MOSCOU - Um grupo de combatentes russos pró-Ucrânia envolvidos em recentes incursões na região fronteiriça de Belgorodo, na Rússia, disse no domingo (4) que capturou dois soldados russos e se ofereceu para trocá-los por uma reunião com o governador regional.
Grupos como a Legião da Liberdade da Rússia e o Corpo de Voluntários Russos relataram batalhas na região nos últimos dias, enquanto Kiev se prepara para uma contraofensiva contra as forças do Kremlin na Ucrânia.
Em um vídeo em um canal de Telegram da Legião da Liberdade da Rússia, um homem que se identificou como comandante do Corpo de Voluntários Russos disse que entregaria os dois prisioneiros ao governador de Belgorodo, Viacheslav Gladkov, se ele viesse encontrar os combatentes na vila de Novaia Tavolzhanka antes das 17h no horário local.
O vídeo mostrava os dois prisioneiros, um dos quais parecia ferido e estava deitado em uma mesa de operação. "Hoje, até às 17h, vocês têm a oportunidade de se comunicar sem armas e levar para casa dois cidadãos russos, soldados comuns que você e sua liderança política enviaram para o massacre", dizia um comunicado publicado junto com o vídeo.
Horas depois, o governador afirmou que iria se encontrar com os combatentes no horário determinado por eles e que garantiria a segurança dos cativos russos caso eles ainda não tivessem sido mortos.
A Rússia, que invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, sustenta que os dois grupos são terroristas agindo como representantes de Kiev. A Ucrânia negou envolvimento direto nos ataques em Belgorodo, mas os classificou como consequência da invasão da Rússia.
Gladkov afirmou neste domingo que as forças ucranianas continuaram a bombardear a região de Belgorodo durante a madrugada depois que duas pessoas foram mortas na noite anterior e centenas de crianças, retiradas da fronteira. Ao todo, mais de 4.000 pessoas foram realocadas para acomodações temporárias na região, segundo oficiais.
"Durante a noite, foi bastante inquieto", afirmou Gladkov em um canal de Telegram, acrescentando que os distritos de Shebekino e Volokonovski sofreram muitos danos com o último bombardeio.
Gladkov escreveu mais tarde que os incêndios começaram na cidade de Shebekino depois que as forças ucranianas bombardearam uma área de mercado no centro, mas que ninguém ficou ferido. Shebekino fica a cerca de 7 km da fronteira com a Ucrânia.
A realidade da guerra está aos poucos sendo trazida para a Rússia, com bombardeios sendo intensificados nas regiões de fronteira, mas também com ataques aéreos no interior do país, inclusive um na semana passada em Moscou.
No final de maio, os militares da Rússia disseram ter repelido um dos mais graves ataques transfronteiriços de um grupo de sabotagem ucraniano que, segundo eles, havia entrado em território russo em Belgorodo.
A Ucrânia negou ter atacado Moscou na semana passada e também que seus militares estejam envolvidos nas incursões em Belgorodo. Diz que são conduzidos por combatentes voluntários russos.
No sábado, Gladkov escoltou cerca de 600 crianças dos distritos de Shebekino e Graivoron da região para as cidades de Yaroslavl e Kaluga, longe da fronteira ucraniana. "As crianças de Shebekino estão muito preocupadas com sua cidade natal", disse ele. "Comecei a sair, eles me pararam e com ansiedade começaram a fazer perguntas."
Shebekino, uma cidade de cerca de 40 mil habitantes, e outros lugares em Belgorodo foram atacados repetidamente recentemente, com Gladkov dizendo à mídia russa que sua região agora vive em condições de guerra. Neste domingo, o governador afirmou que a artilharia russa repeliu ataques de grupos pró-Ucrânia no município de Novaia Tavolzhanka.
Também neste domingo, os militares ucranianos renovaram um apelo por silêncio em torno de uma contraofensiva há muito esperada contra as forças russas --autoridades ucranianas desencorajaram a especulação pública sobre a operação, dizendo que isto poderia ajudar o inimigo.
Há grande expectativa em torno do que se espera ser um amplo ataque das forças de Kiev para retomar o território ocupado pela Rússia no leste e no sul do país.
Nos últimos dias, as autoridades também reprimiram os cidadãos que compartilham imagens ou filmagens de sistemas de defesa aérea derrubando mísseis russos. "Os planos amam o silêncio. Não haverá anúncio do início", disse um oficial ucraniano em um vídeo publicado nos canais oficiais do Telegram, aparentemente referindo-se à contraofensiva.
Os aliados ocidentais de Kiev nos últimos meses forneceram armas, armaduras e munições para a contraofensiva, que especialistas militares disseram que poderia ser difícil, contra as forças russas entrincheiradas.
Em entrevista publicada no sábado, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou que Kiev estava preparada para a operação, mas não deu prazos.
Em resposta, neste domingo o Kremlin afirmou que qualquer fornecimento de mísseis de longo alcance para Kiev pela França e pela Alemanha levaria a tensões crescentes no conflito na Ucrânia. No mês passado, o Reino Unido se tornou o primeiro país a fornecer à Ucrânia foguetes do tipo.
A Ucrânia pediu à Alemanha mísseis de cruzeiro Taurus, que têm um alcance de 500 km, enquanto o presidente Emmanuel Macron disse que a França dará à Ucrânia mísseis com um alcance que lhe permita realizar sua contraofensiva.
A Rússia critica repetidamente os países ocidentais por fornecerem armas à Ucrânia e alerta que os membros da Otan, a aliança militar do ocidente, se tornaram efetivamente partes diretas do conflito.
UCRÂNIA - A Ucrânia afirmou na sexta-feira (2) que interceptou "o conjunto" de mísseis e drones russos disparados durante a madrugada contra Kiev, que deixaram dois feridos, no sexto dia consecutivo de ataques contra a capital.
"Os 15 mísseis de cruzeiro e os 21 drones de ataque (russos) foram destruídos pela defesa aérea", anunciou a Força Aérea ucraniana no Telegram.
De acordo com o comandante da administração militar da capital, Serguii Popko, a Rússia utilizou mísseis do tipo X-101/555 e drones explosivos Shahed.
"O terror sobre Kiev com ataques aéreos continua", criticou o comandante.
"Nos últimos seis dias, (os russos) executaram seis ataques aéreos contra a cidade", acrescentou.
De acordo com a Procuradoria Geral ucraniana, que abriu uma investigação, "um menino de 11 anos ficou ferido e um homem de 68 anos foi hospitalizado" após o ataque em larga escala.
Casas e veículos também foram atingidos.
A Rússia intensificou a partir do início de maio os ataques com drones e mísseis contra Kiev, geralmente durante a noite, em uma tática que, segundo o governo da Ucrânia, pretende aterrorizar a população civil no momento em que o exército do país afirma que está finalizando os preparativos para uma contraofensiva que terá o objetivo de recuperar os territórios ocupados por Moscou.
As autoridades russas afirmam que os ataques têm como alvos, sempre com "sucesso", áreas militares.
UCRÂNIA - A Rússia executou um ataque aéreo nesta quinta-feira contra Kiev que matou pelo menos três pessoas, incluindo uma criança, uma incursão que provocou pânico na capital ucraniana após uma semana de bombardeios.
O ataque, que começou às 3H00 locais (21H00 de Brasília, quarta-feira) com mísseis de cruzeiro e balísticos, deixou três mortos e 12 feridos, segundo as autoridades ucranianas.
"No bairro de Desnianski: três pessoas mortas, incluindo uma criança (nascida em 2012), e 10 pessoas feridas, incluindo uma criança. No bairro de Dniprovskyi: duas pessoas feridas", anunciou no Telegram a Administração Militar de Kiev.
Ao mesmo tempo, a Rússia começou a retirar na quarta-feira centenas de crianças de regiões de fronteira com a Ucrânia, alvos de intensos bombardeios nos últimos dias, e onde a situação é "alarmante", segundo o Kremlin.
Nesta quinta-feira, oito pessoas ficaram feridas em uma cidade da região de Belgorod, próxima da fronteira e alvo de disparos contínuos de artilharia, anunciou o governador Vyacheslav Gladkov.
"Shebekino está sob fogo ininterrupto", afirmou Gladkov no Telegram. As forças ucranianas bombardeiam "o centro e os arredores" da cidade, acrescentou.
"Oito pessoas ficaram feridas. Não há mortes", disse.
"A vida dos civis e da população está sob ameaça, em particular em Shebekino e nas localidades próximas", afirmou Gladkov.
O governador, no entanto, negou as informações divulgadas em alguns canais do Telegram sobre um "avanço" das tropas ucranianas na região de Belgorod.
Gladkov anunciou na quarta-feira o início da retirada de menores de duas localidades alvos de disparos de artilharia e morteiros.
"A partir de hoje estamos evacuando nossas crianças dos distritos de Shebekino e Graivoron", disse. "Um primeiro grupo de 300 crianças será enviado hoje para Voronezh", cidade cerca de 250 quilômetros ao nordeste.
Um jornalista da agência Ria Novosti disse que diversos ônibus com cerca de 150 pessoas chegaram à cidade.
Enquanto isso, as tensões com o Ocidente aumentaram nesta quarta-feira, após a Alemanha anunciar uma drástica redução do corpo diplomático russo em seu território, com o fechamento de quatro dos cinco consulados.
Moscou criticou a decisão, que chamou de "provocação impensada", e prometeu uma "resposta justa".
Em Washington, o Pentágono anunciou um novo pacote de armas de US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,53 bilhão) para a Ucrânia, incluindo sistemas de defesa aérea e dezenas de milhões de cartuchos de munição.
RÚSSIA - O Exército da Rússia afirmou nesta quarta-feira (31) que destruiu o último grande navio de guerra da Marinha da Ucrânia, que estava ancorado no porto de Odessa, sul do país.
"Em 29 de maio, um ataque de alta precisão da Força Aérea russa na área de ancoragem no porto de Odessa destruiu o último navio de guerra da Marinha ucraniana, o 'Yuri Olefirenko'", informou o Exército russo em seu boletim diário.
A AFP não conseguiu confirmar a informação com fontes independentes, e um porta-voz da Marinha ucraniana se recusou a fazer comentários.
O "Yuri Olefirenko" é um navio para o desembarque de tropas. O nome original era "Kirovograd" e foi rebatizado em 2016 para honrar um oficial ucraniano morto em 2015 perto da cidade de Mariupol, no sudeste.
Em junho de 2022, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, condecorou a tripulação deste navio por seu "heroísmo" durante a ofensiva do Exército russo.
O navio foi utilizado em 2014 para retirar os miliares ucranianos após a anexação da península da Crimeia pela Rússia.
RÚSSIA - A Rússia anunciou nesta terça-feira (30) que derrubou oito drones ucranianos lançados contra Moscou e as proximidades da capital, um ataque sem precedentes que coincide com a terceira onda de bombardeios russos contra Kiev, a capital da Ucrânia, em 24 horas.
O ministério russo da Defesa denunciou um "ataque terrorista" de Kiev e afirmou que neutralizou os oito drones com suas baterias de defesa antiaérea e sistemas de guerra eletrônica.
O prefeito da capital russa, Serguei Sobyanin, informou que duas pessoas ficaram levemente feridas no ataque, que aconteceu durante a madrugada e provocou "danos pequenos em vários edifícios".
"Todos os serviços de emergência da cidade foram acionados (...) Ninguém ficou gravemente ferido até o momento", escreveu Sobianin no Telegram.
A ação contra Moscou acontece em um momento de multiplicação dos ataques em território russo. Na semana passada aconteceu uma grande incursão na região de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia. Kiev não reivindicou qualquer operação.
Pouco antes do anúncio do ataque com drones em Moscou, a Ucrânia informou que uma pessoa morreu em um novo "ataque em larga escala" contra Kiev durante a noite, o terceiro em apenas 24 horas.
"Das 23H30 às 4H30 (17H30 às 22H30 de Brasília, segunda-feira), as tropas russas da ocupação atacaram a Ucrânia com 31 drones de fabricação iraniana Shahed-136/131, mas 29 foram derrubados, quase todos perto da capital e no céu de Kiev", anunciou a Força Aérea ucraniana no Telegram.
"Uma pessoa morreu, uma mulher foi hospitalizada, duas vítimas receberam atendimento médico no local", declarou o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko.
Vários mísseis russos foram lançados durante a segunda-feira contra Kiev, o que provocou cenas de pânico nas ruas, após uma noite de bombardeios. Muitos moradores procuraram abrigos subterrâneos, em particular as estações de metrô.
- Edifícios abandonados -
Em Kiev e outras cidades ucranianas, as explosões são parte do dia a dia dos habitantes. Porém, Moscou e as localidades próximas raramente foram atacadas com drones desde o início do conflito na Ucrânia, em fevereiro de 2022.
As imagens publicadas nas redes sociais mostram vestígios de fumaça no céu. Outras mostram uma janela destruída em um edifício.
Testemunha citadas pelas agências de notícias russas afirmaram que um drone "entrou em um apartamento" no 14º andar de um edifício residencial.
"Não houve explosão. A polícia pediu a todos os moradores que abandonassem os apartamentos", disse uma testemunha à agência Ria Novosti.
De acordo com Sobianin, as autoridades determinaram a evacuação de dois prédios residenciais de Moscou atingidos pelos drones.
Os moradores "poderão retornar aos apartamentos após a conclusão do trabalho dos serviços especiais", declarou o prefeito da capital russa.
"Esta manhã, os moradores de alguns distritos de Moscou ouviram explosões: era o nosso sistema de defesa antiaérea", anunciou o governador da região, Andrei Vorobiov.
Ele pediu aos moradores que permaneçam calmos e insistiu que "todos os serviços de emergência estão trabalhando".
O Comitê de Inquérito da Rússia, responsável pelas principais investigações no país, informou em um comunicado que está analisando a queda de drones em Moscou e afirmou que vários aparelhos foram derrubados quando se aproximaram da capital.
Moscou e sua região, a mais de 500 quilômetros da fronteira ucraniana, quase não foram alvos de ataques com drones, mas este tipo de operação foi registrada com mais intensidade nas últimas semanas em outras áreas do território russo.
No início de maio, dois drones foram derrubados sobre o Kremlin, sede do poder russo, em um ataque atribuído à Ucrânia.
Também foram registrados ataques de drones contra bases militares e infraestruturas de energia na Rússia.
UCRÂNIA - A Ucrânia afirmou, no domingo (28), que conseguiu repelir durante a noite o "maior" ataque de drones lançado contra Kiev desde o início da invasão russa e o presidente Volodimir Zelensky elogiou as defesas antiaéreas do país.
O bombardeio noturno deixou pelo menos dois mortos e três feridos, segundo as autoridades.
O ataque acontece enquanto a Rússia intensifica o bombardeio da capital ucraniana e emite alertas contra as potências ocidentais, depois que os Estados Unidos autorizaram a entrega de caças F-16 a Kiev.
A administração militar de Kiev classificou o bombardeio como "o maior ataque de drones contra a capital desde o início da invasão".
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, agradeceu o trabalho das defesas antiaéreas.
"Toda vez que eles derrubam drones e mísseis inimigos, vidas são salvas (...). Eles são os nossos heróis", escreveu ele no Telegram.
Este é o 14º ataque de drones contra Kiev desde o início de maio.
"As pessoas estão em choque. Os danos são significativos, as janelas quebradas, o telhado danificado", disse Sergei Movchan, um morador de 50 anos.
As autoridades militares especificaram que o ataque "se desenvolveu em várias ondas, e o alerta aéreo durou mais de 5 horas".
- "É assim que a Rússia comemora" -
O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, descreveu o ataque como "massivo" e especificou que os drones foram lançados "de várias direções ao mesmo tempo".
Zelensky afirmou pela noite, em seu discurso, que "durante o ataque terrorista, o bombardeio mais poderoso foi direcionado contra a região de Kiev".
"É assim que a Rússia comemora o dia de nossa antiga Kiev", afirmou.
Este domingo é o dia em que Kiev comemora sua história e, antes da guerra, as autoridades organizavam espetáculos e eventos públicos.
"Kiev, uma cidade de pessoas livres e corajosas, tornou-se um símbolo do espírito inabalável da Ucrânia e das ambições imperiais fracassadas do Kremlin", elogiou o ministro da Defesa, Oleksiy Reznikov.
Segundo a Força Aérea da Ucrânia, a Rússia mirou em "instalações militares e infraestruturas estratégicas nas regiões centrais do país, em particular na região de Kiev".
"A Federação Russa lançou outro ataque maciço no território da Ucrânia, usando drones de ataque iranianos Shahed", afirmou o Estado-Maior das forças ucranianas.
"De acordo com informações atualizadas, 58 dos 59 (drones) foram derrubados por nossas defesas", disse ele, atualizando um anúncio anterior de 52 de um total de 54 aeronaves derrubadas.
- "Um aliado-chave" -
Mikhailo Podoliak, assessor da presidência ucraniana, culpou o Irã, pedindo novas sanções contra Teerã.
O assessor afirma que "Teerã se tornou um importante aliado de Moscou este ano, entregando de forma deliberada armas para atacar cidades com civis".
O Irã, por sua vez, afirma que as acusações da Ucrânia são uma tentativa de obter mais apoio militar e financeiro das potências ocidentais.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, afirmou neste domingo que as potências do Ocidente estão brincando "com fogo" após a recente autorização dos Estados Unidos para futuras entregas de caças F-16 à Ucrânia.
"É uma escalada inaceitável" promovida por "Washington, Londres e os seus satélites dentro da UE (União Europeia)" que querem "enfraquecer a Rússia", destacou.
O uso de veículos pilotados remotamente na zona de conflito é cada vez mais comum.
Nas últimas semanas, o território russo também tem sido alvo de ataques deste tipo, além das sabotagens, em um momento em que Kiev afirma estar concluindo os preparativos para lançar uma contraofensiva e recuperar todos os territórios ocupados por Moscou, incluindo a península da Crimeia anexada pela Rússia em 2014.
O maior ataque ocorreu em 3 de maio, quando a Rússia informou que dois drones foram derrubados sobre o Kremlin em Moscou, residência oficial e local de trabalho ocasional do presidente Vladimir Putin. A Rússia acusou a Ucrânia, que negou envolvimento.
Geralmente são as regiões fronteiriças à Ucrânia que estão sendo atacadas, onde o exército russo abastece parte de suas tropas.
KIEV - A Ucrânia derrubou 10 mísseis e mais de 20 drones lançados pela Rússia em ataques noturnos contra a capital Kiev, a cidade de Dnipro e regiões do leste, disseram autoridades ucranianas na sexta-feira.
O gabinete do presidente Volodymyr Zelenskiy informou em um comunicado que um incêndio ocorreu nos arredores da cidade de Kharkiv, no nordeste do país, depois que um depósito de petróleo foi atingido duas vezes, e que o equipamento para bombear derivados de petróleo foi danificado.
A Rússia tem intensificado os ataques de mísseis e drones contra a Ucrânia neste mês, atacando principalmente instalações logísticas e de infraestrutura antes de uma esperada contraofensiva ucraniana.
A força aérea ucraniana disse ter abatido 10 mísseis disparados do Mar Cáspio, 23 drones Shahed de fabricação iraniana e dois drones de reconhecimento durante os ataques noturnos.
De acordo com a força aérea, um total de 17 mísseis e 31 drones foram lançados nos ataques, que começaram por volta das 22h de quinta-feira e continuaram até as 5h da sexta-feira.
Vários drones e mísseis atingiram alvos nas regiões de Kharkiv e Dnipropetrovsk, disseram autoridades.
Não houve relatos imediatos de morte.
"Foi uma noite muito difícil. Foi barulhento - o inimigo lançou um ataque em massa na região com mísseis e drones", disse Serhiy Lysak, governador regional de Dnipropetrovsk, pelo aplicativo de mensagens Telegram. "Dnipro sofreu."
Segundo Lysak, várias casas, carros e empresas privadas, incluindo uma companhia de transporte e um posto de gasolina, foram danificados. Um funcionário do posto de gasolina ficou ferido.
Autoridades em Kiev disseram que o teto de um shopping, uma casa e vários carros foram danificados.
O governador da região de Kharkiv também relatou danos a várias casas e instalações industriais.
A Rússia, que iniciou sua invasão em grande escala há 15 meses, tem lançado centenas de ataques com mísseis desde outubro passado, buscando destruir infraestrutura crítica e instalações de energia.
O país mudou o foco de seus ataques com mísseis para tentar interromper a preparação para um contra-ataque ucraniano, disseram oficiais militares.
Por Olena Harmash e Gleb Garanich / REUTERS
KIEV - A Rússia tem substituído unidades militares privadas do grupo mercenário Wagner por tropas regulares nos arredores de Bakhmut, mas os combatentes do grupo permanecem dentro da cidade devastada, disse a vice-ministra da Defesa ucraniana, Hanna Maliar, na quinta-feira.
Seus comentários parecem confirmar, pelo menos parcialmente, um anúncio do fundador do Wagner, Yevgeny Prigozhin, de que seu grupo havia começado a retirar suas forças de Bakhmut, no leste da Ucrânia, e entregar suas posições às tropas regulares russas.
"Nos arredores de Bakhmut, o inimigo substituiu as unidades do Wagner por forças regulares do Exército. Dentro da própria cidade, os combatentes do Wagner permanecem", escreveu Maliar em comentários no aplicativo Telegram.
Prigozhin disse em um vídeo que a retirada de suas unidades havia começado na quinta-feira e que a entrega das posições do Wagner continuaria até 1º de junho.
Serhiy Cherevatyi, porta-voz do comando militar do leste da Ucrânia, afirmou que o número de ataques russos na área caiu nos últimos três dias e que houve dois confrontos militares nas últimas 24 horas, embora os bombardeios continuem.
"Podemos definitivamente notar uma redução nos ataques e possivelmente isso está ligado ao reagrupamento. É claro que infligimos pesadas perdas e eles precisam disso (se reagrupar)", disse ele.
Segundo Maliar, a Rússia também está reforçando suas posições nos flancos de Bakhmut e bombardeando as forças ucranianas para tentar impedir os avanços ucranianos ao norte e ao sul da cidade.
Prigozhin anunciou a captura de Bakhmut na semana passada, após a mais longa e sangrenta batalha da guerra.
Reportagem de Pavel Polityuk / REUTERS
RÚSSIA - A Rússia reagirá de forma "extremamente dura" a novos ataques de combatentes que entrarem em seu território vindos da Ucrânia, disse o ministro da Defesa do país, Sergei Shoigu, na quarta-feira.
O Exército russo disse na terça-feira que derrotou militantes que atacaram uma região da fronteira russa com a Ucrânia veículos blindados no dia anterior, matando mais de 70 "nacionalistas ucranianos" e empurrando o restante de volta para a Ucrânia.
"Continuaremos a responder a essas ações dos militantes ucranianos de forma rápida e extremamente severa", disse Shoigu às autoridades do Ministério da Defesa, em comentários publicados pelo ministério.
Reportagem da Reuters
RÚSSIA - A Rússia afirmou na terça-feira (23) que "esmagou" com sua força aérea e artilharia um comando ucraniano que atacou a região fronteiriça de Belgorod, na incursão mais grave em seu território desde o início do conflito.
Na segunda-feira, combatentes da Ucrânia atacaram várias cidades na região de Belgorod, com tiros de artilharia e de drones, segundo as autoridades russas, e obrigaram os moradores a fugir.
O Kremlin expressou "profunda preocupação" e pediu o aumento dos "esforços" para evitar as outras operações desse tipo, que se soma a uma série de ataques em território russo, em plena preparação de uma grande contraofensiva ucraniana.
O Ministério da Defesa da Rússia afirmou na terça-feira que impediu a incursão, com apoio de sua Força Aérea e a artilharia.
"Na operação antiterrorista, as formações nacionalistas [ucranianas] foram bloqueadas e esmagadas por bombardeio aéreo e fogo de artilharia", indicou o ministério em comunicado.
"Os nacionalistas restantes foram repelidos para o território da Ucrânia, onde os bombardeios [...] continuaram até sua eliminação total", acrescentou o ministério, que afirmou que "mais de 70 terroristas ucranianos" foram mortos.
Não foi possível verificar as informações até o momento.
"Não estamos travando nenhuma guerra em territórios estrangeiros", disse o vice-ministro da Defesa ucraniano, Ganna Maliar, referindo-se a uma "crise interna russa".
O governador da região de Belgorod, Viacheslav Gladkov, anunciou à tarde a suspensão do regime "antiterrorista" decretado na véspera.
Essa medida dá poderes ampliados às forças de segurança para realizar operações armadas, efetuar controle de população e realizar evacuações. O regime foi utilizado na Chechênia entre 1999 e 2009.
- "Legião Liberdade para a Rússia" -
A incursão foi reivindicada no Telegram pela "Legião Liberdade para a Rússia", um grupo de russos que combatem do lado ucraniano e que em outras ocasiões já afirmou ter realizado ações na mesma região.
Outro grupo teria participado da operação, o "Corpo de Voluntários Russos".
O governador Gladkov anunciou que nove localidades foram evacuadas e que 13 pessoas ficaram feridas "em ações criminosas" e em bombardeios ucranianos.
As autoridades russas indicaram também que uma mulher morreu de insuficiência cardíaca durante a evacuação da localidade de Kozinka.
Vários russos entrevistados pela AFP em Moscou manifestaram medo de novos ataques.
"Toda a nação russa está nervosa com a ideia de que (os ataques) possam chegar mais longe, em Moscou inclusive", declarou Alexander, um engenheiro de 42 anos que preferiu não fornecer o sobrenome.
Os ucranianos entrevistados em Kiev estavam mais interessados nos combates em seu território. "Nossos militares devem recuperar o que os russos tomaram, as cidades da Ucrânia. Não precisamos da Rússia", disse Olga, de 26 anos, que trabalha em uma creche.
- Putin mantém silêncio -
Até agora, o presidente russo, Vladimir Putin, não se pronunciou sobre o ataque. Durante uma cerimônia de entrega de condecorações nesta terça-feira no Kremlin, limitou-se a falar de forma geral sobre o conflito na Ucrânia.
"Sim, a Rússia enfrenta tempos difíceis, mas este é um momento particular para a nossa consolidação" nacional, afirmou, e reiterou que Moscou defende a população russa do Donbass ucraniano.
Na segunda-feira, o Kremlin acusou Kiev de orquestrar a ação com o objetivo de "desviar a atenção" da tomada da cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia.
No último fim de semana, as forças russas reivindicaram a captura da cidade do leste ucraniano, que foi devastada na batalha por sua conquista, a mais longa e letal do conflito e que teria provocado enormes perdas para os dois lados.
Kiev negou a perda de Bakhmut e nesta terça-feira afirmou que "as batalhas pela cidade [...] continuam".
O presidente Volodimir Zelensky visitou nesta terça-feira a linha de frente na região de Donetsk (leste), palco de intensos combates.
Este site utiliza cookies para proporcionar aos usuários uma melhor experiência de navegação.
Ao aceitar e continuar com a navegação, consideraremos que você concorda com esta utilização nos termos de nossa Política de Privacidade.