SÃO PAULO/SP - Apesar desse domínio, a programação oferece outras estreias em circuito mais restrito, incluindo duas biografias musicais: uma produção francesa inspirada na vida de Céline Dion e um drama de época brasileiro sobre Celly Campello, pioneira do rock nacional.
A animação “Lightyear”, que destaca um personagem da franquia “Toy Story”, é o principal lançamento dos cinemas nesta quinta (16/6) com uma distribuição em cerca de 1,4 mil salas.
Há também um suspense francês e um policial brasileiro bastante tensos. “A Suspeita”, por sinal, rendeu o prêmio mais recente da carreira de Glória Pirez.
A lista ainda contempla dois documentários: sobre o cantor George Michael, co-dirigido pelo próprio, e sobre a cobertura política da “Vaza Jato”.
Confira abaixo o trailer e mais detalhes dos sete filmes que entram em cartaz.
Em seu filme solo, o famoso personagem de “Toy Story” não é um brinquedo, mas um astronauta de verdade. Na trama, ele embarca numa aventura sci-fi legítima – e bem convencional – com direito a viagem espacial e no tempo ao “infinito e além”, à origem do conflito com o vilão Zurg e principalmente ao primeiro beijo lésbico da história da Disney – que ocasionou o banimento do filme em países conservadores.
Para diferenciar a produção, o personagem mudou de design e até de voz. Dublador oficial de Buzz Lightyear em “Toy Story”, Tim Allen deu lugar a Chris Evans, o Capitão América do MCU (Universo Cinematográfico da Marvel). No Brasil, também houve mudança, com o apresentador Marcos Mion assumindo a dublagem de Guilherme Briggs.
A direção é de Angus MacLane, animador da Pixar que co-dirigiu “Procurando Dory” e também já trabalhou com “Toy Story” – assinou dois curtas da franquia e animou “Toy Story 3”.
| ALINE – A VOZ DO AMOR |
O drama musical francês é inspirado na vida de Céline Dion. Escrito, dirigido e estrelado pela francesa Valerie Lemercier (“50 São os Novos 30”), acompanha “Aline Dieu”, uma cantora fictícia que tem uma vida bastante parecida com a da intérprete da música-tema de “Titanic”.
A trama narra a trajetória da artista desde a infância no Canadá, na região do Quebec durante a década de 1960, passa por sua transformação em cantora nos anos 1980 e segue até atingir seu estrelato mundial, enfatizando seu romance e seu casamento com o empresário bem mais velho que a descobriu. Na vida real, Céline se casou com o homem que a descobriu e apostou tudo no seu sucesso, René Angélil, falecido em 2016.
Lemercier venceu o César (o Oscar francês) de Melhor Atriz por sua interpretação.
| UM BROTO LEGAL |
O filme conta a história da primeira estrela do rock brasileiro: Celly Campello, responsável por hits como “Banho de Lua” e “Estúpido Cupido” em 1959.
O papel da jovem Célia, que começou a cantar na adolescência em Taubaté, interior de São Paulo, à sombra do irmão Tony, antes de ter seu próprio programa na TV Record, marca a estreia no cinema da atriz Marianna Alexandre, de trajetória no teatro musical. Ela está ótima, mas o filme dirigido por Luís Alberto Pereira (“Tapete Vermelho”) não aprofunda as dificuldades enfrentadas por Celly ao cantar rock num período muito conservador – e tão bem retratado por figurinos e cenografia – , dando à cinebiografia a aparência de uma novela de época juvenil.
| A SUSPEITA |
Glória Pires foi premiada no último Festival de Gramado como Melhor Atriz pelo desempenho neste filme, em que interpreta uma policial diagnosticada com Alzheimer. Enquanto se conforma com sua aposentadoria, a investigação de seu último caso aponta um esquema que pode torná-la suspeita de assassinato. Logo, ela percebe que precisará encontrar o verdadeiro culpado, enquanto luta contra os lapsos de memória e recusa os conselhos de pegar leve.
Diretor de novelas da Globo, Pedro Peregrino fez sua estreia no cinema à frente deste thriller policial, que foi escrito por dois roteiristas experientes, Newton Cannito (“Bróder”, “Reza a Lenda”) e Thiago Dottori (“VIPs” e “Turma da Mônica: Laços”), em parceria com a produtora Fernanda De Capua (“Domingo”).
| ARMADILHA EXPLOSIVA |
O thriller francês de confinamento se passa quase totalmente em torno de um carro no interior de um estacionamento. Sentada no assento do motorista, a protagonista, vivida por Nora Arnezeder (“Zoo”), percebe a contagem regressiva de uma bomba no painel do veículo. Ela é uma especialista em descarte de bombas, que trabalha para uma ONG com o namorado, mas desta vez qualquer erro pode custar não apenas sua vida, mas de seu filho e a filha do namorado, sentados no banco traseiro. Com apenas 30 minutos para impedir a explosão, ela convoca a equipe com quem trabalha para desativar a armadilha.
Roteiro e direção são de Vanya Peirani-Vignes, que assina seu primeiro longa após trabalhar como assistente do mestre Claude Lelouch em cinco filmes.
| GEORGE MICHAEL FREEDOM UNCUT |
Descrito como “profundamente autobiográfico”, o documentário é ancorado em depoimentos inéditos de George Michael, gravados antes de sua morte em 2016. O cantor esteve bastante envolvido com a produção, a ponto de ser creditado como co-diretor.
Na obra, ele pondera o período “turbulento” a partir do lançamento de seu álbum mais bem-sucedido, “Faith”, vencedor do Grammy em 1987, e seu disco de 1990, “Listen Without Prejudice: Vol. 1”, de onde saiu “Freedom 90”, música que batiza o filme. Durante o lançamento desse álbum, Michael entrou em conflito com a Sony e, em consequência, a divulgação foi prejudicada pela gravadora e pelo próprio cantor. Para completar, ele teve uma grande perda pessoal logo em seguida: a morte precoce de seu primeiro amor, o estilista brasileiro Anselmo Feleppa, por Aids em 1993.
| O AMIGO SECRETO |
O documentário aborda o vazamento de mensagens de integrantes da Operação Lava-Jato, crime que ficou conhecido como “Vaza-Jato”. Dirigido por Maria Augusta Ramos, que fez “O Processo”, sobre o impeachment de Dilma Rousseff, o filme traz depoimento de alguns dos jornalistas que trabalharam na cobertura e publicações das mensagens em 2019, entre eles Leandro Demori, do site The Intercept Brasil, e Marina Rosse, do El País Brasil.
Trabalho de hackers que foram presos pela Polícia Federal, o vazamento ajudou a livrar Luis Inácio Lula da Silva da condenação por corrupção e jogou dúvidas sobre os julgamentos do juiz Sergio Moro, considerado suspeito pelo Supremo Tribunal Federal (STF).