Saúde da pessoa idosa
Em primeiro lugar, foi homenageada a pesquisa com o tema "Rastreio da sarcopenia e fraqueza muscular respiratória em idosos hospitalizados em um Hospital Universitário do interior de São Paulo - uma contribuição para a intervenção", da bolsista Ana Caroline Simões da Silva, com orientação da professora Adriana Sanches Garcia de Araújo, do Departamento de Fisioterapia (DFisio) da UFSCar, e coorientação de Marcelo de Oliveira. O trabalho analisou a redução da massa muscular em 28 idosos atendidos na enfermaria de Clínica Médica do HU-UFSCar, sendo 18 homens e 10 mulheres, com idades entre 60 e 93 anos. Essa fraqueza muscular também pode ter repercussão respiratória, outra questão verificada na pesquisa.
Dentro do período de coleta, entre junho de 2022 e março de 2023, testes funcionais foram realizados (velocidade de marcha, aferição da força muscular periférica e respiratória), além de questionários que avaliavam também o risco de desnutrição e déficit cognitivo. 52% dos participantes apresentaram sarcopenia, quatro de forma severa. No teste de fraqueza muscular respiratória, apenas seis homens conseguiram fazer e, entre eles, cinco apresentaram suspeita de fraqueza; quatro mulheres puderam fazer e três registraram a suspeita.
A orientadora reforça que esses resultados trazem uma reflexão importante para sistematizar, na prática clínica, a avaliação da sarcopenia: "Entendendo o impacto da hospitalização e implementando ações precoces de intervenção tanto de rastreio quanto de prevenção para melhorar a força muscular desses idosos". Para a estudante de fisioterapia, o estudo permitiu um aprimoramento da prática fisioterapêutica. "Cresci imensamente enquanto estudante e futura profissional, aprendendo o contato e a abordagem do paciente e a experiência hospitalar. Fazer a Iniciação Cientifica mudou bastante a minha experiência na graduação", ressalta a jovem pesquisadora.
Consequências da covid-19
"Avaliação da capacidade funcional e persistência de sintomas em pacientes após 12 meses da alta hospitalar por Covid-19" foi o trabalho que conquistou o segundo lugar no Congresso. Realizado pela bolsista Lívia Maria Petilli Zopelari, com orientação da professora Valéria Amorim Pires di Lorenzo, do DFisio da UFSCar, e coorientação de Tathyana Emília Neves de Figueiredo, fisioterapeuta do HU-UFSCar, a pesquisa avaliou 35 pacientes que tiveram a doença, internados em um período médio de 5 a 15 dias, observando a capacidade funcional e a persistência dos sintomas após um ano da alta hospitalar.
Foram avaliados aspectos como sentar, levantar, equilíbrio, velocidade da marcha, além da força muscular dos membros inferiores desses pacientes. Uma primeira etapa de entrevistas por videoconferência foi feita para entender quais atividades diárias eram realizadas por essas pessoas, além dos testes presenciais (Short Physical Performance Battery - SPPB e a Dinanometria Manual Portáril do Quadríceps - MicroFet). Como resultados, 17 pacientes apresentaram fraqueza muscular, 14 com fadiga severa, nove com fadiga leve e 18 com dispneia (sensação de falta de ar), trazendo prejuízos para a qualidade de vida desse público analisado.
A pesquisa trouxe para os pacientes, explica Lívia Zopelari, um perfil da capacidade funcional. Todos os participantes receberam o relatório com os seus resultados, assim como orientação para buscar o serviço de reabilitação a fim de trazer melhorias para seu cotidiano. "Participar desse projeto foi muito proveitoso, acadêmica e profissionalmente", reflete a estudante.
A orientadora destaca que o processo da pesquisa foi enriquecedor e, com esse reconhecimento, há também o fortalecimento da área de estudo: "Considero que é um mérito acadêmico, profissional e de pesquisa, mas, acima de tudo, de reconhecer o impacto que o trabalho tem na sociedade, valorizando os alunos, os profissionais envolvidos e os usuários do Hospital Universitário. A sociedade usufrui do benefício das pesquisas".
Qualidade de vida de idosos e de seus cuidadores
Em terceiro lugar, o trabalho "Avaliação multidimensional da pessoa idosa e de seus cuidadores atendidos no Ambulatório de Gerontologia do Hospital Universitário da UFSCar" buscou identificar o perfil sociodemográfico e de saúde clínica desses públicos analisados. A pesquisa foi realizada pela estudante do curso de Gerontologia da UFSCar Mariane Teixeira Machado, com orientação da profesora Aline Cristina Martins Gratão, do Departamento de Gerontologia (DGero) da UFSCar, e coorientação da professora Ana Carolina Ottaviani.
De acordo com a orientadora, a avaliação multidimensional envolve aspectos físicos, sociais e mentais. Foram registrados, portanto, dados de idade, escolaridade, etnia, avaliação de saúde (doenças prévias, diagnósticos, histórico, uso de medicamentos etc.), dependência física (comer, tomar banho, arrumar a casa), avaliação das atividades instrumentais da vida (pagar conta, usar transportes, medicação), sintomas depressivos e de déficit cognitivo (memória, linguagem, aprendizagem).
Ao todo, 54 pacientes e 32 cuidadores foram avaliados, entre janeiro de 2022 e abril de 2023. Como principais resultados, o perfil demográfico mais prevalente foi de mulheres (54,7%), com idade média de 75 anos, com 20 mulheres apresentando alta vulnerabilidade clínica, enquanto 15 homens apresentaram essa vulnerabilidade.
Dos cuidadores, a prevalência foi de mulheres (81,3%), com média de idade de 56,1 anos, com grau de parentesco predominante de filha(o), em que 50% deles apresentaram sobrecarga decorrente desse cuidado. A pesquisa contribuiu, então, para traçar o perfil dessa parcela da população atendida pelo Ambulatório de Gerontologia.
"A melhor forma de compreendermos esse cenário de aumento do envelhecimento da população brasileira é começar pelo perfil sociodemográfico. Com base nisso, conseguimos pensar as intervenções para essa parcela da população", sintetiza a estudante. Sobre a trajetória da pesquisa, ela afirma que foi um período de crescimento pessoal e acadêmico: "Todo o conhecimento que adquirimos na graduação, consegui aplicar na prática. Eu me vi como futura profissional nessa pesquisa", resume.
A orientadora destaca que a pesquisa trouxe conclusões importantes para o planejamento de ações para os idosos e cuidadores. "Por exemplo, baseados nesses resultados, já criamos a oficina de estimulação cognitiva no Ambulatório", referindo-se ao grupo que já está em funcionamento há seis meses, com pelo menos 30 idosos e acompanhantes. "Se conseguimos identificar o perfil dos pacientes - e foi isso o que a pesquisa pretendeu - conseguimos planejar ações efetivas e necessárias para aquele público atendido", garante.
Valorização do conhecimento científico
Durante o 1º Congresso de Iniciação Científica do HU-UFSCar, além dos três trabalhos premiados, outras sete pesquisas foram apresentadas. Os temas abordados por elas foram: dor pediátrica; tratamento da depressão; perfil clínico e epidemiológico de pacientes do Ambulatório de Neurologia; síndrome de realimentação em pacientes idosos; capacidade física e da função vascular em pacientes com descompensação da insuficiência cardíaca; promoção da saúde de colaboradores do Hospital; e o impacto do uso de aplicativos para acompanhar pacientes com diabetes na gestação.