UCRÂNIA - Sob o ruído das bombas e diante das paredes que tremem em um refúgio militar subterrâneo, um soldado ucraniano é evacuado em uma ambulância em Bakhmut, o atual epicentro da guerra da Ucrânia onde o Exército ucraniano tenta resistir ao avanço russo.
Militares e enfermeiros fazem neste soldado ferido, com o rosto ensanguentado, os primeiras curativos antes de se esconderem de novo, enquanto prossegue um intenso bombardeio russo.
“Doutor, por que sinto tanto frio? Sinto como se estivesse indo embora”, afirma o soldado deitado em um colchão cheio de lama.
No domingo, uma equipe da AFP pôde trabalhar em Bakhmut, uma oportunidade rara para a imprensa de verificar a devastação nesta localidade do leste da Ucrânia.
Antes do conflito, viviam ali cerca de 70.000 pessoas, mas, agora, ela se transformou em símbolo da guerra de atrito que se tornou a invasão russa da Ucrânia.
Os jornalistas acompanharam soldados ucranianos e ouviram o ruído constante dos disparos da artilharia russa durante o tempo em que estiveram em Bakhmut.
No entorno de imóveis residenciais já não há nenhum rastro de seus moradores e a sombra da guerra é onipresente, desde as ruínas e estilhaços de vidro espalhados pelo chão, até as cruzes fincadas que indicam a localização dos túmulos improvisados de soldados mortos em combate.
Diante do Exército russo e dos paramilitares do Grupo Wagner, que controlam 80% de Bakhmut, as tropas ucranianas resistem como podem na parte ocidental desta cidade do Donbass.
Ambos os lados sofreram baixas importantes nesta batalha, a mais longa da guerra na Ucrânia e que monopoliza atualmente os esforços bélicos, à espera de que comece a contraofensiva ucraniana, anunciada em diversas ocasiões, mas depois adiada.
– ‘Estamos cansados’ –
“Eles não param de nos atacar, dia e noite. Só param quando os atacamos e estão ocupados evacuando seus mortos e feridos”, explica um comandante adjunto de uma unidade ucraniana, cujo apelido de guerra é o “Filósofo”.
“Pouco a pouco, vão capturando áreas” da cidade, afirma de um posto de comando subterrâneo em Bakhmut.
“Estamos cansados e as tropas esgotadas”, reconhece o “Filósofo”, que explica que seus homens da 93ª brigada, às vezes, chegam a ficar a menos de três metros do inimigo.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, advertiu, em março, que a queda de Bakhmut abriria caminho para o Exército russo para avançar no Donbass, com a mira posta nas cidades de Sloviansk e Kramatorsk.
A decisão do governo ucraniano de não desistir de Bakhmut traz custos importantes para o Exército ucraniano, que sofre diariamente com as baixas de soldados que morrem ou ficam feridos.
“A cada dia que resistimos aqui, damos uma oportunidade para outras unidades para se prepararem para uma contraofensiva”, opina este comandante adjunto, que, assim como muitos dos soldados ucranianos presentes no local, se queixa da falta de munição.
– ‘Nenhum lugar para se esconder’ –
Não obstante, a defesa da cidade está por um fio, mais precisamente, por uma estrada.
A rodovia T 0504, rebatizada “a estrada da vida”, é a única via da cidade que permanece sob controle das tropas ucranianas e que serve para abastecê-las.
Imagens gravadas com drones pelas equipes de reconhecimento do Exército ucraniano, e que a AFP pôde ver, mostram uma sucessão interminável de construções em ruínas, além de veículos e árvores carbonizadas nas margens desta última estrada em disputa.
“Fortificamos nossas posições e os russos chegam lançando tudo o que têm e tudo o que podem. Bombardeiam tudo com mísseis, obuses de morteiro e com tanques. Não há nenhum lugar para se esconder”, reconhece Andriy, outro soldado de 38 anos.
O comandante Andriy, de 26 anos, maneja um canhão no meio de um terreno encharcado perto de Bakhmut.
Seu trabalho é essencial: evitar um ataque russo pela estrada.
“Se conseguirem bloqueá-la [a estrada], todo o mundo em Bakhmut vai morrer. Não teremos provisões, nem munições, nem comida. Nada. Ficaremos completamente isolados”, explica, enquanto seus homens dedicam-se a juntar os obuses que acabam de receber.
AFP
SEVASTOPOL - As autoridades russas anunciaram na segunda-feira uma suspensão da navegação em águas ao largo da península da Crimeia, cidade de Sevastopol - anexada em 2014 - horas após os sistemas de defesa aérea terem abatido dois drones lançados pelas forças ucranianas contra a cidade, embora não tenham confirmado se existe uma ligação.
A direção para o Desenvolvimento de Infraestruturas de Transportes afirmou que "a navegação de passageiros está suspensa", sem especificar as razões, antes de notar que foi ativada uma rota terrestre para cobrir o transporte afetado, como noticiado pela agência noticiosa russa Interfax.
Horas antes, o governador do Sevastopol Mikhail Razvozhaev disse na sua conta do Telegrama que dois drones tinham sido interceptados por volta das 3.30 da manhã, hora local. De acordo com os dados disponíveis, um deles foi destruído e o outro explodiu por si só. Tudo aconteceu numa estrada externa, não há danos'', disse ele.
Os serviços secretos britânicos disseram em finais de março que os ataques com drones à base russa na península da Crimeia, na cidade de Sevastopol, estão a "limitar" as operações da Frota do Mar Negro.
Sevastopol, devido à sua localização estratégica e ao acolhimento da base principal da frota russa do Mar Negro, tem sido alvo de vários ataques com drones ucranianos. Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro do ano passado, que existe um nível de alerta "amarelo" na Crimeia.
Fonte: (EUROPA PRESS)
por Pedro Santos / NEWS360
BELGOROD - Uma grande explosão atingiu uma rua na cidade russa de Belgorod, que fica do outro lado da fronteira com a Ucrânia, mas não houve relatos iniciais de feridos, disseram autoridades locais.
O governador da região de Belgorod, Vyacheslav Gladkov, anunciou a imposição de estado de emergência e disse no Telegram que havia uma cratera medindo 20 metros de diâmetro em uma das principais ruas da cidade. Ele não disse qual era a causa.
Imagens de vídeo do local mostraram pilhas de concreto na rua, vários carros danificados e um prédio com janelas quebradas. Uma foto mostrou o que parecia ser um carro de cabeça para baixo no telhado de uma loja.
Belgorod é uma das várias regiões do sul da Rússia onde alvos como depósitos de combustível e munição foram abalados por explosões desde o início do que Moscou chama de sua "operação militar especial" na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.
Reportagem de David Ljunggren / REUTERS
UCRÂNIA - Esgotamento dos estoques de mísseis leva Moscou a utilizar cada vez mais as perigosas bombas aéreas teleguiadas. Caças modernos como os F-16 americanos são a melhor defesa para esses ataques, dizem especialistas.
Anteriormente, as bombas aéreas teleguiadas eram utilizadas esporadicamente, mas agora, isso ocorre todos os dias. No início de abril, a Força Aérea ucraniana informou que a Rússia disparava até 20 dessas bombas por dia ao longo de toda a fronteira.
"Os russos lançam mais e mais dessas bombas por que seus estoques de mísseis já estão se esgotando. Restam alguns poucos, por isso, passaram a usar as bombas aéreas, que são mais baratas", afirmou à DW Yuriy Ihnat, porta-voz das Forças Aéreas ucranianas.
O que são bombas aéreas teleguiadas?
Especialistas ucranianos explicam que há dois tipos de bombas teleguiadas russas. O primeiro destes são as UPAB-1500B, que incluem um sistema de navegação inercial por satélite.
A bomba é projetada para atacar, em particular, alvos sólidos em terra ou na água, como casamatas de concreto reforçado, postos de comando, pontes ferroviárias e navios de guerra ou de transportes. Esses artefatos, criados por engenheiros russos, são de fabricação recente, mas, segundo especialistas, não é possível utilizá-las massivamente devido aos altos custos de produção.
O Exército russo, no entanto, usa atualmente na Ucrânia, na maioria dos casos, bombas antigas altamente explosivas e originalmente não teleguiadas do tipo FAB, que pesam 500, 1000 quilos ou 1,5 tonelada.
Os peritos avaliam que esses projéteis podem ser convertidos em bombas teleguiadas com o simples acréscimo de asas e de um sistema de navegação GPS, que as tornam um armamento de alta precisão.
Oleh Katkov, editor-chefe do jornal ucraniano de comércio Defense Express, avalia que essa conversão é de baixo custo e não requer muito tempo.
Essa informação foi confirmada pelo especialista militar do Centro ucraniano Dmytro Tymchuk para Estudos de Segurança, Oleksandr Kovalenko. "Pode-se produzir com rapidez esse tipo de bombas, das quais ainda existem muitas em estoque", afirmou.
Segundo Kovalenko, a Rússia ainda será capaz de atacar a Ucrânia com essas antigas bombas soviéticas por muito tempo. O especialista ressalta que esses artefatos são de baixa qualidade, uma vez que as asas são simplesmente soldadas a um pedaço de ferro velho.
Sistemas de mísseis antiaéreos não bastam
As aeronaves capazes de transporta as bombas teleguiadas são os aviões de combate Su-30, Su-35, Su-24, Su-34 e alguns helicópteros de ataque. Segundo Yuriy Ihnat, as aeronaves russas deixaram de voar sobre o território ucraniano um mês após o início da invasão ao país vizinho, em fevereiro do ano passado.
Os russos se limitam a lançar essas bombas teleguiadas de dentro de seu território, próximo a fronteira ucraniana, ou das áreas sob domínio russo ao longo das frentes de batalha.
"Os aviões russos conseguem lançar essas bombas 50 a 70 quilômetros dentro do território ucraniano. A distância depende da altitude e da velocidade da aeronave e do quanto eles estão próximos das fronteiras ou das frentes de batalha", explicou.
"Mas, esses aviões não voam além da fronteira porque sabem que podem ser abatidos. Quanto mais alto um avião voa, maior a possibilidade de ser detectado por nossas estações de radar", diz o porta-voz da Força Aérea ucraniana.
Para se defender das bombas teleguiadas, a Ucrânia utiliza sistemas de mísseis antiaéreos da era soviética, em particular, os modelos Buk ou S-300. Esses sistemas, porém, têm pouca eficácia, uma vez que é bastante difícil interceptar bombas aéreas com a utilização de mísseis.
"Os mísseis antiaéreos não atingem diretamente os alvos, mas explodem próximo a eles e os perfuram com fragmentos. Isso normalmente não funciona no caso de uma bomba aérea", enfatizou Ihnat. Ele diz que a Ucrânia precisa de sistemas de defesa modernos, especialmente os Patriot e os SAMP-T para destruir essas bombas.
A Ucrânia, porém, não possui sistemas antiaéreos suficientes para cobrir toda a extensão das frentes de batalha ou de suas fronteiras com a Rússia e o Belarus. Além disso, esses sistemas modernos não devem ser colocados próximos da zona de combates, uma vez que as forças russas tentariam imediatamente destruí-los, mesmo que somente por questões propagandísticas, diz Oleg Katkov.
"Este seria o objetivo número um dos russos. Eles utilizariam tudo o que têm contra os sistemas Patriot", observou. Katkov acredita que os russos estariam até dispostos a sacrificar seus caças apenas para infligir perdas significativas na Ucrânia.
Ucrânia precisa de aviões de combate
Segundo os especialistas, a melhor proteção para a Ucrânia das bombas teleguiadas seriam os modernos caças americanos F-16. "As bombas são difíceis de serem atingidas, dessa forma, seria mais fácil destruir seus transportes, ou seja, os aviões russos", diz Oleksandr Kovalenko.
"Para conseguir combatê-los, a Ucrânia precisa de caças de quarta geração com alcance de mais de 100 quilômetros, como os F-16 ou os aviões de combate polivalentes Eurofighter Typhoon e Rafale", explica o especialista.
Ele se diz convencido de que é impossível proteger as regiões de fronteira e as frentes de batalha das bombas teleguiadas russas, a não ser que a Ucrânia possa utilizar os aviões de combate adequados.
Autor: Lilia Rzheutska / DW
UCRÂNIA - O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, visitou na terça-feira (18) a cidade de Avdiivka, um dos principais pontos da frente leste da batalha, anunciou a assessoria de imprensa do governo.
"Tenho a honra de estar aqui hoje, agradecê-los por seu serviço, pela defesa de nossa terra", afirmou Zelensky aos militares em Avdiivka, segundo a presidência.
A assessoria de Zelensky publicou fotografias e um vídeo da visita, pouco depois do anúncio feito pelo Kremlin de uma visita surpresa de Vladimir Putin às zonas ocupadas da Ucrânia.
As imagens mostram o presidente ucraniano com um um moletom preto, sem colete à prova de balas ou capacete, primeiro a céu aberto com os militares e depois em um hangar industrial onde entregou condecorações do Estado aos soldados.
O vídeo também mostra veículos, possivelmente do comboio presidencial, circulando pelas ruas entre prédios destruídos ou danificados.
"Eu desejo a vocês apenas a vitória, o que desejo a todos os ucranianos", afirmou Zelensky aos militares. "Com pessoas tão fortes, após a vitória, tenho certeza de que juntos vamos reconstruir a Ucrânia", acrescentou.
A cidade de Avdíivka, perto de Donetsk, capital regional ocupada, está há meses entre os pontos de maior tensão da região de mesmo nome, que o exército russo deseja controlar por completo.
por AFP
KREMLIN - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez uma visita surpresa a duas regiões da Ucrânia ocupadas pelas tropas de Moscou, anunciou o Kremlin nesta terça-feira (18), no momento em que as forças de Kiev preparam uma grande ofensiva.
Durante as visitas, que não tiveram as datas reveladas, Putin se reuniu com os comandantes militares na região de Kherson (sul) e em Lugansk (leste).
Moscou reivindica a anexação das duas regiões, embora suas tropas não controlem as áreas por completo. O exército russo, inclusive, sofreu um duro revés e foi obrigado a abandonar cidade de Kherson, capital da região de mesmo nome, no fim do ano passado.
A presidência ucraniana denunciou a visita e acusou o presidente russo de comparecer à cena de seus "crimes".
Esta viagem "é um 'passeio especial' do autor dos assassinatos em massa nos territórios ocupados", afirmou no Twitter Mikhaylo Podoliak, conselheiro da presidência ucraniana.
Pouco depois do anúncio da visita de Putin, Kiev informou que um bombardeio russo deixou seis feridos na cidade de Kherson.
Esta foi a segunda viagem do chefe de Estado russo em um mês a uma área ucraniana ocupada por Moscou.
"O comandante supremo das Forças Armadas da Federação da Rússia visitou o quartel-general da unidade militar 'Dnieper'", na região de Kherson, afirmou o Kremlin em um comunicado.
Putin se reuniu com o comandante das forças aerotransportadas russas, general Mikhail Teplinskiy, e outros altos oficiais militares para discutir a situação nas regiões de Kherson e Zaporizhzhia, áreas que Moscou anunciou ter anexado em setembro.
De acordo com analistas, esta zona pode ser o cenário de uma ofensiva das forças ucranianas na primavera (hemisfério norte, outono no Brasil), para tentar retomar dos russos os territórios ocupados.
O local é particularmente estratégico, já que os territórios conquistados por Moscou nas regiões de Zaporizhzhia e Kherson formam uma continuidade terrestre entre a Rússia e a península da Crimeia, anexada em 2014. A ruptura desta ligação terrestre seria um grande revés para Moscou.
- Preparativos ucranianos -
De acordo com a presidência, Putin felicitou os militares por ocasião da festa ortodoxa da Páscoa, celebrada no domingo.
"É importante ouvir a opinião de vocês sobre a situação, escutá-los, trocar informações", declarou Putin, segundo um vídeo divulgado pelo Kremlin.
O exército russo abandonou a cidade de Kherson em novembro de 2022 para recuar até o outro lado do rio Dnieper.
Em Luhansk, Putin se reuniu com membros da Guarda Nacional russa, anunciou o Kremlin.
Em março, o presidente russo fez visitas surpresa à Crimeia, península anexada pela Rússia em 2014, e a Mariupol, cidade portuária ucraniana cercada durante meses e tomada pelas forças russas em maio de 2022.
A Rússia sofreu consideráveis derrotas militares no ano passado, em particular nas proximidades de Kiev, e teve que retirar suas tropas não apenas da cidade de Kherson, mas também de toda a região de Kharkiv (nordeste).
Atualmente os combates mais violentos acontecem em Bakhmut (leste), epicentro do conflito e a batalha mais longa e sangrenta desde o início da ofensiva russa, em fevereiro de 2022.
Após quase nove meses de confrontos, dois terços da cidade estão sob controle russo.
As forças ucranianas, que recentemente receberam tanques pesados e canhões de longo alcance de seus aliados ocidentais, prometem há semanas uma nova contraofensiva, quando as condições climáticas permitirem as ações.
A Ucrânia afirma que formou brigadas de ataque e armazenou munição com este objetivo.
Kiev não divulgou números, mas o fundador do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgeny Prigozhin, que tem seus combatentes na linha de frente no leste da Ucrânia, advertiu que Moscou deve se preparar para enfrentar uma força ucraniana de entre 200.000 e 400.000 homens.
UCRÂNIA - O Estado-Maior General das Forças Armadas Ucranianas denunciou no domingo "dezenas" de ataques russos a posições ucranianas no leste do país que resultaram em pesadas perdas para os atacantes.
Em particular, disse que 45 ataques russos foram repelidos em torno de Bakhmut e Marinka, onde a linha da frente não mudou. O inimigo está a sofrer pesadas baixas, mas mantém o seu plano de ocupação do território ucraniano", disse ele.
Em outras partes do país também houve ataques apesar das férias da Páscoa ortodoxa, como em Mykolaiv, onde dois adolescentes foram mortos, segundo o governador militar, Vitali Kim.
Em Zaporíjia, o governador militar, Yuri Malashko, relatou um "grande ataque" que danificou uma igreja, forçando o cancelamento das celebrações religiosas. Eles não respeitam nada, nem mesmo a noite da ressurreição de Cristo", lamentou ele.
Fonte: (EUROPA PRESS)
por Pedro Santos / NEWS 360
UCRÂNIA - As tropas ucranianas foram forçadas a se retirar de algumas partes de Bakhmut diante de novos ataques russos à cidade arruinada, disse o Reino Unido nesta sexta-feira, com Moscou pressionando para obter uma vitória antes da esperada contraofensiva da Ucrânia.
Autoridades ucranianas dizem que a Rússia está retirando tropas de outras áreas do front para uma grande investida contra Bakhmut, que Moscou tenta capturar há nove meses para revigorar a invasão que lançou há mais de um ano.
No passado, os países ocidentais apontavam a relação complicada entre o Ministério da Defesa russo e a principal força mercenária do país, Wagner, como uma grande fraqueza russa.
"A Rússia reenergizou seu ataque à cidade de Bakhmut, em Donetsk Oblast, enquanto as forças do Ministério da Defesa russo e do Grupo Wagner melhoraram a cooperação", disseram os militares britânicos em nota diária.
"As forças ucranianas enfrentam problemas significativos de reabastecimento, mas fizeram retiradas ordenadas das posições que foram forçadas a ceder."
Perto de Bakhmut, soldados de uma unidade de artilharia ucraniana estavam carregando projéteis em um obus da era soviética e atirando em direção à linha de frente, onde disseram que a Rússia havia concentrado seus soldados de infantaria.
"Nosso alvo nessa direção é principalmente a infantaria. Há uma grande concentração do 'fator humano' da Federação Russa", disse Dmytro, comandante da unidade de artilharia.
Bakhmut, que tinha cerca de 70 mil pessoas antes da guerra, tem sido o principal alvo da Rússia em uma grande ofensiva de inverno que até agora rendeu poucos ganhos, apesar do combate terrestre de infantaria de uma intensidade não vista na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
A vice-ministra da Defesa ucraniana, Hanna Maliar, disse que os comandantes russos redirecionaram tropas de outras áreas para Bakhmut.
"O inimigo está usando suas unidades mais profissionais lá e recorrendo a uma quantidade significativa de artilharia e aviação", escreveu ela no aplicativo de mensagens Telegram.
"Todos os dias, o inimigo realiza em Bakhmut de 40 a 50 operações de ataque e 500 episódios de bombardeio."
A atualização britânica informou que os ucranianos ainda controlam os distritos ocidentais da cidade, mas foram submetidos a um intenso fogo de artilharia russa nas últimas 48 horas.
Unidades de mercenários de Wagner agora se concentram em avançar no centro de Bakhmut, enquanto paraquedistas russos os substituem em ataques nos flancos da cidade, disse.
Capturar a cidade seria a primeira vitória substancial da Rússia em oito meses. Moscou diz que abriria uma rota para capturar mais território na região de Donbas, no leste da Ucrânia, um importante objetivo de guerra.
Por Kai Pfaffenbach e Manuel Ausloos / REUTERS
KIEV - Forças russas bombardearam cidades da linha de frente no leste da Ucrânia com ataques aéreos e de artilharia, enquanto autoridades dos Estados Unidos intensificavam os esforços para localizar a fonte de um vazamento de documentos norte-americanos sigilosos, incluindo os de planos de contraofensiva ucranianos.
Os russos continuavam sua ofensiva na região de Donetsk, onde várias cidades e vilas foram bombardeadas de forma intensa, disse o Estado-Maior da Ucrânia nesta terça-feira.
As forças ucranianas repeliram vários ataques, afirmou o órgão, conforme os militares russos mantinham seus esforços para assumir o controle de Bakhmut.
Um alto comandante ucraniano acusou Moscou de usar táticas de "terra arrasada".
"O inimigo mudou para as chamadas táticas de terra arrasada da Síria. Ele está destruindo edifícios e posições com ataques aéreos e fogo de artilharia", disse o coronel general Oleksandr Syrskyi, comandante das forças terrestres da Ucrânia, sobre Bakhmut.
A batalha pela pequena e agora em grande parte arruinada cidade à beira de um pedaço do território controlado pela Rússia em Donetsk tem sido a mais sangrenta da guerra de 13 meses, enquanto Moscou tenta injetar força em sua campanha após recentes reveses.
Ambos os lados sofreram pesadas baixas nos combates de Bakhmut, mas Syrskyi declarou: "A situação é difícil, mas controlável".
O chefe da parte de Donetsk controlada por Moscou, Denis Pushilin, disse que as forças russas agora controlam 75% da cidade, embora tenha alertado que é muito cedo para falar sobre a queda de Bakhmut.
Os militares de Moscou também visam a cidade de Avdiivka.
"Os russos transformaram Avdiivka em uma ruína total", disse Pavlo Kyrylenko, governador regional de Donetsk, descrevendo um ataque aéreo na segunda-feira que destruiu um prédio de vários andares.
"No total, cerca de 1.800 pessoas permanecem em Avdiivka, todas arriscando suas vidas todos os dias."
À medida que as batalhas avançam, a emissora norte-americana CNN disse que a Ucrânia foi forçada a alterar alguns planos militares antes de sua tão esperada contraofensiva por causa do vazamento de dezenas de documentos secretos.
Autoridades norte-americanas estão tentando rastrear a fonte do vazamento, revisando como eles compartilham segredos internamente e lidando com as consequências diplomáticas.
Os documentos detalham tópicos como informações sobre o conflito na Ucrânia, no qual Washington tem fornecido a Kiev grandes quantidades de armas e liderado a condenação internacional da invasão de Moscou.
Questionado sobre o relatório, o assessor presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak disse que os planos estratégicos de Kiev permanecem inalterados, mas que táticas específicas sempre estão sujeitas a mudanças.
Alguns especialistas em segurança nacional e autoridades dos EUA disseram suspeitar que o responsável pelo vazamento possa ser norte-americano, mas não descartaram atores pró-Rússia.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, se recusou a comentar o vazamento, mas afirmou: "Na verdade, há uma tendência de sempre culpar a Rússia por tudo. É, em geral, uma doença".
Por Pavel Polityuk
Reportagem adicional de Ron Popeski, Nick Starko e Tom Balmforth / REUTERS
KIEV – Forças russas estão realizando ataques na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, concentrando-se em duas cidades e atacando posições ucranianas com incursões aéreas e barragens de artilharia, disse Kiev na segunda-feira.
O comandante das forças terrestres da Ucrânia afirmou que os russos estão destruindo edifícios e posições na sitiada Bakhmut no que chamou de táticas de “terra arrasada”.
O ataque da Rússia a Bakhmut, uma pequena cidade em Donetsk no limite de um trecho do território controlado pela Rússia, tem sido por meses o foco da maior batalha da guerra, agora em seu segundo ano.
O Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia disse no domingo que os combates foram mais intensos ao longo das proximidades ocidentais de Bakhmut. Os russos também tinham como alvo a cidade de Avdiivka, afirmou.
Nesta segunda-feira, o comandante das forças terrestres, coronel general Oleksandr Syrskyi, disse que a defesa de Bakhmut continua.
“A situação é difícil, mas controlável”, declarou ele, segundo o Centro Militar de Mídia da Ucrânia.
Moscou está enviando forças especiais e unidades aerotransportadas para ajudar no ataque, já que os membros do grupo mercenário privado russo Wagner estão exaustos, disse Syrskyi. Os mercenários de Wagner têm liderado o ataque russo a Bakhmut, que está em grande parte em ruínas.
“O inimigo mudou para a chamada tática de terra arrasada da Síria. Ele está destruindo edifícios e posições com ataques aéreos e fogo de artilharia”, disse Syrskyi.
A Reuters não pôde verificar os relatos do campo de batalha.
O Estado-Maior da Ucrânia afirmou que as forças russas fizeram avanços malsucedidos em áreas a oeste de Bakhmut e que pelo menos 10 cidades e vilarejos foram bombardeados pela Rússia. Os russos também não avançaram nos ataques a Avdiivka, acrescentou.
Donetsk é uma das quatro províncias no leste e sul da Ucrânia que a Rússia declarou anexada no ano passado e está tentando ocupar totalmente no que parece ser uma mudança em seus objetivos de guerra, depois de não conseguir tomar o país logo após sua invasão em fevereiro de 2022.
Analistas ocidentais dizem que ambos os lados têm perdido um grande número de soldados na batalha por Bakhmut, um centro regional de transporte e logística antes da guerra.
O controle de Bakhmut pode permitir que a Rússia atinja diretamente as linhas defensivas ucranianas em Chasiv Yar, no leste, e abra caminho para que suas forças avancem sobre duas cidades maiores na região de Donetsk – Kramatorsk e Sloviansk.
Embora a Ucrânia tenha dito que deseja infligir o maior número possível de baixas às forças russas enquanto prepara sua própria contraofensiva, o presidente Volodymyr Zelenskiy reconheceu na semana passada que, se as tropas estiverem em risco de serem cercadas, poderiam se retirar.
O analista militar ucraniano Oleh Zhdanov disse que as forças russas controlavam o centro de Bakhmut, com grande parte de seu ataque agora concentrado na estação ferroviária.
“Há combates intensos no centro da cidade e o inimigo está se movendo gradualmente em direção à periferia oeste”, declarou Zhdanov.
O Ministério da Defesa britânico disse que, nos últimos sete dias, a Rússia também parece ter aumentado seus ataques blindados ao redor da cidade de Marinka, também na província de Donetsk.
“A Rússia continua dando alta prioridade às operações de recursos no setor mais amplo de Donetsk, incluindo as áreas de Marinka e Avdiivka, gastando recursos significativos para ganhos mínimos”, afirmou.
Por Pavel Polityuk / REUTERS
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