SÃO PAULO/SP - O ex-ministro Sergio Moro (União Brasil) disse que o STF (Supremo Tribunal Federal) perdeu “força e legitimidade frente à opinião pública”.
Segundo o ex-juiz, o mensalão e a Lava Jato foram “os melhores momentos” da Corte. Mas Moro afirma que decisões de ministros “enfraqueceram o combate à corrupção”.
Moro falou sobre o que avalia ser uma perda de “legitimidade” do Supremo ao responder, em entrevista publicada no jornal O Estado de S. Paulo no domingo (19), sobre a criação de uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que prevê a derrubada de decisões não unânimes do Supremo.
A proposta é do deputado Domingos Sávio (PL-MG) e já reuniu pelo menos 45 assinaturas no Congresso.
Moro também falou sobre a anulação das condenações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A decisão é relacionada às ações penais que envolvem os casos do tríplex do Guarujá, do sítio de Atibaia, além da sede e das doações ao Instituto Lula.
A anulação proferida pelo STF em abril de 2021 permitiu ao petista disputar a eleição presidencial deste ano.
“Ninguém praticou nenhum crime para condenar ninguém. Nós éramos competentes para julgar aquele caso. O Supremo mudou sua jurisprudência dizendo que era da Justiça Eleitoral e anulou o caso. Culpar os procuradores e juízes que fizeram seu trabalho é um absurdo”, disse Moro.
O ex-ministro avaliou que a liderança de Lula nas pesquisas eleitorais é “um grande erro”. “[É] um grande risco colocar alguém que foi condenado por corrupção em 3 instâncias e foi beneficiado por um erro judiciário numa posição dessa e com perspectiva de poder”, afirmou.
A última pesquisa PoderData, realizada de 5 a 7 de junho de 2022 e divulgada em 8 de junho, mostra o petista com 43% das intenções de voto no 1º turno. O presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece com 35%. A distância entre os 2 líderes é de 8 pontos.
Já a única representante da chamada 3ª via, a senadora Simone Tebet (MDB-MS), teve 1%.
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Moro analisa a polarização entre Bolsonaro e Lula como “uma cegueira” do Brasil que “foi se acentuando” com o tempo. “Nenhuma candidatura da 3ª via conseguiu se destacar até o momento”, disse o ex-ministro.
Ele também faz uma avaliação de seu projeto para se candidatar a presidência da República. Afirma que fez “tudo” que podia para que “a candidatura fosse bem sucedida”.
Moro anunciou sua desistência em 31 de março. Na época, o ex-juiz também saiu do Podemos, depois de ficar quase 5 meses no partido, e filiou-se ao União Brasil.
“Não creio que eu tenha errado. […] Talvez eu tenha superestimado a candidatura dentro de um partido que tem seus méritos, mas com estrutura menor, que é o Podemos. Mas outros também não foram bem sucedidos”, disse.
CANDIDATURA
Depois de sua desistência, o Poder360 apurou que o ex-juiz poderia se candidatar ao cargo de Senador por São Paulo. Seu nome também era cotado para a Câmara dos Deputados ou para uma possível disputa ao governo estadual.
No entanto, os planos de Moro foram frustrados depois que o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) anulou a transferência do domicílio eleitoral do ex-ministro do Paraná para São Paulo.
Sobre o caso, Moro disse respeitar o tribunal, mas discordar da decisão. “Os próprios juízes falam que estavam inclinados a mudar a jurisprudência consolidada do TSE. É uma pena que tenham escolhido esse caso para proferir a decisão. Mas sou uma pessoa institucional. Não vou brigar ou atacar as instituições”, disse.
Na última 3ª feira (14.jun), o ex-juiz anunciou que será candidato pelo Paraná nas eleições de 2022. No entanto, o cargo para o qual ele concorrerá ainda não foi definido.
Ao Estadão, Moro afirmou que busca um mandato para continuar a defender suas bandeiras e não porque precisa de imunidade parlamentar. “Sempre fui contrário ao foro privilegiado. Não sigo esse caminho na busca de privilégios”, disse.
Ele também declarou que pretende usar o dinheiro do fundo eleitoral na campanha. “O fundo foi criado por lei. Podemos até ter críticas, mas, se ele existe e não usarmos isso, nos deixaria em desvantagem em relação a concorrentes”, afirmou o ex-juiz.