BRASÍLIA/DF - A balança comercial brasileira registrou superávit (as exportações superaram as importações) de US$ 7,383 bilhões em março, o maior resultado para o mês da série histórica, que tem início em 1989. Os dados foram divulgados na sexta-feira, 1º, pela Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério da Economia.
O superávit em março ficou 19,3% maior do que o registrado no mesmo mês de 2021, quando alcançou US$ 6,470 bilhões.
As exportações somaram US$ 29,094 bilhões em março (+25%). Já as importações chegaram a US$ 21,711 bilhões em março (+27,1%). Com o resultado, a corrente de comércio (soma das exportações e importações) avançou 25,9% em março.
No ano, a balança comercial acumula superávit de US$ 11,313 bilhões. O valor é 37,6% maior do que o mesmo período do ano passado. Houve um aumento de 26,8% nas exportações e de 25% nas importações do período.
A Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia, aumentou a previsão para o saldo comercial em 2022. A previsão passou de US$ 79,4 bilhões no fim do ano para US$ 111,6 bilhões agora. Em 2021, o resultado foi positivo em US$ 61,4 bilhões.
O órgão também ampliou a projeção para as exportações, passando de US$ 284,3 bilhões para US$ 348,8 bilhões neste mês. A estimativa para as importações neste ano cresceu de US$ 204,9 bilhões para US$ 237,2 bilhões.
Segundo o subsecretário de Inteligência e Estatística de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão, o aumento expressivo nas projeções da pasta para o comércio exterior brasileiro se deve ao conflito no leste europeu, que impactou as expectativas de exportação, e na queda do dólar, que levou a uma previsão maior de importações. "O conflito levou a um aumento na cotação de produtos e isso acaba gerando expectativa de alta no valor exportado", explicou.
Exportações batem recorde em março
O subsecretário de Inteligência e Estatística de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão, disse que o total exportado em março pelo Brasil, US$ 29,1 bilhões, recorde para todos os meses da história. O maior valor havia sido registrado anteriormente em junho de 2021, US$ 28,3 bilhões.
“O fator preço foi o que mais influenciou o aumento de exportações”, destacou. Ele ressaltou ainda o aumento de 33,4% no preço de bens agropecuários exportados no mês passado.
Em março, na comparação pela média diária, as exportações registraram crescimento de 36,8% em Agropecuária; queda de 2,4% em Indústria Extrativa e crescimento de 35,2% em produtos da Indústria de Transformação.
Já nas importações, houve crescimento de 21,0% em Agropecuária; crescimento de 94,9% em Indústria Extrativa e crescimento de 25,2% em produtos da Indústria de Transformação.
A invasão da Rússia pela Ucrânia teve reflexo no comércio brasileiro com os dois países. Enquanto para a Ucrânia houve uma forte interrupção no fluxo, para a Rússia os valores exportados e importados aumentaram fortemente por causa da alta no preço dos produtos comercializados.
De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em março, houve aumento de 54% no valor exportado para a Rússia – com a venda principalmente de soja, açúcar e café - e de 71% no importado - com a compra de adubos e fertilizantes, carvão e óleos combustíveis. Para a Ucrânia, as vendas brasileiras caíram 59% em março, com a paralisação total de embarques de produtos como soja, enquanto as compras recuaram 49%.
“Observamos queda acentuada no fluxo comercial para a Ucrânia em março. Já o aumento do comércio com a Rússia em março ocorre por alta em preços, há redução em quantidade nos totais importadas de 9,6%”, afirmou Brandão.
Lorenna Rodrigues / ESTADÃO