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Mulheres do Século XXI: Quem Somos Nós?

Escrito por  Mar 08, 2022

SÃO CARLOS/SP - Em 1975, o dia 8 de março foi instituído como Dia Internacional da Mulher pelas Nações Unidas. Atualmente a data é comemorada em mais de 100 países.

Em 24 de fevereiro de 1932, nós, mulheres brasileiras, conquistamos o direito de votar. Há exatos 90 anos, em um tempo em que a participação feminina era relegada a planos inferiores, elas conseguiram esta importante conquista. Como a história evoluiu? Muitas antecessoras nos deixaram um legado que tem iluminado o nosso caminho. Podemos recordar de Indira Gandhi, de Madre Teresa de Calcutá, e aqui mais próximo de nós da Irmã Dulce, da Cecília Meireles, da Rachel de Queiroz, de Cora Coralina, de Lya Luft, da Clarice Lispector e de muitas outras artistas e intelectuais como Tarsila do Amaral, Djanira, Patrícia Galvão (Pagu), Guiomar Novais, Anita Malfatti, mulheres guerreiras, cujos exemplos nos mostram a importância de ampliar a vida na vida dos demais. Elas são imortais!

Como temos levado avante esses legados e o que temos feito para construir um futuro melhor para as próximas gerações?

Onde estão as raízes da nossa geração? Gosto muito da imagem dos índios Apinagés que situam os velhos na parte de baixo da árvore genealógica, porque eles são a “raiz” da sociedade. E como tal, estão no fundo da terra e não no alto do céu. A visão dos índios é pertinente e, a mais realista e estimulante que a nossa. Os velhos não estão num plano superior, mas num nível original como pilares e alicerces da sociedade. Eles são fundadores, são os pés e as pernas da família e moradas que formam o seu povo (retirado da crônica de Roberto Damatta, no jornal O Estado de S.Paulo de 14 de abril de 2021 - Doenças, Morte e Velhice. As velhas árvores, como os anciãos da aldeia, nunca devem ser cortadas nem deixadas à míngua. Todas nós temos dentro de nós essas raízes da ancestralidade, que nos fortalece para dar energia às árvores que formamos e que dão origem a bons frutos e colheitas. Todas nós estamos lutando para nos tornarmos fontes de semeadura, cujo lançamento de sementes procura espaço, e viajam além das nossas fronteiras. Vamos jogando as sementes por onde passamos.

Minha história com as mulheres e comigo mesma, passou a contar com uma intensa vontade de superar individual e coletivamente nossas limitações Muitas de nós fomos colocadas em lugar de fragilidade e dependência por muito tempo, deixando para trás o vigor de um feminino autêntico. Neste tempo de transformações que vivemos, nós mulheres temos superado desafios considerados intransponíveis. Basta lançar nosso olhar para as mulheres guerreiras que enterraram seus maridos e filhos mortos pelas pandemias do H1 N1, e do Omicron sem ao menos poderem se despedir deles, chorando isoladamente a dor das perdas. E agora, mais recentemente, nas enchentes que devastaram as cidades buscam desesperadamente pelos corpos dos seus entes queridos. E elas próprias sem terem onde morar. É de cortar o coração!  Temos assistido também consternados, as imagens da luta das mulheres afegãs que estão abandonando o país com seus filhos, deixando para trás seus maridos, convocados para lutar pela preservação do país. Guerras que aniquilam pessoas e trazem traumas profundos principalmente para as crianças. Formulamos votos pelo restabelecimento da paz, de uma paz sincera e perdurável.

Em um país de 213,3 milhões de habitantes, somos maioria (51,8%). Sobrevivemos sete anos a mais que os homens. A sobrevida tem aumentado e com ela as consequências de envelhecer em um país desigual. Temos visto muitas famílias morando nas ruas, em habitações nas encostas, ou mesmo nas comunidades, sem infraestrutura de saneamento básico e sujeitos às intempéries do clima. Outros problemas fazem parte do cotidiano dessas mulheres, violência doméstica, discriminação, salários mais baixos (40% das famílias brasileiras são sustentadas por mulheres), dupla ou tripla jornada de trabalho, fome.

São a essas mulheres que no dia de hoje, rendo minha homenagem e o meu mais profundo respeito, pela valentia de lutar por suas vidas e a dos seus descendentes, de vencer os desafios do seu cotidiano, num ato de bravura decisiva, um ato que encarna a compaixão, um ato de amor, São essas mulheres que estão ensinando aos jovens a capacidade de superação. Esses ensinamentos se estendem muito adiante, dando a verdadeira vida da mulher sábia e vencedora.

“Por elas que continuem sempre a nos ensinar a amar este mundo e todos os seres que nele estão da forma que mais importa para a Alma.

Por elas que sempre sejam mantidas em segurança, alimentadas por muitas fontes, que sempre recebam demonstrações de amor e gratidão, que mantenham sua alma vicejante a céu aberto para que todos vejam”. (retirado do livro A Ciranda das Mulheres Sabias de Clarissa PinkolaEstés)

Minha gratidão!  Minha admiração! Salve mulheres do século XXI!

 

 

Por Sandra Márcia Lins de Albuquerque

Redação

 Jornalista/Radialista

Website.: https://www.radiosanca.com.br/equipe/ivan-lucas
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