SÃO CARLOS/SP - O Comitê Emergencial de Combate ao Coronavírus se reuniu na tarde da última segunda-feira (22/02), no Paço Municipal, com representantes da Santa Casa, do Hospital Universitário (HU), da Unimed e do DRS III (Diretoria Regional de Saúde) para discutir os números da COVID-19 na cidade e região com o aumento de casos positivos e de internação.
Participaram da reunião drª Carolina Toniolo Zenatti, infectologista e coordenadora do SCIRAS (Serviço de Controle de Infecção Relacionada à Assistência em Saúde) da Santa Casa, Drº Ivan Linjardi e Drº Paulo Mota, respectivamente vice-presidente e diretor Técnico da Unimed, a infectologista do Hospital Universitário (HU), drª Bárbara Martins e a diretora Sônia Regina Souza Silva do DRS III que participou de forma remota.
A Santa Casa apresentou uma análise da evolução da média móvel de São Carlos. Durante o ano de 2020, a média de casos nunca ultrapassou 40 novos casos. Na primeira quinzena de janeiro, esse valor se elevou em até 3 vezes, sendo que a média no dia 18 de fevereiro chegou a 110 novos casos. O aumento de novos casos vem acompanhando do crescente na média móvel de óbitos: a cidade chegou a registar até 3 óbitos em um mesmo dia, cenário muito diferente de 2020 quanto ficou até 10 dias sem novas mortes.
Outro dado importante é a elevada taxa média de permanência em UTI: hoje um paciente com COVID-19 fica em média 18 dias em leito de terapia intensiva. Um paciente internado em UTI geral por outros motivos, como por exemplo infarto, fica em média 3 dias.
A elevação do número de casos e a saturação dos serviços de saúde em cidades vizinhas como Araraquara e Jaú foi outro assunto discutido. Foram montados mais 12 leitos de terapia intensiva na Santa Casa de São Carlos. Porém, desde a inauguração, as unidades de terapia intensiva mantêm mais de 75% de ocupação.
A infectologista da Santa Casa, Drª Carolina Toniolo Zenatti, também expôs a preocupação do hospital quanto aos leitos de terapia intensiva. “Desde o dia 18 de fevereiro, a Santa Casa de São Carlos conta com 30 leitos de terapia intensiva dedicados a pacientes com COVID-19. Tal medida foi a solução encontrada para lidar com o aumento expressivo do número de casos e, consequentemente, de internações na cidade e região desde o início do ano, porém os leitos já estão funcionando, mas já próximos da ocupação máxima”, alerta a coordenadora do SCIRAS.
Já a infectologista drª Bárbara Martins do HU, revela que o hospital vem desde o início desse ano constantemente com 100% de ocupação. “Temos 10 leitos de UTI/SUS e quando um paciente recebe alta, já temos outro esperando a vaga”.
Desde o início da pandemia o HU já recebeu pacientes, fora os de São Carlos, de Américo Brasiliense, Tabatinga, Santa Rosa do Viterbo, Santa Lúcia, Porto Ferreira, Ituiutaba, Ibitinga, Ibaté, Gavião Peixoto, Dourado, Descalvado, Boa Esperança do Sul e de Araraquara.
Já o vice-presidente da Unimed, Drº Ivan Linjardi, disse que esse ano de 193 pacientes internados, 132 já chegaram com diagnóstico positivo para COVID-19 e 15 pacientes foram a óbito. “Percebemos que a faixa etária dos pacientes vem baixando. Hoje a faixa etária dos 41 a 60 anos representa 23% dos atendimentos”, afirmou o vice-presidente da Unimed.
Também foram discutidas a aplicação de testagens mais rápidas que o RT-PCR, como o teste de antígeno para COVID-19 realizado para identificar a infecção e mesmo o GeneXpert, o mesmo que já era utilizado para outros testes moleculares rápidos como a pesquisa de Influenza.
Para o coordenador do Comitê Emergencial de Combate ao Coronavirus, Mateus de Aquino, a reunião foi muito importante para todos. “A DRS III também participou da reunião e vamos aguardar o pronunciamento do governador João Doria nesta quarta-feira (24/02) para definirmos novas medidas. “Sabemos que a situação na região está muito preocupante e isso não exclui São Carlos. O que estamos vendo é que os números não estão diminuindo, ao contrário, cada dia temos mais positivados e os óbitos estão em alta. Vamos aguardar qual serão as austeras medidas do Governador e uma nova reunião com coletiva à imprensa deve acontecer nos próximos dias”, finaliza o coordenador.
NOVA VARIANTE – Os hospitais foram informados que a Secretaria de Saúde, por meio do Departamento de Vigilância em Saúde, está verificando junto a diretoria do Departamento de Medicina Tropical da USP para ver se a instituição aceita exames (aleatórios) para realizar o sequenciamento das amostras para comprovação da Cepa de Manaus.
De acordo com Crislaine Mestre, diretora de Vigilância em Saúde, para enviar exames para sequenciamento o Instituto Adolfo Lutz (IAL) exige dois casos suspeitos de reinfecção com duas ou mais detecções de PCR com intervalo de 90 dias ou mais entre o primeiro e o segundo episódio, sendo necessário, inicialmente notificar o GVE (Grupo de Vigilância Epidemiológica), através da ficha E-SUS ou SIVEP (Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe), com laudos laboratoriais dos dois exames e relatório dos casos.