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Pesquisa da UFSCar analisa força da mão e sua relação com limitação de mobilidade

Escrito por  Mar 06, 2021

Resultados do estudo permitem o diagnóstico precoce em relação à mobilidade de idosos, possibilitando o desenvolvimento de estratégias para sua manutenção

 

SÃO CARLOS/SP - A identificação precoce de limitação da mobilidade em pessoas idosas é um importante alerta para incidência de incapacidade física, quedas, hospitalização, necessidade de institucionalização precoce e, até mesmo, risco de morte.

Essa identificação pode ser feita por meio de teste que mede o tempo necessário para a pessoa percorrer uma determinada distância. Por desempenhar papel importante na velocidade de caminhada, a força muscular vem sendo apontada como a melhor forma de discriminar quem tem ou não limitação da mobilidade.

Em Gerontologia, a medida da força da mão vem sendo amplamente utilizada como representante da força muscular geral, por ser uma medida segura e de fácil aplicação. Estudos têm proposto distintos pontos de corte da força da mão para identificar pessoas idosas com limitação da mobilidade, ou seja, o valor abaixo do qual é caracterizada a limitação. Os valores mais utilizados e aceitos até o momento da força de mão que identificam a limitação de mobilidade são menores que 26/27 quilos para homens e menores que 16 quilos para mulheres. Entretanto, esses pontos de corte têm sido considerados baixos para a prática clínica e apresentam limitações nas análises de acurácia, ou seja, nas propriedades que definem a capacidade de diferenciar indivíduos com ou sem limitação da mobilidade.

Dessa forma, um estudo realizado por pesquisadores vinculados ao Departamento de Gerontologia (DGero) e aos programas de pós-graduação em Gerontologia (PPGGero) e em Fisioterapia (PPGFt) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) comparou a precisão de todos os pontos de corte já registrados na literatura e revelou, por meio de testes de força, que valores menores que 32 quilos para homens e menores que 21 quilos para mulheres mostraram melhor acurácia. "Uma vez que esses valores foram testados dentre suas propriedades de acurácia (precisão), escolher valores mais altos, como os que apresentamos, implica em aumentar as chances de identificar os idosos que têm ou podem desenvolver limitação de mobilidade mais precocemente. Ao optar por valores mais baixos, como os já utilizados, essa identificação é tardia, ou seja, são grandes as chances de a mobilidade já estar comprometida para esses indivíduos. Por isso os valores mais altos que encontramos são mais interessantes à prática clínica e respectivas intervenções", explica Tiago da Silva Alexandre, docente do DGero.

O estudo é fruto da pesquisa de iniciação científica, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), realizada pelo bacharel em Gerontologia Maicon Luís Bicigo Delinocente, sob orientação de Alexandre. O docente também conta com financiamento do CNPq e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para suas atividades de pesquisa. 

O projeto também inclui parceria com pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da Escola de Enfermagem e da Faculdade de Saúde Pública, todas da Universidade de São Paulo (USP), e da University College London (da Inglaterra). Os resultados foram publicados no periódico Archives of Gerontology and Geriatrics (http://bit.ly/3q1kXuB).

A pesquisa foi realizada com uma amostra de 5.783 pessoas, com 60 anos ou mais, selecionadas pelo English Longitudinal Study of Ageing (Elsa - Estudo Longitudinal Inglês de Envelhecimento), em Londres, na Inglaterra, e pelo estudo Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (Sabe), no município de São Paulo. Alexandre é, também, coordenador do International Collaboration of Longitudinal Studies of Aging (InterCoLAging), um consórcio de estudos longitudinais que inclui dados epidemiológicos do Brasil e da Inglaterra.

"Por meio de um processo de amostragem probabilística, essas pessoas foram selecionadas e convidadas a responder ao questionário, que envolveu perguntas acerca de características sociodemográficas, hábitos comportamentais e condições clínicas. Além disso, realizaram testes antropométricos [de medida das dimensões corporais], medidas de desempenho físico e coletas de amostras de sangue. Essas pessoas foram contactadas com determinada periodicidade para reavaliação", detalha Alexandre.

Após a aplicação do estudo junto às pessoas voluntárias, os pesquisadores detectaram os melhores valores de força da mão para diferenciar pessoas com e sem limitação de mobilidade. O estudo mostrou que homens idosos com força da mão menor que o indicador identificado têm 88% mais chances de apresentar limitação de mobilidade, e as mulheres 89%.

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Com o diagnóstico precoce, é possível desenvolver estratégias para a manutenção da força, ou até mesmo aumentá-la, reduzindo a chance de limitação de mobilidade.

"Dentre as intervenções mais comuns, bem aceitas e amplamente reportadas na literatura estão uma dieta balanceada e rica em proteínas e o treino resistido, conhecido como musculação. Só ressaltamos que toda e qualquer intervenção deve ser acompanhada por profissionais, respeitando as particularidades de cada idoso", alerta.

Redação

 Jornalista/Radialista

Website.: https://www.radiosanca.com.br/equipe/ivan-lucas
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