EGITO - O Egito e Israel chegaram a um acordo na noite de quarta-feira (18) para a criação de um corredor de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza. Mas a ajuda aos palestinos que vivem na região — que está sendo constantemente bombardeada em retaliação aos ataques do Hamas a território israelense, em 7 de outubro — só deve começar a chegar na sexta (20).
De acordo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, responsável por costurar o acordo entre os dois países, os 20 caminhões que contêm itens de primeira necessidade, como água e medicamentos, terão que aguardar reparos de emergência na estrada que margeia a passagem humanitária, pois a área foi bombardeada recentemente.
O corredor de ajuda também precisará seguir regras impostas pelos governos dos Estados Unidos e de Israel para continuar aberto.
Somente serão autorizados carregamentos que sejam exclusivamente de alimentos, água e medicamentos, destinados à população civil no sul da Faixa de Gaza ou que estejam em direção àquela área.
Nada que beneficie o grupo terrorista Hamas, que controla Gaza, será permitido. "Qualquer ajuda que chegue ao Hamas será bloqueada”, informou o governo israelense por meio de um comunicado.
Israel também exige que a Cruz Vermelha tenha acesso aos cidadãos sequestrados no ataque de 7 de outubro — estima-se que sejam cerca de 200 pessoas.
Funcionários das Nações Unidas distribuirão a ajuda assim que ela chegar ao território, onde vivem 2,3 milhões de pessoas. Biden, no entanto, advertiu que a passagem de Rafah será fechada novamente "se o Hamas confiscar a ajuda humanitária".
Do R7
ISRAEL - O conflito entre Israel e Hamas tem origem na disputa por territórios que já foram ocupados por diversos povos, como hebreus e filisteus, dos quais descendem israelenses e palestinos. Em diferentes momentos, guerras e ocupações, eles foram expulsos, retomaram terras, ampliaram e as perderam.
De acordo com o professor de direito e de Relações Internacionais Danilo Porfírio Vieira, desde o século 19, a comunidade judaica, principalmente na Europa, começou a se mobilizar em torno de uma ideia de nacionalidade e do retorno ao que considera seu território “bíblico”, perdido durante o Império Romano.
Quando o Império Otomano perdeu a 1ª Guerra, aquela região do Oriente Médio foi dividida entre franceses e britânicos. A região do Líbano e da Síria ficou sob controle da França e, regiões como Kuwait, Iraque, Jordânia e Palestina, sob colonização britânica. Nesse período, ganhou força entre os judeus refugiados pelo mundo a ideia de retornar à Palestina para criar um estado judaico.
“O projeto inicial era a compra de territórios de propriedades dentro de uma região que estava, desde a década de 1920, sob controle do Império britânico (Mandato Britânico da Palestina)”, afirma o pesquisador, com pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP) sobre a “Irmandade Muçulmana”, organização que acabou gerando, na Palestina, o Hamas.
Na 2ª Guerra Mundial, com o Holocausto, a comunidade internacional voltou a discutir a ideia de um estado que abrigaria o povo judeu. Após o nascimento da Organização das Nações Unidas (ONU), o Estado de Israel foi criado. Isso se deu com o apoio dos norte-americanos e até mesmo do Brasil. Representantes internacionais também defendiam a criação do Estado Palestino.
Durante as negociações, o litoral setentrional ficou sob controle dos israelenses e, o meridional, dos palestinos. A região interiorana ao sul da Palestina foi para os israelenses. Por seu caráter histórico e por ser sagrada pra árabes, judeus e cristãos, Jerusalém iria se tornar uma cidade autônoma, dentro da Palestina e sob o jugo dos britânicos.
Diante de diversos impasses, houve a Guerra da Independência, em 1948, vencida por Israel com apoio principalmente dos norte-americanos. A tensão não reduziu. Israel passou a controlar 75% do território. O êxodo de palestinos se intensificou e milhões permanecem refugiados em outros países.
Na segunda metade do século 20, outras guerras com nações vizinhas àquela região, como Egito, Síria, Jordânia, Líbia, a chamada União Árabe, deram mais força para Israel, que ganharia o status e potência bélica. Entre as vitórias, a Guerra dos Seis Dias (entre 5 e 10 de junho de 1967), quando Israel enfrentou e sufocou os vizinhos.
Seis anos depois, em 1973, houve a Guerra do Yom Kippur, do Egito e Síria contra Israel. As conquistas territoriais de Israel em meio a guerras duplicaram o seu território. Mas deixou marcas.
Por isso, os povos palestinos reivindicam o seu estado independente e autonomia. Em 1993, houve um novo acordo (Oslo) entre israelenses e palestinos, com mediação americana e europeia, no qual ficou acertado o reconhecimento da Autoridade Palestina.
Em 1987, um grupo político palestino ligado ao movimento político islâmico sunita, chamado “Irmandade Muçulmana”, gerou o movimento Hamas.
Esse grupo não aceita a presença dos judeus e israelitas naquela região, tanto que o Hamas defendeu a aniquilação do estado de Israel nos anos 2000. O Hamas, inclusive, deu um golpe na Autoridade Palestina e passou a controlar a Faixa de Gaza, um território de pouco mais de 360 km quadrados superpopuloso com mais de 2,6 milhões de habitantes.
Por isso, a Autoridade Palestina não alcança Gaza. Outro território palestino, a Cisjordânia, está sob o controle do partido Fatah, com regiões ocupadas por colonos israelenses e controle militar do governo de Israel.
Por Luiz Claudio Ferreira - Repórter da Agência Brasil
ISRAEL - Israel intensificou nesta terça-feira (10) os ataques aéreos à Faixa de Gaza. O ministro da Defesa israelense informou que prepara uma ofensiva total, inclusive terrestre, à região.
“Começamos a ofensiva pelo ar, depois iremos também pelo solo. Estamos controlando a área desde o Dia 2 e estamos na ofensiva. Isso só vai se intensificar”, disse Yoav Gallant.
O Hamas revida os ataques com disparo de foguetes e ameaça executar mais de 150 reféns se Israel continuar a bombardear casas de civis palestinos.
Os membros do gabinete político do Hamas, Jawad Abu Shammala, e Zakaria Abu Maamar, foram mortos em um ataque aéreo em Khan Younis, de acordo com uma autoridade do Hamas, conforme reportagem da Agência Reuters. Foram os primeiros líderes do Hamas mortos desde que Israel começou a atacar o grupo.
Forças israelenses atiraram morteiros contra a Síria nesta terça-feira. Informações, de acordo com a Agência Reuters, é que uma facção palestina havia disparado três foguetes contra Israel.
Os israelenses também responderam com mísseis aos disparos de foguetes vindos do Líbano. Segundo a força de segurança israelense, 15 foguetes saíram do sul do Líbano, sendo que quatro foram interceptados e dez caíram em áreas abertas, de acordo com reportagem da TV Brasil.
Os episódios elevam a preocupação para uma escalada da violência com a entrada de grupos extremistas no confronto, como o Hezbollah, do Líbano.
Estima-se que mais de 1,8 mil pessoas morreram desde o início do conflito entre Israel e Hamas, sendo mil em Israel e 830 na Faixa de Gaza. A maioria das mortes é de civis.
Ao menos 200 mil palestinos deixaram suas casas e comunidades tentando escapar das consequências da contraofensiva de Israel contra o grupo Hamas na Faixa de Gaza, no Oriente Médio. Segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), o número de palestinos deslocados já representa quase 10% dos cerca de 2,2 milhões de pessoas que vivem em Gaza – um estreito pedaço de terra de cerca de 41 quilômetros de comprimento por 10 quilômetros de largura, banhada pelo Mar Mediterrâneo e controlada pelo Hamas.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta terça-feira que o país vai garantir que Israel possa se defender dos ataques. De acordo com ele, pelos menos 14 norte-americanos estão entre os mortos no conflito, e outros são mantidos prisioneiros pelo Hamas. "Esse é um ato de pura maldade", disse Biden.
A Suécia informou que irá suspender a ajuda aos territórios da Palestina. Os Emirados Árabes Unidos anunciaram o envio imediato de US$ 20 milhões para os palestinos. Já o governo alemão diz que pôr fim ao apoio ao povo palestino seria um erro.
O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza alertou que a falta de suprimentos médicos vai levar os hospitais locais à uma "situação catastrófica". A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu ajuda humanitária urgente à região e apelou à libertação imediata de todos os reféns.
A Organização Mundial da Saúde solicita a criação de um corredor humanitário para levar bens à população que vive na Faixa de Gaza. O governo de Israel recusou um pedido para levar alimentos e suprimentos médicos para a Faixa de Gaza, disse Hussein Al-Sheikh, secretário-geral do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), na terça-feira (10).
Em entrevista ao programa A Voz do Brasil, da EBC, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que está em viagem oficial ao Camboja, reafirmou a posição diplomática do governo brasileiro sobre o conflito no Oriente Médio.
"A posição do Brasil é de que os atos violentos devem ser interrompidos, deve haver uma cessação de hostilidades. E, evidentemente, que nós condenamos a violência e o derramamento de sangue", destacou o chanceler, ao comentar que vem mantendo conversas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a escalada de violência na Faixa de Gaza, e também sobre a operação de repatriação de cidadãos brasileiros.
Este mês de outubro, o Brasil ocupa a presidência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Uma reunião de emergência foi realizada no fim de semana, convocada pela presidência temporária brasileira, mas não houve consenso.
Ainda no fim de semana, em nota, o Palácio do Itamaraty defendeu o compromisso com a solução de dois Estados, com Palestina e Israel convivendo em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas.
* Com informações da TV Brasil, Agência Reuters e do repórter Pedro Rafael Vilela, da Agência Brasil
BRASÍLIA/DF - A escalada da guerra entre Israel e o grupo militante palestino Hamas – que já provocou centenas de mortos dos dois lados – ocorre no momento em que o Brasil preside o Conselho de Segurança das Nações Unidas, principal instância internacional para tratar de conflitos internacionais e buscar a paz.
Apesar disso, especialistas em política externa ouvidos pela BBC News Brasil consideram que o Brasil não tem poder de fato para influenciar os rumos da disputa entre israelenses e palestinos.
O cientista político Hussein Kalout, pesquisador em Harvard e conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), ressalta que a presidência do Conselho de Segurança é rotativa e dura apenas um mês – ou seja, já em novembro o Brasil deixa essa posição.
O peso do país no órgão também é limitado, já que o Brasil é um dos dez membros temporários e encerra seu mandato de dois anos em 31 de dezembro.
O Conselho de Segurança é formado por quinze integrantes, sendo cinco membros permanentes como poder de veto (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia). Ou seja, nada é decidido sem que haja consenso entre essas cinco potências militares, o que tem sido um desafio para o funcionamento do órgão, devido aos interesses muitos distintos desses países.
“Presidente do Conselho de Segurança não tem qualquer poder. O presidente nada mais é do que o gerente administrativo do balcão por 30 dias”, resume Kalout.
“E esse conflito vai durar mais de 30 dias. Não vai sair qualquer resolução porque Israel não vai querer enquanto não tiver algo concreto (em resposta aos ataques do Hamas) e os Estados Unidos (aliados de Israel) vão bloquear (a discussão no Conselho)”, reforça.
A efetivação do Brasil e outros países como membros permanentes é uma antiga reivindicação do Itamaraty. Lula reforçou essa demanda em setembro, ao discursar na abertura da Assembleia Geral da ONU, ocasião em que criticou "a paralisia" do Conselho de Segurança.
Para Kalout, o Brasil – um defensor histórico da coexistência pacífica de dois Estados, um israelense e outro palestino – não é um ator relevante nas negociações do conflito porque não tem capacidade de influenciar nenhum dos lados a abandonar ataques militares.
Segundo o pesquisador, apenas os Estados Unidos têm força para pressionar Israel. Já do lado palestino, ressalta, apenas algumas nações árabes poderiam exercer pressão sobre o Hamas, como Egito, Catar e Arábia Saudita.
Reunião emergencial acaba sem comunicado
O Brasil convocou uma reunião emergencial do Conselho de Segurança no fim de semana, logo após o Hamas iniciar um ataque sem precedentes contra Israel, com lançamento de milhares de foguetes e combatentes adentrando comunidades próximas à Faixa de Gaza, causando a morte de residentes e fazendo reféns.
O ataque foi seguido de forte reação israelense, com bombardeiros aéreos e bloqueio de todo tipo de fornecimento de recursos a Gaza, incluindo alimentos e medicamentos.
A reunião convocada pelo Brasil, porém, acabou sem qualquer comunicado conjunto dos membros do conselho, em mais um indicativo da falta de capacidade do Brasil influenciar o tema, avalia Karina Calandrin, assessora do Instituto Brasil-Israel e pesquisadora do Instituto de Relações Internacionais da USP.
Na sua visão, a posição histórica do Itamaraty de equilíbrio no conflito Israel-Palestina coloca o país bem posicionado para mediar as discussões. Por outro lado, diz, uma atuação de mais impacto do Brasil dependeria de outros países enxergarem relevância do país no tema, o que não ocorre.
Ao convocar a reunião ministerial, o Brasil “enfatizou ser urgente desbloquear o processo de paz”, segundo nota divulgada pelo Itamaraty.
O Brasil também “condenou os ataques contra civis” e reiterou “seu compromisso com a solução de dois Estados, com um Estado Palestino economicamente viável, convivendo em paz e segurança com Israel, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas”.
Polarização entre esquerda e direita
Para Karina Calandrin, a forte polarização da política brasileira também divide a sociedade sobre o conflito entre israelenses e palestinos, criando desafios para a atuação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva no tema.
Ela lembra que a posição histórica do Brasil de equilíbrio no conflito foi alterada temporariamente no governo de Jair Bolsonaro, quando o então presidente adotou uma postura de forte apoio a Israel.
Essa mudança atendeu a interesses do eleitorado evangélico, segmento que passou a defender com empenho a existência do Estado israelense devido à crença de que o retorno dos judeus à Terra Santa – ou seja, o estabelecimento de Israel – é necessário para a volta de Cristo.
Por outro lado, ressalta Calandrin, parte da esquerda, base ideológica de Lula, critica fortemente Israel por considerar que o país promove uma opressão colonialista contra os palestinos.
“A manifestação do Lula nas redes sociais mostra uma preocupação em se equilibrar entre esses dois lados e acho que ele conseguiu”, analisa.
No sábado, Lula compartilhou uma mensagem em que disse estar “chocado com os ataques terroristas realizados hoje contra civis em Israel, que causaram numerosas vítimas”.
“Ao expressar minhas condolências aos familiares das vítimas, reafirmo meu repúdio ao terrorismo em qualquer de suas formas. O Brasil não poupará esforços para evitar a escalada do conflito, inclusive no exercício da Presidência do Conselho de Segurança da ONU”, continuou o presidente.
Na mensagem, Lula ainda conclamou “a comunidade internacional a trabalhar para que se retomem imediatamente negociações que conduzam a uma solução ao conflito que garanta a existência de um Estado Palestino economicamente viável, convivendo pacificamente com Israel dentro de fronteiras seguras para ambos os lados”.
Fiquei chocado com os ataques terroristas realizados hoje contra civis em Israel, que causaram numerosas vítimas. Ao expressar minhas condolências aos familiares das vítimas, reafirmo meu repúdio ao terrorismo em qualquer de suas formas.
— Lula (@LulaOficial) October 7, 2023
O Brasil não poupará esforços para…
Apesar de elogiar o equilíbrio na posição de Lula, Calandrin considera negativo o fato de o presidente e o Itamaraty não classificarem o Hamas como um grupo terrorista. As manifestações brasileiras criticaram “ataques terroristas”, mas sem citar diretamente a organização militante.
“A atuação do Hamas não representa um consenso entre os palestinos. É um grupo que é assumidamente violento, antissemita e a favor da destruição do Estado de Israel”, ressalta.
“Então, é importante condenar a atuação do Hamas para que o Hamas se enfraqueça internacionalmente na sua narrativa, que é onde o Hamas mais ganha. Ele talvez não ganhe na espera militar, mas ele ganha na esfera da propaganda política”, acrescentou.
As manifestações de Lula e do Itamaraty nesse ponto seguem uma tradição da diplomacia brasileira.
Historicamente, o governo brasileiro só aceita classificar uma organização como sendo terrorista se ela for considerada assim pela Organização das Nações Unidas (ONU).
É o caso dos grupos islamistas Boko Haram, Al-Qaeda e Estado Islâmico — consideradas organizações terroristas pela ONU e, portanto, também pelo governo brasileiro.
A classificação do grupo palestino Hamas como terrorista é um tema que divide a comunidade internacional.
Países como Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Austrália e as nações da União Europeia classificam o Hamas como uma organização terrorista. Em suas manifestações no final de semana - após os ataques do Hamas no sul de Israel -, praticamente todos esses países voltaram a chamar o Hamas de grupo terrorista.
Já a posição do Brasil é compartilhada por nações como China, Rússia, Turquia, Irã e Noruega, que não adotam essa classificação.
por Mariana Schreiber - Da BBC News Brasil
PALESTINA - O movimento islâmico palestino Hamas anunciou, na quarta-feira (19), o restabelecimento de suas relações com o presidente sírio, Bashar al-Assad, mais de dez anos depois de tê-las rompido no início da revolta popular na Síria.
"É um dia de glória, um dia importante, no qual restabelecemos nossa presença na Síria e retomamos o trabalho conjunto" com Damasco, disse Khalil Hayya, chefe do escritório de relações árabes e islâmicas do Hamas.
Hayya fez sua declaração em entrevista coletiva, após um encontro com o presidente sírio, que o recebeu como parte de uma delegação de facções palestinas.
O Hamas, no poder na Faixa de Gaza, era um dos aliados palestinos mais próximos de Assad, mas a relação azedou após o início da revolta popular na Síria em 2011.
O movimento palestino criticou a repressão do regime sírio, e seu então líder, Khaled Meshaal, deixou Damasco em 2012 para se estabelecer no Catar.
De acordo com um alto funcionário do Hamas consultado pela AFP, o movimento islâmico está se preparando para reabrir um escritório de representação em Damasco, como "a primeira etapa para restabelecer antigas relações".
"Concordamos com o presidente que devemos virar a página e olhar para frente", acrescentou Khalil Hayya.
- Hezbollah, o mediador -
A visita a Damasco ocorreu semanas depois que o Hamas anunciou sua disposição de restabelecer as relações com o poder sírio, "à luz dos rápidos desenvolvimentos regionais e internacionais relacionados à nossa causa", uma referência implícita à reaproximação entre Israel e vários países da região, como Bahrein e Emirados Árabes Unidos.
A delegação do Hamas chegou à Síria depois de passar pela Argélia, onde 14 facções palestinas, incluindo o Hamas e o movimento laico Fatah, divididos por mais de 15 anos, assinaram um novo acordo de reconciliação na última quinta-feira.
Nos últimos meses, os líderes do movimento islâmico palestino tiveram múltiplos contatos com altos funcionários sírios, com a mediação do Irã e do movimento xiita libanês Hezbollah, segundo a autoridade do Hamas.
Durante anos, o poder sírio considerou a saída do Hamas um "golpe fatal" para o relacionamento com a Síria, com alguns altos funcionários falando até em "traição".
Ao mesmo tempo, durante esse período, o Hamas manteve boas relações com o Hezbollah, um firme aliado do regime sírio.
O Hezbollah, um movimento pró-iraniano, afirmou ter desempenhado um papel importante na reconciliação entre o poder sírio e o Hamas, que considera parte do "eixo de resistência" contra Israel, e que também inclui Damasco, Teerã e grupos iraquianos.
A reunião desta quarta-feira entre o Hamas e Bashar al-Assad "faz parte da reaproximação entre o Hezbollah e o Hamas, evidente no Líbano há mais de um ano", comentou à AFP Maha Yahya, diretora do Carnegie Middle East Center, com sede em Beirute.
JERUSALÉM - Um atirador palestino do grupo militante Hamas matou um israelense e feriu outras três pessoas na cidade antiga de Jerusalém no domingo (21), antes de ser morto pela polícia, disseram autoridades.
O incidente, que foi o segundo ataque em Jerusalém em quatro dias, ocorreu perto de um dos portões do complexo da mesquista de Al-Aqsa, o terceiro local mais sagrado do Islã e conhecido ponto de tensão na região. Os judeus reverenciam o local como a área onde ficavam dois antigos templos.
O Hamas identificou o atirador como um de seus líderes em Jerusalém Oriental, um das áreas que os palestinos reivindicam.
Ao contrário da Autoridade Nacional Palestina, que é mais moderada, o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, se recusa a aceitar a convivência permanente com Israel.
O ataque deste domingo também feriu outro civil e dois policiais israelenses, informou a polícia. O civil morto foi identificado como um imigrante judeu recém-chegado da África do Sul.
MUNDO - Grupos militantes palestinos e Israel concordaram em encerrar o acirramento de tensões que durava semanas ao longo da fronteira da Faixa de Gaza, anunciaram nesta última segunda-feira (31) o governo de Israel e o Hamas, grupo islâmico que governa Gaza.
Com o acordo, mediado por um enviado do Catar, o Hamas deve encerrar o lançamento de balões incendiários, e Israel encerraria os ataques aéreos, segundo uma autoridade palestina com conhecimento sobre o processo de mediação.
A agência israelense Cogat, que atua fazendo o contato com os territórios palestinos, confirmou que, após consultas de segurança lideradas pelo ministro da Defesa de Israel, Benny Gantz, o principal ponto de travessia de produtos para Gaza seria reaberto e pescadores poderiam retomar seus trabalhos em uma área de até 15 milhas náuticas.
Uma nota da agência disse que as decisões estavam "sujeitas à permanência da calma e da estabilidade da segurança", mas alertou que se o Hamas falhasse em cumpri-las, Israel "agiria de acordo".
O Hamas disse que entendimento iria facilitar o caminho para a implementação de projetos "que irão servir ao povo de Gaza, e aliviar o sofrimento em meio à onda de coronavírus".
Palestinos e grupos humanitários pediram o fim do bloqueio liderado por Israel a Gaza, temendo ainda mais dificuldades após o primeiro surto de covid-19 no território na semana passada.
Israel diz que as restrições são necessárias por temores de segurança em relação ao Hamas, considerado uma organização terrorista pelo governo israelense.
*Por Nidal al-Mughrabi - Reuters
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