além disso, por conta dos ciclos de migração, as araras-azuis possuem um papel ecológico fundamental na dispersão de sementes.
A arara-azul começa a desenvolver sua família por volta dos sete anos. Uma característica interessante dessas aves é que elas apresentam comportamento monogâmico, com formação de casais que permanecem unidos até mesmo fora da estação reprodutiva. Esses pares dividem tarefas entre si, como o cuidado com os filhotes e com o ninho.
Durante a reprodução, a fêmea passa a maior parte do tempo no ninho, cuidando da incubação dos ovos, enquanto o macho se responsabiliza por alimentá-la. Além disso, as araras-azuis constroem espaços para serem utilizados na reprodução. Normalmente, utilizam alguma cavidade iniciada por outras aves e aumentam o tamanho da área.
Nos primeiros meses de vida, os filhotes são muito fracos e podem sofrer predação ou parasitismo. Por isso, eles permanecem no ninho por cerca de três meses, alçando voo somente após esse período. No entanto, o filhote só se separa dos pais após 12 meses. Estima-se que a expectativa de vida dessas araras seja de 50 anos.
A arara-azul é uma espécie que não está extinta. No entanto, essa ave está classificada como vulnerável na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN). Segundo a lista, a população de araras-azuis está em decréscimo. As principais ameaças contra a espécie são a caça para o comércio ilegal e a destruição de seu habitat.
Diferente da arara-azul-grande, a arara-azul-de-lear apresenta uma coloração azul-esverdeada na cabeça e no pescoço. Ao redor dos olhos, há um anel de cor amarelo-claro. As asas e a cauda, por sua vez, são azul-cobalto. Essa ave pode atingir cerca de 75 cm de comprimento. Por conta dos programas de conservação, o número de indivíduos dessa espécie vêm aumentando.
A arara-azul-de-lear viveu cercada de histórias e mistérios por mais de 250 anos. Na década de 1970, pesquisadores descobriram que essa ave habita regiões da Caatinga baiana e que se alimenta principalmente de licuri. Além disso, concluíram que a espécie apresentava um número baixo de indivíduos.
Por isso, foram iniciados programas de conservação dessa arara-azul. Atualmente, a população passa de mil indivíduos, com uma clara tendência de aumento. O fato demonstra que os esforços da sociedade, quando coordenados e executados de forma satisfatória, podem salvar espécies da extinção.
A arara-azul-pequena foi a primeira ave a ser considerada extinta no Brasil. De acordo com pesquisas, essa ave habitava áreas savânicas entre o Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. No Brasil, era encontrada no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Ela apresentava uma coloração azul-esverdeada na cabeça e no pescoço, e possuía uma pele em volta da mandíbula com formato de gota. Além disso, a arara-azul-pequena media cerca de 70 cm.
Os registros históricos e os dados sobre sua antiga população são escassos. Sabe-se que poucos indivíduos foram capturados para zoológicos e museus e que o último exemplar conhecido morreu no zoológico de Londres em 1912. Desde então, não existe qualquer informação confiável sobre a arara-azul-pequena.
A principal causa para o desaparecimento da arara-azul-pequena foi a caça para alimentação das tropas envolvidas na guerra do Paraguai. Outro fator diz respeito à derrubada da principal fonte de alimento dessa arara para dar espaço a atividades agropastoris.
Além de promover a preservação da biodiversidade do Pantanal, o projeto Arara-Azul possui o objetivo de proteger todas as espécies de araras-azuis existentes no país. Organizado pelo Instituto Arara-Azul, o projeto conta uma equipe em tempo integral para desenvolver as atividades de monitoramento, manejo e pesquisa nas áreas de atuação.
Os pesquisadores desse instituto também monitoram ninhos naturais e artificiais dessas aves. Desde 1999, o número de araras-azuis subiu de 1500 para 5000 no Pantanal. Faça a sua parte e ajude a salvar as araras-azuis ameaçadas de extinção.
Equipe eCycle
EUA - A 9ª edição da Cúpula das Américas — que acontece até sexta-feira (10/6) em Los Angeles, nos EUA — tem como foco, nas palavras do governo americano, "construir um futuro sustentável, resiliente e equitativo".
E a expectativa é de que o presidente democrata Joe Biden proponha declarações conjuntas a seus pares — como o presidente Jair Bolsonaro —, com políticas e planos para conservação ambiental e mudanças climáticas.
A Cúpula das Américas coincide com a realização da Conferência de Mudança Climática de Bonn, na Alemanha, que discute até o dia 16 de junho os avanços alcançados desde a assinatura do acordo do clima na COP26, em novembro do ano passado, em Glasgow, na Escócia.
Na ocasião, líderes mundiais se comprometeram com novas metas para reduzir suas emissões, diminuir o uso de combustíveis fósseis e acabar com o desmatamento.
Será que eles estão cumprindo suas promessas?
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O que foi acordado?
Em Glasgow, os países concordaram em apresentar planos climáticos mais ambiciosos, incluindo cortes nas emissões de dióxido de carbono (CO2).
Por que isso importa?
O dióxido de carbono é um gás de efeito estufa que causa mudanças climáticas. A redução das emissões é necessária para ajudar a manter os aumentos de temperatura dentro de 1,5°C. Acima disso, poderia causar uma "catástrofe climática", segundo cientistas da ONU.
O que foi feito?
Os países receberam um prazo até setembro para apresentar novos planos — mas atualmente apenas 11 de 196 países fizeram isso.
No entanto, análises recentes sugerem que a China apresentou uma redução contínua nas emissões desde o verão de 2021. Isso pode ter um impacto significativo, uma vez que o país é responsável por 27% das emissões mundiais.
O que é a COP e a Conferência de Mudanças Climáticas de Bonn?
- Todos os anos, os governos do mundo se reúnem em uma cúpula climática chamada Conferência das Partes (COP, na sigla em inglês);
- A 26ª edição (COP26) foi realizada em Glasgow, no ano passado; a COP27 será em Sharm-el-Sheikh, no Egito, neste ano;
- A Conferência de Mudança Climática de Bonn acontece no meio caminho entre as duas COPs — para checar os avanços.
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O que foi acordado?
A COP26 incluiu um plano para reduzir o uso de carvão — que é responsável por 40% das emissões anuais de CO2.
Os líderes mundiais também concordaram em reduzir os subsídios "ineficientes" a petróleo e gás. São ajudas financeiras governamentais que reduzem artificialmente o preço dos combustíveis fósseis.
Por que isso importa?
O órgão de ciência climática da ONU, o IPCC, diz que os combustíveis fósseis são responsáveis por 64% das emissões de CO2 do mundo.
O que foi feito?
Existem agora 34 países considerando novas usinas de carvão, em comparação com 41 no início do ano passado.
A China, o maior consumidor de carvão, concordou em parar de financiar "completamente todos os projetos de energia a carvão no exterior".
No entanto, a Índia — o segundo maior consumidor de carvão — anunciou em abril que estava aumentando a produção de energia a carvão e reabrindo 100 usinas.
Os subsídios aos combustíveis fósseis também aumentaram em 2021, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE). Mas Sabrina Muller, analista de políticas da Universidade London School of Economics, no Reino Unido, acredita que esta é uma medida de curto prazo para se afastar do gás russo.
Desmatamento: Brasil dificulta avanço global
O que foi acordado?
Mais de 100 países — com cerca de 85% das florestas do mundo — prometeram acabar com o desmatamento até 2030.
Por que isso importa?
Esta medida é vista como vital, já que as árvores absorvem cerca de 10% do CO2 emitido a cada ano.
O que foi feito?
Metade das florestas do mundo estão em apenas cinco países — Rússia, Brasil, Canadá, Estados Unidos e China —, então suas ações podem fazer grande diferença.
Em abril, o presidente dos EUA, Joe Biden, assinou uma ordem executiva para proteger florestas antigas em terras do governo.
Mas no Brasil — que abriga mais da metade da floresta amazônica — o desmatamento aumentou 69% em relação ao ano passado.
Frances Seymour, do grupo de pesquisa World Resources Institute (WRI), disse que isso não é surpreendente "à luz do relaxamento da fiscalização ambiental" pelo governo brasileiro.
Outro desafio está na Rússia, que está enfrentando uma temporada significativa de incêndios florestais — e perdeu 6,5 milhões de hectares de floresta para o fogo no ano passado.
Ação climática: dinheiro extra, mas é necessário mais
O que foi acordado?
Os países mais ricos concordaram em fornecer US$ 100 bilhões por ano às nações em desenvolvimento para a ação climática até o final de 2022 — uma promessa que não foi cumprida em 2020.
Por que isso importa?
As nações em desenvolvimento precisam de dinheiro para deixar para trás os combustíveis fósseis, fazendo coisas como investir em tecnologias verdes. Também precisam se preparar para os piores impactos das mudanças climáticas.
O que foi feito?
Apesar de União Europeia, EUA, Canadá e Austrália terem aumentado as promessas de financiamento, o WRI diz que eles precisam gastar mais por causa de sua riqueza relativa e emissões anteriores.
O Reino Unido, a França, a Alemanha e o Japão estão compatíveis ou fornecendo mais do que o necessário.
Metano — situação piorou
O que foi acordado?
Um programa para cortar 30% das emissões de metano até 2030 foi acordado por mais de 100 países.
Os grandes emissores — China, Rússia e Índia — ainda não aderiram, embora a China tenha chegado a um acordo com os EUA para trabalhar na questão.
Por que isso importa?
O metano é atualmente responsável por um terço do aquecimento global causado pelos seres humanos.
O que foi feito?
No ano passado, os níveis de metano apresentaram seu maior aumento anual desde o início dos registros, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA.
A agricultura e o setor de energia são as principais fontes de metano — e o aumento do uso de petróleo e gás devido ao alívio das medidas contra a covid pode ser parcialmente responsável.
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