UCRÂNIA - Um primeiro navio de carga com 7.000 toneladas de cereais, escoltado pela Marinha russa, zarpou do porto ucraniano de Berdyansk, ocupado pelas forças de Moscou, anunciaram nesta quinta-feira, 30, as autoridades pró-Rússia designadas pelo Kremlin.
"Após vários meses de paralisação, um primeiro navio mercante zarpou do porto comercial de Berdyansk, 7.000 toneladas de grãos partiram para países amigos", afirmou o chefe da administração pró-Rússia da região, Evgeny Balitski, no Telegram.
"A segurança do navio de carga está garantida pelos navios e barcos de patrulha da base marítima militar da Frota do Mar Negro em Novorossiisk", acrescentou.
A Ucrânia acusa a Rússia de roubar suas colheitas de trigo de áreas ocupadas pelo exército russo no sul e vender o produto de maneira ilegal no exterior, o que Moscou nega.
Berdyansk, um porto no Mar de Azov, foi conquistado de maneira intacta pelo exército russo no início da ofensiva na Ucrânia, em fevereiro.
O porto fica na região de Zaporizhzhia, ocupada em grande parte pela Rússia, assim como a região vizinha de Kherson.
A ofensiva de Moscou contra o país vizinho, iniciada em 24 de fevereiro, pode provocar uma crise alimentar mundial, já que a Ucrânia, um dos principais exportadores de cereais, não consegue vender suas colheitas a partir dos portos que ainda controla.
A Rússia diz que permitirá a saída dos navios ucranianos carregados de alimentos caso o exército de Kiev libere as rotas marítimas.
A Ucrânia se recusa a seguir a medida pelo temor de que o exército russo ataque a costa ucraniana do Mar Negro. O país já perdeu todo o perímetro do Mar de Azov.
As negociações sobre o tema, com participação da Turquia e da ONU. não apresentaram resultados até o momento.
A Rússia também não pode exportar sua produção agrícola devido às sanções impostas pelo Ocidente em represália por sua ofensiva na Ucrânia.
Moscou instalou "administrações militares e civis" nas regiões de Kherson e Zaporizhzhia. As autoridades designadas pelo Kremlin estão organizando a "russificação" destas áreas.
As novas autoridades afirmam que estão preparando a anexação dos territórios pela Rússia, como aconteceu em 2014 com a península ucraniana da Crimeia.
AFP