Nos 14 pontos de travessia, entre Presidente Prudente e Martinópolis, foram registradas 179 passagens de animais em três meses
PRESIDENTE PRUDENTE/SP - A Eixo SP iniciou o monitoramento das passagens de fauna na SP 425 - Rodovia Assis Chateaubriand. São 14 pontos de travessia no trecho entre Presidente Prudente e Martinópolis. De outubro até o fim de dezembro, ou seja, em três meses de monitoramento, foram identificadas 179 passagens de animais, sendo cerca de 50 registros de animais domésticos e o restante de animais silvestres, como onça-parda, jaguatirica, tamanduá-bandeira, lobo-guará e veado-mateiro, entre outras espécies.
O monitoramento será constante e tem como finalidade avaliar se as passagens estão realmente sendo usadas pelos animais para travessia. Com essas informações, a Concessionária pode analisar a efetividade das passagens e fornecer subsídios para pesquisas científicas. Animais como onça-parda, jaguatirica, lobo-guará, veado-mateiro, veado-catingueiro, lontra e tamanduá-bandeira, entre outros que foram flagrados nessas passagens, estão na relação das populações vulneráveis, em perigo e criticamente em perigo, de acordo com o Decreto Estadual 68.853/18.
Ao todo, a Concessionária conta com 35 pontos de travessia de animais silvestres. O monitoramento das passagens de fauna ocorre desde o início da concessão, em junho de 2020. Desde então, foram registradas mais de 6 mil travessias. Inicialmente, somente as passagens de fauna da SP 225, no trecho entre Itirapina e Dois Córregos, eram monitoradas. Agora, a Eixo SP passa a monitorar também a movimentação dos animais nas passagens instaladas na Rodovia Assis Chateaubriand.
O objetivo dessa nova fase de monitoramento é ampliar o conhecimento sobre a fauna na região de atuação da Eixo SP e analisar a efetividade das travessias, sempre com foco em reduzir as colisões entre os veículos e os animais”, afirma Gabriel Bispo, coordenador de Meio Ambiente da Eixo SP. Segundo ele, as passagens oferecem uma condição segura para que os animais atravessem de um lado para outro da rodovia. Portanto, são meios que ajudam a prevenir atropelamentos e contribuem para garantir a segurança viária da rodovia, protegendo tanto a vida selvagem quanto os usuários.
De acordo com Nádia Elisa Gonçalves, técnica de Meio Ambiente, a Eixo SP tem projetos para instalação de novos pontos de travessia de fauna em breve. Serão aproximadamente mais 30 novas passagens que serão implantadas nos próximos meses durante as obras de duplicação e ampliação das rodovias SP 294, SP 310, SP 284 e SP 304. Segundo Nádia, a definição dos locais para implantação das passagens de fauna é feita com base em levantamentos de registros da presença de animais silvestres no trecho.
SÃO PAULO/SP - A maior diversidade nas lavouras localizadas no nordeste paulista tem efeito benéfico para manutenção de espécies nativas de mamíferos na região, quando comparada a áreas de monocultura. A heterogeneidade da paisagem ajuda ainda a controlar espécies invasoras, como os javalis, que podem causar prejuízos ambientais e para a atividade agrícola da região.
A conclusão é de pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) - publicada no Journal of Applied Ecology e apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) - sobre uma região agrícola no estado de São Paulo, que está dentro do bioma cerrado. O estudo cobriu uma área de 34 mil quilômetros quadrados, abrangendo mais de 85 municípios paulistas na região de Ribeirão Preto e Araraquara.
“A gente sabia da influência da vegetação nativa. A perda de vegetação nativa não é boa em termos ambientais, mas o que a gente coloca naquela área desmatada importa também: se vai ser uma agricultura mais diversa ou menos diversa”, revelou Marcella do Carmo Pônzio, doutoranda do Instituto de Biociências da USP, que liderou a pesquisa.
Segundo ela, áreas agrícolas mais diversas, que são resultado da agricultura familiar ou do sistema de agrofloresta, e também agriculturas de maior escala com um sistema de rotação de culturas e de cultivo consorciado são mais benéficas para a biodiversidade do que a monocultura. “Elas podem nos ajudar a manter mais espécies nativas naquela área e também controlar espécies invasoras”, afirmou.
Marcella ressaltou que aquela região tem sido dominada pelo avanço da agricultura intensiva, do tipo monocultura, que promove justamente o desmatamento, retirando a cobertura de vegetação nativa da região e a homogeneização da paisagem.
“A nossa área de estudo atualmente possui somente 19% de cobertura de vegetação nativa e tem um histórico agrícola muito antigo. Há 200 anos, ela vem sendo utilizada de maneira intensiva pela agricultura, primeiro no ciclo do café e atualmente com o desenvolvimento maior de monocultura de cana, que é a principal cobertura dessa área hoje”, destacou.
Na região estudada, a maioria das propriedades não cumpre o Código Florestal, que determina a conservação de 20% de vegetação nativa, além das áreas de preservação permanente (APPs), como as margens de rios e topos de morro. Mesmo que a porcentagem fosse cumprida, a pesquisadora disse que somente isso não é o bastante para a manutenção da fauna na região, que tem como espécies nativas o veado, o tatu e a onça parda, entre outros.
“Na nossa área de estudo, a gente percebe que esse modelo de agricultura intensiva não é um modelo amigável para a biodiversidade”, concluiu. Ela citou que pesquisas anteriores já demonstraram que são necessários, ao menos, de 35% a 40% de vegetação nativa para a manutenção dessa biodiversidade e de serviços associados.
O resultado em relação ao javali - uma das espécies invasoras que mais tem causado danos na região - chamou a atenção dos pesquisadores.
“Ele causa danos à agricultura, pisoteia nascentes, pode transmitir doenças ou ser reservatório de doenças. Para além desses resultados de riqueza [na fauna], a gente percebeu que, em áreas com pouca quantidade de vegetação nativa, se eu aumentar a heterogeneidade dessa paisagem, eu tendo a diminuir a presença do javali”, detalhou.
Diante dessa realidade da agricultura no nordeste do estado, além do controle do desmatamento, uma forma de amortecer os prejuízos que a degradação da vegetação nativa causa à fauna local é tornar as lavouras mais heterogêneas.
“Supondo que a gente restaure a ponto de chegar nesses 20% [de vegetação nativa], uma maneira de ajudar no controle dessa espécie invasora que tem causado tantos danos é aumentar a diversidade dos cultivos agrícolas. Isso pode além de aumentar a riqueza da fauna nativa controlar as espécies invasoras”, finalizou.
Por Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil
SÃO CARLOS/SP - A Prefeitura de São Carlos, por meio da Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, realizou uma exposição no distrito de Santa Eudóxia sobre elementos da fauna e da hidrografia do município no último final de semana. A atividade aconteceu em função de uma parceria com o Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC/USP), que cedeu equipamentos e materiais que viabilizaram a apresentação.
Com a iniciativa, a população do distrito e os visitantes puderam observar uma série de painéis sobre a preservação de animais e a respeito das bacias hidrográficas de Santa Eudóxia, angariando informações de interesse público e conhecimentos sobre os cuidados a serem tomados contra a degradação do meio-ambiente.
O secretário municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, José Galizia Tundisi, enfatizou a união de forças institucionais para que a exposição acontecesse. “Esta parceria inicia a consolidação de um esforço conjunto entre a Prefeitura e o CDCC/USP para cada vez mais informar a população sobre ciência e tecnologia. Agradeço a todos os que participaram pelo apoio nesta que é uma parceria que será ampliada e bastante utilizada durante a Conferência Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação em outubro”, comenta Tundisi.
Também participou do evento o vereador Moisés Lazarine, que prestigiou as apresentações no sábado (17/06).
EUA - Uma pesquisa publicada no Proceeding of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS) observou os impactos dos pesticidas nas abelhas. Foi comprovado que um único contato com certos tipos de inseticidas tem a capacidade de reduzir a população de abelhas significativamente.
Pouco se sabe sobre o impacto dos pesticidas em insetos. A maioria dos estudos focam nas consequências desses químicos no meio ambiente. Coube ao PNAS analisar o que aconteceria com as abelhas.
Redução da prole
Abelhas nativas da América do Norte foram analisadas por dois anos para a realização da pesquisa. A Osmia lignaria, conhecida nos Estados Unidos como “abelha de pomar azul”, é solitária e um importante agente polinizador.
O inseticida usado na pesquisa chama-se o imidaclopride, que é tóxico para as abelhas. O imidaclopride afeta diretamente o sistema nervoso desses insetos — causando um efeito no comportamento e na fisionomia das abelhas.
Foram estudados diversos tipos de exposição — no primeiro ano de vida das abelhas, primeiro e segundo anos ou apenas no segundo ano. Foi concluído que aquelas expostas enquanto ainda eram larvas geram 20% menos larvas. Já aquelas expostas em seu primeiro ano de vida geram 30% menos larvas. Abelhas expostas ao inseticida aos dois anos tiveram 44% menos larvas do que aquelas sem nenhum tipo de contato com o pesticida.
O uso do imidaclopride é proibido na União Europeia por conta de seus impactos negativos em insetos polinizadores, porém, sua confecção não é. Sua comercialização é permitida nos Estados Unidos e também no Brasil.
Quais as consequências para o futuro?
Mesmo se o uso desse pesticida fosse proibido hoje, seus efeitos ainda continuariam. As larvas que foram expostas, quando atingirem a fase adulta, já estarão irreversivelmente afetadas. O impacto do imidaclopride é cumulativo, e pode reduzir a população de abelhas por conta de seus resultados na reprodução do animal. Seu uso contínuo é uma ameaça para os insetos e para a polinização em geral, o que pode vir a ser um problema imensurável para o meio ambiente e inviabilizar a vida humana na Terra, já que as abelhas polinizam pelo menos 70% dos alimentos.
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