EUA - É forte a recuperação do comércio mundial. O Barômetro do Comércio de Mercadorias, calculado pela Organização Mundial do Comércio (OMC) desde 2016, atingiu o nível recorde de 110,4 pontos em julho. A alta de mais de 20 pontos nesse indicador em um ano é interpretada pela OMC como indicação do vigor da retomada das trocas comerciais após o período de maior impacto da pandemia sobre a economia mundial. Mas mostra igualmente a intensidade com que a crise sanitária afetou o comércio mundial em 2020.
A evolução desse indicador – que fornece informações em tempo real do comércio internacional e antecipa os resultados efetivos das exportações mundiais – sugere, na interpretação da OMC, que o auge das trocas comerciais ainda não foi alcançado. Ou seja, nos próximos meses, o barômetro pode alcançar níveis mais altos.
Houve alta em todos os componentes do índice da OMC. Isso mostra que a recuperação está disseminada pelos vários segmentos do comércio internacional. Subiram, por exemplo, os índices de frete aéreo (que alcançou 114 pontos), de transporte de contêineres (110,8) e de matérias-primas (104,7). Esses segmentos registraram alta maior do que a do índice geral.
O índice de produção e vendas de automóveis igualmente subiu, mas mostrou desaceleração bastante sensível em julho. O resultado foi influenciado pelo declínio da produção em alguns países. A queda tem sido provocada pela falta de componentes, os semicondutores, no mercado mundial, o que tem forçado a paralisação de linhas de montagens de diferentes empresas e países. O índice de componentes eletrônicos foi o único dos que integram o barômetro a registrar queda em julho.
Essa escassez de semicondutores pode ser o sinal de que a recuperação do comércio mundial, embora ainda vigorosa, pode estar perdendo força, de modo que, após atingir seu auge em breve, o barômetro da OMC deve começar a cair.
Mesmo assim, a OMC não vê inconsistências em sua mais recente projeção, de que o comércio mundial de mercadorias deverá crescer 8% em volume neste ano, na comparação com os resultados de 2020. No primeiro trimestre do ano, o aumento foi de 5,7% na comparação com 2020, o melhor resultado desde o terceiro trimestre de 2011.
*Por: ESTADÃO