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CHINA - A indústria siderúrgica latino-americana começou o século 21 com a esperança de se tornar o motor do crescimento econômico da região, mas, longe de conseguir isso, sofreu uma longa estagnação que hoje se tornou uma crise.

Representantes do setor culpam as importações de aço da China, que têm preço mais competitivo. Pequim já classificou de "protecionismo" questionamentos judiciais sobre o preço do seu aço.

Um dos objetivos que países como o Brasil, o México, a Argentina, o Chile, a Colômbia, o Equador e o Peru estabeleceram para si em 2000 foi desenvolver o seu setor industrial, para deixar de basear as suas economias na exportação de matérias-primas.

A principal razão é que, por não ter valor acrescentado, o comércio de mercadorias produz empregos menos qualificados e com salários mais baixos do que a indústria de transformação.

A chave para acelerar a industrialização foi a produção de aço, porque essa liga de ferro e carbono é utilizada para fabricar quase tudo, desde edifícios e pontes a veículos, desde eletrodomésticos a produtos eletrônicos e tecnológicos.

No início do século, a região fabricava 6,6% do aço mundial, segundo a Associação Mundial do Aço (WSA, por suas siglas em inglês), e exportava mais de 160 mil toneladas do material para a China (o dobro do que importavam daquele país).

Mas o setor siderúrgico nunca decolou.

Pelo contrário, neste quase um quarto de século, o aço latino-americano foi perdendo relevância.

A produção estagnou: enquanto em 2000 a região produziu 56 milhões de toneladas de aço — número que aumentou para 67,6 milhões em 2011 —, a partir daí o movimento foi de queda: no ano passado a produção foi de 58,3 milhões.

Enquanto isso, o peso do aço latino-americano dentro da produção mundial diminuía sistematicamente. Em 2023, atingiu o seu ponto mais baixo, representando apenas 3,1% do estoque mundial, menos de metade do que representava no início do século.

Segundo especialistas do setor, a crise está se agravando, colocando em risco os quase 1,4 milhão de empregos gerados pela indústria.

 

"Inundação" de aço

A Associação Latino-Americana do Aço (Alacero), com sede em São Paulo, acusou Pequim de "inundar" a região com o seu aço barato.

A entidade informou que diversas siderúrgicas tiveram que paralisar suas operações nos últimos meses.

A mais recente foi Huachipato, principal produtora de aço do Chile, que anunciou em 20 de março o fechamento por tempo indeterminado de sua planta.

O diretor executivo da Alacero, Alejandro Wagner, disse à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC, que embora existam fatores endógenos que dificultaram o desenvolvimento da indústria, o grande problema foi gerado pelo gigante asiático.

“Entre 2000 e 2023, a China aumentou a sua produção de aço em quase 700%.”

“Passou da produção de 15% do aço mundial para a produção de 54%”, disse ele, citando números da Associação Mundial do Aço.

O executivo da Alacero diz que Pequim exporta a um preço abaixo do mercado, impossibilitando a concorrência de outros produtores.

 

"Dumping"

Poucas regiões sofrem mais com o problema de preço de venda abaixo do valor de custo (conhecido como "dumping" no mundo comercial) do que a América Latina.

Para compreender a dimensão, basta ver como a dinâmica entre a região e o maior país da Ásia mudou no último quarto de século.

Como dissemos, em 2000, a América Latina exportou cerca de 160 mil toneladas de aço para a China e, por sua vez, importou metade disso: cerca de 80 mil toneladas de aço chinês.

Mas nas décadas seguintes a situação inverteu dramaticamente.

Enquanto as exportações para a China caíram 94% até 2023, as importações chinesas de aço aumentaram 8.690%.

Enquanto isso, a venda de matérias-primas latino-americanas à China aumentou quase 1.500%, acrescenta Warner, que alerta para um processo de “reprimarização”.

Hoje chegam à região cerca de 10 milhões de toneladas de aço chinês, provocando “um processo de desindustrialização na região” e levando o setor a uma crise, afirma o dirigente siderúrgico.

A vítima mais recente é a Huachipato Steel Company, do Chile, localizada em Talcahuano, na região de Bío Bío.

A empresa, que no primeiro semestre de 2023 registrou prejuízos de US$ 279 milhões, tomou a decisão de paralisar as suas operações por tempo indeterminado depois de considerar “insuficiente” a decisão das autoridades do país de impor uma taxa de 15,3% às importações chinesas de esferas de aço.

Segundo os diretores da Huachipato, empresa que gera cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos, esta medida não é suficiente para resolver as distorções que está produzindo o aço chinês, que, segundo seus cálculos, é 40% mais barato que o aço chileno.

A Companhia Siderúrgica Gerdau do Brasil também anunciou há algumas semanas que iria suspender alguns dos seus trabalhadores na fábrica de São José dos Campos, em São Paulo, por cinco meses, a partir de abril, alegando "forte concorrência da China".

Segundo a Alacero, isso se soma a outras suspensões temporárias que outras empresas brasileiras anunciaram nos últimos seis meses, quando “o nível de importações começou a ser grave”.

“O objetivo das suspensões é evitar o fechamento definitivo, tentar salvar empregos. Queremos evitar que isso aconteça também em países como Argentina e Colômbia”, disse Wagner.

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Aço barato

Mas como é possível que trazer aço da China para a América Latina, do outro lado do planeta, seja mais rentável do que produzi-lo localmente?

Ou dito de outra forma: porque é que o aço chinês é tão mais barato que o aço latino-americano?

A principal razão é que o aço chinês é subsidiado pelo Estado e também produzido em excesso.

Segundo Cory Combs, especialista em Energia e Indústria Chinesa e diretor associado do centro de pesquisas Trivium China, Pequim colocou a produção de aço como um elemento central do crescimento econômico do país, depois de passar de uma economia agrária para uma economia industrial.

Foram criadas mais de 2.000 fábricas (embora hoje a maior parte da produção esteja concentrada em sete empresas, lideradas pela Baosteel, uma subsidiária da estatal Baowu). A indústria siderúrgica criou mais de 3 milhões de empregos.

O aço subsidiado foi usado para construir megacidades para pessoas que se deslocavam do campo para os centros urbanos.

“O setor industrial se tornou uma peça-chave da economia e hoje representa cerca de 32% do Produto Interno Bruto da China”, explicou o especialista à BBC News Mundo.

Motorizadas e financiadas pelo Estado, as produções das siderúrgicas chinesas passaram de 128,5 milhões de toneladas em 2000 para pouco mais de 1 bilhão de toneladas em 2023, segundo a entidade mundial do aço.

Mas o setor se tornou um motor tão importante para a economia chinesa que, mesmo quando a procura interna começou a abrandar, as fábricas continuaram produzindo aço subsidiado.

“As famosas cidades fantasmas e os projectos de construção desenfreados são visíveis”, diz Combs, sobre os enormes conjuntos habitacionais vazios em várias partes do país.

“Foi todo um exercício para impulsionar o PIB”, diz.

 

Exportações subsidiadas

O governo chinês não só subsidiou a produção, como também subsidiou a exportação de aço, o que deu início à "onda" de aço chinês barato que se espalhou pelo mundo.

Uma onda que se acentuou nos últimos tempos devido à redução da procura interna por aço gerada pela crise no setor imobiliário chinês, afirma Combs.

Segundo Wagner, embora Pequim alegue já não subsidiar as exportações de aço, "eles têm tanta escala e tantos excedentes que todo o seu excesso de aço é vendido a um custo quase marginal".

Mas por que a China continua produzindo mais aço do que necessita ou pode vender a um bom preço? E por que mantêm subsídios para um produto que fabricam em excesso?

Combs destaca que a principal explicação é que o país “não quer perder PIB”.

“Há momentos em que o governo chinês toma medidas muito agressivas para entrar em determinados mercados, mas este não é o caso do aço na América Latina”, diz Combs.

O problema, diz ele, é interno e “gera muita frustração” na China.

“Embora muitas siderúrgicas chinesas operem com margens muito baixas (em 2023 reportaram lucros de 1,33%) e 15 dos principais produtores tenham mesmo pedido ao governo para impor cortes de produção, nenhum deles sente que pode dar o primeiro passo individualmente”, explica o especialista.

"E os governos locais, dos quais estas empresas dependem, também não querem ser os primeiros a impor cortes. Querem ficar com a sua fatia do bolo."

Entretanto, o governo central, que tem o poder de decidir, “tem sido lento para reagir porque é muito dependente da produção industrial”, afirma.

“O governo de Xi Jinping pretende reduzir a sua dependência do setor e está ativamente tentando desenvolver a sua indústria tecnológica, veículos eletrônicos e fontes de energia limpa, mas o problema é que o processo de transição é muito lento”.

 

Por que isso afeta tanto a América Latina?

As 10 milhões de toneladas de aço chinês que a América Latina importou em 2023 representam uma quantidade alta para uma região que produziu quase 58 milhões de toneladas (é um pouco mais de 17%, para ser mais exato).

No entanto, a América Latina foi apenas um dos destinos para onde foram parar as mais de 90 milhões de toneladas de aço que a China exportou no ano passado.

 

Por que então parece ser a região mais afetada pela entrada desse aço barato?

A explicação, concordam os especialistas, é que os países latino-americanos estão em condições inferiores quando se trata de se defenderem contra o “dumping” chinês.

Outras nações produtoras de aço, como a Índia, os Estados Unidos e os países da União Europeia, impuseram tarifas (as duas últimas, próximas de 25%) para combater os baixos preços do produto chinês.

Mas, na América Latina, apenas o México tomou uma medida da mesma magnitude.

É o único país da região, salienta Wagner, onde a indústria transformadora não diminuiu, em grande parte graças à sua proximidade com os Estados Unidos.

Por outro lado, os países sul-americanos dependem muito mais da China para o resto do seu comércio, uma realidade que “limita a sua capacidade de impor tarifas”, uma vez que Pequim poderia retaliar e fazer o mesmo com alguns dos produtos que importa da América Latina.

Esta seria a principal razão pela qual o Brasil, principal produtor de aço da região —que, aliás, vende à China o minério de ferro de que necessita como matéria-prima para criar o aço —, impõe taxas de apenas 10-12%, e o Chile propõe uma tarifa próxima de 15%, o que continua deixando o preço do aço chinês abaixo do local.

Outro receio dos países latino-americanos é de que organizações como a Organização Mundial do Comércio (OMC) lhes imponham multas por tarifarem as importações chinesas.

E, longe de equilibrar este desequilíbrio comercial, a OMC decidiu muitas vezes a favor da China em muitas das dezenas de queixas de "dumping" que recebeu contra o gigante asiático, que aderiu à organização em 2001.

Combs explica que não se trata de favoritismo, mas sim de uma questão bastante técnica (que está sendo analisada como resolver): a China ainda é considerada uma “economia emergente”, portanto não lhe são impostas as mesmas restrições que a uma “economia de mercado", e isso inclui medidas contra dumping.

 

A reação de Pequim

O governo chinês, famoso por seu sigilo, não fez declarações oficiais sobre os planos dos países latino-americanos de tarifar o seu aço, afirma o especialista.

No entanto, após o anúncio do México de impor uma taxa de 25%, em agosto de 2023, um dos meios de comunicação que opera sob a órbita do poderoso Ministério do Comércio Chinês (Mofcom), o China Trade Remedies Information, alertou que "as empresas chinesas que utilizam o México, como mercado de exportação e destino de transferência de investimentos, serão duramente afetadas.”

Entretanto, num outro artigo publicado em março passado no site da Seção Econômica e Comercial da Embaixa da República do Chile, o Mofcom criticou a chamada Comissão Chilena Anti-Distorção, que determina a questão das tarifas sobre as importações.

“A maioria dos membros do comitê determina artificialmente a margem de dumping sem baseá-la em fatos objetivos, politizando o que deveria ser um processo técnico”, criticava a nota.

O texto também alertou que “isso violou gravemente o Acordo de Livre Comércio assinado pelo Chile e não pode fazer com que outros parceiros comerciais respeitem o mesmo tratado”.

 

Aço verde

Enquanto os governos latino-americanos analisam os prós e os contras da imposição de tarifas — medida fortemente exigida pela Alacero — a resolução desse conflito comercial pode ser determinada por um fator externo, mas que se torna cada vez mais relevante: o meio ambiente.

Em 2020, Xi anunciou durante a Assembleia Geral das Nações Unidas que a China — o país mais poluente do mundo — terá como objetivo atingir o pico das emissões de dióxido de carbono antes de 2030 e procurar a neutralidade de CO2 até 2060.

Segundo Combs, para atingir esse objetivo, Pequim planeja cortar cerca de 8% da sua produção de aço até 2030.

“O aço chinês é produzido a partir do carvão e essa indústria é a mais poluente do país, contribuindo com 15% das emissões de carbono”, destaca.

A China também pretende produzir 20% do seu aço utilizando eletricidade renovável até 2030.

Wagner também acredita que o meio ambiente será um fator-chave para acabar com o desequilíbrio causado pela siderurgia chinesa, mas por um motivo diferente.

“A grande vantagem do aço latino-americano é que ele é muito mais limpo que o aço chinês”, ressalta.

A produção de cada tonelada de aço chinês emite 45% mais de CO2, segundo dados da Alacero.

Mas a isso devemos somar a poluição gerada no transporte para o outro lado do planeta, que, segundo a organização, é três vezes maior do que a emitida na fabricação.

À medida que o mundo avança em direção à neutralidade carbônica, essa vantagem será sentida, diz Wagner.

O dirigente também está convencido de que a transição para um mundo mais limpo poderá permitir que a indústria siderúrgica latino-americana finalmente decole, revertendo o atual processo de “reprimarização” da economia.

"Eu sou otimista. O aço está intimamente ligado à energia: tudo o que é energia renovável também precisa de aço. Portanto, há uma grande oportunidade para que o aço, e principalmente a energia limpa, seja foco de produção e exportação na América Latina”, declara.

Atualmente a indústria opera com 60% de sua capacidade instalada, o que deixa um potencial de crescimento de 40%, diz entusiasmado.

“Isso poderia deter o processo de desindustrialização que sofremos nos últimos 20 anos, que nos deixou sem empregos de qualidade, gerando pobreza e desigualdade como em poucos lugares do mundo”.

 

 

Veronica Smink - BBC News Mundo

JAPÃO - A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) está transformando a pequena cidade agrícola japonesa de Kikuyo em um elo importante na cadeia de fornecimento de chips da Ásia.

A TSMC, como a empresa é conhecida, domina o negócio global de semicondutores. Em sua base em Taiwan, a TSMC fica no centro de uma rede de fábricas, fornecedores e empresas de engenharia. Agora, essa mesma infraestrutura, apoiada por bilhões de dólares do governo japonês, está sendo construída a cerca de 750 milhas (1.207 km) de distância, nos pastos de vacas e campos de repolho de Kikuyo, no sudoeste do Japão.

Em fevereiro, a TSMC abriu uma fábrica, conhecida como “fab” de chips, em um cume com vista para Kikuyo. Foi sua primeira fábrica fora de Taiwan desde 2018.

A área ao redor da fábrica já está ocupada com funcionários e fornecedores da TSMC. Empresas químicas e fabricantes de equipamentos estão competindo por uma parte da economia de semicondutores. As gigantes japonesas da eletrônica Sony, Denso e Toyota, grandes compradoras de semicondutores da TSMC, estão investindo grandes somas na subsidiária japonesa da TSMC.

Nas margens das estradas, nos shopping centers e nos hotéis, placas com caracteres chineses tradicionais oferecem serviços para os recém-chegados: agentes imobiliários, advogados e restaurantes. A população estrangeira da cidade dobrou no último ano.

A cidade-fábrica de alta tecnologia que está sendo construída em Kikuyo é uma evidência da agitação no setor de semicondutores. Durante anos, a cadeia de suprimentos para os minúsculos chips dentro de smartphones, carros e jatos de combate dependia em grande parte de apenas algumas fábricas em Taiwan, que a China reivindica como parte de seu território. Então, a pandemia da covid-19, a postura cada vez mais hostil de Pequim em relação a Taiwan e a escassez global de chips expuseram os riscos dessa produção concentrada.

Em resposta, os governos se comprometeram a gastar bilhões para levar a fabricação de chips para suas fronteiras. Nos últimos quatro anos, a TSMC se comprometeu a construir novas fábricas nos Estados Unidos, no Japão e na Alemanha.

Na segunda-feira, o Departamento de Comércio dos EUA anunciou até US$ 6,6 bilhões em subsídios para a TSMC, que a empresa usará para construir uma terceira fábrica em Phoenix, além das duas instalações que já se comprometeu a construir lá, disseram autoridades federais.

As fábricas americanas da TSMC sofreram vários atrasos. E, embora a construção da primeira fábrica tenha começado um ano depois, a fábrica no Japão já está funcionando e estará totalmente operacional até o final do ano.

O Japão, que já foi uma potência na fabricação de chips, destinou US$ 26 bilhões para revitalizar o setor, com ênfase nos chips usados em carros. Cerca de um terço desse dinheiro foi destinado às operações da TSMC. Os planos do Japão para desenvolver o setor de chips e a cadeia de suprimentos exigirão dezenas de bilhões de dólares em investimentos públicos e privados adicionais. As empresas precisarão de um aumento de trabalhadores com as habilidades certas e precisarão de moradia.

“Todos puderam ver o apoio do governo a todo o ecossistema, especialmente à cadeia de suprimentos, incluindo fábricas, construção, transporte e aeroportos”, disse Ray Yang, diretor do Industrial Technology Research Institute, um grupo patrocinado pelo governo de Taiwan que apoia empresas de tecnologia, incluindo a TSMC, em seus estágios iniciais. Esse impulso de cima para baixo para estabelecer com eficiência toda a cadeia de suprimentos foi indispensável, disse Yang.

Na hora do rush em Kikuyo, em um dia do mês passado, a plataforma de trem da outrora adormecida estação Haramizu estava lotada de trabalhadores de fornecedores da TSMC, como a Applied Materials e a Tokyo Electron. Alguns carregavam capacetes de proteção em mochilas de plástico transparente enquanto esperavam o trem para Kumamoto, a cidade grande mais próxima.

Ryuji Yamamoto foi enviado a Taiwan para um treinamento de seis meses no ano passado e agora trabalha em turnos de 12 horas na fábrica da TSMC em Kikuyo. “No início, achei difícil me acostumar com as longas horas”, disse ele. “Mas a velocidade é a chave no setor de semicondutores.”

Nos últimos meses, milhares de trabalhadores trabalharam sem parar em Kikuyo para construir a fábrica da TSMC e preparar as máquinas e os materiais para a fabricação de chips.

Em fevereiro, quando a fábrica abriu suas portas, antes do previsto, o governo disse que investiria outros US$ 4,85 bilhões em uma segunda fábrica.

A Sony, que fabrica em Kikuyo há mais de 20 anos, ajudou as autoridades locais a atrair a TSMC para lá, de acordo com Takatoshi Yoshimoto, prefeito da cidade.

A TSMC trouxe cerca de 400 trabalhadores de Taiwan e está pagando salários cerca de 30% mais altos do que os de outras fábricas da região, o que levou outras empresas a aumentar os salários. No escritório da cidade de Kikuyo, panfletos com dezenas de anúncios classificados pedem pessoas para trabalhar em fábricas de semicondutores ou com seus fornecedores.

Em Taiwan, onde a TSMC construiu 15 fábricas ao longo de 37 anos, a empresa conta com uma rede estabelecida de fornecedores, empresas de construção e trabalhadores qualificados. Ela constrói uma nova fábrica a cada poucos anos para produzir chips cada vez menores e mais rápidos.

Os analistas disseram que a experiência da TSMC no Japão mostrou que a empresa poderia recriar esse ritmo fora de Taiwan, embora tenha tido dificuldades para fazê-lo no Arizona.

A fábrica da TSMC em Phoenix está em construção desde abril de 2021. No ano seguinte, a empresa disse que também construiria outra, elevando seu compromisso para US$ 40 bilhões. A primeira está programada para começar a produção em massa no próximo ano e a segunda em 2027 ou 2028.

“Apesar de termos enfrentado alguns desafios no Arizona para a construção de nossa primeira fábrica, ainda somos a empresa mais rápida, desde a abertura de terra até a entrada dos equipamentos”, disse Mark Liu, presidente da TSMC, em um comunicado. “Acreditamos que a construção de nossa segunda fábrica será muito mais tranquila.”

A empresa disse que um dos desafios tem sido a escassez de trabalhadores qualificados. Os sindicatos se opuseram ao fato de a TSMC trazer trabalhadores estrangeiros para trabalhos que, segundo eles, os locais poderiam realizar, dando início a meses de negociações.

Muitas das empresas que forneceram produtos químicos e materiais para a TSMC durante anos estão em Taiwan. Para várias delas, os planos de se estabelecerem no Arizona estavam suspensos.

“Como a empresa anunciou atrasos, os fornecedores não têm certeza de quanto tempo a TSMC levará para acelerar o processo”, disse Lita Shon-Roy, CEO da Techcet, uma consultora de materiais para chips.

Independentemente do resultado dos empreendimentos estrangeiros da TSMC, a empresa manterá sua produção mais avançada no país, disse Liu em uma entrevista no ano passado.

Garantir um canal de trabalhadores qualificados também é uma preocupação para a TSMC no Japão. Para colocar a fábrica em funcionamento, alguns engenheiros japoneses da Sony foram temporariamente transferidos para a TSMC e enviados a Taiwan para treinamento. A faculdade técnica local em Kumamoto intensificou os cursos de engenharia elétrica, e a TSMC contratou 17 de seus formandos.

Em uma noite recente, em um salão de banquetes com painéis de tatami em Kumamoto, a cidade a 16 km da nova fábrica da TSMC, investidores visitantes de Taiwan trocaram presentes com seus anfitriões, uma câmara de comércio local. Garrafas de cerveja Kirin, pequenos copos de saquê, camisetas e chaveiros foram distribuídos e pratos de sushi foram colocados na frente de cada pessoa. “A todo o dinheiro que vamos ganhar”, foi o brinde final.

Todos os gastos deram início a um boom imobiliário. Os preços já estão subindo, causando ansiedade entre alguns moradores locais. Os investidores concordaram em gastar centenas de milhares de dólares em lotes de terras agrícolas por meio de chamadas de vídeo.

“Não há nenhum outro lugar no Japão que esteja crescendo assim”, disse Shogo Okuda, um agente da incorporadora Shichiro Kensetsu, que cresceu na área.

Os trabalhadores da TSMC chegam a Kikuyo vindos de cidades próximas aos principais centros de produção da empresa em Taiwan, como Hsinchu e Tainan, que têm alguns dos valores imobiliários mais altos de Taiwan.

Muitos recém-chegados ligaram para Cake Liao, um agente imobiliário taiwanês, procurando uma casa pronta para morar e mobiliada, o que é típico na área urbana de Taiwan, mas não na área rural do Japão.

“Eles dizem: ‘Vá até a área de Kumamoto e encontre algo para mim’”, disse Liao à mesa da sala de jantar em uma casa modelo. “Esta é a nova Hsinchu.”

 

 

Meaghan Tobin, Hisako Ueno e John Liu / ESTADÃO

CHINA - A atividade industrial da China expandiu em janeiro graças ao crescimento estável da produção, à logística mais rápida e ao primeiro aumento nos novos pedidos de exportação desde junho, ajudando a elevar a confiança dos empresários a um pico de nove meses, segundo uma pesquisa do setor privado divulgada na quinta-feira.

O resultado positivo, entretanto, contrastou com uma pesquisa oficial no dia anterior, que mostrou que a atividade industrial contraiu novamente no mês passado devido à demanda persistentemente fraca.

Em conjunto, esses resultados apontam para uma economia ainda com baixo desempenho e que precisa de mais suporte.

O PMI de indústria da China do Caixin/S&P Global ficou em 50,8 em janeiro, inalterado em relação a dezembro e superando as previsões dos analistas de 50,6. A marca de 50 separa o crescimento da contração.

"A logística mais rápida, o aumento das compras e o aumento dos estoques refletiram a melhora na confiança das empresas", disse Wang Zhe, economista sênior do Caixin Insight Group.

No entanto, ele observou que o emprego permaneceu em contração, os níveis de preços foram moderados e "as pressões deflacionárias persistiram".

Autoridades na China enfrentam a tarefa assustadora de tentar revitalizar a economia diante de uma desaceleração do setor imobiliário, riscos de endividamento dos governos locais, pressões deflacionárias e uma demanda externa fraca.

Mas a pesquisa do Caixin ofereceu alguma esperança de que a demanda externa possa estar começando a melhorar, com os novos pedidos de exportação aumentando pela primeira vez desde junho do ano passado, embora marginalmente.

O índice de exportação pode ter sido afetado pelo Ano Novo Lunar, que cairá em 10 de fevereiro deste ano, já que as fábricas e os trabalhadores se prepararam para o envio de mercadorias antes do feriado.

Além disso, as previsões de uma demanda global mais forte, os investimentos planejados, o lançamento de novos produtos e os esforços de expansão para novos mercados levaram a confiança dos fabricantes ao seu ponto mais alto desde abril do ano passado.

 

 

 

Reportagem de Ellen Zhang e Ryan Woo / REUTERS

Com 50% de desconto no valor de avaliação, lance mínimo de R$ 19,4 milhões abrange estrutura completa com prédios industriais (blocos A, B, C), refeitório, galpões e estação de tratamento de efluentes

 

SÃO CARLOS/SP - A Globo Leilões está promovendo um leilão judicial que oferece a oportunidade de aquisição de um complexo industrial localizado em São Carlos, pertencente à Industrias R Camargo. 

Com desconto de 50% sobre o valor de avaliação, o lance mínimo estipulado é de R$ 19,4 milhões, abrangendo uma infraestrutura completa, que engloba prédios industriais (blocos A, B, C), refeitório, galpões e estação de tratamento de efluentes. O valor avaliado do complexo ultrapassa os R$ 38 milhões.

Com área total de 36.000m² e benfeitorias que totalizam cerca de 5.600m², o complexo industrial apresenta características essenciais para atividades industriais, incluindo portaria, prédios industriais, refeitório, galpões e estação de tratamento de efluentes.

Localizado estrategicamente próximo à Rodovia Washington Luiz (SP-310), na Avenida Capitão Luiz Brandão, em São Carlos, interior de São Paulo, o complexo oferece fácil acesso e visibilidade para potenciais interessados. 

O leilão, conduzido pela 1ª Vara Federal de São Carlos por determinação judicial, está em andamento na plataforma da Globo Leilões, disponível em www.globoleiloes.com.br.

A data de encerramento para os lances prevista é 10 de março, no entanto, caso seja apresentada uma proposta correspondente ao lance mínimo, o certame será encerrado antecipadamente.

Para mais informações e detalhes específicos do imóvel, os interessados podem acessar a plataforma da Globo Leilões.

Sobre a Globo Leilões:

A empresa se destaca como uma das principais leiloeiras no Brasil, oferecendo assessoria especializada para diversas outras empresas do ramo. A Globo Leilões incorpora princípios de responsabilidade social e ambiental em todas as suas operações. Além disso, mantém um compromisso com a satisfação do cliente, priorizando a excelência em seus serviços. Para obter mais informações, acesse: https://globoleiloes.com.br

ALEMANHA - O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria global avançou de 48,8 em outubro a 49,3 em novembro, informaram na última sexta-feira, 1º de dezembro, a S&P Global e o JPMorgan. A leitura continua, porém, abaixo da marca de 50, que separa expansão da contração da atividade nessa pesquisa.

Segundo relatório sobre o dado, o otimismo empresarial subiu, à medida que as perspectivas das empresas melhoraram, apesar da atual contínua incerteza do mercado e cautela com os custos.

 

 

ISTOÉ

LONDRES - A retração da atividade industrial da zona do euro diminuiu ligeiramente no mês passado, mas o setor permanece profundamente enraizado em território contracionista, levando as fábricas a reduzir os níveis de pessoal pelo sexto mês consecutivo.

O Índice Gerentes de Compras (PMI) final do HCOB para o setor industrial da zona do euro, compilado pela S&P Global, subiu para 44,2 em novembro, em comparação com 43,1 em outubro, acima da estimativa preliminar de 43,8. Uma leitura abaixo de 50 indica contração na atividade.

O subíndice que mede a produção subiu de 43,1 para 44,6.

"Novembro não foi dos mais bonitos, e isso não se refere apenas ao clima, mas também à situação do setor industrial da zona do euro", disse Cyrus de la Rubia, economista-chefe do Hamburg Commercial Bank.

"É claro que quase todos os subíndices melhoraram um pouco. Entretanto, as melhorias são, em sua maioria, tímidas, sem o dinamismo necessário para declarar uma tendência de alta", disse de la Rubia.

Os subíndices que abrangem a demanda, as exportações e os pedidos em atraso avançaram, mas permanecem firmemente abaixo do ponto de equilíbrio.

A demanda geral diminuiu pelo 19º mês, embora o índice de novos pedidos tenha subido de 39,0 para 41,5, um recorde de seis meses. A pesquisa sugeriu que os gerentes de fábrica não esperam uma grande recuperação, já que o número de funcionários foi cortado novamente.

O subíndice de emprego caiu para uma mínima não vista desde agosto de 2020, quando a pandemia de Covid-19 estava se consolidando sobre o mundo.

 

 

Reportagem de Jonathan Cable / REUTERS

BRASÍLIA/DF - As vendas da indústria brasileira de máquinas e equipamentos em setembro somaram R$ 25,08 bilhões, uma queda de 16,5% em relação ao mesmo mês do ano passado.

Em comparação a agosto, a diminuição foi de 10,8%. No acumulado do ano, de janeiro a setembro, as vendas totalizaram R$ 219,5 bilhões, 9,5% abaixo do registrado no mesmo período de 2022. Os dados, divulgados na terça-feira (31), são da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

O setor vendeu ao exterior, no mês de setembro, US$ 1,16 bilhão em equipamentos, montante 11,7% superior ao registrado no mesmo mês de 2022. Em relação a agosto, no entanto, as exportações foram 20,7% menores. No acumulado do ano, de janeiro a setembro, as vendas ao exterior somaram US$ 10,4 bilhões, 17,3% acima do registrado no mesmo período do ano passado.

“Dados do mês de setembro de 2023 registraram queda na receita líquida de vendas em relação ao mês de agosto, anulando parte do crescimento observado em relação ao mês de julho. Em relação ao mesmo mês do ano anterior também houve queda em razão da fraqueza nas atividades do mercado doméstico. Já as exportações, mesmo com a desaceleração no mercado global e valorização do real, registraram expansão ante ao mesmo mês do ano anterior”, destacou a entidade, em nota.

As importações totalizaram US$ 2,1 bilhões em agosto, 17,3% abaixo do registrado em julho, e 6,8% a menos em relação ao mesmo mês do ano anterior. No acumulado do ano (janeiro a setembro), as compras do exterior chegaram a US$ 20,3 bilhões, 11,2% acima do registrado no mesmo período de 2022.

 

 

Por Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil

CHINA - A atividade industrial na China registrou contração em outubro, após uma leve recuperação em setembro, segundo os dados oficiais divulgados nesta terça-feira.

O índice de gestão de compra do setor industrial – um indicador crucial da produção industrial – foi de 49,5 em outubro, abaixo da marca de 50 pontos que separa a expansão da contração, informou o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS).

O indicador atingiu o terreno positivo (50,2) em setembro, depois de cinco meses consecutivos de queda.

“Em outubro (…) a prosperidade do setor industrial voltou manufatureiro voltou a registrar queda”, afirmou o NBS.

A segunda maior economia do planeta enfrenta uma recuperação incerta após a pandemia de covid-19, com um consumo interno frágil e uma crise do setor imobiliário que afetam o crescimento.

Pequim anunciou na semana passada que emitirá um trilhão de yuanes (137 bilhões de dólares, 685 bilhões de reais) em títulos soberanos para impulsionar os gastos em infraestruturas, o mais recente de uma série de estímulos econômicos.

A economia da China cresceu 4,9% no terceiro trimestre, acima do esperado. As autoridades do país estabeleceram a meta de 5% para 2023, que seria um dos menores índices em várias décadas.

 

 

ISTOÉ DINHEIRO

WASHINGTON - A produção nas fábricas dos Estados Unidos aumentou mais do que o esperado em setembro, apesar das greves na indústria automobilística que reduziram a produção de veículos, o que é mais uma evidência de que a economia saiu do terceiro trimestre com ímpeto.

A produção industrial aumentou 0,4% no mês passado, informou o Federal Reserve nesta terça-feira. Os dados de agosto foram revisados para baixo, mostrando uma queda de 0,1% na produção das fábricas, em vez de um aumento de 0,1%, conforme informado anteriormente. Economistas consultados pela Reuters previam que a produção das fábricas aumentaria 0,1%.

A produção caiu 0,8% em uma base anual em setembro. Ela ficou inalterada no terceiro trimestre. A produção industrial de bens duráveis cresceu a uma taxa anualizada de 2,3%, que foi compensada por um ritmo de declínio de 2,4% na produção não durável.

A produção de veículos automotores e peças aumentou 0,3% no mês passado, depois de ter caído 4,1% em agosto.

Apesar do bom desempenho do mês passado, o setor de manufatura continua limitado pela desaceleração da demanda por produtos devido às taxas de juros mais altas. Desde março de 2022, o Federal Reserve aumentou sua taxa de juros de referência em 5,25 pontos percentuais para a faixa atual de 5,25% a 5,50%.

 

 

Por Lucia Mutikani / REUTERS

INGLATERRA - O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial do Reino Unido subiu de 43 em agosto para 44,3 em setembro, conforme dados finais publicados nesta segunda-feira, 2, pela S&P Global em parceria com a CIPS.

O resultado definitivo de setembro ficou levemente acima da estimativa preliminar e da previsão de analistas consultados pela FactSet, de 44,2 em ambos os casos.

Apesar do avanço do PMI, a leitura bem abaixo da marca de 50 indica que a atividade manufatureira britânica ainda se contrai em ritmo significativo.

 

 

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