EQUADOR - Em janeiro, foi criada uma nova reserva marinha no Equador que permitirá a garantia de um corredor biológico para espécies ameaçadas, incluindo tartarugas marinhas, arraias, baleias e tubarões.
A reserva de 60 mil km² é parte do Corredor Marinho do Pacífico Tropical Oriental (CMAR), que se estende desde o Equador até a Costa Rica, e protegerá a vida marinha das ameaças da pesca industrial e das mudanças climáticas. A reserva Hermandad é particularmente importante por ser parte da rota transitória de reprodução de espécies marinhas ameaçadas.
Melhorar a conectividade de áreas protegidas é um dos desafios mundiais da conservação e, apesar do pioneirismo da América Latina e do Caribe, mais ações podem ser feitas, afirmam especialistas. A região conta com mais de dez milhões de km2 de áreas de conservação marinhas e terrestres, ou 24,6% da cobertura terrestre e 23,2% do espaço marinho, que já estão submetidas a alguma forma de conservação.
Agora que o mundo embarca na visão da efetiva proteção de 30% das áreas marinhas e terrestres do planeta, a América Latina e o Caribe podem melhorar e expandir a conservação do seu capital natural e, juntos, promover soluções para a tripla crise planetária de mudanças climáticas, perda da natureza e biodiversidade e poluição e resíduos, disse a diretora regional do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Jacqueline Álvarez.
Entre os dias 27 e 28 de janeiro, ocorreu o Fórum de Ministras e Ministros do Meio Ambiente da região para analisar estes desafios, acelerar ações e comemorar os 40 anos de cooperação.
Representatividade dos ecossistemas - Apesar dos esforços globais para alcançar as metas internacionais de cobertura de áreas protegidas, pesquisas revelam que essa proteção ainda não é representativa.
A América Latina e o Caribe representam 24% das ecorregiões terrestres e 19% das marinhas do mundo, mas apenas metade dos biomas presentes no território atinge ou excede 17% de proteção.
Alguns ecossistemas, como as florestas e matagais mediterrâneos, as pradarias temperadas ou as savanas, são particularmente pouco representados, de acordo com o Relatório Planeta Protegido 2020: América Latina e Caribe, elaborado pelo Centro Mundial de Monitoramento da Conservação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP-WCMC), a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), a RedParques e o Fundo Mundial para a Natureza (WWF).
Conforme os países se esforçam para alcançar as metas do Quadro Global da Biodiversidade Pós-2020 expandir ainda mais as áreas protegidas para cobrir 30% das coberturas terrestres e marinhas o relatório mostra ser crucial priorizar espécies e ecossistemas em risco em uma grande diversidade de paisagens.
Garantia de conectividade - As onças-pintadas são exemplos de como áreas protegidas e conectadas são importantes. Após dois anos com a mãe, a onça-pintada jovem pode percorrer cerca de 70 quilômetros para encontrar seu próprio território, caçar e reproduzir. Foram detectadas até 26 áreas transfronteiriças onde essas travessias podem ocorrer.
Manter os ecossistemas conectados e protegidos é essencial para que as onças e outras espécies sobrevivam. No entanto, aproximadamente 33% das áreas protegidas na região não estão conectadas, segundo o Relatório Planeta Protegido 2020 do PNUMA. Isso significa que um terço da área funciona como ilhas de conservação, uma situação que impede os fluxos ecológicos e as trocas que garantem a saúde das espécies. Essa situação pode levar à perda de populações locais de espécies e um possível colapso do ecossistema, alertam os autores do relatório.
Para solucionar esse desafio no Caribe, o Escritório Regional do PNUMA para a América Latina e o Caribe atua como o secretariado do Corredor Biológico en El Caribe (CBC), uma iniciativa entre Cuba, Haiti, República Dominicana e, recentemente, Porto Rico. Por meio desse esforço, iniciado em 2007, os países-membros protegem mais de 200 mil km² de ecossistemas marinhos e costeiros, dos quais 91% são importantes para garantir a conectividade.
"Os ecossistemas marinhos e costeiros do CBC são fundamentais para as rotas migratórias e a reprodução de espécies marinhas ameaçadas, como tartarugas marinhas, tubarões-baleia, cachalotes e tubarões oceânicos", explicou o especialista técnico do CBC, José Gerhartz.
Avaliação da eficácia da gestão - O relatório do PNUMA aponta que menos da metade dos mais de 50 países e territórios avaliados medem e documentam sistematicamente a eficácia de suas áreas protegidas.
A melhoria da transparência e da responsabilidade continua sendo um dos maiores desafios para a região. O relatório também conclui que a análise precisa ser feita sistemática e periodicamente e que outros atores não-governamentais, como a academia, devem ser incluídos para melhorar a transparência.
Um exemplo de progresso é a iniciativa transnacional Visão Amazônica. Lançada em 2015, sua missão é fortalecer e integrar sistemas de áreas protegidas nos nove países e territórios da Amazônia e melhorar a conservação na maior floresta tropical do mundo.
O projeto desenvolveu um protocolo e um guia metodológico para a análise da eficácia da gestão de áreas protegidas, uma ferramenta que orienta as autoridades a produzir dados padronizados para a tomada de decisões com base na ciência.
Visão Amazônica é um projeto financiado pela União Europeia, integrada pelo PNUMA, IUCN, WWF e RedParques, sob a coordenação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Governança e equidade na gestão - O relatório regional Planeta Protegido indica que compartilhar o poder sobre as áreas protegidas nos torna mais eficazes, eficientes e justos.
De acordo com o banco de dados do UNEP-WCMC Planeta Protegido, 60% das áreas protegidas da região estão sob gestão governamental, 14,4% são de propriedade privada, 7% são administradas por povos indígenas e apenas 1% são administradas conjuntamente. O resultado disso é que os modelos de governança que não são governamentais têm pouca representação.
Identificação e reconhecimento de outras medidas de conservação -Cerca de 35% das florestas da América Latina estão em áreas ocupadas por povos indígenas. E os territórios indígenas e de populações tradicionais têm uma taxa média de desmatamento mais baixa do que o restante das florestas em praticamente todos os países da América Latina, de acordo com a FAO.
O reconhecimento oficial das medidas de conservação não estatais, incluindo a proteção dos povos indígenas, comunidades e governos locais, é crucial para aumentar o escopo da proteção da natureza.
Um exemplo positivo é o caso do Quilombo Kalunga, cujo território se encontra parcialmente dentro da Área de Proteção Ambiental de Pouso Alto e estava sob a ameaça de desmatamento ilegal. A comunidade Kalunga juntamente com organizações internacionais fez a georreferência do território e identificou habitações, colheitas, nascentes e recursos naturais vitais.
Em fevereiro de 2020, o UNEP-WCMC reconheceu o Patrimônio Histórico e Cultural Kalunga como o primeiro TICCA (Territórios e Áreas Conservadas por Comunidades Indígenas e Comunidades Tradicionais e Locais) do Brasil, uma categoria concedida quando a comunidade é a principal tomadora de decisões em seu território.
"Ao enfrentarmos a urgência de se combater a crise da extinção global, a crise climática e a desintegração de comunidades humanas, temos que reconhecer que a liderança de um estado soberano é insuficiente tanto financeiramente quanto estrategicamente caso desejemos ser bem sucedidos. O papel da filantropia privada e institucional é essencial, afirmou a presidente da Tomkins Conservation e patrona do PNUMA para áreas protegidas, Kristine Tompkins.
A Tompkins Conservation tem sido fundamental na criação de 13 parques nacionais no Chile e na Argentina, conservando cerca de cinco milhões de hectares. A organização vê a criação de parques como um ponto de partida e trabalha para a restauração de seus ecossistemas. Isso inclui retornar espécies perdidas como as onças aos pântanos de Iberá na Argentina, e o huemul, um cervo sul-andino extremamente ameaçado, ao Chile. Essa reintegração de espécies está ajudando na sobrevivência de comunidades locais por meio de economias com base na natureza.
O Fórum de Ministras e Ministros do Meio Ambiente da América Latina e do Caribe é a cooperação com maior relevância e a mais antiga entre autoridades ambientais da região. O Fórum atualmente promove soluções relevantes para os desafios regionais: fechamento progressivo de lixões, mecanismos para o financiamento de ações climáticas e da proteção florestal, avanço da economia circular, controle da qualidade do ar, entre outros. O Fórum de Ministras e Ministros do Meio Ambiente da América Latina e do Caribe celebra seu aniversário de 40 anos com uma sessão especial realizada na Costa Rica nos dias 27 e 28 de janeiro de 2022.
Equipe eCycle
BRASÍLIA/DF - A Marinha realizou hoje (10) um desfile com veículos blindados e armamentos na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, a caminho do Centro de Instrução de Formosa, em Goiás, onde haverá treinamento de militares. O presidente Jair Bolsonaro acompanhou o evento da rampa do Palácio do Planalto, onde recebeu o convite para comparecer a uma demonstração operativa que será realizada em 16 de agosto.
O ato ocorre no mesmo dia em que está prevista a votação, no plenário da Câmara dos Deputados, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/2019, que torna obrigatório o voto impresso no país. Para parlamentares, o evento seria uma tentativa de intimidação.
No entanto, em nota divulgada na noite de ontem (9), o Comando da Marinha destaca que a “entrega simbólica foi planejada antes da agenda para a votação da PEC 135/2019 no Plenário da Câmara dos Deputados, não possuindo relação com a mesma, ou qualquer outro ato em curso nos Poderes da República”.
Ao abrir a sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, nesta terça-feira, o presidente do colegiado, senador Omar Aziz, disse que “o papel das Forças Armadas é defender a democracia, não ameaçá-la”.
“É um absurdo inaceitável. Não é um teatro sem consequências, mas um ataque frontal à democracia que precisa ser repudiado”, disse Aziz. “Desfiles como esse serviriam para mostrar força para conter inimigos externos que ameaçassem nossa soberania, o que não é o caso. As Forças Armadas jamais podem ser usadas para intimidar sua população, seus adversários, atacar a oposição legitimamente constituída. Não há nenhuma previsão constitucional para isso”, completou.
Segundo o Comando da Marinha, o objetivo do desfile foi convidar o presidente Bolsonaro para participar do treinamento em Formosa, que é realizado desde 1988. Porém, o convite costumava acontecer em gabinete, de forma protocolar. É a primeira vez que esse desfile ocorre na área central de Brasília. De acordo com a Marinha, a operação tem o objetivo de “assegurar o preparo do Corpo de Fuzileiros Navais como força estratégica, de pronto emprego e de caráter anfíbio e expedicionário, conforme previsto na Estratégia Nacional de Defesa. Este ano, de forma inédita, haverá também a participação de meios do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira, de modo a incrementar a interoperabilidade das Forças Armadas do País”.
Ontem, partidos políticos entraram na Justiça para tentar impedir a exibição, mas as ações não tiveram efeito. Também nesta segunda-feira, o presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou que não apoia a demonstração e que, se os deputados quiserem, a votação sobre o voto impresso pode ser adiada.
Entretanto, ele não acredita que o desfile tenha relação com a votação. “No país polarizado, isso dá cabimento para que se especule algum tipo de pressão. Entramos em contato com o presidente Bolsonaro, que garantiu que não há esse intuito. Mas não é usual, é uma coincidência trágica dos blindados para Formosa. Isso apimenta este momento”, afirmou.
Este ano, a operação envolve mais de 2,5 mil militares, da Marinha, do Exército e da Força Aérea, que simulam uma operação anfíbia, empregando mais de 150 diferentes meios, entre aeronaves, carros de combate, veículos blindados e anfíbios, de artilharia e lançadores de mísseis e foguetes. Os veículos e equipamentos que serão utilizados foram transportados do Rio de Janeiro para Brasília.
*Por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil
OMÃ - O maior navio da Marinha iraniana (Kharg) foi atingido por um incêndio e acabou por naufragar hoje (2) no Golfo de Omã, disseram as autoridades.
A informação foi dada pelas agências de notícias Fars e Tasnim e confirmada pela Marinha.
O navio afundou próximo ao Porto iraniano de Jask, a cerca de 1.270 quilômetros a sudeste de Teerã, perto do Estreito de Ormuz.
Imagens publicadas pelos meios de comunicação social iranianos mostram marinheiros com coletes salva-vidas abandonando o navio, quando as chamas já atingiam a embarcação.
A televisão estatal e as agências de notícias referiram-se ao Kharg como um "navio de treino".
O Kharg é um dos poucos navios da Marinha iraniana capaz de reabastecer outras embarcações no mar, de içar cargas pesadas e servir de plataforma para helicópteros. Construído na Grã-Bretanha e lançado em 1977, entrou na Marinha iraniana em 1984, após longas negociações que se seguiram à Revolução Islâmica do Irã de 1979.
Os oficiais iranianos não informaram a origem do incêndio a bordo do Kharg. No entanto, o caso surgiu após uma série de explosões desconhecidas que começaram em 2019, visando navios no Golfo de Omã.
A Marinha dos Estados Unidos acusou o Irã de ter os navios como alvo, o que foi negado por Teerã, embora filmagens da Marinha dos EUA mostrassem membros da Guarda Revolucionária Iraniana removendo uma bomba prestes a explodir em um navio.
Os incidentes ocorreram em meio ao aumento das tensões entre Washington e Teerã, após o então presidente norte-americano, Donald Trump, ter retirado unilateralmente os Estados Unidos do acordo nuclear entre o Irã e as potências mundiais.
Em 2020, durante um exercício de treino militar, um míssil atingiu por engano uma embarcação perto do Porto de Jask, causando 19 mortos e 15 feridos.
Também em 2018, um contratorpedeiro da Marinha iraniana afundou no Mar Cáspio.
*Por RTP
A Marinha da Índia executa uma grande missão de resgate aéreo e marítimo, nesta terça-feira (18), em busca de 81 trabalhadores e tripulantes desaparecidos. A embarcação em que eles estavam afundou no mar agitado, após um ciclone poderoso que atingiu o litoral oeste do país.
Cerca de 180 das pessoas a bordo da barcaça foram resgatadas durante o naufrágio no litoral de Mumbai. Foram iniciados esforços para remover tripulantes retidos em uma segunda barcaça que encalhou devido à tempestade, disse a Marinha.
"Há ondas de 6 a 7,6 metros, os ventos estão fortes e a visibilidade é baixa", informou o porta-voz da Marinha, Vivek Madhwal. "Navios e aeronaves foram mobilizados para a missão de busca e resgate".
O ciclone Tauktae, a tempestade mais intensa a atingir a costa oeste indiana em duas décadas, arrancou torres de alta tensão e árvores e causou desabamento de casas, matando ao menos 19 pessoas, disseram autoridades.
A tempestade chegou ao solo no estado de Gujarat, aumentando a pressão no momento em que a Índia enfrenta um pico surpreendente de casos e mortes de covid-19, além de escassez de leitos e oxigênio nos hospitais.
* Reportagem adicional de Aishwarya Nair e Sudarsha Varadhan
*Por Sumit Khanna* - Repórter da Reuters
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