FRANÇA - O governo francês emitiu nesta sexta-feira (07/10) um aviso aos seus cidadãos no Irã, pedindo-lhes que "deixem o país o mais rápido possível", citando o risco de detenção arbitrária.
"Todos os visitantes franceses, incluindo de dupla nacionalidade, estão expostos a um alto risco de prisão, detenção arbitrária e julgamento injusto", diz um comunicado no site do Ministério do Exterior da França. "Este risco também diz respeito às pessoas que fazem uma simples visita turística", acrescenta.
O site do Ministério do Exterior da França também alertou que a "capacidade da embaixada francesa em Teerã para fornecer proteção consular a cidadãos presos ou detidos no Irã é muito limitada".
"Confissões" de franceses
Na quinta-feira, a televisão estatal iraniana transmitiu "confissões" de dois cidadãos franceses, uma integrante do sindicato dos professores franceses Cecile Kohler e seu parceiro Jacques Paris, que foram presos em maio depois de serem acusados de tentar provocar distúrbios durante greves de professores no início deste ano.
Em 11 de maio, o Irã anunciou a detenção do casal, dizendo que ele "entrou no país com o objetivo de desencadear o caos e desestabilizar a sociedade".
Dois outros cidadãos franceses, a antropóloga franco-iraniana Fariba Adelkhah e o blogueiro Benjamin Brière, também estão detidos em Teerã. Teerã acusou Brière de espionagem e o condenou a uma longa sentença de prisão. Ele foi preso em maio de 2020.
Atualmente, existem mais de 20 ocidentais detidos em prisões iranianas. Grupos de direitos humanos acusam Teerã de usar a diplomacia de reféns para obter influência e extrair concessões de governos ocidentais.
Agitação no Irã
O Irã vive uma dramática onda de convulsão social e distúrbios civis após a morte, em 16 de setembro, de uma curda iraniana de 22 anos, Mahsa Amini. Ela foi detida por não usar véu islâmico, violando o ultraconservador código de vestimenta para mulheres no país.
Nesta sexta-feira, o Irã afirmou que Amini morreu em decorrência de uma doença e não por espancamentos sofridos quando estava sob custódia policial.
Apesar da repressão do governo, os protestos liderados por mulheres contra a morte de Mahsa já seguem por quase três semanas. As manifestações são as maiores no Irã desde as ocorridas em 2019 contra o aumento do preço dos combustíveis. O governo vem reprimindo duramente os atos e pelo menos 154 pessoas morreram, segundo denunciou a ONG Human Rights Iran. Um balanço oficial contabiliza 60 mortos, incluindo 12 membros das forças de segurança.
md (AFP, Reuters)
CURDISTÃO - As forças de segurança iranianas dispersaram com gás lacrimogêneo - e efetuaram várias detenções -um protesto no nordeste do país contra a morte de uma jovem que havia sido detida pela polícia da moral, informou a agência de notícias Fars.
Esta unidade da polícia, responsável por fazer com que as mulheres respeitem o rígido código de vestimenta da República Islâmica - em particular o uso do véu em público - recebeu muitas críticas nos últimos meses por atuar com violência.
Mahsa Amini, de 22 anos e natural da região do Curdistão (noroeste), foi detida na terça-feira da semana passada em Teerã, onde visitava a família. A jovem faleceu na sexta-feira em um hospital, depois de passar três dias em coma.
O caso provocou uma onda de indignação no país. "Quase 500 pessoas se reuniram em Sanandaj, capital da província do Curdistão, e gritaram frases contra as autoridades do país", informou a Fars.
"Os manifestantes quebraram as janelas dos veículos e incendiaram latas de lixo. A polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar a multidão", acrescentou a agência.
"Várias pessoas foram detidas", informou a Fars, sem revelar um número exato.
No sábado, outra manifestação foi dispersada com gás lacrimogêneo em Saghez, cidade natal da jovem.
"Muitos manifestantes acreditam que Mahsa morreu torturada", destacou a agência Fars.
A polícia de Teerã alega que "não houve qualquer contato físico" entre os agentes e a jovem.
A televisão estatal exibiu um vídeo de uma câmera de segurança na sexta-feira que mostra uma mulher, apresentada como Mahsa, desmaiando na delegacia depois de discutir com uma policial.
Amjad Amini, pai da vítima, disse que não aceita o que a polícia mostrou porque, segundo ele, "cortaram o vídeo".
Também criticou a "lentidão da intervenção" do serviço de emergência". "Acredito que demoraram para levar Mahsa ao hospital", disse.
O ministro iraniano do Interior, Ahmad Vahidi, afirmou no sábado que "aparentemente Mahsa tinha problemas prévios de saúde e passou por uma cirurgia no cérebro aos cinco anos".
O pai da vítima negou as afirmações e declarou que a filha estava "em perfeito estado de saúde".
IRÃ - O Irã procede com a implementação de um programa avançado de enriquecimento de urânio, mostra um relatório da agência fiscalizadora nuclear da Organização das Nações Unidas, visto pela Reuters na segunda-feira, mesmo enquanto o Ocidente aguarda a resposta do país asiático para resgatar o acordo nuclear firmado em 2015.
A primeira de três cascatas, ou clusters, de centrífugas avançadas IR-6 recentemente instaladas na usina subterrânea de enriquecimento de combustível (FEP) em Natanz está agora realizando o enriquecimento do material, disse o relatório em referência à mais recente unidade subterrânea onde as máquinas avançadas entraram em operação.
Diplomatas dizem que o IR-6 é seu modelo mais avançado, muito mais eficiente do que o IR-1 de primeira geração e o único dispositivo de enriquecimento permitido no acordo de 2015.
Há mais de um ano, o Irã vem utilizando centrífugas IR-6 para enriquecer urânio em até 60% de pureza, próximo ao grau necessário para a fabricação de armas, em uma fábrica acima do solo em Natanz.
Recentemente, o país expandiu seu enriquecimento com máquinas IR-6 em outros locais. No mês passado, uma segunda cascata de IR-6 em Fordow, uma unidade que fica do lado de dentro de uma montanha, começou a enriquecer o material em até 20%
No relatório confidencial aos Estados membros da ONU, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), escreveu: "Em 28 de agosto de 2022, a Agência verificou na FEP que o Irã estava alimentando UF6 enriquecido em até 2% de U-235 na cascata IR-6 ... para a produção de UF6 enriquecido em até 5% de U-235"
O hexafluoreto de urânio (UF6) é o gás enriquecido pelas centrífugas.
Reportagem de François Murphy / REUTERS
VENEZUELA - O Irã está aumentando a oferta de um tipo importante de petróleo que a Venezuela está usando para aumentar a produtividade de suas refinarias envelhecidas e liberar petróleo doméstico para exportação, segundo documentos aos quais a Reuters teve acesso nesta terça-feira.
Os dois países sancionados pelos EUA fortaleceram a cooperação energética nos últimos anos, trocando o petróleo pesado venezuelano e outras commodities por gasolina iraniana, condensada, peças de refinaria e assistência técnica.
A troca cresceu desde maio, quando empresas estatais de ambas as nações fecharam um contrato para reformar a refinaria venezuela El Palito, após trabalhos anteriores na maior instalação do país.
A petrolífera estatal venezuelana PDVSA deve receber 4 milhões de barris de petróleo bruto iraniano este mês, um aumento de 1,07 milhão de barris importados em junho e um volume semelhante ao de maio, quando um contrato de fornecimento com a estatal iraniana Naftiran Intertrade Co (NICO) foi assinado, mostrava um dos documentos.
As cargas devem chegar ao porto venezuelano de Jose até o final do mês nos superpetroleiros de bandeira iraniana Herby e Serena, segundo o documento.
Os transponders dos navios foram registrados pela última vez passando perto de Fujairah, nos Emirados Árabes Unidos, no mês passado, segundo dados do Refinitiv Eikon.
A PDVSA e o Ministério do Petróleo da Venezuela não responderam imediatamente aos pedidos de comentários da Reuters.
A PDVSA está refinando o petróleo iraniano em instalações que requerem óleo adequado para aumentar a produção de combustíveis para motores. O fornecimento também está permitindo que a estatal libere seus graus mais leves para mistura e exportação.
Espera-se que o petróleo do Oriente Médio ajude a PDVSA a recuperar os estoques de seu principal tipo exportável, Merey, o petróleo venezuelano preferido pelas refinarias asiáticas, depois de caírem para cerca de 1 milhão de barris no início de julho, segundo os documentos.
A PDVSA também continuou importando cerca de 2 milhões de barris por mês de condensado iraniano, ajudando a aumentar a produção de blends exportáveis.
As exportações de petróleo da Venezuela em junho caíram para o nível mais baixo desde outubro de 2020 em meio a reparos no principal porto petrolífero do país e atrasos na autorização de embarques após mudanças contratuais impostas pela PDVSA, exigindo pagamento antecipado de carga.
Marianna Parraga em Houston; reportagem adicional de Deisy Buitrago em Caracas / REUTERS
EUA - Washington e Atenas pediram nesta segunda-feira (30) ao Irã para liberar dois petroleiros bloqueados em águas do golfo Pérsico, uma medida segundo os Estados Unidos "injustificada" que constitui uma "ameaça à segurança marítima", destacou o Departamento de Estado.
O secretário de Estado, Antony Blinken, falou por telefone nesta segunda-feira com seu colega grego, Nikos Dendias, e ambos "concordaram que o Irã deve liberar imediatamente os navios bloqueados, seus carregamentos e tripulações", precisou o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price.
Os Guardiões da Revolução, o exército ideológico do Irã, anunciaram na sexta-feira que confiscaram dois petroleiros gregos nas águas do golfo Pérsico, pouco depois de protestar pela apreensão por parte da Grécia de uma embarcação com petróleo iraniano a pedido dos Estados Unidos.
Em nota publicada em seu site, os Guardiões da Revolução indicaram que suas forças navais "apreenderam hoje (sexta) dois petroleiros gregos no golfo Pérsico devido à violações", sem detalhá-las.
Após essa declaração, o Ministério de Relações Exteriores da Grécia garantiu em nota que "estes atos são equiparáveis a pirataria" e reclamou energicamente ao embaixador iraniano em Atenas sobre a "violenta" apreensão.
As autoridades iranianas indicaram que as tripulações dos petroleiros gregos confiscados na sexta estão a bordo e bem de saúde.
Segundo as autoridades gregas, nove de seus cidadãos integram as tripulações.
O navio que transportava petróleo iraniano foi bloqueado em meados de abril pela Grécia a pedido dos EUA.
Em virtude das sanções europeias vinculadas à guerra na Ucrânia, as autoridades gregas apreenderam em 19 de abril, em frente à ilha de Eubea, o petroleiro russo "Pegas", rebatizado dias depois como "Lana".
Segundo informações da época, o navio transportava 115 mil toneladas de petróleo iraniano.
IRÃ - O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, advertiu nesta segunda-feira Israel contra qualquer ação que tenha seu país como alvo, em um discurso aos militares por ocasião do Dia do Exército em Teerã.
"Devem saber que se tentarem adotar a mínima ação contra a nação iraniana, o objetivo de nossas Forças Armadas será o centro do regime sionista", declarou Raisi em referência a Israel.
O presidente iraniano afirmou na quinta-feira que o Irã não permitiria a Israel, grande inimigo do regime de Teerã, colocar em perigo a segurança da região por meio de outro país, incluindo o Iraque.
Em março, o Irã disparou mísseis balísticos contra Erbil, capital da região autônoma do Curdistão iraquiano. Dois civis ficaram levemente feridos.
A Guarda Revolucionária, exército ideológico do Irã, confirmou o lançamento dos mísseis e alegou que tinham como alvo um "centro estratégico" usado por Israel.
O governador de Erbil, Omed Khoshnaw, negou a existência de centros israelenses na região".
“A grande potência de nossas Forças Armadas não os deixará tranquilos", alertou Raisi nesta segunda-feira.
Teerã anunciou no fim de janeiro a intenção de parar de utilizar o complexo conhecido como Tesa, em Karaj, ao oeste da capital, alvo de um ataque em 2021 que os iranianos atribuíram a Israel.
VENEZUELA - Após a produção de óleo bruto no país ter sofrido nos últimos dois anos um retrocesso histórico, chegando aos níveis de meados do século 20, nos últimos meses houve uma recuperação que a elevou em novembro passado para uma média de 824 mil barris por dia — quase o dobro dos 434 mil diários extraídos no mesmo mês de 2020.
E, em entrevista transmitida pela televisão estatal venezuelana em 1º de janeiro, o presidente Nicolás Maduro se gabou de que o país conseguiu produzir novamente 1 milhão de barris por dia.
"A meta do próximo ano é chegar a 2 milhões", disse.
Em 1998, antes de Hugo Chávez chegar ao poder, a Venezuela produzia cerca de 3,12 milhões de barris por dia, segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Após uma queda abrupta durante a greve dos petroleiros de 2002-2003, a produção voltou em 2004 a 3 milhões de barris, antes de iniciar um lento declínio até chegar a 2,6 milhões de barris em 2015.
A partir daí, a queda se acelerou até atingir o patamar de 1,14 milhão de barris por dia em novembro de 2018.
Dois meses depois, por conta da reeleição de Maduro, o governo dos Estados Unidos impôs sanções contra a indústria petrolífera venezuelana — pedindo a "restauração da democracia, eleições livres e justas, libertação de presos políticos e fim da repressão" —, o que acabou ajudando a arruinar a já minguada produção.
Embora muitos especialistas questionem o número de barris anunciado por Maduro, eles reconhecem que em 2021 a Venezuela conseguiu recuperar parte de sua produção de petróleo — e apontam o Irã como uma peça fundamental nesse processo.
Troca-chave
"O que vem acontecendo é que a Venezuela está importando diluentes do Irã — nafta, condensados, óleo bruto leve — que estão sendo misturados ao óleo bruto extrapesado venezuelano do Cinturão do Orinoco para aumentar a produção", explica o economista José Toro Hardy, que foi membro do conselho de administração da PDVSA, petroleira estatal venezuelana.
Ele explica que o petróleo dessa região da Venezuela é muito pesado e está carregado de enxofre — por isso, é preciso misturá-lo com esses produtos para criar um petróleo mais comercial.
Ele ressalta que a Venezuela no passado produzia esses diluentes, mas isso não acontece mais porque há muitos campos de petróleo fechados, e as refinarias do país estão trabalhando bem abaixo da capacidade.
Hardy indica que a Venezuela vai dar ao Irã, em troca desses diluentes, uma parte da produção desse petróleo médio.
"O Irã, assim como a Venezuela, é alvo de sanções dos Estados Unidos, e sua produção de petróleo caiu drasticamente. Provavelmente, esse petróleo que está saindo, digamos, à margem das sanções que são impostas à Venezuela e ao Irã, está sendo transportado em petroleiros não reconhecidos, que até desligam seus dispositivos para não serem localizados por satélite. Esse é um petróleo que o Irã pode comercializar assim que o tiver em seu poder", acrescenta.
Teerã também vem ajudando a Venezuela com o embarque de gasolina para abastecer o mercado interno do país latino-americano, onde a produção desse derivado diminuiu devido a problemas nas refinarias.
Francisco Monaldi, diretor do Programa Latino-Americano de Energia do Instituto Baker da Universidade Rice, nos Estados Unidos, destacou que a produção de petróleo bruto venezuelano está voltando aos níveis registrados no início de 2020, antes da petroleira russa Rosneft se retirar da Venezuela e dos preços despencarem devido ao impacto da pandemia de covid-19.
"A PDVSA foi capaz, com a ajuda do Irã, de criar uma estrutura de evasão de sanções substituindo a Rosneft. Além disso, o Irã passou a fornecer os diluentes que os russos traziam antes. Tudo isso requer pagar intermediários e cobrir custos de transporte", escreveu Monaldi no Twitter.
O especialista acrescentou que o colapso da produção ocorrido em 2020 não foi consequência de uma redução na capacidade de produção, mas sim de dificuldades em vender petróleo a preços tão baixos e driblar sanções.
CHINA - Ao mesmo tempo em que reforçou sua oposição às sanções dos EUA contra o Irã, a China anunciou no sábado (15) a implementação de um acordo estratégico de 25 anos com Teerã, ampliando a cooperação econômica e política entre os dois países.
O chanceler chinês, Wang Yi, e seu contraparte iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, reuniram-se na sexta-feira (14) em Wuxi, no leste da China, segundo comunicado do Ministério das Relações Exteriores de Pequim.
"Enquanto preparávamos a visita à China, planejamos marcar o dia de hoje como o início da implementação do acordo entre os dois países", disse o chanceler iraniano, que está em sua primeira viagem à China no cargo, sem anunciar projetos ou parcerias específicas, de acordo o site Al Jazeera.
No comunicado, Wang disse que o acordo irá aprofundar a cooperação sino-iraniana em áreas como energia, infraestrutura, agricultura, saúde e cultura, bem como cibersegurança e colaboração com outros países.
O tratado foi assinado em 2021, após anos de negociações entre os países, e configura a entrada do Irã para a Iniciativa do Cinturão e da Rota, um projeto trilionário de infraestrutura para ligar o Leste asiático à Europa.
A iniciativa tem como objetivo expandir significativamente a influência política e econômica da China, motivando preocupações nos EUA e em outros países.
Não há muitos mais detalhes sobre o acordo, mas o jornal americano The New York Times divulgou, em 2020, que um dos projetos garantiria o abastecimento regular de petróleo para a China.
Pequim é o principal parceiro comercial de Teerã e era um de seus maiores compradores de petróleo até o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reimpor sanções ao país persa em 2018. Oficialmente, a China interrompeu a importação, mas analistas dizem que o petróleo iraniano continua entrando, mas com procedência oficial de outros países.
A busca por Pequim em fortalecer os laços com Teerã já ocorre há alguns anos. Em uma rara visita ao país persa, em 2016, o dirigente chinês, Xi Jinping, classificou a República Islâmica como "o principal parceiro da China no Oriente Médio".
Wang aproveitou o momento para reforçar a oposição de Pequim contra as sanções impostas por Washington a Teerã e declarou seu apoio à retomada das negociações do acordo nuclear --abandonado por Trump em 2018.
As tratativas recomeçaram, de maneira indireta, no ano passado, com diplomatas de Irã, Reino Unido, China, Alemanha, Rússia e França, em Viena. Uma pessoa próxima às negociações disse à agência de notícias Reuters, no entanto, que muitas questões seguem sem serem resolvidas. Já o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, considerou nesta sexta ser possível que se chegue a um acordo nas próximas semanas.
Wang disse que os americanos são os principais responsáveis pelas dificuldades enfrentadas, já que desembarcou do acordo. O diplomata também disparou contra o rival EUA - com quem a China vive uma espécie de Guerra Fria 2.0-- ao se opor, além das sanções, à manipulação política por meio de tópicos como direitos humanos e interferência nos assuntos internos do Irã e de outros países regionais.
A imprensa oficial de Teerã divulgou neste sábado que os negociadores voltaram a seus respectivos países para consultas e que retornarão à capital austríaca dentro de dois dias. Segundo o órgão, as negociações estão em um ponto crítico, no qual serão abordadas questões difíceis. "Estamos na fase dos detalhes, a parte mais difícil das negociações, mas que é essencial para atingirmos nosso objetivo."
O acordo de 2015, conhecido como Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), contemplava suspender algumas sanções econômicas contra o Irã em troca de limites rígidos a seu programa nuclear.
Depois que Trump retirou os EUA do pacto, o Irã passou a ultrapassar os limites da atividade nuclear. Nos últimos meses, o país começou a enriquecer urânio a níveis sem precedentes e restringiu as atividades dos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), organismo da ONU responsável por supervisionar as instalações iranianas.
EUA - As Nações Unidas anunciaram nesta quinta-feira (13/01) uma lista de oito países que tiveram suspenso o direito a voto em sua Assembleia Geral, por estarem devendo as contribuições anuais à entidade. Entre estes estão a Venezuela, o Irã e o Sudão.
O secretário geral da ONU, António Guterres, notificou em carta à Assembleia Geral que 11 países estão em atraso nos pagamentos. O estatuto da organização estabelece que o direto a voto dos Estados-membros pode ser suspenso quando o atraso excede ou supera o total que deveria ter sido pago nos dois anos anteriores.
Também perderam o direto a voto o Congo, Guiné, Papua-Nova Guiné, Antigua e Barbuda e Vanuatu. A suspensão tem efeito imediato.
Se a dívida de um país é considerada como sendo por "condições além do controle do Estado-membro”, a Assembleia pode decidir pela manutenção do direito a voto. Segundo Guterres, este é o caso em 2022 de três nações africanas: Comores, São Tomé e Príncipe e Somália.
Para recuperar seu direito a voto, o Irã precisaria saldar pouco mais de 18 milhões de dólares (100 milhões de reais), enquanto o Sudão deve cerca de 300 mil dólares. A Venezuela, a maior devedora, teria que pagar em torno de 40 milhões de dólares para reaver seu direito. Para os demais cinco países precisam, a quantia devida é inferior a 75 mil dólares.
Irã culpa sanções impostas pelos EUA
Em 2021, o Irã também teve retirado seu direito a voto pelo mesmo motivo, apesar de alegar que não tinha condições de contribuir nem mesmo com o valor mínimo, por culpa das sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos.
Após meses de negociações, Teerã recebeu uma isenção que o permitiu acessar recursos financeiros bloqueados pelo Tesouro americano, e conseguiu reaver seu direito a voto em junho, a tempo da eleição dos novos membros do Conselho de Segurança da ONU.
O Ministério iraniano do Exterior afirmou que o país está comprometido com o "pagamento integral e em tempo devido de seus encargos de filiação”, mas não conseguiu pagar "devido às opressivas e ilegais sanções dos EUA”.
"O secretário-geral da ONU e o Secretariado deveriam ter levado em conta as circunstâncias especiais de países que enfrentam sanções legais, e não deveria hesitar em ajudar essas nações a pagar seus tributos”, prosseguiu o órgão iraniano em nota.
O orçamento operacional da ONU, aprovado em dezembro, é de cerca de 3 bilhões de dólares. Adicionalmente, o orçamento para comissões de paz, aprovado em junho, gira em torno de 6,5 bilhões de dólares.
WASHINGTON - O Irã enfrentará graves consequências caso ataque americanos, disse a Casa Branca neste último domingo, incluindo qualquer um dos que foram sancionados por Teerã pela morte do general Qassem Soleimani em 2020 após um ataque de drones.
O conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, disse que as sanções do Irã no sábado foram realizadas ao mesmo tempo em que as milícias de Teerã atacam tropas americanas no Oriente Médio.
"Trabalharemos junto aos nossos aliados e parceiros para deter e responder a qualquer ataque realizado pelo Irã", disse Sullivan em um comunicado.
"Se o Irã atacar qualquer um de nossos cidadãos, incluindo qualquer uma das 52 pessoas sancionadas ontem, enfrentará graves consequências."
No sábado, o Irã impôs sanções a dezenas de americanos, muitos deles do exército dos EUA, pelo assassinato de Soleimani em 2020.
O Ministério das Relações Exteriores do Irã disse que 51 americanos foram implicados em "terrorismo" e violações dos direitos humanos. A medida permite que as autoridades iranianas apreendam quaisquer ativos que eles possuam no Irã, mas a aparente ausência de tais ativos significa que provavelmente a punição foi simbólica.
Não ficou claro por que a declaração de Sullivan se referia a 52 pessoas enquanto Teerã disse ter sancionado 51.
*Por Doina Chiacu / REUTERS
Este site utiliza cookies para proporcionar aos usuários uma melhor experiência de navegação.
Ao aceitar e continuar com a navegação, consideraremos que você concorda com esta utilização nos termos de nossa Política de Privacidade.