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KIEV - A Rússia atacou alvos militares e de infraestrutura na Ucrânia no início desta terça-feira, incluindo a capital Kiev e a cidade ocidental de Lviv, disseram autoridades ucranianas.

A Ucrânia afirmou ter abatido 32 dos 35 drones Shahed de fabricação iraniana lançados da região russa de Bryansk e do Mar de Azov.

Mas uma "instalação extremamente importante" foi atingida em Lviv, longe das linhas de frente e a cerca de 70 km da fronteira com a Polônia, membro da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), disse o governador regional Maksym Kozytskiy. Ele não deu outros detalhes sobre a instalação.

Não houve menção a vítimas nos ataques aéreos durante a noite, os mais recentes realizados por Moscou desde que Kiev iniciou uma contraofensiva na qual diz ter recapturado 113 quilômetros quadrados de território até então ocupado pelas forças russas.

A Força Aérea informou no aplicativo de mensagens Telegram que as defesas aéreas estiveram em ação na maioria das regiões da Ucrânia.

"No entanto, a principal direção de ataque dos drones iranianos foi a região de Kiev. Mais de duas dúzias de Shaheds foram destruídos aqui", afirmou.

O gabinete do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, disse que os drones atacaram a região de Kiev em várias ondas, com o alerta aéreo durando mais de quatro horas. Vários prédios comerciais e administrativos e algumas casas particulares foram danificados, informou.

O Ministério da Energia disse que destroços da queda de drones danificaram as linhas de eletricidade na região de Kiev e também na região de Mykolaiv, no sul, cortando a eletricidade de centenas de moradores.

O porta-voz da Força Aérea Yuriy Ihnat declarou em uma entrevista de rádio que simplesmente não era possível para os sistemas de defesa aérea cobrirem todo um país tão grande quanto a Ucrânia.

A Força Aérea disse que a Rússia também atingiu a cidade industrial de Zaporizhzhia, no sudeste do país, com mísseis Iskander e S-300.

Yuriy Malashko, chefe da administração militar da região de Zaporizhzhia, disse que a Rússia tinha como alvo a infraestrutura de telecomunicações e agricultura e propriedades agrícolas.

As Forças Armadas da Ucrânia disseram que, segundo informações preliminares, a Rússia disparou sete mísseis contra Zaporizhzhia.

A promotoria disse que uma mulher de 70 anos foi morta e três pessoas ficaram feridas na segunda-feira durante um ataque de artilharia russa na região de Sumy, no nordeste.

A Reuters não pôde verificar os relatos de forma independente. Não houve comentários imediatos da Rússia.

 

 

Olena Harmash em Kiev e Lidia Kelly / REUTERS

UCRÂNIA - Duas semanas desde o início da contra-ofensiva, a Ucrânia vem obtendo vitórias modestas, mas constantes, em três áreas de ataque na linha de frente de mil km.

As tropas no front estão realizando ataques de sondagem, enquanto a maioria das forças da Ucrânia está sendo mantida na reserva, esperando por uma abertura grande o suficiente nas defesas russas para lançar um ataque maior e tentar recapturar terras tomadas pelos russos no sul do país.

A luta tem sido dura, com grandes baixas de ambos os lados — que estão reivindicando vitórias. O avanço da Ucrânia no sul de Donetsk está oscilando.

A BBC juntou-se à 68ª Brigada Jaeger enquanto suas forças de combate buscavam expandir seu controle ao leste da vila de Blahodatne, que foi recentemente recuperada.

A brigada está de olho em uma série de trincheiras que protege as forças russas nos topos das colinas próximas.

 

Sob fogo pesado

Os homens de uma unidade especializada em drones pegam câmeras, enrolam cabos e carregam uma caminhonete com latas de munição, caixas de granadas de fumaça e cartuchos de balas capazes de perfurar a blindagem de veículos.

Além deles, há poucos sinais de vida em Blahodatne. Em uma estrada, os destroços de dois veículos blindados de fabricação americana estão encalhados, um deles com o chassis queimado. Nos campos adiante, há mais desses veículos abandonados.

"Afaste-se deles, os russos continuam disparando contra eles", somos avisados.

A Rússia deu grande destaque à destruição de tanques e veículos doados pelo Ocidente à Ucrânia — mesmo que Vladimir Putin tenha admitido que os russos perderam dezenas de tanques desde o início da contra-ofensiva em 5 de junho.

As tropas estão atacando em três pontos: Bakhmut, onde avançam para o norte e para o sul da cidade, que permanece firmemente sob controle russo; sul de Zaporizhzhia; e no sul de Donetsk, onde várias aldeias foram retomadas.

Blahodatne é um desses pontos. Outra rajada de tiros chega e os soldados se abrigam no porão de uma casa em ruínas.

Uma passagem de chão de terra é iluminada com lamparinas a óleo, lançando uma luz amarela suave até um fogão de pedra e ferro com três panelas. Toalhas estão penduradas em um varal. Uma porta rústica de madeira se abre e, com um lenço na cabeça, Nina Fedorivna aparece.

Ela está morando aqui há um ano. Soldados russos vieram apenas uma vez, diz ela.

Ela nunca, por um segundo, pensou em abandonar o vilarejo.

Com o fim dos disparos, saímos por uma viela nos fundos da casa dela. Três cadáveres russos jazem em uma vala pouco além da horta de Nina Fedorivna. Próximo a eles, um caminhão com o símbolo Z, que foi usado pelas forças russas, está abandonado, crivado de balas e estilhaços. A luta aqui foi intensa.

Por toda a aldeia, as rosas estão florescendo — mas o cheiro de cadáveres fica preso no fundo da garganta.

Não há tempo a se perder — os soldados têm um ar de concentração e propósito. Eles estão claramente se preparando para algo.

Eles seguem para o leste, deixando Blahodatne para trás. O comboio de dois carros está bem espaçado em caso de ataque russo. Os campos ao redor estão fortemente minados. Postes com marcas de fita vermelha e branca sinalizam o caminho limpo.

Quando nos aproximamos de outro veículo blindado americano abandonado, há uma explosão. É provável que seja de um drone russo.

Eu estive nesta área em março. Naquela época, as linhas de frente mal haviam se movido por alguns metros em meses. A Rússia estava usando muito mais artilharia do que as forças ucranianas, que se protegiam em trincheiras esperando o fim dos ataques. Na época, um comandante me disse que eles estavam guardando suas munições para a contra-ofensiva. Mas agora, durante a visita este mês, as armas ucranianas não pararam nos dois dias em que estive na brigada.

Os carros aceleram para uma rede de trincheiras escondidas em uma fileira de árvores. Lá, o comandante da companhia, sargento sênior Andrii Onistrat, de 49 anos, comanda seus homens em sua próxima missão — um ataque ucraniano está planejado para o dia seguinte nas trincheiras russas, a 3 km de distância, no sopé das colinas ao sul.

Em sua tentativa de ampliar a frente, seções da 68ª Brigada atacarão do leste de Blahodatne e Makarivka, através de campos minados e diretamente na linha de fogo russa.

O sargento Onistrat revisa os protocolos de comunicação e alvos da equipe de drones. A seção perde até cinco drones por dia. Bronzeado e com um sorriso branco brilhante, ele olha para seus homens e dá uma ordem final: "Sorria! Por que vocês estão tão sérios? Estamos vencendo a guerra."

 

Nas trincheiras

Vinte e quatro horas depois, a maioria dos mesmos homens está em um abrigo abafado. O ataque está em andamento.

Pelas câmeras de vigilância, vejo dois veículos blindados avançando lentamente pelo campo minado. Drone após drone é enviado para cima das posições russas lançando granadas de fumaça, criando uma cortina de fumaça ao longo das trincheiras ocupadas pelos russos para permitir que os veículos avancem e confundam as armas antitanque inimigas. Enquanto observo, projéteis ucranianos atingem repetidamente a linha das árvores.

Yuri, um jovem soldado apelidado de "Frisbee", corre para dentro e para fora do abrigo, trocando as baterias dos drones, enquanto vozes berram ordens. Mosquitos estão devorando os homens, mas ainda assim "Frisbee" tira a camisa por causa do calor.

O inimigo não está dando trégua. Quando estou do lado de fora, um ataque russo cai perto o suficiente para jogar terra na trincheira. Outro soldado, Zheka, assiste a tudo, de óculos escuros e sem armadura corporal.

Outro projétil russo cai perto e me joga no chão. Eu olho para cima e Zheka sequer se encolheu. Ele grita em inglês — palavrões dirigidos aos russos — e aponta dois dedos do meio para o ar. Rajadas de foguetes Grad chovem sobre as posições ucranianas.

Mais amplamente, a contra-ofensiva é dificultada pela falta de poderio aéreo ucraniano. O Ocidente prometeu caças F-16, mas eles só chegarão no final do ano.

Nas trincheiras, outro soldado, Yaroslav, explica: "Helicópteros russos, jatos russos disparam em todas as áreas, todos os dias". Ele é interrompido por novos ataques russos. "Vá para o abrigo, boa sorte", diz ele.

Quando, em 3 de junho, o presidente Volodymyr Zelensky anunciou que a Ucrânia estava pronta para a contra-ofensiva, ele mencionou a superioridade aérea russa e alertou que muitas vidas ucranianas seriam perdidas. E assim tem sido para a 68ª Brigada.

O sargento Onistrat diz que isso pesa muito sobre ele. "A gravidade do dia depende apenas de uma coisa — o número de pessoas que perdemos. A última semana foi extremamente difícil. Perdemos um grande número de pessoas."

Na cabeça ele usa um capacete balístico pequeno. Eu menciono isso e ele começa a chorar. "Era do meu filho", diz ele.

Ostap Onistrat, de 20 anos, foi morto em um ataque de drone não muito longe de onde falamos, alguns dias antes do início da contra-ofensiva. Ele estava no exército há um ano.

Seu pai ainda está no auge da dor. "Um drone kamikaze o atingiu diretamente. Era impossível reconhecê-lo. Ele foi enterrado em um caixão fechado", conta o sargento Onistrat.

Como ele consegue seguir lutando, eu pergunto. "Eu assumi um compromisso. Estamos aqui para vencer. Não para sentar, não para fugir. Eu acho que cada pessoa aqui deve fazer seu trabalho profissionalmente. Não há nada de heróico nisso. Só tenho que terminar este trabalho."

Quando pergunto se ele busca vingança, ele responde com firmeza: "A vingança é um pecado".

"Minha tarefa é encerrar esta história. Quero participar do desfile da vitória. Quero que vençamos e quero perder menos pessoas."

Quando nos despedimos da frente de guerra, a ofensiva ainda em curso. Mais tarde, recebi uma mensagem dizendo que eles haviam tomado as posições russas.

Voltando ao posto de comando, o carro do sargento Onistrat que nos escolta desvia e para repentinamente. Ele, junto com outros, sai rapidamente do veículo. Eu me pergunto se nós também precisamos nos proteger.

Então vejo o que chamou a atenção deles: cerejeiras.

Como crianças, eles riem despreocupados por um momento enquanto pegam punhados da fruta vermelha escura dos galhos sombreados. O fogo de artilharia e morteiros continua a martelar as posições russas na encosta.

 

 

por Quentin Sommerville - Da BBC News

KIEV - É um dia sem nuvens às margens de uma barragem na região de Kiev, onde estão alguns pescadores, e várias famílias desfrutam do sol. De repente, chega um veículo militar Hummer com um sistema antiaéreo Stinger. Os civis começam a juntar suas coisas e olham para os celulares em busca de informações sobre bombardeios.

Dois militares descem do veículo e tranquilizam os civis, explicando que se trata apenas de um exercício da unidade móvel de defesa antiaérea. No entanto, Oleksander, o comandante, deixa claro que, em caso de um bombardeio, todos devem deixar a área imediatamente.

"É uma ameaça de vida estar perto da água ao ar livre, porque, de vez em quando, interceptamos mísseis russos e drones iranianos que voam por aqui", afirmou o comandante de 36 anos à DW. Outro soldado, Ivan, de 39 anos, patrulha o local armado, observando tudo o que se passa.

 

"Boa visão e criatividade"

A margem da barragem é um dos muitos locais utilizados pelos militares ucranianos para abater alvos aéreos. Os dois militares operavam o sistema de defesa antiaérea portátil Dual Mont Stinger (DMS), que pode interceptar mísseis, aviões e helicópteros a uma distância de cinco quilômetros e altitude de até 3.000 metros.

Os dois recriam uma situação de combate, que já praticaram diversas vezes: tiram caixas com mísseis do veículo, as abrem e os colocam no lançador. Oleksander pula no teto do veículo e inspeciona o céu, girando num assento especial. "Posso disparar dois mísseis em cinco segundos", explica. O radar indica o alvo antes mesmo que ele o veja, transmite as coordenadas e indica a mira. "Assim que vejo o alvo, recebo o sinal de disparar."

Com exceção do míssil hipersônico russo Kinzhal, Oleksander afirma que pode interceptar "realmente tudo" no céu. Tomando cuidado para não revelar muitos detalhes, ele afirma que, para esse tipo de trabalho, é preciso ter "boa visão e criatividade". Segundo ele, o sistema pode classificar uma nuvem acima de um drone como alvo. "Então preciso pensar rápido numa forma de alcançar o drone."

Nas últimas semanas, a maioria dos bombardeios russos em Kiev ocorreu durante a noite. Oleksander e Ivan admitem que foram noites muito tensas. Os dois afirmam que à noite é muito difícil detectar alvos e havia muitos deles. Segundo Ivan, o exército russo visa diminuir os estoques de defesa antiaérea da Ucrânia e também sua moral de combate. Mas isso não vai funcionar, ressalta. "Temos mísseis suficientes e aprendemos a não dormir à noite".

Oleksander acrescenta que nem todos suportam a tensão. "Agora estou acostumado a ficar oito horas acordado à noite", conta, acrescentando que dorme algumas horas à tarde por saber que os ataques podem recomeçar ao anoitecer.

 

Responsabilidade por muitas vidas

Oleksander demora para encontrar palavras quando questionado sobre como ele se sente ao errar um alvo. Ele diz ser muito difícil quando vê que um drone ou míssil atingiu residências, uma creche, uma escola ou hospital. "Percebo que falhei em salvar vidas. Sou responsável por muitas vidas", afirma, acrescentando que é por isso que os soldados treinam constantemente.

Para cada alvo inimigo que abatem, eles pintam um tridente, o emblema nacional da Ucrânia, em seu veículo, que já ostenta doze desenhos.

Até então, o Comando de Defesa Aérea da Ucrânia não havia informado a imprensa sobre as tropas móveis. Somente agora, depois de mais de um ano de guerra, Oleksander pode falar sobre sua experiência.

Nos primeiros meses de guerra, ele abateu dois aviões Su-25 e dois helicópteros K-52 na região de Kiev. Segundo Oleksander, helicópteros são alvos difíceis, pois eles podem desviar os mísseis com um laser. "Disseram que era impossível abatê-los, mas tudo é possível se você tentar. Eu mudei de posição frequentemente, fiquei no fogo da artilharia, mas finalmente consegui." Ele conta ainda que interceptou oito drones na região de Kiev e em Kharkiv.

 

Alívio graças aos sistemas IRIS-T e Patriot

De acordo com estimativas do Comando das Forças Armadas da Ucrânia, atualmente a defesa do país consegue repelir com sucesso grande bombardeios na região de Kiev. O sucesso depende dos sistemas portáteis, de difícil localização e que podem ser montados e desmontados rapidamente. Oleksander e Ivan dizem que foi um alívio quando o país recebeu os poderosos sistemas de defesa antiaérea IRIS-T e Patriot, fornecidos pelos aliados ocidentais.

Soldado profissional antes da guerra, Oleksander já sabia manusear o Dual Mount Stinger. A Lituânia forneceu o sistema para a Ucrânia, e ele fez um curso intensivo. Suas ordens eram proteger o espaço aéreo ucraniano. "Fui para a guerra para proteger a Ucrânia e minha família, minha esposa e filho, dos quais fiquei longe por oito meses."

Já Ivan foi treinado durante a guerra. Sua motivação para servir na defesa aérea tem relação com sua profissão: antes da guerra, ele trabalhava na defesa civil e salvava vidas. "Estou defendendo meu país e minha família."

Os dois não revelam quantas unidades móveis protegem a região de Kiev. Mas todos saberiam se fossem muito poucas, ressaltam. E prometem revelar todos os detalhes depois da guerra: tanto os sucessos, como as derrotas.

 

 

Autor: Oleksandra Indyukhova / DW.com

UCRÂNIA - As Forças Armadas da Ucrânia anunciaram nesta quinta-feira (15) que derrubaram um míssil de cruzeiro e 20 drones explosivos lançados pela Rússia em um novo ataque noturno, além de três mísseis que atingiram a cidade natal do presidente Volodimir Zelensky.

Os militares ucranianos conseguiram interceptar um dos quatro mísseis lançados a partir do Mar Cáspio e os 20 drones disparados do norte e do sul, informou a Força Aérea no Telegram.

Mas os outros mísseis atingiram "instalações industriais na região de Dnipropetrovsk", no centro-leste da Ucrânia, acrescentou o comunicado.

De acordo com as autoridades locais, a localidade atingida foi Kryvyi Rih, a cidade natal de Zelensky, onde um ataque russo na terça-feira atingiu matou 12 pessoas ao atingir um edifício residencial e um depósito.

"Três mísseis atingiram duas empresas industriais que não têm relação com os militares", afirmou o comandante militar da cidade, Oleksandr Vilkul.

Um homem de 38 anos ficou ferido e foi hospitalizado, mas sua condição é estável.

Na região de Zaporizhzhia (sul), 17 localidades sofreram bombardeios russos que provocaram a morte de uma mulher 58 anos, informou o governo regional.

A cidade de Kharkiv (nordeste) e a região de Odessa (sul) também foram alvos de ataques durante a noite, mas os drones russos foram derrubados, de acordo com as autoridades locais.

O governador designado pelo Kremlin para a Crimeia, Serguei Aksionov, disse que a Rússia neutralizou nove drones que sobrevoavam a península anexada por Moscou.

Um drone, no entanto, explodiu em uma localidade no centro da península, mas sem provocar vítimas, apenas danos materiais, de acordo com Aksionov.

Os ataques de drones contra o território russo e península da Crimeia aumentaram nas últimas semanas, após o anúncio de uma contraofensiva de Kiev.

 

 

AFP

UCRÂNIA - Seis pessoas morreram e 19 ficaram feridas em ataques russos com mísseis na Ucrânia, um deles contra o porto de Odessa, no momento em que as forças ucranianas reivindicam pequenos avanços na frente de batalha.

Em Odessa, sul do país, três pessoas morreram em um ataque com mísseis de cruzeiro Kalibr contra um depósito comercial, anunciou Sergiy Bratchuk, porta-voz da administração militar desta grande cidade portuária no Mar Negro.

Sete pessoas ficaram feridas no depósito e "outras pessoas podem estar sob os escombros", informou em um comunicado o prefeito de Odessa, Guennadii Trukhanov.

Além disso, outras seis pessoas ficaram feridas em outras áreas da cidade: um centro empresarial, estabelecimentos comerciais e um complexo residencial também foram atingidos.

Odessa era um destino de férias muito apreciado por ucranianos e russos antes de o presidente Vladimir Putin determinar a invasão do país vizinho, em fevereiro do ano passado. Desde o início da guerra, a cidade foi bombardeada diversas vezes pelas tropas russas.

Em janeiro, a Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) incluiu o centro histórico de Odessa na lista de Patrimônio da Humanidade em perigo.

A Força Aérea ucraniana afirmou que três dos quatro mísseis russos disparados contra a cidade foram derrubados. A Rússia também lançou 10 drones de fabricação iraniana Shahed-136/131 durante a noite - a partir do Mar de Azov - contra o sudeste da Ucrânia.

Além disso, seis mísseis de cruzeiro do tipo X-22 lançados da região russa de Rostov-on-Don atingiram a região de Donetsk, leste da Ucrânia.

O ataque provocou três mortes e deixou seis feridos, afirmou o governador Pavlo Kirilenko.

 

- Contraofensiva –

Na terça-feira (13), seis pessoas, incluindo quatro guardas florestais, morreram quando o veículo em que viajavam foi atingido por um bombardeio russo no nordeste da Ucrânia, perto da fronteira entre os dois países, anunciou a Procuradoria Geral ucraniana.

No mesmo dia, um ataque russo com mísseis matou 12 pessoas em Kryvyi Rih, a cidade natal do presidente ucraniano Volodimir Zelensky, na região central do país, de acordo com um balanço atualizado.

Moscou intensificou nas últimas semanas os ataques noturnos contra as principais cidades ucranianas, no momento em que Kiev executa uma vasta contraofensiva com armas fornecidas pelos países ocidentais com o objetivo de recuperar territórios ocupados pelas forças russas.

A Ucrânia afirma que a contraofensiva está avançando, mas Putin afirmou na terça-feira que o exército russo provoca perdas "catastróficas" para as forças inimigas.

De acordo com analistas militares, a Ucrânia ainda não acionou a maior parte de suas forças para a contraofensiva. No momento, o país testa a linha de frente, em busca de pontos frágeis dos russos.

As operações parecem concentradas em três pontos: Bakhmut (leste), cidade destruída após meses de combates, Vuhledar (sudeste) e Orikhiv (sul).

Durante os últimos três dias, os ucranianos recuperaram quase três quilômetros quadrados de território e avançaram 1,4 km em determinados pontos da frente de batalha, anunciou um dos comandantes do Estado-Maior de Kiev, Andrii Kovaliov.

A Rússia reivindicou na terça-feira a captura de tanques alemães Leopard e blindados americanos Bradley, fornecidos pelos aliados ocidentais à Ucrânia.

 

- Diretor da AIEA em Zaporizhzhia -

O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, pretende visitar a central nuclear de Zaporizhzhia, controlada pela Rússia, para verificar se há riscos após a destruição da represa de Kakhovka, no rio Dnieper.

Inicialmente prevista para esta quarta-feira, a visita pode ser adiada para quinta-feira, de acordo com uma fonte do setor nuclear russo que não revelou os motivos. A Ucrânia e a AIEA não confirmaram a informação.

Grossi afirmou que "não há perigo imediato", mas o nível de água do reservatório de refrigeração da central é motivo de preocupação.

"Quero fazer minha própria avaliação, visitar o local, conversar com a direção sobre as medidas que foram adotadas e, depois, estabelecer uma avaliação mais definitiva do perigo", explicou na terça-feira.

A destruição da represa provocou inundações no sul da Ucrânia: 17 pessoas morreram na parte ocupada pela Rússia e 10 na área sob controle ucraniano.

A Ucrânia acusa a Rússia de destruir a represa para frear a contraofensiva do país. Moscou nega e acusa Kiev de "sabotagem".

 

 

AFP

UCRÂNIA - Um imóvel residencial em Kryvyi Rih, cidade onde o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky nasceu, foi atingido por um míssil na madrugada desta terça-feira (13). Ao menos seis pessoas morreram e mais de 20 ficaram feridas.

Segundo as autoridades ucranianas, Kryvyi Rih, na região de Dnipropetrovsk, no centro-leste do país, foi alvo de "um ataque massivo de mísseis". Vários pontos da cidade foram atingidos, especialmente um imóvel residencial de cinco andares. Imagens divulgadas pela administração local mostram um prédio inteiro em chamas. Além dos mortos e feridos, sete pessoas estariam sob os escombros.

Outro imóvel residencial, além de dois outros pontos da cidade foram atingidos por mísseis, deixando mais sete feridos.

Em Kiev, a administração militar também registrou ataques noturnos com "mísseis de cruzeiro", garantindo que o sistema de defesa pode detectar o bombardeio e proteger a capital ucraniana "com sucesso".

Já em Kharkiv, no nordeste, drones atacaram "infraestruturas civis". Segundo as autoridades locais, a sede de uma empresa e um hangar foram destruídos.

 

Contraofensiva avança

Na noite de segunda-feira, Zelensky indicou que a contraofensiva em andamento contra as tropas russas é "difícil", mas "avança". Segundo ele, "as perdas inimigas estão no nível desejado".

"As condições meteorológicas não são favoráveis, a chuva torna nossa tarefa difícil, mas a força de nossos soldados traz bons resultados", reiterou o presidente ucraniano saudando o retorno da bandeira nacional a "territórios libertados".

Mais cedo, o governo ucraniano afirmou ter retomado o controle de sete cidades no sul e no leste do país. Segundo a vice-ministra da Defesa, Ganna Malyar, várias localidades foram retomadas na região de Zaporijia, no sul. O Ministério da Defesa da Ucrânia também indicou que houve um avanço de "250 a 700 metros" na região de Bakhmut, no leste.

Já Moscou indicou nesta terça-feira ter capturado - pela primeira vez - tanques Leopard, de fabricação alemã, e blindados Bradley, de fabricação americana, fornecidos a Kiev por países ocidentais para a contraofensiva ucraniana. Na véspera, o governo russo afirmou ter repelido ataques "do inimigo" na região de Donetsk, no leste.

 

Teste no front

Segundo analistas militares, a Ucrânia ainda não lançou sua grande contraofensiva. O país estaria inicialmente testando o front com ataques de menor envergadura para determinar os pontos fracos.

De acordo com o presidente francês, Emmanuel Macron, as operações irão durar "várias semanas, até meses". O chefe de Estado diz esperar que a contraofensiva seja "a mais vitoriosa possível para poder, em seguida, iniciar a fase de negociações em boas condições".

Em Viena, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que seu diretor, Rafael Grossi, estará nesta terça-feira em Kiev. Ele também deve visitar a central nuclear de Zaporíjia, fragilizada após a destruição de uma barragem no rio Dnipro, na semana passada.

Desde o início da invasão russa, Grossi vem advertindo para o risco de um acidente nuclear nesta que é a maior usina atômica da Europa.

 

 

(Com informações da AFP)

RFI

UCRÂNIA - O exército ucraniano reivindicou no domingo (11) ter reconquistado duas pequenas cidades no sudeste do país. Esta é a primeira vez desde o início de sua contraofensiva que a Ucrânia comunica o avanço de suas tropas e o sucesso em ocupações territoriais.

Em imagens compartilhadas nas redes sociais, soldados podem ser vistos carregando uma bandeira ucraniana em um prédio em ruínas. "Os gloriosos soldados da 68ª brigada Jaeger [...] libertaram a localidade de Blagodatné", indicam no Facebook as forças do exército ucraniano nos comentários do vídeo.

Esta pequena cidade, que somava menos de mil habitantes antes da guerra, está localizada na fronteira das regiões de Donetsk e Zaporijjia, no sudeste da Ucrânia. De acordo com Valery Cherchène, porta-voz das unidades encarregadas da defesa do “Front Tavria”, que participaram da operação, os ucranianos capturaram dois militares russos e combatentes separatistas pró-Rússia.

“A bandeira ucraniana foi pendurada em Blagodatné”, acrescentou ele na televisão. A captura desta localidade também foi noticiada do lado russo, em particular nas redes de blogueiros nacionalistas.

 

Neskuchne

Poucas horas depois, a Ucrânia anunciou a reocupação do vilarejo de Neskuchne, na região leste de Donetsk, o segundo ganho territorial de sua ofensiva. "Neskuchne, na região de Donetsk, está novamente sob a bandeira ucraniana", garantiu o serviço de guarda de fronteira do Estado.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, havia anunciado que operações de contraofensiva estavam em andamento, sem dar mais detalhes.

As autoridades de Kiev optaram por ocultar suas operações e pediram aos ucranianos que não divulguem nenhuma informação que possa comprometer as chances de uma grande contraofensiva, destinada a retomar os territórios ocupados no sul e no leste do país.

 

“O mais difícil está por vir”

Esses anúncios “refletem as informações indiretas que já tínhamos sobre os combates violentos nessa região”, avalia Ulrich Bounat, especialista em geopolítica e no Leste Europeu. As forças russas haviam estabelecido diversas linhas de defesa por quilômetros nesta região.

“Vemos que os ucranianos conseguiram ultrapassar as primeiras linhas de defesa, que não são as mais fortes. Mas isso significa que a contraofensiva está bem lançada, e que está avançando”, analisa. Mas “o mais difícil está por vir”, ele acrescenta, uma vez que as linhas de defesa “mais fortes” estão a cerca de 15 km do front.

Essas primeiras conquistas também revelam informações iniciais sobre a estratégia e os recursos implantados pelo exército ucraniano na linha de frente. Isso mostra que “os ucranianos estão tentando progredir com os diversos veículos blindados que possuem, como tanques de assalto pesados ​​e veículos blindados de transporte de pessoal”, explica Bounat.

“Também vemos que os ucranianos estão tentando manobrar entre campos minados e bastante durante a noite, de forma a se beneficiarem do equipamento de mira noturna que os blindados ocidentais têm e que nem sempre necessariamente os equipamentos russos têm”, compara o analista.

 

Aprendendo com os erros

Mas, apesar deste primeiro progresso, além das linhas defensivas russas estruturadas, a contraofensiva que começou na semana passada está enfrentando tropas russas onde a coordenação entre as forças armadas está funcionando melhor do que antes.

Na opinião de Ulrich Bounat, os russos aprenderam com os erros cometidos durante a primeira parte da guerra: “Vemos, por exemplo, que as tropas conseguem se coordenar com a artilharia. Vimos a intervenção da força aérea, o que prova sua coordenação com o exército. Também vimos drones kamikaze usados ​​pelos russos contra equipamentos e fileiras ucranianas. Esse nível de sincronização do exército russo é algo que dificilmente vimos no início do conflito. Podemos dizer que o exército russo está aprendendo um pouco com seus erros”.

Uma questão, no entanto, ainda parece latente em relação a esta contraofensiva: o número real de unidades engajadas. “Sabemos que existem cerca de 12 brigadas mecanizadas que foram planejadas para esta contraofensiva. Mas não sabemos quantas dessas brigadas estão engajadas atualmente e em qual frente exatamente”, conclui Ulrich Bounat.

 

Mar Negro

Mais cedo, a Rússia informou que a Ucrânia tentou, sem sucesso, atacar com a ajuda de seis drones um de seus navios de guerra que patrulhavam os principais gasodutos no Mar Negro.

De acordo com as autoridades ucranianas, três pessoas morreram e outras dez ficaram feridas quando o barco que os retirava das áreas inundadas de Kherson foi atacado por forças russas. Não foram fornecidos detalhes sobre o procedimento utilizado.

A Ucrânia e a Rússia também anunciaram a troca de 95 prisioneiros ucranianos por 94 prisioneiros russos.

 

 

(Com informações da RFI e da Reuters)

RFI

UCRÂNIA - Pelo menos 13 pessoas morreram dos dois lados do front em consequência das enchentes provocadas pela destruição da barragem da central hidrelétrica de Nova Kakhovka, na região ucraniana de Kherson, ocupada pelas forças russas.

Na sexta-feira (09/06) as autoridades da Rússia confirmaram oito mortos na área ocupada pelas tropas invasoras russas, após o nível da água começar a baixar. Enquanto isso, o Ministério do Interior da Ucrânia informou que quatro pessoas morreram no norte de Kherson, sob contole de Kiev, que outras 13 estão desaparecidas e que uma morreu na província ucraniana de Mykolayiv.

A barragem de Nova Kakhovka se rompeu na terça-feira, com Moscou e Kiev trocando acusações de responsabilidade pela destruição, que inundou uma área de cerca de 600 quilômetros quadrados às margens do rio Dnipro. Especialistas não descartam a possibilidade de que a barragem, há muito controlada pela Rússia, tenha sido mal conservada e tenha rompido sob a pressão da massa de água.

 

Número de mortes ainda maior

Voluntários que trabalham na margem do rio Dnipro ocupada pelas forças russas contrariam a cifra oficial de Moscou e falam em dezenas de mortes, reportou a mídia independente, como o portal The Insider.

Os moradores das áreas ocupadas também informaram à imprensa sobre inúmeros desaparecimentos. Além disso, criticaram o Ministério Russo para Situações de Emergência por obstruir o trabalho, impedindo-os de acessar a área do desastre. O representante da Ucrânia na ONU, Sergiy Kyslytsya, pediu na quinta-feira que a Rússia permita a passagem de pessoal de agências das Nações Unidas e da Cruz Vermelha para áreas sob seu controle.

Mais corpos podem aparecer nas próximas horas e elevar o número oficial de mortos, já que o nível da água na barragem de Kakhovka caiu mais um metro nas últimas 24 horas, para 11,74 metros, e segue descendo, segundo informou nesta sexta-feira a empresa hidrelétrica pública ucraniana Ukrhydroenergo.

As enchentes inundaram 48 cidades e mais de 3.625 casas na província ucraniana de Kherson, onde estava localizada a infraestrutura destruída. Na parte controlada por Kiev da região de Kherson, 2.412 pessoas tinham sido evacuadas até esta sexta.

A destruição da barragem também inundou 23 cidades na província ucraniana de Mykolayiv, onde mais de 800 pessoas foram evacuadas devido às enchentes.

Além disso, 11 pessoas ficaram feridas na quinta-feira por bombardeios russos enquanto moradores e autoridades tentavam evacuar vítimas em território controlado por Kiev, de acordo com o Ministério do Interior ucraniano.

 

Falta de água potável

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, disse nesta sexta que a destruição da barragem de Nova Kakhovka restringiu o acesso de "centenas de milhares de pessoas" à água potável.

"Estamos trabalhando em todos os níveis das autoridades estaduais e locais para resgatar o maior número possível de pessoas das áreas inundadas", escreveu no Twitter, voltando a responsabilizar a Rússia pela explosão.

Mais cedo, o serviço de segurança doméstica da Ucrânia disse ter interceptado uma ligação telefônica que provaria que um "grupo de sabotagem" russo explodiu a barragem.

Zelenski postou um trecho do áudio da suposta conversa em seu canal do Telegram. A DW não pôde verificar a gravação de forma independente, e Moscou não comentou o conteúdo.

Na quinta-feira, Zeleski esteve na região de Kherson para coordenar as operações de emergência com as autoridades locais.

"É importante calcular os danos e atribuir fundos para compensar os residentes afetados pelo desastre", disse Zelenski, apelando à ajuda para que as empresas afetadas pelas inundações possam se deslocar para outras partes da região.

 

Situação perigosa na usina de Zaporíjia

O rompimento da barragem também é um risco para a usina nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa, já que a água da barragem era usada para resfriar os reatores.

De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a barragem de Kakhovka ainda está fornecendo água para o resfriamento. Uma avaliação de especialistas da AIEA indicou que as bombas da usina provavelmente continuariam operando mesmo se o nível da água ficar em 11 metros ou até menos.

"Nestas circunstâncias difíceis e desafiadoras, isso está dando mais algum tempo antes de possivelmente mudar para fontes alternativas de água”, disse o chefe da AIEA, Rafael Grossi.

No entanto, Grossi, que deve visitar Zaporíjia na próxima semana, alertou sobre a situação de segurança "muito precária e potencialmente perigosa" ao redor da usina, em meio aos combates contínuos.

 

Crime de guerra

Paralelamente à evacuação dos civis na região das margens do rio Dnipro e às preocupações com a usina de Zaporíjia, a ONU disse que ainda não pode avaliar se a destruição da barragem de Kakhovka pode ser classificada como um crime de guerra.

"Como as circunstâncias do incidente permanecem incertas, é prematuro considerar se um crime de guerra pode ter sido cometido", disse o porta-voz Jeremy Laurence nesta sexta-feira.

"Reiteramos nosso apelo por uma investigação independente, imparcial, completa e transparente."

Laurence disse que os repetidos pedidos da ONU para visitar territórios ucranianos sob ocupação russa foram todos rejeitados.

 

Ataque com drone

Também nesta sexta-feira, autoridades russas informaram que pelo menos três pessoas ficaram feridas em consequência do impacto de um drone contra um edifício de apartamentos no centro da cidade russa de Voronezh, localizada a cerca de 250 quilômetros da fronteira com a Ucrânia.

"Três pessoas ficaram feridas com fragmentos de vidro. Elas receberam atendimento médico no local, se recusaram a ser hospitalizadas", informou o governador da região de Voronezh, Alexandr Gusev, no Telegram.

Ao comentar o ataque, o Kremlin ressaltou que os detalhes ainda estão sendo esclarecidos.

"Vimos relatos de que o drone foi abatido", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

Simultaneamente, fontes de emergência confirmaram à agência de notícias russa TASS que o drone foi interceptado por meios de combate radioeletrônico quando se dirigia para uma fábrica de aeronaves em Voronezh.

 

Avanços ucranianos em Bakhmut

Enquanto isso, a Ucrânia relatou nesta sexta intensos combates na região leste de Donetsk e um porta-voz militar disse que as forças ucranianas ganharam mais terreno perto da devastada cidade de Bakhmut.

"A situação é tensa em todas as áreas do front", disse a vice-ministra da Defesa ucraniana, Hanna Maliar, em mensagem no Telegram.

"O inimigo continua concentrando seus esforços principalmente nas direções de Lyman, Bakhmut, Avdiivsky e Mariinka. Os combates pesados continuam", afirmou, destacando que as tropas ucranianas estavam repelindo os ataques russos.

Serhiy Cherevaty, porta-voz dos militares do leste da Ucrânia, disse que as forças ucranianas avançaram 1,2 km perto de Bakhmut nas últimas 24 horas.

 

 

le (EFE, Reuters, Lusa, DPA, ots)

por dw.com

UCRÂNIA - A Ucrânia prossegue nesta quarta-feira (7) com a retirada de milhares de moradores após a destruição parcial da represa hidrelétrica de Kakhovka, que inundou várias localidades ao longo do rio Dnieper e que provocou uma intensa troca de acusações entre Moscou e Kiev.

O governo dos Estados Unidos afirmou que a explosão pode ter provocado várias mortes e que não é possível determinar de modo conclusivo o que aconteceu na represa, que fornece água resfriamento para a central nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que o ataque é "outra consequência devastadora da invasão russa à Ucrânia".

A dimensão da catástrofe "só poderá ser plenamente avaliada nos próximos dias, mas as consequências serão graves", afirmou na terça-feira, no Conselho de Segurança da ONU, o secretário para Assuntos Humanitários da organização, Martin Griffiths.

Ele também mencionou impossibilidade de enviar ajuda a milhões de pessoas afetadas, "o golpe para a produção agrícola e os riscos de contaminação por minas e artefatos explosivos" que podem ser arrastados pela água.

A China, que tenta atuar como mediador na guerra, expressou preocupação com "impacto humano, econômico e para o meio ambiente". Também pediu às partes em conflito que respeitem o direito internacional humanitário e façam o possível para proteger os civis e as infraestruturas civis.

A Ucrânia afirmou que o ataque contra a represa, tomada pela Rússia nos primeiros dias da guerra - em fevereiro do ano passado -, foi uma tentativa de Moscou de frear a esperada ofensiva de Kiev, que segundo o governo não será afetada.

A Rússia acusou a Ucrânia de "sabotagem deliberada".

Moradores de Kherson, a maior cidade da região, seguiram para pontos elevados após a cheia do rio Dnieper.

"Antes eram tiros e agora temos inundação", disse Liudmila, moradora da cidade, depois de carregar uma máquina de lavar roupa em uma carroça presa a um velho automóvel soviético.

"A inundação está aqui, diante dos nossos olhos. Ninguém sabe o que pode acontecer a partir de agora", afirmou Viktor, outro morador de Kherson, à AFP.

Autoridades ucranianas anunciaram que mais de 17.000 pessoas serão retiradas de 24 localidades inundadas.

"Mais de 40.000 pessoas podem estar em áreas inundadas", afirmou no Twitter o procurador-geral ucraniano, Andriy Kostin. Ele informou que mais de 25.000 moradores devem ser retirados da margem do rio ocupada pela Rússia.

A central hidreléctrica da represa também está "completamente destruída", anunciou a operadora ucraniana de energia hidrelétrica, Ukrhydroenergo.

 

- "Bomba ambiental" -

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, acusou a Rússia de detonar uma "bomba ambiental de destruição em massa" e afirmo que até 80 localidades seriam inundadas.

"Este crime provoca enormes ameaças e terá graves consequências para a vida das pessoas e o meio ambiente", afirmou Zelensky. Ele disse ainda que a explosão aconteceu às 2H50 de terça-feira (20H50 de Brasília, segunda-feira).

A Rússia respondeu e pediu uma "condenação às ações criminosas das autoridades ucranianas, que são cada vez mais desumanas e representam uma grave ameaça para a segurança regional e global".

Em outubro do ano passado, Zelensky acusou a Rússia de instalar minas na represa e advertiu que a destruição da barragem provocaria uma nova onda de refugiados na Europa.

No aspecto militar, a Ucrânia afirmou na segunda-feira que registrou progressos na região de Bakhmut, leste do país, ao mesmo tempo relativizou a dimensão das "ações ofensivas" em outras partes do front.

A Rússia alega que está impedindo ataques em larga escala, mas na terça-feira reconheceu que 71 soldados morreram nos combates dos últimos dias.

Kiev afirma há meses que está preparando uma grande ofensiva para forçar uma retirada das tropas de Moscou.

 

- Central nuclear -

A destruição parcial da represa provoca o temor de consequências para a central nuclear de Zaporizhzhia, que fica a 150 km de distância, porque a usina hidrelétrica de Kakhovka garante água de resfriamento para o local.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) destacou, no entanto, que "não há perigo imediato" e acrescentou que os especialistas estão monitorando a situação.

Assim como a represa, a central nuclear fica em uma área ocupada pelas forças russas desde a invasão iniciada em fevereiro de 2022.

O diretor da central nuclear, Yuri Chernichuk, designado pelos ocupantes russos, afirmo que "no momento não há ameaças" para a segurança do local.

A represa de Kakhovka, construída na década de 1950, no auge da era soviética, tem valor estratégico por fornecer água ao Canal da Crimeia do Norte, que nasce no sul da Ucrânia e atravessa toda a península da Crimeia, sob controle russo desde 2014.

 

 

AFP

UCRÂNIA - A Ucrânia acusou nesta terça-feira (06/06) as forças russas de terem explodindo uma grande barragem e usina hidrelétrica em Kherson, região do sul da Ucrânia sob controle de Moscou, gerando uma ameaça do que Kiev chamou de "desastre ecológico" devido a possíveis inundações maciças.

Funcionários de ambos os lados da guerra ordenaram que centenas de milhares de residentes se retirem da região. Já as autoridades russas responderam que a barragem de Kakhovka, no rio Dnipro, foi danificada por ataques militares ucranianos.

A companhia hidrelétrica estatal da Ucrânia disse que a usina foi "totalmente destruída" após uma detonação dentro da casa de máquinas. "A estação não pode ser restaurada", afirmou.

O rompimento da barragem pode ter consequências amplas: inundação de povoados rio abaixo; escassez de água rio acima, dreno dos suprimentos de água potável que abastecem o sul, na Crimeia – península que foi anexada pela Rússia.

Outra consequência grave é a redução da quantidade de água disponível para esfriar os reatores de Zaporíjia, a maior usina nuclear da Europa. A Agência Internacional de Energia Atômica da ONU escreveu no Twitter que seus especialistas estavam monitorando de perto a situação na usina, e não havia "nenhum risco imediato de segurança nuclear" na instalação.

 

Cerca de 100 povoados podem ser inundados

As autoridades ucranianas já alertaram que o rompimento da barragem poderia liberar 18 milhões de metros cúbicos de água e inundar Kherson e dezenas de outras áreas onde centenas de milhares de pessoas vivem.

O Centro Mundial de Dados para Geoinformática e Desenvolvimento Sustentável, uma organização não-governamental ucraniana, estimou que cerca de 100 povoados e cidades seriam inundados. Também considerou que o nível da água começaria a cair somente após entre cinco e sete dias.

Mykhailo Podolyak, conselheiro sênior do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, disse que "um desastre ecológico global está acontecendo agora" e que "milhares de animais e ecossistemas serão destruídos nas próximas horas."

Vídeos postados exibem o estrago provocado. Um mostra uma longa estrada sendo inundada; em outro, é possível ver um castor correndo para um terreno elevado para fugir das águas.

Zelenski convocou uma reunião de emergência para lidar com a crise, informaram autoridades ucranianas.

O Ministério do Interior ucraniano apelou para que residentes em dez povoados na margem direita do Dnipro e partes da cidade de Kherson rio abaixo recolham seus documentos essenciais e animais de estimação, desliguem eletrodomésticos e saiam.

 

"Ato terrorista"

O prefeito instalado pela Rússia na cidade ocupada de Nova Kakhovka, inicialmente negou os relatos da mídia social de que a barragem havia explodido, mas depois disse que a construção havia sido bombardeada em "um grave ato terrorista".

A Ucrânia controla cinco das seis barragens ao longo do Dnipro, que vai desde a sua fronteira norte com Belarus até o Mar Negro e é crucial para o abastecimento de água potável e energia elétrica de todo o país.

Imagens do que parecia ser uma câmera de monitoramento com vista para a barragem que circulam nas redes sociais supostamente mostram uma explosão e o rompimento da barragem.

Oleksandr Prokudin, chefe da Administração Regional Militar de Kherson, disse em um vídeo postado no Telegram pouco antes das 7h (horário local) que "o exército russo cometeu mais um ato de terror", e alertou que a água atingirá "níveis críticos" dentro de cinco horas.

 

 

 

(md/cn (AP, AP, AFP, DPA, Reuters)

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