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Trabalhos do CeRTEV revelam processos de relaxação e cristalização do germânio e do selenieto de zinco

 

SÃO CARLOS/SP - Todos aprendemos que, abaixo de uma determinada temperatura - a temperatura de fusão -, líquidos solidificam (cristalizam). Mas esta não é toda a verdade. É possível, garantindo-se algumas condições, manter uma substância no estado líquido, inclusive a água, por exemplo, mesmo abaixo de sua temperatura de fusão (0 graus Celsius, no caso da água), gerando o que se chama de líquido super-resfriado.
Há, no entanto, um limite de temperatura abaixo do qual a matéria no estado líquido super-resfriado deve, necessariamente, seguir um de dois caminhos possíveis: cristalizar ou, em alguns casos, congelar temporariamente sem cristalizar, virando um vidro. É o que demonstram artigos publicados recentemente por pesquisadores do Centro de Pesquisa, Tecnologia e Educação em Materiais Vítreos (CeRTEV), sediado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O CeRTEV é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

- Confira, neste vídeo de divulgação científica produzido pelo CeRTEV, uma ilustração do comportamento da matéria nos diferentes estados (acessível em www.youtube.com/watch?v=eYIWiFeKt5o).

Neste tema, uma proposição teórica desafiadora foi publicada em 1948 pelo professor da Universidade de Princeton (nos Estados Unidos) Walter Kauzmann, no prestigiado periódico Chemical Reviews. Kauzmann indicou que, se um líquido super-resfriado pudesse permanecer neste estado em uma determinada temperatura - hoje denominada temperatura de Kauzmann -, sua entropia seria igual à entropia do mesmo material cristalizado. Teríamos, assim, uma situação inusitada - líquidos geralmente têm entropia maior que os cristais isoquímicos -, que ficou conhecida como Paradoxo de Kauzmann. O maior problema é que se esse líquido continuasse sendo resfriado, sua entropia eventualmente se anularia em uma temperatura acima de 0 Kelvin, o que contraria a Terceira Lei da Termodinâmica.
Assim, o próprio Kauzmann propôs a existência de uma temperatura limite para líquidos super-resfriados, que deveriam cristalizar antes de atingir a temperatura de Kauzmann. Porém, provar este enunciado experimentalmente é praticamente impossível, já que, nessa faixa de baixas temperaturas, os fenômenos que precisam ser observados e medidos - nucleação de cristais e relaxação estrutural - podem demorar intervalos de tempo de milhões de anos para acontecer.
"A pergunta, para equacionar o paradoxo, é: o que acontece com um material super-resfriado até a temperatura de Kauzmann? Continua líquido, vitrifica ou cristaliza? Esta é a pergunta, mas mesmo após cerca de 400 trabalhos científicos sobre o tema, ninguém conseguiu medir experimentalmente essas propriedades na temperatura de Kauzmann, para saber a resposta", explica Edgar Dutra Zanotto, coordenador do CeRTEV e do Laboratório de Materiais Vítreos (LaMaV) da UFSCar.
O que os pesquisadores do CeRTEV fizeram foi utilizar a técnica de simulação computacional chamada de Dinâmica Molecular e, assim, mostrar, para duas substâncias - o germânio e o selenieto de zinco -, que a cristalização de fato acontece em uma temperatura bem superior que a temperatura de Kauzmann. "Com a Dinâmica Molecular, conseguimos ir diminuindo a temperatura e aferindo, em cada temperatura, quais os tempos para cristalizar e para o líquido super-resfriado relaxar e continuar líquido. Assim, para cada material, chegamos a temperaturas em que os líquidos cristalizam antes de relaxar, e estas temperaturas estão acima das respectivas temperaturas de Kauzmann. Portanto, o paradoxo está resolvido para esses materiais", continua Zanotto. 
"Confirmamos, assim, para o germânio e para o selenieto de zinco, que o paradoxo não existe, porque esses líquidos não conseguem chegar à temperatura de Kauzmann; durante o resfriamento eles cristalizam antes de chegar lá", atesta o pesquisador. Ele conta que estão realizando simulação similar também para a água, mais complicada devido à complexidade da molécula. Segundo Zanotto, para que o paradoxo seja definitivamente derrubado, é preciso que outros pesquisadores alcancem resultados semelhantes para algumas outras substâncias.
Além da relevância teórica do estudo, o conhecimento produzido guarda potenciais aplicações, já que há algumas aplicações importantes para os líquidos super-resfriados, como a conservação de órgãos para transplantes, e também fármacos, e vírus, que ficam ativos em apenas um dos estados, amorfo (que é o estado dos líquidos super-resfriados e vidros) ou cristalino.
Ao comentar como o paradoxo o intrigava desde o final dos anos 80, já que todos os líquidos usados para a fabricação de vidros (sua área de pesquisa) podem ser super-resfriados, Zanotto faz uma reflexão sobre o processo de produção do conhecimento científico. "Esta é a função das Ciências Naturais: entender, descrever e prever fenômenos. Nós conseguimos entender como funcionam os processos de nucleação de cristais e relaxação estrutural, calcular as velocidades, as dinâmicas, e verificar que os tempos de nucleação e relaxação se cruzam acima da temperatura de Kauzmann, ou seja, que abaixo dessa temperatura limítrofe um líquido super-resfriado não consegue relaxar antes de cristalizar, isto é, ele cristaliza antes de chegar à temperatura que caracterizaria o paradoxo", sintetiza.
Dois artigos foram publicados a partir dessas pesquisas. Intitulado "Unveiling relaxation and crystal nucleation interplay in supercooled germanium liquid" (e acessível em www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1359645421006832?via%3Dihub), o artigo, publicado no periódico Acta Materialia, é assinado pelo pesquisador de pós-doutorado (com bolsa da Fapesp) Azat O. Tipeev; José Pedro Rino, docente do Departamento de Física da UFSCar; e Zanotto. O artigo foi destaque na edição de novembro do Boletim da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMat, acessível em www.sbpmat.org.br/pt/artigo-em-destaque-desfazendo-o-paradoxo-dos-liquidos-super-resfriados/), com repercussão no boletim mais recente da MRS (Materials Research Society, associação internacional da área, acessível em https://multibriefs.com/briefs/mrs/MRS121621.php).
O outro artigo, intitulado "Relaxation, crystal nucleation, kinetic spinodal and Kauzmann temperature in supercooled zinc selenide" (acessível em www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0927025621001464?via%3Dihub), foi publicado no periódico Computational Materials Science, com autoria da pesquisadora de pós-doutorado (também com bolsa da Fapesp) Leila Separdar, Rino e Zanotto.
No episódio 20 do podcast Ciência UFSCar, produzido pelo Instituto da Cultura Científica da UFSCar, a jornalista Mariana Pezzo conversa com Edgar Zanotto sobre esses estudos. O episódio pode ser conferido nos principais tocadores de áudio e na área de podcasts do site da Rádio UFSCar 95,3 FM (em www.radio.ufscar.br/podcastfilter/ciencia/).

SÃO PAULO/SP - A menos de 40 quilômetros do ponto central da cidade de São Paulo, a “cratera de Colônia”, que está localizada no distrito de Parelheiros, na zona sul da cidade, foi gerada pela queda de um objeto extraterrestre, conforme indícios apontados em artigo científico

O estudo foi conduzido pelo geólogo Victor Velázquez Fernandez, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP).

A pesquisa é recente e mostrou evidências mais detalhadas sobre o que gerou a cratera de 3,6 quilômetros de diâmetro, cerca de 300 metros de profundidade e borda soerguida de 120 metros.

O interior é atulhado por sedimentos e a borda coberta por vegetação. A estrutura permaneceu escondida até o início da década de 1960, quando fotos aéreas, e depois imagens de satélites, mostraram sua forma circular quase perfeita.

O impacto do corpo extraterrestre só foi confirmado, porém, em 2013, por meio de análise microscópica de sedimentos colhidos em diferentes níveis de profundidade. Esse estudo e outros realizados posteriormente foram conduzidos também por Velázquez Fernandez.

Um dos aspectos destacados pela pesquisa é que as esférulas (pequenas esferas), que variam entre 0,1 milímetro (mm) e 0,5 mm, foram encontradas dentro da cratera. Normalmente, os detritos são jogados para fora com a colisão de um objeto que cai dos céus.

Para os cientistas, a explicação é que a energia do impacto transformou as rochas existentes no local em uma nuvem densa e superaquecida. Esse material foi lançado para cima, congelou e voltou a cair na base da recém-formada cratera.

O artigo científico foi publicado em março deste ano e pode ser lido na revista Solid Earth Sciences.

Também assinam o trabalho os pesquisadores Celso B. Gomes, Marcos Mansueto, Leonardo A.S. de Moraes, José Maria A. Sobrinho, Rodrigo F. Lucena, Alethéa E. M. Sallun e William Sallun Filho.

 

 

Agência Brasil

Catraca Livre

Tecnologias patenteadas são capazes de detectar o vírus na saliva em apenas 30 minutos

 

SÃO CARLOS/SP - Pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) criaram biossensores capazes de detectar o Sars-CoV-2, vírus causador da Covid-19, na saliva, em apenas 30 minutos. Seu principal diferencial, em relação às alternativas existentes no mercado, é o fato de serem produzidos por impressão 3D.
Os biossensores desenvolvidos são dispositivos eletroquímicos de análise, compostos por eletrodos que captam sinais elétricos. "Em contato com uma amostra de saliva menor do que uma gota, caso haja a presença do vírus, haverá mudança de carga elétrica, permitindo, assim, rápida detecção", conta Bruno Campos Janegitz, docente do Departamento de Ciências da Natureza, Matemática e Educação (DCNME-Ar) do Campus Araras e coordenador do Laboratório de Sensores, Nanomedicina e Materiais Nanoestruturados (LSNano) da Universidade.
Os eletrodos são compostos a partir de filamentos de polímeros (responsáveis por dar toda a estrutura ao dispositivo) e materiais condutores (como grafite ou grafeno), que se misturam com a ajuda de solventes (como acetona ou clorofórmio), com incorporação do material condutivo à matriz polimérica. Esses materiais precisam ter características específicas para que possam ser utilizados na impressão 3D. "Eles precisam, por exemplo, ser 'derretidos' em temperaturas que vão de 180 a 250 graus Celsius. A impressão é feita em camadas e, depois, o material é resfriado e fica novamente sólido, criando, assim, a estrutura desejada", detalha Jéssica Stefano, pesquisadora de pós-doutorado no LSNano.
A vantagem de usar a impressão 3D na produção desses dispositivos é que ela facilita a moldagem e possibilita o desenho de estruturas com formatos e tamanhos exatamente como propostas pelos pesquisadores, de forma rápida. "A produção dos biossensores ocorre em cerca de duas horas. Se for feita em larga escala, dependendo da qualidade e do tamanho da impressora, o processo pode durar ainda menos", registra Luiz Ricardo Guterres e Silva, estudante de doutorado no Programa de Pós-Graduação de Ciência dos Materiais (PPGCM-So) no Campus Sorocaba da UFSCar.

SÃO PAULO/SP - Metade dos brasileiros consideram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o melhor presidente que o país já teve, indica pesquisa Datafolha, bem à frente de Jair Bolsonaro (PL), seu provável adversário na eleição do ano que vem.

Segundo aferiu o instituto, o petista, que governou entre 2003 e 2010, é o líder no ranking dos ex-presidentes para 51% dos entrevistados, 40 pontos à frente de Bolsonaro, escolhido por 11%.

A pesquisa foi realizada de 13 e 16 de dezembro com 3.666 pessoas, em 191 cidades. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.

Lula, assim, recupera parte de sua imagem perante os eleitores, que ficou seriamente abalada em pesquisas anteriores em razão de escândalos de corrupção e recessão econômica.

Em diversos levantamentos do Datafolha realizados entre o final de 2015 e 2016, auge da Lava Jato e da crise política que derrubaria Dilma Rousseff (PT), Lula era considerado o melhor presidente da história do país por entre 35% e 40% dos brasileiros, patamar bem abaixo do atual.

O mesmo já havia ocorrido em 2006, durante o mensalão, em que Lula, na época exercendo a Presidência, era tido como o melhor chefe de Estado da história por 35%.

O auge da imagem do petista ocorreu no final de 2010, quando ele passou a Presidência para Dilma, com a popularidade em alta em razão do forte crescimento econômico da época. Na ocasião, 71% dos pesquisados consideravam Lula o melhor presidente.

Curiosamente, a faixa etária dos eleitores de 16 a 24 anos, que eram crianças ou pré-adolescentes quando Lula governou, é que a tem maior apreço histórico pelo petista. Neste grupo, 61% consideram que ele foi o melhor presidente que o Brasil já teve.

No caso de Bolsonaro, é a primeira vez que seu nome foi incluído nesta pergunta pelo Datafolha, e portanto não é possível fazer comparações.

O atual ocupante do Palácio do Planalto é considerado o melhor presidente da história por 19% dos que se situam na faixa de renda mais alta, que recebe mais de dez salários mínimos por mês.

Na faixa dos empresários, há uma situação de empate técnico entre o atual e o ex-presidente. Bolsonaro é considerado o melhor presidente por 24% dos pesquisados, enquanto Lula é escolhido por 22%.

Durante seus dois governos, o petista conduziu uma política econômica ortodoxa, sem movimentos bruscos de rompimento com o mercado, e teve um empresário, José Alencar, como vice.

Em terceiro lugar na lista de melhores presidentes, aparecem empatados o tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Getúlio Vargas (1930-45 e 1951-54), mencionados por 4%.

Com 1%, foram lembrados Juscelino Kubitschek (1956-61), José Sarney (1985-90), Itamar Franco (1992-94), João Baptista Figueiredo (1979-85), Dilma Rousseff (2011-16), Jânio Quadros (1961) e Tancredo Neves (1985).

O Datafolha perguntou também quem foi o pior presidente da história do Brasil, e nesse caso a marca negativa claramente pertence a Bolsonaro. Ele é citado por 48% dos entrevistados, reflexo de sua queda de popularidade em razão da crise econômica e da má gestão da pandemia.

Lula é citado como pior presidente por 18% dos entrevistados, seguido por Fernando Collor (8%), Dilma (7%), FHC e Sarney (ambos com 2%).

Como esta é a primeira vez em que a pergunta é feita, não é possível fazer comparações com outros períodos.

Bolsonaro atinge índices mais negativos do que a média entre os desempregados, 57% dos quais o consideram o pior presidente da história. Também é mal avaliado para estudantes, em que a cifra atinge 65%.

Médicos relataram angústia, e baixa qualidade de vida associou-se à impossibilidade de conversar com família de pacientes

 

SÃO CARLOS/SP - Docentes do Departamento de Medicina (DMed) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), junto com pesquisadores de outras instituições, publicaram recentemente artigo no Journal of The Brazilian Medical Association (periódico da Associação Médica Brasileira) sobre a experiência de profissionais de Saúde que acompanharam pacientes em seus últimos dias de vida durante a pandemia. Intitulado "Health care professionals and end-of-life care during the Covid-19 pandemic" (acesso via https://www.scielo.br/j/ramb/a/CyQjrmfwzwKDbFG4V59Wf4B/?format=pdf&lang=en), o artigo apresenta resultados de levantamento realizado junto a 102 profissionais de Saúde em vários estados brasileiros, que indicou o sentimento de angústia em 69,6% desses profissionais e percepção de baixa qualidade de vida em 64,7%.
A pesquisa colheu informações junto a 41 profissionais da área de Medicina, 36 de Fisioterapia e 25 de Enfermagem, por meio da aplicação de questionário online, abrangendo o período entre 1º de julho e 31 de outubro de 2020. Dentre outras questões, o estudo perguntou sobre concordância com o cuidado oferecido nos dois últimos dias de vida dos pacientes; decisões compartilhadas sobre medidas de suporte à vida; tempo para falar com a família dos pacientes; concordância de que o cuidado oferecido foi suficiente; autorização de visitas; e a oferta de suporte emocional e espiritual aos pacientes.
A autopercepção de angústia foi 37% mais frequente entre profissionais da área médica e foi 42% mais frequente quando houve desacordo com o cuidado oferecido. A baixa qualidade de vida foi 43% mais frequente nos casos em que houve falta de tempo para conversar com a família do paciente. Por outro lado, a compreensão de que o cuidado médico oferecido foi suficiente reduziu em 30% essa percepção de baixa qualidade de vida.
No artigo, os autores comentam como esses resultados evidenciam a importância de se preocupar com o impacto da pandemia também para os profissionais e, também, a relevância de um ambiente de trabalho adequado, com os recursos necessários, em que aspectos físicos e mentais, além do trabalho em equipe, estejam articulados.
"A morte e o luto são processos naturais. O problema é que a pandemia chegou com mudanças radicais, como a restrição e até proibição de visitas hospitalares, bem como velórios com poucas pessoas e tempo reduzido, por exemplo", pontua Esther Angélica Luiz Ferreira, docente do DMed que coordenou a pesquisa.
Considerando justamente a naturalidade com que o processo de morte e luto deveria ser vivido em situações regulares, a pesquisadora relata preocupação frente à porcentagem de profissionais relatando angústia diante da perda de pacientes. "A morte de um paciente também significa luto para o profissional e, se não é vivido de maneira adequada, podemos ter um desequilíbrio que pode acarretar problemas para a saúde física e mental do profissional", registra.
"Encontramos sinais muito fortes de um desequilíbrio, de que as coisas precisam ser modificadas de alguma forma. O cuidado à saúde, de forma integral, desses profissionais, precisa ser considerado pelos sistemas em que estão inseridos. Eles podem adoecer muito rapidamente, e leitos e equipamentos sem profissionais não permitem, inclusive, o enfrentamento da própria pandemia", complementa a pesquisadora.

Novo método é extremamente eficaz, rápido e de baixo custo

 

SÃO CARLOS/SP - Um trabalho desenvolvido por pesquisadores do IFSC/USP, em colaboração com colegas da UNICAMP e da EMBRAPA-Instrumentação, resultou na criação de um imunossensor que detecta a proteína Spike do SARS-CoV-2 em amostras de saliva, inclusive em amostras de vírus inativados que conservam a proteína. A nova metodologia é rápida e extremamente eficaz, empregando equipamento de baixo custo.

Como é do conhecimento público, em diversos países os testes para diagnóstico da COVID-19 não têm sido realizados com a frequência e abrangência necessárias em virtude da indisponibilidade e dos custos elevados das metodologias para detectar material genético do SARS-CoV-2. Os testes rápidos infelizmente não servem para diagnóstico, porque identificam apenas se uma pessoa tem anticorpos para a SARS-CoV-2. Esses anticorpos só são detectados vários dias após a infecção.

As melhores opções para diagnóstico do SARS-CoV-2 são através do conhecido RT-PCR, que detecta o material genético do vírus, mas cujos resultados demoram a ser processados. Além disso, o custo também é alto. Uma alternativa é empregar genossensores que podem detectar material genético de forma mais rápida, mas esses sensores ainda não estão disponíveis comercialmente.

As dificuldades acima motivaram a pesquisa do IFSC/USP e de seus parceiros, com a criação do novo imunossensor cuja detecção da proteína é feita através de espectroscopia de impedância elétrica. O sensor consiste de eletrodos de ouro revestidos com uma película de carboximetilquitosana (um derivado solúvel da quitosana) sobre a qual se deposita uma camada de anticorpos específicos para a proteína Spike. Em contato com uma amostra de saliva que contém o vírus, a proteína Spike é reconhecida, o que gera um sinal elétrico. Como é possível medir esse sinal com um instrumento portátil de baixo custo, podem-se desenvolver testes em larga escala, e empregados em qualquer local.

Segundo a Dra. Juliana Coatrini Soares, uma das autoras do trabalho, o sensor tem baixo custo porque é fruto da nanotecnologia: “Empregamos filmes ultrafinos de material biocompatível, com espessura de poucos nanômetros, que requerem pouco material. Nossa estimativa é que cada sensor custe menos de R$2,00 por unidade. O resultado do teste fica pronto em apenas 10 min. Além disto, o material biocompatível permite emprego em biossensores vestíveis, que poderão ser aplicados para diagnóstico em tempo real.

Estudo analisou o cuidado entre mães e avós; suporte afetivo é mais presente do que apoio às tarefas práticas, do dia a dia

 

SÃO CARLOS/SP - Um projeto de pesquisa desenvolvido na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) analisou o cuidado entre gerações em famílias que têm, em seu convívio, crianças com deficiências. A análise foi realizada entre 2018 e 2020 e buscou descrever e caracterizar a solidariedade intergeracional familiar (SIF) estabelecida entre mães e avós de crianças com deficiências e alto grau de dependência. O principal resultado foi o forte apoio emocional mútuo entre avós e mães da criança.
O estudo, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), é fruto de uma parceria interinstitucional estabelecida há 10 anos entre pesquisadores das áreas de Terapia Ocupacional e de Ciência da Informação da UFSCar, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade do Porto (UP), em Portugal, com foco em pesquisas voltadas ao campo da família.
Claudia Maria Simões Martinez, docente do Departamento de Terapia Ocupacional (DTO) da UFSCar e coordenadora do estudo, explica que a teoria da SIF foi criada a partir de duas áreas do conhecimento: a Psicologia Social e a Sociologia da Família.
A solidariedade intergeracional familiar, com base nos achados de pesquisadores do campo, é definida como a interdependência entre os sujeitos que compõem uma família, considerando as trocas existentes entre eles no cotidiano. Envolve características como afetos e sentimentos existentes e compartilhados; frequência de contato; consenso ou dissenso nas crenças e valores; fatores estruturais existentes que influenciam a interação (como a distância entre domicílios); troca de recursos e de apoio em tomadas de decisão; normas internas familiares, que definem as funções e obrigações de cada um; e divergências e tensões presentes nas interações familiares.
"Uma das contribuições desta teoria reside em possibilitar entender como ocorrem as relações familiares e como as pessoas se apoiam e cooperam entre diferentes gerações, para que haja benefícios mútuos", esclarece a docente da UFSCar.
Segundo a pesquisadora, a SIF é um elemento importante para o empoderamento das famílias no enfrentamento de fatores estressores (como as demandas cotidianas na criação e educação de crianças com deficiências), podendo funcionar como mecanismo de proteção e fortalecendo a resiliência dos membros da família.
Para o estudo, os pesquisadores aplicaram instrumentos - escalas de avaliação, em forma de questionário - junto a 38 díades mães-avós, para analisar as trocas de apoio entre gerações em três dimensões específicas, que constituem parte das características da SIF: funcional (em atividades práticas, do dia a dia, como ajudar na alimentação, a ir ao banheiro, locomoção), afetiva (no suporte emocional) e conflitual (que envolve divergências e tensões que podem estar presentes nas interações familiares).
Os resultados mostraram que há reciprocidade nas relações intergeracionais no geral, mas em especial na dimensão afetiva, com foco maior no apoio emocional. "Ao contrário do que constava em nossa hipótese, o estudo demonstrou mais apoio emocional do que funcional. Esse apoio emocional esteve presente tanto nas respostas das mães, como nas das avós, de forma mútua, e as avós mostraram altos índices de maturidade na oferta de apoio", destaca.

Estudo da UFSCar busca voluntários que tiveram, ou não, a doença para entender os efeitos do vírus

 

SÃO CARLOS/SP - Uma pesquisa desenvolvida pelo Laboratório de Fisiologia e Biofísica Muscular (LFBM), do Departamento de Ciências Fisiológicas (DCF) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), tem como objetivo estudar as causas da fraqueza muscular observada após infecção pelo novo coronavírus. O estudo é desenvolvido por Anabelle Silva Cornachione, docente do DCF, e pela pós-doutoranda Patty Karina dos Santos, e tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

De acordo com as pesquisadoras, a Covid-19 mostrou ser uma doença que não afeta apenas o trato respiratório dos indivíduos infectados, tendo efeitos consideráveis sobre o sistema musculoesquelético, causando fadiga excessiva, dor muscular, dor nas juntas e fraqueza muscular. Esses sintomas podem persistir por muito tempo após o término da infecção, impactando o dia a dia de inúmeros indivíduos.

"Pouco se sabe sobre o efeito do SARS-CoV-2 em músculos esqueléticos, principalmente de indivíduos que não necessitaram de hospitalização e suporte ventilatório. E como o sistema muscular tem uma importância fundamental no nosso cotidiano, nos permitindo andar, correr, sentar etc., entender como o músculo é afetado pela Covid-19 é essencial para uma adequada reabilitação pós-doença", comentam as pesquisadoras.

A expectativa do estudo é obter um melhor entendimento dos efeitos do novo coronavírus no sistema musculoesquelético, possibilitando uma melhoria no diagnóstico, no manejo e no tratamento de indivíduos acometidos pela doença. "Além disso, espera-se obter informações importantes sobre a fraqueza muscular persistente que tem sido observada em muitos indivíduos após o término da infecção viral", apontam.

Pesquisadora convida crianças de 5 ou 6 anos para participar de coleta de dados online

 

SÃO CARLOS/SP - O que será que as crianças pensam sobre promessas não cumpridas? Será que elas confiam mais em pessoas que cumprem suas promessas do que em pessoas que não cumprem? Essas são as questões que um estudo na área da Psicologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) está buscando responder. Para isso, convida crianças de 5 ou 6 anos de idade para participar de uma coleta de dados online.
A pesquisa é realizada pela graduanda Laura Cunha Melnicky, como projeto de Iniciação Científica, e tem financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O estudo tem orientação da professora Debora de Hollanda Souza, docente do Departamento de Psicologia (DPsi), e é desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Sociocognitivo e da Linguagem (GPDeSoL), vinculado ao Laboratório de Interação Social (LIS), do DPsi da UFSCar.
"No atual momento histórico, somos diariamente solicitados a questionar a credibilidade de informações que chegam de diferentes fontes: TV, jornais, mídias sociais, grupos de mensagens. A habilidade de discriminar fatos e falsidades (fake news) nunca se mostrou tão importante", explica Laura Melnicky. "Mas há muito ainda a ser investigado sobre as origens dessa habilidade ou quando e em que circunstâncias as crianças demonstram ser capazes de confiar seletivamente. Levando em consideração a relevância de estudos sobre confiança seletiva em crianças e o número ainda limitado de estudos sobre o tema no País, estou realizando este trabalho", complementa a pesquisadora.
Estudo convida pais e mães cuidadores e seus filhos para responderem questionários

 

SÃO CARLOS/SP - Uma pesquisa na área da Psicologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) está investigando a interação entre pais e mães cuidadores e seus filhos, para entender como a criança desenvolve a habilidade de confiança seletiva em uma situação de aprendizagem nova. 
"Confiança seletiva é a habilidade de crianças e adultos de escolher, em uma situação nova de aprendizado, qual é o informante mais acurado para obter aquela informação", define o pesquisador Pedro Carrara de Oliveira, aluno do curso de Psicologia da UFSCar. O objetivo é verificar se existe correlação entre a habilidade de comunicação e de divisão de tarefa dos pais e o desenvolvimento da confiança seletiva em crianças de 4 a 6 anos de idade. Para isso, o estudo pretende contar com a participação de crianças de 4 a 6 anos de idade, assim como a de seus pais/mães ou responsáveis legais para uma coleta de dados, que será feita totalmente online.
De acordo com o pesquisador, não há estudos brasileiros investigando coparentalidade e confiança seletiva. Oliveira explica que "a coparentalidade é definida pela relação que os pais constroem no sentido exclusivo de cuidar uma criança. Neste estudo, não estamos avaliando necessariamente os estilos parentais, mas, sim, a qualidade da comunicação que os cuidadores têm entre si, estritamente no que se refere ao cuidado com a criança". 
São fatores considerados na coparentalidade, por exemplo, a clareza com que um dos cuidadores expõe suas necessidades/vontades/insatisfações; ou o quanto um dos cuidadores reconhece o valor da paternalidade do companheiro ou companheira; como o casal se comunica pra atender às necessidades da criança; como os cuidadores lidam com estresse e a qualidade da escuta promovida pela dupla parental.
"A coparentalidade exclui, portanto, a relação que os pais têm entre si, num sentido romântico -  a conjugalidade. Mas inclui, por outro lado, até mesmo a relação que a dupla parental tem com suas discussões; se dizem coisas cruéis um para o outro na frente da criança; se os objetivos do casal com relação à criança estão alinhados; questões a respeito do estresse e de trabalho etc.", detalha Oliveira.
A pesquisa, intitulada "Coparentalidade e o desenvolvimento da cognição social em pré-escolares", tem orientação da professora Débora de Hollanda Souza, do Departamento de Psicologia (DPsi) da UFSCar, e conta com financiamento de Iniciação Científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

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