EUA - Quase oito meses após o início da guerra que devasta a Faixa de Gaza, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, pode estar protelando o fim do conflito por motivos políticos. Bibi, como o premiê é conhecido, responde a acusações de corrupção e, depois de deixar o poder, poderá ser condenado e até preso.
O comentário do líder americano foi feito em 28 de maio e divulgado na terça-feira (4) pela revista Time. A poucos meses das eleições para a Casa Branca, Biden vem instando Tel Aviv a aceitar um acordo para o estabelecimento de um cessar-fogo. A pressão sobre o governo israelense aumentou desde que denúncias contra supostos crimes de guerra cometidos pela tropas do país em Gaza ganharam força.
O presidente afirmou que não há clareza sobre tais crimes e rejeitou as acusações de que Israel está usando a fome de civis como um método de pressão no conflito. Mas, de forma genérica, disse acreditar que os "israelenses se envolveram em atividades inapropriadas" durante a guerra.
Biden disse ter alertado Tel Aviv a não repetir o mesmo erro que os EUA cometeram após os ataques de 11 de setembro de 2001. Segundo o democrata, as ações tomadas após os atentados terroristas em território americano levaram a "guerras sem fim". "E eles [israelenses] estão cometendo esse erro", disse.
Questionado pela Time se ele achava que Netanyahu estava prolongando a guerra por suas próprias razões políticas, Biden disse que "há todos os motivos para as pessoas chegarem a essa conclusão".
A reação em Tel Aviv foi imediata. David Mencer, porta-voz do governo israelense, afirmou que tais comentários estão "fora das normas diplomáticas de todos os países que pensam de modo correto".
Já Biden moderou o discurso. Após a publicação da entrevista, o presidente disse a jornalistas na Casa Branca que não acredita que Netanyahu esteja fazendo política com a guerra. "Ele está tentando resolver um problema sério."
O premiê israelense está sendo julgado em Israel por acusações de suborno, fraude e quebra de confiança. Antes da guerra em Gaza, ele foi alvo de uma onda de protestos após o avanço no Parlamento de uma controversa reforma judicial que limita os poderes da Suprema Corte.
Segundo especialistas, a reforma poderia beneficiar Netanyahu nos processos criminais. O governo teria a prerrogativa, por exemplo, de substituir juízes e nomear aliados. Analistas também afirmam que Bibi pode utilizar a ameaça do projeto como moeda de barganha para negociar acordos com a Justiça.
Já no contexto da guerra na Faixa de Gaza, o procurador do TPI (Tribunal Penal Internacional) em Haia solicitou no mês passado mandados de prisão para Netanyahu e seu chefe de defesa, bem como para três líderes do Hamas, por supostos crimes de guerra.
Em seu pedido, o procurador Karim Khan acusa Netanyahu e o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, de "matar deliberadamente os civis de fome", "homicídio doloso" e "extermínio e/ou assassinato" em Gaza.
O pedido precisa ser aprovado pelos juízes do tribunal com sede em Haia, e não há um prazo definido para a apreciação. Israel não é signatário do estatuto do TPI nem reconhece sua jurisdição em Gaza. Caso os mandados sejam emitidos, o premiê e o ministro poderiam ser presos se viajassem para um dos 124 países que aderiram à corte, como o Brasil e a maioria dos europeus, mas não os EUA, por exemplo.
Washington é o maior aliado de Tel Aviv. Apesar das declarações de Biden à revista Time, o governo americano continua fornecendo armamentos e dando suporte de inteligência para as forças israelenses.
Israel anunciou nesta terça a assinatura de um acordo de US$ 3 bilhões (R$ 15,8 bilhões) com os EUA para a compra de mais 25 aviões F-35. As entregas estão previstas para acontecer a partir de 2028.
"Enquanto alguns de nossos adversários pretendem minar nossos vínculos com o maior aliado, fortalecemos ainda mais nossa aliança", disse o ministro da Defesa, Yoav Gallant. "E isso é uma poderosa mensagem aos nossos inimigos."
Israel é o único país do Oriente Médio que possui F-35, considerado o caça mais eficiente atualmente. O país recebeu as duas primeiras aeronaves em 2016 e, com as aquisições anunciadas, passará a ter 75 unidades.
O conflito em Gaza começou em outubro do ano passado, após o mega-ataque terrorista do Hamas que matou cerca de 1.200 pessoas de Israel. As respostas de Tel Aviv mataram mais de 36 mil pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde local, controlado pela facção terrorista.
Novos bombardeios na região central e no sul de Gaza mataram ao menos 19 pessoas, incluindo dois policiais que ajudavam a proteger as entregas de ajuda humanitária na cidade de Rafah, disseram médicos palestinos. As outras 17 mortes teriam ocorrido em ataques aéreos que atingiram a cidade de Deir-Al-Balah e os campos de refugiados de Al-Bureij e Al-Maghazi.
Brett McGur, enviado do governo Biden para o Oriente Médio, viajará a Israel nos próximos dias para manter a pressão sobre Netanyahu por um acordo de cessar-fogo em troca de reféns, disse uma autoridade dos EUA à agência de notícias Reuters. No domingo (2) um assessor do premiê israelense disse que o país havia aceitado os termos gerais de um acordo para interromper a guerra.
POR FOLHAPRESS
ISRAEL - A chancelaria de Israel determinou, na segunda-feira (27), que o consulado da Espanha em Jerusalém interrompa o atendimento a palestinos, em mais uma escalada na tensão entre Tel Aviv e Madri desde que o país europeu anunciou o reconhecimento da Palestina como um Estado, na semana passada.
A partir do próximo sábado (1º), o posto diplomático poderá oferecer serviços apenas aos residentes do distrito de Jerusalém e estará proibido de exercer qualquer atividade consular para residentes da Cisjordânia, outro território palestino ocupado por Tel Aviv além da Faixa de Gaza.
Exceções à ordem, que não se aplica a cidadãos espanhóis, precisarão de autorização por escrito do Ministério das Relações Exteriores de Israel, diz o comunicado. "Se essa política não for respeitada, o ministério não hesitará em tomar outras medidas", afirma a pasta.
Ao publicar o documento na rede social X, o chanceler israelense, Israel Katz, alfinetou a Espanha ao afirmar que "os dias da Inquisição acabaram". "Hoje em dia, o povo judeu tem um Estado soberano e independente, e ninguém nos obrigará a converter nossa religião nem ameaçará nossa existência", afirmou o político. "Aqueles que premiam o Hamas e tentam estabelecer um Estado terrorista palestino não terão contato com os palestinos."
O episódio é o mais recente da crise entre os dois países. Na quarta-feira passada (22), Espanha, Irlanda e Noruega anunciaram que reconheceriam a Palestina como um Estado nesta terça-feira (28), em uma anúncio articulado pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez. O socialista é uma das vozes mais críticas na União Europeia à operação militar lançada por Tel Aviv em Gaza após os ataques do Hamas, no dia 7 de outubro.
Ao falar sobre a medida na última sexta-feira (24), a ministra do Trabalho da Espanha e segunda vice de Sánchez, Yolanda Díaz, afirmou que era necessário pressionar a União Europeia para romper acordos com Israel e trabalhar por um cessar-fogo que "interrompa o genocídio" -palavra usada também pela ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, para qualificar o conflito.
Para fechar o vídeo em que abordou a medida, a política disse uma frase que foi o estopim para a reprimenda: "a Palestina será livre do rio ao mar". O rio a que se refere é o Jordão, e o mar é o Mediterrâneo. Entre eles há Israel e os territórios palestinos ocupados por Tel Aviv: Gaza e Cisjordânia.
A expressão, cuja origem remonta à década de 1960, foi adotada por apoiadores da causa palestina de várias partes do mundo nos últimos anos, inclusive nas manifestações que tomaram capitais europeias e universidades americanas desde o início do atual conflito.
Muitos, porém, interpretam a frase como um apelo à destruição de Israel. Na última sexta, Katz afirmou que a declaração de Díaz foi um "chamado ao antissemitismo" e, nesta segunda, citou novamente a frase. "Não ficaremos calados ante um governo que premia o terror e cujos líderes, Pedro Sánchez e Yolanda Díaz, entoam o lema antissemita 'do rio ao mar, a Palestina será livre'".
Com o sinal trocado, a ideia de dominar todo o território entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo já foi evocada pelo primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu –cujo governo, o mais à direita da história de Israel, é conhecido por se opor à criação de um Estado palestino.
"Em qualquer acordo futuro, Israel precisa ter controle da segurança sobre todo o território a oeste do Jordão", disse Netanyahu, em janeiro, diante da pressão de aliados históricos para incluir a criação de um Estado da Palestina nos planos do pós-guerra. "[A criação de um Estado palestino] se choca com nossa ideia de soberania, e um premiê precisa ser capaz de dizer não [mesmo] a amigos."
Além da retaliação formal desta segunda, o chanceler israelense publicou ainda um vídeo que mescla imagens de um casal dançando flamenco com frames do ataque terrorista no sul de Israel em outubro. "O Hamas agradece pelo seu serviço, Pedro Sánchez", afirmou Katz, marcando o perfil do premiê. Vídeos parecidos em referência a Irlanda e Noruega já haviam sido publicados na sua conta na última quinta-feira (23).
"Não vamos cair em provocações. O vídeo é escandaloso e execrável", disse o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, em uma entrevista coletiva em Bruxelas, neste domingo (26). "É escandaloso porque todo mundo sabe, inclusive meu colega de Israel, que a Espanha condenou as ações do Hamas desde o primeiro momento. E é execrável pelo uso de um símbolo da cultura espanhola."
POR FOLHAPRESS
CAIRO - As forças israelenses lutavam nesta sexta-feira contra combatentes do grupo palestino Hamas nas ruas estreitas de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, em combates ferozes após retornarem à região há uma semana, ao mesmo tempo em que no sul militantes atacavam tanques que se aglomeravam em torno de Rafah.
Moradores disseram que os blindados israelenses avançaram até o mercado no centro de Jabalia, o maior dos oito campos de refugiados históricos de Gaza, e que escavadeiras estavam demolindo casas e lojas no caminho do avanço.
Enquanto os combates aconteciam no norte e no sul do enclave, os militares norte-americanos disseram que caminhões transportando assistência humanitária começaram a desembarcar de um píer temporário em Gaza nesta sexta-feira.
"O foco de Israel agora é Jabalia, tanques e aviões estão destruindo bairros residenciais e mercados, lojas, restaurantes, tudo. Tudo isso está acontecendo diante do mundo", disse Ayman Rajab, um morador do oeste de Jabalia.
"Que vergonha para o mundo. Enquanto isso, os norte-americanos vão nos dar um pouco de comida", disse Rajab, pai de quatro filhos, à Reuters por meio de um aplicativo de mensagens. "Não queremos comida, queremos que essa guerra acabe e então poderemos cuidar das nossas vidas por conta própria."
Israel havia dito que suas forças se retiraram de Jabilia meses antes em meio à guerra desencadeada pelos ataques mortais liderados pelo Hamas no sul israelense em 7 de outubro, mas afirmou na semana passada que retornaria para evitar que o grupo islâmico se restabelecesse lá.
Na Corte Mundial em Haia, Israel pediu aos juízes que rejeitem uma exigência da África do Sul para uma ordem de emergência a fim de interromper o ataque a Rafah e retirar as tropas israelenses de toda a Faixa de Gaza.
Apesar de sete meses de combates quase contínuos, as alas armadas do Hamas e de sua aliada Jihad Islâmica têm conseguido lutar em toda a Faixa de Gaza, usando túneis fortificados para realizar ataques, destacando a dificuldade de alcançar o objetivo declarado do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu de erradicar o grupo militante.
Pelo menos 35.303 palestinos já foram mortos na guerra, de acordo com números das autoridades de saúde do enclave, enquanto as agências de ajuda alertam repetidamente sobre a fome generalizada e a ameaça de doenças.
Israel diz que precisa concluir seu objetivo de destruir o Hamas para sua própria segurança, após a morte de 1.200 pessoas em 7 de outubro, e libertar os 128 reféns ainda mantidos, de um total de 253 sequestrados pelos militantes, de acordo com seus registros.
Para isso, diz que precisa capturar Rafah, a cidade mais ao sul de Gaza, que faz fronteira com o Egito, onde cerca de metade dos 2,3 milhões de habitantes do território buscou abrigo dos combates ao norte.
A operação israelense em Rafah, que começou no início de maio, mas ainda não se transformou em um ataque total, provocou uma das maiores divisões entre Israel e seu principal aliado, os Estados Unidos. Washington reteve um carregamento de armas por temer vítimas civis.
Tanques e aviões de guerra israelenses bombardearam partes de Rafah nesta sexta-feira, enquanto as alas armadas do Hamas e da Jihad Islâmica disseram que estavam disparando mísseis e morteiros contra as forças que se concentravam a leste, sudeste e dentro da passagem de fronteira de Rafah com o Egito.
A UNRWA, principal agência de ajuda da Organização das Nações Unidas para os palestinos, disse que desde o início da ofensiva militar em Rafah, em 6 de maio, mais de 630.000 pessoas foram forçadas a fugir do local.
Por Nidal al-Mughrabi / REUTERS
ISRAEL - Bombardeios israelenses na Faixa de Gaza ao longo de terça-feira (14) deixaram mais de 80 mortos, anunciou o grupo terrorista Hamas. A ofensiva sobre Rafah continua, apesar de esforços dos Estados Unidos de dissuadir Tel Aviv de lançar uma grande operação terrestre na cidade do sul do território palestino.
Na madrugada, testemunhas relataram ataques em várias regiões de Gaza, incluindo Rafah, onde quase 1,4 milhão de palestinos se aglomeram, a grande maioria de deslocados internos.
Com os 82 mortos divulgados nesta terça, subiu para 35.173 o número de mortos, na maioria civis, desde o início da guerra, informou o Ministério da Saúde do Hamas.
Desse total, 24.686 já tiveram suas identidades checadas e confirmadas pelo ministério até o dia 30 de abril: 7.797 crianças (32%), 4.959 mulheres (20%), 10.006 homens (40%) e 1.924 idosos (8%), de acordo com o Ocha (Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários).
Há combates no leste de Rafah, onde as tropas israelenses entraram com tanques em 7 de maio e tomaram o posto de fronteira homônimo, por onde entrava boa parte da ajuda humanitária aos civis palestinos. Segundo o Qatar, um dos países que fazem a mediação diplomática entre Israel e Hamas, Gaza não recebe nenhum comboio com mantimentos desde o dia 9.
O Exército israelense ordenou a saída de civis da área leste da cidade no dia 6; desde então, de acordo com a ONU, quase 450 mil foram deslocados.
"Os ataques aéreos são contínuos. É muito assustador. Estou com medo pelos meus filhos", disse à AFP Hadil Radwane, 32, deslocado do oeste de Rafah. Moradores dessa região de Rafah disseram mais tarde que podiam ver colunas de fumaça subindo dos bairros a leste.
No norte de Gaza, os palestinos também foram orientados a deixar algumas áreas após a retomada dos combates, especialmente em Jabalia e na Cidade de Gaza, onde, segundo Tel Aviv, o Hamas está tentando "repor suas capacidades militares".
Israel tem dito que pretende continuar a avançar sobre Rafah mesmo sem o apoio de seus aliados, dizendo que a operação é necessária para eliminar os terroristas remanescentes do Hamas.
Após o ataque de 7 de Outubro, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, prometeu destruir a facção, que tomou o poder em Gaza em 2007.
A Corte Internacional de Justiça (CIJ) informou que realizará audiências na quinta (16) e sexta-feira (17) para avaliar um novo pedido da África do Sul a favor de se adotar medidas de emergência contra a incursão em Rafah.
POR FOLHAPRESS
ISRAEL - O Exército de Israel avançou, na segunda-feira (13), em áreas do norte da Faixa de Gaza nas quais Tel Aviv havia comemorado o desmantelamento do Hamas alguns meses atrás. A movimentação é uma mostra de que o grupo terrorista que liderou os ataques de 7 de outubro está se reagrupando em algumas dessas regiões.
A Força Aérea de Israel afirmou na rede social X ter atingido 120 alvos no território palestino no último dia, citando a cidade de Jabalia e o bairro Al-Zeitoun, um subúrbio a leste da Cidade de Gaza. Ambas as localidades ficam no norte.
Tel Aviv alega que a retomada dos combates na região sempre fez parte de seus planos para impedir que os combatentes retornassem. Os palestinos, por sua vez, dizem que a necessidade de retornar a campos de batalha anteriores é a prova de que os objetivos militares de Israel são inatingíveis.
Em Jabalia, o maior dos oito campos de refugiados de Gaza construídos há 75 anos para abrigar palestinos expulsos do território que hoje é Israel, autoridades de saúde ligadas ao Hamas disseram ter recuperado 20 corpos após ataques aéreos noturnos.
Ali, moradores fugiram de suas casas carregando sacolas em ruas cheias de destroços. Eles afirmaram à agência de notícias Reuters que projéteis de tanques estavam caindo no centro do campo e ataques aéreos haviam destruído casas.
De acordo com a UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos, hoje a Faixa de Gaza tem 1,7 milhão de deslocados internos, o que representa 75% da população do território, formado por cerca de 2 milhões de habitantes. Segundo o órgão, 360 mil pessoas já fugiram de Rafah, no sul, desde que Israel começou a ordenar a desocupação de parte da cidade.
Nessa região na fronteira com o Egito que é refúgio para mais de 1 milhão de palestinos, os moradores dizem que bombardeios aéreos e terrestres estão se intensificando e tanques bloquearam um trecho de uma das principais estradas de Gaza, a Salah al-Din.
Apesar da preocupação de organizações humanitárias e da comunidade internacional, Israel estendeu a ordem de retirada direcionada ao leste da cidade na semana passada para moradores de áreas centrais nos últimos dias.
A oposição ao plano de invadir a região inclui até aliados históricos, como os Estados Unidos. Neste domingo, o secretário do departamento de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou que a guerra matou mais civis do que membros do Hamas e que uma operação em Rafah não eliminará o grupo terrorista. "Vimos o Hamas voltar às áreas que Israel libertou no norte", afirmou o funcionário americano à emissora NBC.
Segundo autoridades de Gaza, território controlado pelo Hamas desde 2007, mais de 35 mil pessoas, incluindo quase 8.000 crianças e 5.000 mulheres, foram mortas desde o início da ofensiva. O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, justificou a alta mortandade em uma entrevista ao podcast Call Me Back nesta segunda dizendo que praticamente metade dos mortos eram combatentes do Hamas, e a outra metade, civis.
Os que sobrevivem encaram uma catástrofe humanitária. De acordo com dados reunidos pelo escritório de ajuda humanitária da ONU (Ocha, na sigla em inglês), 1,1 milhão de pessoas passam fome no território atualmente. A entrada de mantimentos no território está ainda mais limitada desde o início da guerra devido aos bloqueios de Israel.
Após o ataque do Hamas, Gaza ficou duas semanas sem receber nenhum caminhão de ajuda humanitária antes de parte das fronteiras serem reabertas com a pressão internacional. Na última semana, o território voltou a ficar isolado por pelo menos quatro dias depois de o Hamas atacar o posto de Kerem Shalom e Tel Aviv tomar a passagem de Rafah. No domingo (12), o Exército de Israel disse ter aberto a passagem de Erez, no norte do território.
Segundo o site Axios, Israel propôs, na semana passada, que a Autoridade Palestina enviasse representantes para coordenar a passagem de Rafah. A informação sobre o órgão que governa a Cisjordânia, outro território palestino ocupado por Tel Aviv, é atribuída pelo site a quatro funcionários americanos.
A falta de ajuda por fazer hospitais pararem de operar em breve, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. "Estamos a poucas horas do colapso do sistema de saúde na Faixa de Gaza devido à falta de combustível", afirmou a pasta nesta segunda. Na véspera, o Ministério da Defesa de Israel disse que havia transferido 266 mil litros de combustível para necessidades humanitárias.
Na segunda, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que mais de 1.000 membros do Hamas recebem atendimento médico em hospitais de seu país. O líder não considera o grupo uma organização terrorista, ao contrário de Israel, EUA e União Europeia. "Pelo contrário, o Hamas é uma organização de resistência", afirmou o político.
Segundo o Ocha, pelo menos 260 humanitários foram mortos na guerra. Nesta segunda, um funcionário das Nações Unidas morreu e outro ficou ferido após um veículo ser alvejado durante uma viagem a um hospital de Rafah, em um incidente ainda não esclarecido. "O secretário-geral reitera o seu apelo urgente a um cessar-fogo humanitário imediato e à libertação de todos os reféns", afirmou um porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
POR FOLHAPRESS
RAFAH - Dezenas de palestinos foram mortos durante a madrugada em Rafah, a cidade mais ao sul da Faixa de Gaza, e no norte do enclave devido a ataques militares israelenses, conforme fontes médicas citadas por agências locais.
Em Rafah, as forças militares israelenses tomaram, em uma ofensiva lançada em 07 de maio, as zonas da passagem para o Egito e do ponto de Kerem Shalom, para Israel, bem como outros 31 quilômetros quadrados de onde a população foi mandada retirar-se um dia antes.
Os aviões israelenses voltaram a atacar as zonas em torno do posto fronteiriço de Rafah, que permanece encerrado, disparando projéteis contra os bairros orientais de Al-Shuweika e Al-Jeneina, enquanto a força naval também utilizou metralhadoras contra as zonas ocidentais da cidade de Rafah, informou a agência palestina Wafa.
No bairro de Zeitun, no norte de Gaza, pelo menos 10 casas foram bombardeadas perto da mesquita Hasan Al Banna e da Universidade de Gaza, deslocando milhares de pessoas que se abrigavam nas escolas.
"Dezenas de pessoas foram mortas na sequência dos bombardeamentos dos aviões de guerra ocupantes", indicou a Wafa.
O número total de mortos desde o início da guerra em Gaza, em 07 de outubro de 2023, é de 34.844, segundo a contagem das autoridades palestinas, enquanto pelo menos 78.404 pessoas ficaram feridas.
Além disso, milhares de corpos ainda estão enterrados sob os escombros e não podem ser alcançados pelas equipes de resgate.
Israel declarou guerra ao movimento Hamas após um ataque surpresa em território israelense que fez cerca de 1.200 mortos e mais de 200 sequestrados em 7 de outubro.
ISRAEL - O exército israelense anunciou nesta terça-feira que assumiu o "controle operacional" da parte da Faixa de Gaza da passagem fronteiriça com o Egito em Rafah, localizada no sul do enclave.
A passagem de Rafah, ao sul da cidade de Gaza, foi ocupada por tanques israelenses que pertencem a uma brigada blindada, conforme relatado pelas Forças de Defesa de Israel e pelas autoridades palestinas.
Imagens divulgadas pela mídia israelense mostram a bandeira de Israel erguida no lado de Gaza da fronteira.
O exército israelense afirmou que decidiu assumir o controle da passagem após receber informações de que ela estava sendo "usada para fins terroristas" pelo movimento islâmico palestino Hamas, embora sem apresentar provas.
As forças israelenses alegaram anteriormente que o Hamas havia usado a área ao redor da fronteira para lançar dezenas de mísseis que resultaram na morte de quatro soldados israelenses perto de Kerem Shalom, que conecta o sudeste de Gaza ao território israelense.
Wael Abu Omar, porta-voz da agência responsável pelas fronteiras no governo da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas desde 2007, disse que a passagem de Rafah, principal entrada de ajuda humanitária, estava fechada.
"Toda a área oeste de Rafah tornou-se uma zona de operações desde ontem (segunda-feira). Os bombardeios não cessaram", disse Abu Omar, acrescentando que o pessoal da fronteira fugiu devido à ofensiva israelense.
Na noite de segunda-feira, o exército israelense informou ter matado 20 militantes do Hamas em "ataques direcionados" na área leste de Rafah, onde foram descobertas três redes de túneis do grupo islâmico.
O Gabinete de Guerra israelense, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, anunciou na segunda-feira que decidiu continuar a ofensiva em Rafah, ao mesmo tempo em que concordou em prosseguir com as negociações para um cessar-fogo com o Hamas.
IRÃ - Mísseis lançados pelo governo israelense atingiram o Irã na noite de quinta-feira (18). A informação foi divulgada pela rede de televisão norte-americana ABC News, que citou um oficial dos Estados Unidos como fonte.
Explosões foram ouvidas perto do Aeroporto Central da cidade de Isfahan, a 450 quilômetros da capital Teerã. A oitava base de caça da Força Aérea do Exército também está próxima ao local onde as explosões foram ouvidas, informou a Fars News, agência de notícias do Irã.
A Iranian Press TV também está relatando que uma explosão foi ouvida perto do centro da cidade.
Os sistemas de defesa aérea do Irã foram ativados em várias províncias do país. A informação foi divulgada pela agência de notícias estatal IRNA na madrugada de sexta-feira (horário local).
Várias instalações nucleares iranianas estão localizadas na província de Isfahan. Entre elas, a Natanz, peça central do programa de enriquecimento de urânio do Irã.
Irã diz que voos para as cidades de Teerã, Isfahan e Shiraz estão suspensos. A suspensão entrou em vigor imediatamente, mas não houve cancelamento de voos, segundo o diretor de relações públicas do Irã em entrevista à Mehr TV. "Os passageiros devem verificar as informações do voo antes da partida", acrescentou.
Ao menos oito voos foram desviados do espaço aéreo iraniano, segundo a CNN. O site Flight Radar 24, de rastreamento de voos em tempo real, mostra diversos voos sendo desviados do espaço aéreo iraniano na manhã de sexta-feira (horário local; noite de quinta-feira, no horário de Brasília).
Ataque pode ter sido uma resposta israelense à ofensiva iraniana. Israel havia prometido responder ao ataque sem precedentes com drones e mísseis de sábado à noite executado pelo Irã contra o seu território.
POR FOLHAPRESS
ISRAEL - Enquanto líderes de países ocidentais pedem moderação a Israel após o ataque com mísseis e drones do Irã, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu afirmou na quarta-feira (17) que Tel Aviv vai tomar as "próprias decisões" na crise que ameaça um conflito mais amplo no Oriente Médio. A declaração ocorreu no momento em que o gabinete de guerra israelense discute, já há quatro dias, como será a resposta à ofensiva de Teerã.
Os Estados Unidos, a União Europeia e os países do G7, o grupo que reúne as principais economias do mundo, anunciaram planos para impor sanções mais rígidas ao regime iraniano com o objetivo de apaziguar e persuadir a coalizão liderada por Netanyahu de evitar o endosso por um ataque direto ao Irã.
Também como parte dos esforços para arrefecer a crise, os chanceleres do Reino Unido, David Cameron, e da Alemanha, Annalena Baerbock, encontraram-se nesta quarta com Netanyahu, em Tel Aviv, onde manifestaram apoio, mas reforçaram os pedidos de "prudência" em uma eventual retaliação.
"Quero deixar claro que tomaremos nossas próprias decisões e que o Estado de Israel fará tudo o que for necessário para se defender", respondeu Netanyahu, segundo comunicado divulgado por seu gabinete.
A repórteres Baerbock disse que o agravamento do conflito não serviria a ninguém. "Nem à segurança de Israel, nem às muitas dezenas de reféns que ainda nas mãos do Hamas, nem à sofrida população de Gaza, nem às pessoas no Irã que estão sofrendo sob o regime, nem aos outros países da região que simplesmente querem viver em paz."
Os apelos por moderação ocorreram enquanto o gabinete de guerra de Israel se encontrava pelo quarto dia consecutivo, nesta quarta, numa tentativa de tentar definir como será a resposta ao Irã. Militares israelenses confirmaram que o país irá retaliar, mas diferentes propostas de ação continuam à mesa. Segundo a imprensa israelense, a intenção de Tel Aviv é fazer ações coordenadas com os Estados Unidos, sem desencadear uma guerra regional.
Washington diz que está planejando impor novas sanções contra o programa de mísseis e drones do Irã nos próximos dias e espera que seus aliados sigam o exemplo. Os líderes da UE devem discutir o assunto em uma cúpula em Bruxelas, e as medidas também estão na pauta das negociações do G7 na Itália.
Teerã lançou no último sábado (13) um ataque sem precedentes contra Israel em resposta ao bombardeio à embaixada iraniana em Damasco, na Síria, que matou membros da Guarda Revolucionária do Irã, em 1º de abril –o regime iraniano responsabiliza Tel Aviv pela ofensiva, que não assumiu autoria.
Os cerca de 300 mísseis e drones iranianos foram, em sua maioria, interceptados pelas forças israelenses e aliados. Tel Aviv, porém, diz que responderá à ofensiva para preservar a credibilidade de seus meios de dissuasão. Já o regime iraniano diz considerar o assunto encerrado, mas ameaça retaliar novamente se Israel o fizer.
Desde que Israel declarou guerra ao Hamas na Faixa de Gaza, em outubro do ano passado, as forças do país relatam escaramuças diárias com grupos alinhados ao Irã baseados no Líbano, na Síria, no Iêmen e no Iraque.
Em Gaza, quase 34 mil palestinos já foram mortos desde o início do conflito, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas. Os militares israelenses disseram nesta quarta que caminhões de alimentos entraram no território palestino a partir do porto de Ashdod pela primeira vez desde que Tel Aviv, sob pressão internacional, aprovou a abertura do local para ingresso de ajuda humanitária.
Os veículos passaram por verificações de segurança no porto e depois foram admitidos em Gaza através da passagem de Kerem Shalom, controlada por Israel. Na terça (16), o escritório de direitos humanos da ONU disse que Israel continua a impor restrições ilegais à ajuda humanitária para a Faixa de Gaza e declarou que o auxílio ainda está muito abaixo dos níveis mínimos.
Tel Aviv tem enfrentado pressão internacional cada vez maior para permitir a entrada de mais suprimentos na Faixa de Gaza desde que atingiu um comboio de ajuda humanitária em 1º de abril, matando sete funcionários da ONG WCK (World Central Kitchen).
POR FOLHAPRESS
IRÃ - O ataque do Irã a Israel representa uma mudança na situação do Oriente Médio e pode levar a uma escalada nos conflitos na região, de acordo com especialistas entrevistados pela Agência Brasil. O ataque evidenciou alianças e mostrou claramente um posicionamento iraniano.
“O que aconteceu ontem muda a situação do Oriente Médio”, diz o professor do Departamento de Sociologia e coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Michel Gherman. “Não é novo que Israel e Irã se ataquem mutuamente nos últimos 40 anos, mas eles fazem isso de maneira a usar intermediários. O que aconteceu ontem é que o Irã ataca diretamente Israel”, acrescenta.
Segundo Gherman, o ataque marca o posicionamento iraniano na região. “Um reposicionamento se colocando frente à frente com Israel, em algum sentido se preparando para uma guerra regional em algum momento”, diz.
“Então o que o Irã mostrou é que ele está no jogo, que ele está disposto a avançar algumas casas, mas em algum sentido ele apostou no ataque médio. Não foi um ataque pequeno, foi longe de ser pequeno, mas não foi um ataque no limite das possibilidades do Irã. O Irã poderia ter lançado 3,5 mil mísseis e lançou 350”, destaca Michel Gherman.
No início do mês, aviões de combate supostamente israelenses bombardearam a Embaixada do Irã na Síria. O ataque matou sete conselheiros militares iranianos e três comandantes seniores. No sábado (13), a ofensiva foi do Irã, que atacou o território israelense com mísseis e drones, que em grande parte foram interceptados pelas forças de defesa israelenses.
A professora do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) Rashmi Singh diz que é importante contextualizar o ataque. “Precisamos lembrar que o Irã não está fazendo isso do nada, é uma retaliação do bombardeamento do consulado em Damasco, que foi uma coisa muito inaceitável em termos de normas internacionais. Ninguém pode tocar em consulados de outro país em um terceiro país. Então isso foi uma coisa bem errada do lado do Israel”, diz.
Rashmi Singh, que é codiretora da Rede de Pesquisa Colaborativa sobre Terrorismo, Radicalização e Crime Organizado e autora do livro Hamas e o Terrorismo Suicida, chama atenção ainda para uma falta de resposta do Conselho de Segurança das Nações Unidas em relação a esse ataque feito por Israel. “Então, isso já foi um problema em termos de a reposta do Ocidente, do Norte Global, que nós estamos vendo claramente, que não está tratando o conflito Oriente Médio de forma equilibrada, é totalmente em apoio do Israel, sem ver exatamente o que está acontecendo, e tentando pintar ou colocar qualquer país, especialmente o Irã, como se este fosse um ato irracional. Até agora o ato mais irracional nessa situação é de Israel. Então, nós precisamos colocar isso também no contexto”, enfatiza.
O pesquisador e professor do curso de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Bruno Huberman acrescenta que o ataque do Irã respeitou as normas internacionais. “O Irã faz essa resposta previsível, essa informação já tinha sido vazada na sexta-feira, nos jornais, que isso poderia acontecer. No sábado, estava todo mundo esperando isso acontecer e, quando aconteceu, demorou horas para de fato acontecer o início do ataque e a realização dele. Então, teve toda uma preparação, que foi revelada. E esse ataque do Irã, ele respeita o direito internacional”, avalia.
Para Gherman, o ataque evidenciou o apoio que Israel tem de outros países. “Os aliados foram aliados novos e velhos. Os novos, eu diria que tem o reposicionamento da Jordânia e da Arábia Saudita, e os velhos aliados que se colocaram ao lado de Israel foram Grã-Bretanha e Estados Unidos. Então, em algum sentido, o Irã produziu uma coalizão de apoio a Israel contra ele”, diz.
Apesar da aliança, Huberman ressalta que os Estados Unidos mostraram que não estão dispostos a uma ofensiva.
“Isso colocaria Israel sozinho nesse contra-ataque. Porque os Estados Unidos parecem dispostos a auxiliar na defesa israelense, mas não na ofensiva israelense. E esse ataque feito pelo Irã foi extremamente moderado”, destaca Bruno Huberman
O pesquisador enfatiza que não se conhece ao certo as capacidades bélicas iranianas. O conflito poderia levar ainda a um envolvimento da Rússia. “A gente não sabe das capacidades defensivas e ofensivas iranianas. E um movimento diretamente de Israel em território iraniano certamente levaria ao envolvimento russo nesse conflito.” A aliança entre Irã e Rússia vem da Guerra Civil de Síria, permanece e se torna uma aliança estratégica entre os dois atores, de acordo com o pesquisador. “Então, um escalonamento será certamente desastroso. E vai gerar diversas repercussões”, alerta.
O professor chama atenção ainda a outras possíveis repercussões para além dos conflitos externos. O apoio dado pela Jordânia a Israel pode gerar um descontentamento interno. “A Jordânia auxiliou Israel na defesa, o que vai contra completamente os interesses da sua população. Eu acredito que nos próximos dias, semanas, a gente vai ver revoltas populares bastante duras na Jordânia contra a manutenção do atual Reino Haxemita. A maior parte da população jordaniana é de descendência palestina, por exemplo. Então, essa aliança da Jordânia com Israel e com os Estados Unidos não é bem-vista pela população. Então, pode gerar diversos desdobramentos para além do confronto militar em si”.
De acordo com Gherman, a nova configuração pode gerar pressão para o fim do genocídio que Israel está promovendo em Gaza. “Essa guerra em Gaza tem que acabar, porque, enquanto ela não acaba, você tem a produção de mortes em Gaza, é uma situação de produção de instabilidade regional”, diz. “Eu acho que hoje, mostrando como o mundo está instável naquela região, é preciso que a haja um cessar-fogo imediato em Gaza para evitar um alastramento efetivo de uma guerra regional, que seria ruim para todo mundo, inclusive para Israel.”
A guerra teve início em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas fez um ataque surpresa a Israel, que deixou 1,4 mil mortos e capturou cerca de 200 reféns. Desde então, mais de 32 mil pessoas perderam a vida em toda a Faixa de Gaza e na Cisjordânia, incluindo 13 mil crianças, e mais de 74 mil ficaram feridos, de acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Cerca de 1,7 milhão, quase 80% da população da Faixa de Gaza, foram deslocadas. Dessas, 850 mil são crianças.
Na análise do pesquisador, embora o ataque iraniano não impacte diretamente em Gaza, os países que apoiaram Israel nesse contexto podem também pressionar o país para o fim desse massacre. “Eu vejo possibilidades concretas agora de avanço, de esforços para o final do que está acontecendo em Gaza. O que está acontecendo em Gaza tem que parar. Eu acho que é isso que os países envolvidos na defesa de Israel ontem, inclusive Jordânia e Arábia Saudita, de algum jeito, podem avançar numa pressão junto com Biden [presidente dos Estados Unidos, Joe Biden] para que Netanyahu [primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu] se retire definitivamente e Gaza deixe de ser um locus de instabilidade no Oriente Médio.”
Após o ataque iraniano, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou, no sábado (13) à noite, uma nota no qual o governo brasileiro manifesta "grave preocupação" com relatos de envio de drones e mísseis do Irã em direção a Israel. De acordo com a nota, a ação militar deixou em alerta países vizinhos e exige que a comunidade internacional mobilize esforços para evitar uma escalada no conflito.
Na avaliação da pesquisadora Rashmi Singh, a resposta do Brasil foi equilibrada.
“Eu acho que a posição do Brasil ficou bem clara. O Brasil está criando um espaço próprio dentro do sistema internacional onde ele está claramente se colocando em uma posição de moralidade em termos do que está acontecendo contra os palestinos, ao mesmo tempo ele está tentando colocar um pouco mais de responsabilidade em ações de Israel”, diz a pesquisadora. “Foi [uma nota] muito equilibrada, que nós podemos perceber que eles não condenaram o ataque, mas ficaram bem preocupados com o ataque em termos da escalada do conflito regionalmente.”
Já para Gherman, o posicionamento do Brasil deixou a desejar. “É uma nota que diz pouco e em um momento em que ela poderia dizer muito mais. Eu acho que o Brasil tem que se colocar publicamente como uma alternativa concreta para o avanço da paz e de acordos na região. Não está fazendo isso. Está resolvendo as questões, tentando manter alianças que já tinha constituído. Parece que é pouco perto do papel que o Brasil pode exercer”, avalia.
Por Mariana Tokarnia – Repórter da Agência Brasil
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