COREIA DO NORTE - A Coreia do Norte destruiu várias estradas que ligavam o país ao sul, em meio a acusações de que a Coreia do Sul estaria enviando panfletos de propaganda para Pyongyang por meio de drones. Em resposta, a Coreia do Sul realizou disparos de aviso.
O exército sul-coreano informou que o Norte destruiu hoje partes de estradas que conectavam os dois países, após Pyongyang anunciar que cortaria essas vias de transporte. "Nosso exército está monitorando a situação de perto e está totalmente preparado para responder às provocações do Norte", declarou Lee Seong-joon, porta-voz do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas da Coreia do Sul (JCS, na sigla em inglês), criticando as acusações feitas pelo regime norte-coreano como "descaradas".
Na semana passada, a Coreia do Norte já havia anunciado que cortaria e reforçaria as estradas e ferrovias que conectam ao sul, em resposta a uma emenda constitucional aprovada recentemente, que redesenhou unilateralmente as fronteiras do país, sob ordens de Kim Jong-un.
Enquanto isso, a Coreia do Sul está reforçando suas defesas. Em julho, Seul divulgou planos para instalar "lasers antimísseis" de alta tecnologia, destinados a combater drones em eventuais provocações, um projeto apelidado de “Projeto StarWars”. Isso ocorre após drones norte-coreanos terem invadido o espaço aéreo sul-coreano em 2022, o que resultou em uma resposta militar, interceptando as aeronaves.
Apesar de as duas Coreias permanecerem tecnicamente em guerra — já que o conflito de 1950-53 terminou com um armistício, e não com um tratado de paz —, o Comando das Nações Unidas na Coreia, que supervisiona o armistício, afirmou estar ciente das acusações feitas pela Coreia do Norte.
“O comando está investigando em conformidade com o acordo de armistício", declarou o Comando.
A destruição das estradas de Gyeongui e Donghae, perto da Linha de Demarcação Militar (MDL), ocorreu por volta do meio-dia (horário local), informou o Estado-Maior Conjunto sul-coreano em comunicado. Em resposta, as forças sul-coreanas realizaram disparos de aviso ao sul da linha de demarcação.
Esse episódio segue uma declaração anterior de Kim Jong-un, que chamou a Coreia do Sul de "principal inimigo" do Norte. Nos últimos tempos, a Coreia do Norte vem reforçando suas defesas militares ao longo da fronteira, instalando minas, barreiras anti-tanque e mísseis com capacidade nuclear.
Recentemente, Pyongyang ameaçou fechar permanentemente a fronteira com o sul, em retaliação aos exercícios militares conjuntos entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos, além das recentes visitas de meios nucleares americanos à região.
Além da destruição das estradas, a Coreia do Norte acusou a Coreia do Sul de usar drones para sobrevoar Pyongyang e distribuir propaganda contra o regime. O regime convocou uma reunião de segurança no início da semana, na qual Kim Jong-un pediu "ação militar imediata".
Durante a reunião, foi apresentado um relatório sobre as "provocações graves do inimigo", e Kim expressou uma postura política e militar firme, segundo a agência de notícias norte-coreana KCNA.
O ministro da Defesa da Coreia do Sul, Kim Yong-hyun, negou inicialmente que Seul estivesse envolvida no envio de drones ao Norte. Mais tarde, o JCS afirmou que não poderia "confirmar se as alegações norte-coreanas eram verdadeiras ou não".
Grupos civis da Coreia do Sul frequentemente enviam panfletos e dólares americanos para o Norte, geralmente através de balões. Pyongyang já alertou que qualquer nova incursão de drones será vista como uma "declaração de guerra".
COREIA DO NORTE - O líder norte-coreano, Kim Jong-un, declarou que as atuais circunstâncias geopolíticas voláteis que envolvem seu país exigem um nível de preparação para o conflito como nunca antes, enquanto realizava uma inspeção na principal universidade militar da nação, conforme relatado pela agência de notícias KCNA na quarta-feira (10), que já era quinta-feira no fuso horário local.
Durante sua visita à Universidade Militar e Política Kim Jong Il, nomeada em homenagem a seu falecido pai em 2011, Kim forneceu orientações de campo. Segundo a KCNA, a instituição é considerada a "mais alta instituição de ensino militar" do país. Nos últimos anos, a Coreia do Norte tem intensificado seu desenvolvimento de armamentos sob a liderança de Kim, ao mesmo tempo em que estreitou laços militares e políticos com a Rússia, supostamente colaborando com Moscou em seu conflito com a Ucrânia em troca de assistência em projetos militares estratégicos.
Durante seu encontro com funcionários e estudantes da universidade, Kim afirmou, de acordo com a KCNA, que se oponentes optarem pelo confronto militar com a Coreia do Norte, esta "desferirá um golpe fatal sem hesitação, mobilizando todos os recursos ao seu alcance".
"Ao delinear a complexa situação internacional e a incerteza política e militar que cerca a Coreia do Norte, ele destacou que é crucial estar mais meticulosamente preparado para a guerra do que nunca", afirmou a KCNA.
A Coreia do Norte tem acusado os Estados Unidos e a Coreia do Sul de fomentarem tensões militares através de suas "manobras de guerra", com os dois países realizando exercícios militares de maior intensidade e abrangência nos últimos meses.
COREIA DO NORTE - O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, testou os novos tanques de guerra desenvolvidos pelo país durante os exercícios realizados na nesta semana. As agências de notícias capturaram o momento em que Jong-un se juntou ao exército, sendo possível vê-lo dentro de um tanque de guerra acompanhado por membros do exército. Esses treinamentos ocorrem enquanto são realizados exercícios conjuntos entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos, ações que Pyongyang interpreta como ensaios para uma possível invasão em seu território.
De acordo com a Agência de Notícias Central Coreana (KCNA), os exercícios militares no Norte serviram para demonstrar as capacidades dos novos tanques desenvolvidos pelo país, que Jong-un considerou como "os mais poderosos". A agência estatal norte-coreana também relatou que durante os exercícios houve simulações de batalha com disparos, conforme mostram as imagens.
O Ministério da Defesa do país havia anunciado anteriormente que realizaria "atividades militares responsáveis" em resposta aos exercícios conduzidos por Washington e Seul, os quais estão programados para terminar nesta quinta-feira.
COREIA DO NORTE - O líder norte-coreano Kim Jong Un supervisionou os testes de dois mísseis de cruzeiro lançados a partir de um submarino, informou a imprensa estatal nesta segunda-feira (29), em meio a tensões crescentes entre Coreia do Norte e Coreia do Sul.
Os dois mísseis Pulhwasal-3-31 "voaram no céu acima do Mar do Leste... para atingir o alvo insular" no domingo, afirmou a agência estatal de notícias estatal KCNA, acrescentando que Kim Jong Un "guiou" o lançamento.
Segundo a KCNA, os mísseis permaneceram no ar por 7.421 segundos e 7.445 segundos, mas a agência não informou a distância percorrida ou se foram lançados abaixo ou acima da superfície do mar.
O Exército sul-coreano anunciou no domingo que detectou mísseis de cruzeiro lançados nas águas próximas à área de Sinpo, na Coreia do Norte.
O Pulhwasal-3-31 é uma nova geração de míssil de cruzeiro estratégico que Pyongyang afirmou ter testado pela primeira vez na quarta-feira da semana passada, com vários disparos em direção ao Mar Amarelo.
Os testes de domingo a partir de um submarino "não tiveram nenhum impacto na segurança de um país vizinho e não têm nada a ver com a situação regional", afirmou a KCNA.
A agência acrescentou que Kim "expressou grande satisfação" com os lançamentos, "que têm importância estratégica na execução do plano de modernização militar que pretende criar uma força naval poderosa".
O líder norte-coreano também inspecionou "a construção de um submarino nuclear" e discutiu questões relacionadas com a fabricação de navios, segundo a imprensa estatal..
A capacidade norte-coreana de lançamento a partir do mar não é clara. Testes anteriores foram realizados a partir de navios mais antigos ou de uma plataforma subaquática.
Em março do ano passado, a Coreia do Norte lançou dois mísseis de cruzeiro que percorreram 1.500 km, segundo Pyongyang, o que permitiria atingir todo o território da Coreia do Sul e do Japão.
O Norte também possui um míssil balístico lançado por submarino (SLBM) chamado Pukguksong-3, com alcance calculado de 1.900 km. Em outubro de 2021, o país anunciou o teste bem-sucedido de uma nova versão deste míssil.
- Desenvolvimento naval -
O SLBM pode ser lançado do fundo do mar, o que significa muita mobilidade e dificulta a detecção.
A capacidade comprovada de SLBM da Coreia do Norte levaria o arsenal do país a um novo nível, ao permitir o avanço além da península coreana e uma resposta em caso de um ataque.
Aumentar o poder naval do país foi uma das decisões da reunião de fim de ano do regime. A presença de Kim para supervisionar o lançamento de domingo é um indício da direção da política de defesa para este ano, segundo analistas.
O país também realizou exercícios com o que chamou de seu "primeiro submarino de ataque tático nuclear".
Pyongyang tem acelerado os testes de armas, incluindo testes do que chamou de "sistema de arma nuclear subaquático" e de um míssil balístico hipersônico de combustível sólido.
Ao contrário dos mísseis balísticos, os testes de mísseis de cruzeiro não são proibidos pelas atuais sanções da ONU contra Pyongyang.
Os mísseis de cruzeiro tendem a ser impulsionados por jatos e voam a uma altitude mais baixa do que os mísseis balísticos mais sofisticados, tornando-os mais difíceis de detectar e interceptar.
As relações entre as duas Coreias sofreram uma acentuada deterioração nos últimos meses, com ambos os lados abandonando acordos-chave de redução de tensões, intensificando a segurança na fronteira e conduzindo exercícios ao longo da fronteira.
RÚSSIA - O governo da Rússia afirmou na sexta-feira (15) que nenhum acordo foi assinado durante a visita ao país do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, um tema que provocou muita preocupação no Ocidente, que suspeita da intenção de Moscou de comprar armas de Pyongyang para utilizar no conflito na Ucrânia.
"Nenhum acordo foi assinado e não estava planejado assinar qualquer acordo", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, ao ser questionado pela imprensa sobre um possível contrato militar, ou de outro tipo.
Além do armamento que a Coreia do Norte poderia fornecer à Rússia, as potências ocidentais suspeitam de que Pyongyang busca adquirir tecnologia russa para seus programas nucleares e de mísseis.
Na reunião de quarta-feira no cosmódromo de Vostochni (extremo-leste do país), o presidente russo Vladimir Putin e Kim Jong-un trocaram rifles como presentes, objetos considerados simbólicos, devido aos temores do Ocidente.
Os dois demonstraram sua proximidade. Kim Jong-un declarou que a aproximação com Moscou era uma "prioridade absoluta" da política externa e Putin destacou o "fortalecimento" da cooperação.
O presidente russo citou "perspectivas" de cooperação militar, apesar das sanções internacionais que afetam Pyongyang por seu programa armamentista, que inclui testes nucleares.
Washington expressou "preocupação" com a possível compra de munições norte-coreanas, enquanto Seul fez uma "advertência veemente" contra qualquer negociação do tipo.
- Visita a uma fábrica de aviação militar -
Kim Jong-un, que chegou à Rússia na terça-feira em seu trem blindado, prosseguiu nesta sexta-feira com sua primeira viagem ao exterior desde o início da pandemia e visitou uma fábrica de aviação militar no extremo-leste russo.
O dirigente norte-coreano visitou a fábrica que tem o nome do cosmonauta Yuri Gagarin, que ele conheceu em 2002 durante uma viagem de seu pai, o falecido Kim Jong Il, segundo o governo russo.
Acompanhado pelo vice-primeiro-ministro russo do Comércio e Indústria, Denis Manturov, Kim acompanhou a produção de aviões de combate e de transporte civil, antes de observar um voo teste do caça Su-35.
"Vemos potencial de cooperação tanto na área de fabricação de aviões como em outras indústrias", declarou Manturov.
As autoridades russas também anunciaram que Kim visitará o porto de Vladivostok para uma "demonstração" da capacidade militar da frota russa no Pacífico.
Putin e Kim podem voltar a se reunir em breve.
O Kremlin confirmou na quinta-feira que o presidente russo aceitou um convite do dirigente norte-coreano para viajar a seu país, sem revelar a data da visita.
Esta será a segunda viagem do presidente russo à Coreia do Norte. Em julho de 2000, pouco depois de assumir a presidência, ele seu reuniu em Pyongyang com o pai do atual líder norte-coreano, Kim Jong-il.
Mais de duas décadas depois, a Rússia enfrenta um isolamento sem precedentes imposto pelas potências ocidentais, devido à ofensiva na Ucrânia, e Putin busca retomar as alianças da era soviética.
- "Violação direta" -
A Casa Branca informou na quinta-feira que o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, entrou em contato com os homólogos do Japão e da Coreia do Sul para comentar o encontro entre Putin e Kim.
Eles destacaram que "qualquer exportação de armas norte-coreanas para a Rússia seria uma violação direta de várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU, afirmou o governo americano.
O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, já havia afirmado que está disposto a ter uma reunião com Kim "sem condições prévias" e reiterou a proposta, afirmou uma fonte do governo nipônico.
"Gostaríamos de manter conversas de alto nível sob o controle direto do primeiro-ministro para obter uma reunião de cúpula o mais rápido possível", disse o secretário-chefe de gabinete do governo japonês, Hirokazu Matsuno.
Seul afirmou que está "considerando todas as opções" a respeito da possibilidade de impor novas sanções a Moscou e Pyongyang.
"Se a Coreia do Norte alcançar um acordo sobre o comércio de armas após a reunião com a Rússia, isto seria um ato que ameaçaria gravemente a paz e a segurança na península coreana", afirmou o ministro sul-coreano das Relações Exteriores, Park Jin.
Depois de recorrer ao Irã para obter centenas de drones explosivos, a Rússia pode encontrar recursos úteis em Pyongyang, que possui grandes reservas de material soviético e produz armas convencionais em larga escala.
Em troca, Pyongyang poderia receber petróleo e alimentos russos, ou até mesmo acesso à tecnologia espacial.
MOSCOU - O líder norte-coreano, Kim Jong Un, convidou o presidente russo, Vladimir Putin, para visitar Pyongyang, alimentando preocupações dos Estados Unidos de que um eixo Moscou-Pyongyang poderia revigorar as Forças Armadas da Rússia na Ucrânia e fornecer a Kim tecnologia sensível de mísseis.
Putin aceitou o convite, feito durante uma cúpula dos dois líderes, informou a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA. Não houve confirmação imediata por parte do Kremlin. Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, Putin raramente viaja para o exterior.
Chamando um ao outro de "camarada", os dois líderes brindaram sua amizade na quarta-feira com vinho russo depois que Putin, de 70 anos, mostrou a Kim, de 39, a instalação de lançamento espacial mais moderna da Rússia e eles mantiveram conversas ao lado de seus ministros da Defesa.
"No final da recepção, Kim Jong Un convidou Putin a visitar a RPDC em um momento conveniente", disse a KCNA, referindo-se à República Popular Democrática da Coreia, o nome formal da Coreia do Norte.
"Putin aceitou o convite com prazer e reafirmou sua vontade de invariavelmente levar adiante a história e a tradição da amizade entre a Rússia e a RPDC", acrescentou a KCNA.
Para os Estados Unidos e seus aliados, a amizade crescente entre Kim e Putin é uma preocupação. Washington acusou a Coreia do Norte de fornecer armas para a Rússia, mas não está claro se alguma entrega foi feita.
Tanto a Rússia quanto a Coreia do Norte negaram essas alegações, mas prometeram aprofundar a cooperação em defesa. Durante uma visita à Coreia do Norte em julho, foram mostrados ao ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, mísseis balísticos proibidos.
Kim visitaria nesta quinta-feira as fábricas de aviação militar e civil na cidade russa de Komsomolsk-on-Amur e inspecionaria a frota russa do Pacífico em Vladivostok, afirmou Putin.
O Conselho de Segurança Nacional (NSC) da Coreia do Sul disse na quinta-feira que a Coreia do Norte e a Rússia "pagarão um preço" se violarem as resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
Em meio a batalhas de artilharia na Ucrânia, a Rússia aumentou sua produção de projéteis, mas uma linha de suprimentos norte-coreana poderia ser útil.
Acredita-se que a Coreia do Norte tenha um grande estoque de projéteis de artilharia e foguetes compatíveis com as armas da era soviética, além de um histórico de produção dessas munições.
Perguntado se a Rússia poderia simplesmente remover as sanções contra a Coreia do Norte, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a Rússia continua sendo um membro responsável do Conselho de Segurança da ONU.
Mas Peskov acrescentou que Moscou desenvolveria suas relações com a Coreia do Norte de acordo com seus próprios interesses.
O Departamento de Estado dos EUA disse que o governo Biden "não hesitará" em impor sanções adicionais à Rússia e à Coreia do Norte se elas fecharem novos acordos de armas.
Por Hyonhee Shin e Guy Faulconbridge / REUTERS
RÚSSIA - O líder norte-coreano Kim Jong Un chegou nesta terça-feira (12) à Rússia, em um trem blindado, para uma reunião com o presidente Vladimir Putin, em meio a especulações sobre um acordo armamentista entre os países.
Kim partiu no domingo (10) de Pyongyang em seu trem privado verde e dourado, acompanhado por uma grande comitiva de oficiais militares, segundo as imagens divulgadas pela imprensa estatal da primeira viagem do governante ao exterior desde 2019.
A agência estatal russa Ria Novosti confirmou que o comboio atravessou nesta terça-feira a fronteira pelo ‘krai’ de Primorie, uma divisão administrativa no extremo leste da Rússia, onde deve acontecer o encontro.
Após uma semana de especulações, Pyongyang e Moscou confirmaram a reunião na segunda-feira, mas não revelaram a data exata nem o local.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que o encontro acontecerá esta semana e abordará temas “delicados” para os dois países vizinhos.
Analistas estrangeiros acreditam que a reunião acontecerá em Vladivostok, onde Putin participa em um fórum econômico, e resultará em um acordo de venda de armas, apesar das advertências do governo dos Estados Unidos.
Estas fontes destacam que Moscou deseja receber projéteis de artilharia e mísseis antitanque norte-coreanos para a guerra de Moscou na Ucrânia, em troca de tecnologia avançada para satélites e submarinos nucleares, assim como ajuda alimentar, para Pyongyang.
“Nossos países cooperam em temas delicados que não devem ser objeto de e divulgação pública e anúncios”, afirmou Peskov.
“O mais importante para nós é o interesse dos nossos dois países e não as advertências de Washington”, acrescentou.
– Viagens de trem –
O líder norte-coreano, que não costuma viajar para o exterior, não deixava da Coreia do Norte desde o início da pandemia da covid-19.
Segundo o jornal sul-coreano Chosun Ilbo, o comboio, muito pesado devido à blindagem, circula a uma velocidade de 60 km/h e precisa de 20 horas para percorrer os 1.200 quilômetros entre Pyongyang e Vladivostok.
Kim demonstrou, repetidamente, sua preferência pelo trem para viagens internacionais. Em 2019, ele fez um trajeto de 60 horas, ida e volta, até Hanói para uma reunião com o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Na viagem à Rússia, o líder norte-coreano está acompanhado por comandantes militares, como o marechal do Exército Popular Coreano, Pak Jong Chon, e o diretor do Departamento de Indústria de Munições, Jo Chun Ryong, recordaram os analistas.
Isto indica que a reunião “provavelmente será muito concentrada na possível cooperação militar entre Rússia e Coreia do Norte”, afirmou o reitor da Universidade de Estudos Norte-Coreanos de Seul, Yang Moo-jin, à AFP.
Em julho, o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, visitou Pyongyang e compareceu a um desfile e a uma exposição de material militar.
– “Suplicando por ajuda” –
A Rússia foi um apoio crucial desse país isolado durante décadas, com laços que remontam à fundação da Coreia do Norte, há 75 anos.
Kim apoiou fortemente a invasão da Ucrânia por Moscou, o que teria incluído, segundo Washington, o fornecimento de foguetes e mísseis, algo que os dois países negam.
Para Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha de Seul, não é surpreendente que o primeiro destino de Kim após a pandemia seja a Rússia.
“A Coreia do Norte tem a munição que Putin precisa para sua guerra ilegal na Ucrânia, enquanto Moscou tem tecnologia submarina, balística e de satélites que podem ajudar Pyongyang a superar os desafios de Engenharia que enfrenta sob as sanções econômicas”, afirmou.
O governo dos Estados Unidos advertiu que Pyongyang pagaria “um preço” em caso de fornecimento de armas à Rússia e retratou a reunião como uma jogada desesperada de Putin.
“Eu descreveria isso como se ele estivesse suplicando por ajuda”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.
Washington acredita que Moscou poderia utilizar armas norte-coreanas para atacar os abastecimentos ucranianos de alimentos e a infraestrutura de calefação antes do inverno (verão no Brasil).
Cheong Seong-chang, pesquisador do Instituto Sejong, disse à AFP que, se a Coreia do Norte ampliar sua cooperação militar com a Rússia, isso “aumentará a probabilidade de um conflito prolongado na Ucrânia”.
Segundo o pesquisador, a recompensa a Pyongyang por ajudar Moscou poderia contribuir para acelerar o desenvolvimento de submarinos nucleares e satélites de reconhecimento norte-coreanos.
COREIA DO NORTE - Família governa o país desde sua fundação, em 1948. Há dúvidas sobre quem será o sucessor de Kim Jong-un – alguns analistas apostam em Ju-ae, garota de 11 anos que tem feito aparições públicas ao lado do pai.Quando o ditador Kim Jong-un sair à varanda na Grande Casa de Estudos do Povo em Pyongyang neste sábado (09/09) para saudar a multidão e celebrar o 75º aniversário da fundação da Coreia do Norte, grande parte da atenção dos analistas que acompanham a situação no país estará voltada para as pessoas no entorno dele.
A China e a Rússia devem enviar representantes de governo para acompanhar as celebrações e a parada militar. Mas o ponto de maior interesse deve ser a presença – ou ausência – de Kim Ju-ae, a filha de 11 anos do líder.
A garota fez sua primeira aparição pública em novembro do ano passado, por ocasião do lançamento de um míssil, e tem desde então acompanhado o pai em diversas ocasiões. Acredita-se que ela seja a segunda de três filhos do líder norte-coreano.
Embora muito da vida privada de Kim Jong-un seja mantido em segredo, o serviço secreto da Coreia do Sul afirma que o primeiro descendente dele é um rapaz – uma tremenda vantagem para um potencial regente de uma sociedade dominada por homens.
Apesar disso, Ju-ae parece ser a cria favorita. Especula-se que ela esteja sendo preparada para, um dia, assumir a liderança do país comunista.
Três gerações no poder
Governantes anteriores da Coreia do Norte, Kim Il-sung e Kim Jong-il também apresentaram seus sucessores em público para garantir que o clã continuasse no controle. Mas eles passaram o bastão para filhos homens.
Kim Il-sung chegou ao poder em 1945 apoiado pela União Soviética, após o Japão, potência colonizadora, ser derrotado e expulso da península coreana, tornando-se chefe de governo assim que o país foi fundado, em 1948.
O patriarca construiu sua legitimidade como regente de uma nação recém-nascida baseado na guerrilha que travou contra os japoneses – embora seja consenso de que as ações de resistência são largamente exageradas pela propaganda estatal.
Em 1950, Kim ordenou às suas tropas que invadissem a Coreia do Sul, país apoiado pelos Estados Unidos. A China acabou intervindo para salvar o Norte da derrota contra uma coalizão de membros das Nações Unidas liderada pelos americanos. O combate acabou três anos depois em um impasse, e a península desde então segue dividida.
Se a Coreia do Norte, no início, era mais desenvolvida e rica que o vizinho do sul – principalmente devido às grandes reservas minerais, à abundância de fontes de energia e aos parceiros comerciais Rússia e China –, a situação se inverteu rapidamente devido à má gestão econômica de Kim, com a Coreia do Sul se tornando uma potência econômica asiática.
O ex-guerrilheiro morreu aos 82 anos vítima de um ataque cardíaco em 7 de julho de 1994. O governo seguiu então para as mãos do filho mais velho dele, Kim Jong-il.
Milhões morreram de fome
Segundo a narrativa oficial, Kim Jong-il nasceu em 1942, sob um céu raro cruzado por dois arcos-íris, dentro de um casebre de madeira usado por combatentes da resistência e situado na encosta da montanha Baektu. Relatos soviéticos mais prosaicos dão conta de que ele teria nascido em um campo de pessoas desalojadas no leste da Rússia em 1941.
Ao ascender ao poder na década de 90, ele herdou também uma crise gestada pelo seu pai: uma fome generalizada causada pelo mau gerenciamento da agricultura nacional e agravada pela perda de apoio econômico da Rússia e por uma série de desastres naturais que arruinaram colheitas inteiras.
Segundo algumas estimativas, a Marcha Árdua no país isolado custou 3,5 milhões de vidas.
O rígido controle que o governo exercia sobre a educação e os meios de comunicação impediram que o sofrimento se convertesse em revolta, e a crise foi, por fim, superada em 1998.
Foi também Kim Jong-il quem ordenou o primeiro teste nuclear da Coreia do Norte, em outubro de 2006, informando ao mundo sobre a existência de armas nucleares em seu arsenal.
Nos anos seguintes, começaram a surgir rumores de que o líder andaria mal de saúde. Ele seria diabético, teria gota e outras doenças decorrentes do apetite que nutria por alimentos estrangeiros e bebidas alcoólicas caras. Morreu também de ataque cardíaco, a bordo de seu trem oficial, em 17 de dezembro de 2011.
Filhos mais velhos fora da linha de sucessão
Em uma situação inusitada, quem foi apontado novo líder da nação foi não o primeiro, nem o segundo filho de Kim Jong-il, mas o terceiro.
O mais velho, Kim Jong-nam, havia enfurecido o pai ao ser flagrado com um passaporte falso da República Dominicana tentando entrar no Japão para visitar a Disneylândia.
O segundo filho, Kim Jong-chol, não teria interesse em assumir a posição do pai e levaria uma vida de playboy, tendo sido avistado em um concerto do Eric Clapton em Londres em 2015.
Já Kim Jong-un parece interessado em seguir os passos do pai e do avô. Como eles, o atual ditador norte-coreano também promove seu próprio culto à personalidade, oprimindo rivais e oponentes, e expandindo o arsenal bélico do país, que agora inclui armas nucleares.
No final de 2013, ele acusou seu tio e mentor, Jang Song-thaek, de traição e ordenou sua execução sumária e a de outros cinco familiares próximos.
Para analistas ocidentais, também não há dúvida de que Kim Jong-un está por trás do assassinato de Kim Jong-nam, seu meio-irmão, morto no aeroporto de Kuala Lumpur em fevereiro de 2017.
Estratégia de imagem contra crises
Hoje aos – acredita-se – 42 anos de vida, Kim Jong-un também teve que enfrentar desafios vindos do exterior, como as sanções internacionais e a aliança cada vez mais estreita entre Coreia do Sul e Estados Unidos.
Park Young-ja, pesquisadora-sênior no Instituto da Coreia para a Unificação Nacional, uma entidade com sede em Seul, afirmou à DW que essa é a razão pela qual o líder tem levado sua filha consigo em aparições públicas.
"Ele a está colocando no centro das atenções para animar as pessoas comuns e reduzir a ansiedade delas em relação ao futuro do regime", afirma. Segundo ela, não seria inimaginável que a garota de 11 anos possa vir a chefiar o país no futuro.
País "confuciano, voltado para homens"
Toshimitsu Shigemura, professor de relações internacionais na Universidade Waseda, em Tóquio, e especialista na dinastia Kim, tem uma outra opinião, e diz que Kim Ju-ae não pode herdar a liderança do país.
"Ela não o sucederá e não tem nenhum cargo oficial ou poder", pondera Shigemura. "Sequer acho que ela vá aparecer no aniversário [de 75 anos do país] porque essa não é uma sociedade moderna, avançada. Ainda há oposição a uma liderança feminina."
"Pode ser difícil para quem está de fora entender isso, mas esse é um país com uma cultura profundamente voltada para os homens, confuciana", argumenta o professor. "A dinastia Yi durou mais de 500 anos, e os reis Koryo ocuparam o trono por 400 anos, então os 75 anos da dinastia Kim não são nada, e para o povo coreano faz muito sentido que o rei passe seu reino adiante para o filho."
Shigemura diz que a reputação de Kim pode ser prejudicada por derrotas econômicas e a volta à região da fome generalizada, mas ressalta que a "coesão interna e a durabilidade são altas" e não há nenhum candidato óbvio à espera de um erro para tirar vantagem. E ainda no início da sua quarta década de vida, o ditador tem tempo para identificar e alçar um substituto.
COREIA DO NORTE - O líder norte-coreano Kim Jong Un visitou áreas rurais atingidas pelo tufão e supervisionou helicópteros militares que lançaram pesticidas para tentar salvar as colheitas, informou nesta sexta-feira (18) a imprensa estatal.
A tempestade tropical Khanun passou pela Coreia do Norte na semana passada depois de atingir o Japão.
As catástrofes naturais podem ter um impacto forte na Coreia do Norte devido a suas frágeis infraestruturas e ao desmatamento, que aumenta os riscos de enchentes.
Estas imagens foram divulgadas horas após a Coreia do Norte ter sido acusada pelo Conselho de Segurança da ONU de aplicar recursos em seu programa nuclear em detrimento de sua população, que passa fome e necessita de produtos essenciais.
A agência de inteligência da Coreia do Sul indicou ao Legislativo na quinta-feira que 240 norte-coreanos morreram de fome entre janeiro e julho deste ano, afirmou o parlamentar Yoo Sang-bum a jornalistas.
Kim visitou plantações de arroz afetadas pelo tufão na província de Kangwon e disse que haverá "reparação total dos danos" graças ao patriotismo dos soldados que ajudaram a salvar a colheita, informou a agência de notícias estatal KCNA.
A imprensa estatal divulgou imagens de Kim vestido de branco no arrozal enquanto helicópteros militares pulverizavam os campos.
Kim instou o setor agrícola a "minimizar os danos" para garantir que a Coreia do Norte possa "cumprir a meta de produção de grãos para este ano".
Porém, vários especialistas questionam a eficácia de sua estratégia.
"A ordem dada por Kim Jong Un de mobilizar os aviões da força aérea não é mais que um espetáculo", explicou à AFP An Chan-il, desertor norte-coreano e presidente do Instituto Mundial de Estudos Norte-Coreanos.
"O momento apropriado para lançar pesticidas nos cultivos já passou", afirmou.
O recente foco de Pyongyang no setor agrícola parece ser "resultado do desespero com a possibilidade de que a questão alimentar se torne um problema grave", disse à AFP Hong Min, do Instituto Coreano para a Unificação Nacional.
COREIA DO NORTE - O líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, abriu uma reunião do partido para discutir o desenvolvimento agrícola, informou nesta segunda-feira (27) a imprensa estatal, após relatos de "grave" escassez de alimentos no país isolado.
Os encontros partidários geralmente são organizados duas vezes por ano, mas o atual acontece apenas dois meses depois do encontro anterior, também centrado em questões agrícolas.
A frequência incomum das reuniões sobre agricultura alimenta as especulações de que a Coreia do Norte pode estar sofrendo uma grave escassez de alimentos.
Kim presidiu no domingo a abertura do encontro de altos funcionários do regime para "analisar e revisar (...) o programa da revolução rural na nova era e decidir sobre as tarefas imediatas e as tarefas urgentes", afirmou a agência estatal KCNA.
Os participantes "aprovaram os tópicos da agenda por unanimidade e iniciaram uma discussão sobre o tema", acrescentou a KCNA, sem revelar mais detalhes.
O ministério Unificação da Coreia do Sul destacou recentemente relatos de fome na Coreia do Norte.
Nós consideramos que a escassez de alimentos é grave", disse na semana passada o porta-voz do ministério, Koo Byoung-sam. Ele acrescentou que Pyongyang parece ter solicitado ajuda do Programa Mundial de Alimentos, da ONU.
O site 38 North, que monitora a situação na Coreia do Norte, afirmou que a atual escassez de alimentos no país é a mais grave em décadas.
Uma análise dos preços do arroz e do milho no mundo e na Coreia do Norte mostram uma divergência "significativa" desde o início de 2021, o que significa que estes alimentos são muito mais caros no Norte, um indício do "colapso" do abastecimento, explica o site.
Porém, um comentário recente publicado pelo jornal estatal norte-coreano Rodong Sinmun afirma que o país deve continuar com sua "economia autossuficiente" como parte de sua luta contra os "imperialistas".
A Coreia do Norte, que é objeto de várias sanções por seus programas armamentistas, enfrenta dificuldades para obter alimentos há muitos anos.
O país é vulnerável a desastres naturais, como inundações e secas devido à ausência crônica de infraestrutura, desmatamento e décadas de má administração do Estado.
A situação foi agravada por um fechamento prolongado das fronteiras a partir do início da pandemia de coronavírus, que só foi flexibilizado recentemente para permitir o comércio com a China.
A Coreia do Norte já foi afetada por vários episódios de fome. Na década de 1990, a fome matou centenas de milhares de pessoas, mas algumas estimativas citam milhões de vítimas fatais.
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