De acordo com a gastroenterologista Amanda Morêto Longo, os principais sintomas são perda do apeptite, diarreia e alterações no funcionamento do fígado
ARARAQUARA/SP - A epidemia do novo Coronavírus tem se alastrado pelo país nos últimos meses e já é de conhecimento geral que entre os sinais clínicos mais comuns estão os problemas respiratórios semelhantes aos de um resfriado, como tosse, febre, coriza e dor de garganta, podendo evoluir para uma pneumonia e consequentemente falta de ar. Recentemente, médicos e pesquisadores perceberam ainda que a doença tem afetado o trato gastrointestinal.
Segundo a gastroenterologista Dra. Amanda Morêto Longo, os principais sintomas se apresentam no intestino e o paciente pode enfrentar redução do apetite, diarreia, náuseas e vômitos. Em alguns quadros, o vírus ainda pode causar adenite mesentérica (inflamação dos gânglios linfáticos do mesentério, ligados ao intestino), que resulta em intensa dor abdominal. “Essas dores podem ser facilmente confundidas com casos de apendicite aguda”.
O coronavírus também pode afetar o funcionamento do fígado, levando a alterações dos exames hepáticos. Esse achado tem se mostrado mais presente em pacientes com maior gravidade pulmonar, mas de acordo com a gastroenterologista, o quadro tende a normalizar depois que o paciente sai da fase aguda da doença e a infecção é curada.
Dra. Amanda explica que uma das maiores queixas a respeito da diarreia é que, apesar de não ser um agravante dos sintomas respiratórios da Covid-19, ela pode perdurar por alguns dias a semanas após a resolução da doença e, o paciente vai ao banheiro várias vezes ao dia, interferindo ainda mais na qualidade de vida.
“Não existe uma pesquisa que aponte se essas manifestações, como a diarreia, podem causar sequelas no trato gastrointestinal, mas até o momento são apenas efeitos causados pelo vírus e que podem ser controlados com o devido diagnóstico”, disse.
Como os sintomas gastrointestinais são comumente associados às conhecidas viroses, há poucos meses ninguém desconfiava que essas queixas poderiam se tratar de um efeito colateral do novo Coronavírus. Hoje, à luz do conhecimento que temos das manifestações intestinais dessa infecção, o paciente pode apresentar um agravamento do estado geral, quando a diarreia ocasiona desidratação ou perda de eletrólitos no sangue. “Nesses casos é recomendável procurar um atendimento médico, para que sejam tomadas as condutas adequadas, individualizadas para cada caso”.
Quem é Dra. Amanda Morêto Longo?
Formada em 2012 pela Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (EMESCAM), Amanda Morêto Longo fez residência de clínica médica pelo Hospital da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e, na sequência, de Gastroenterologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Possui fellowship na Unidade de Gastroenterologia do Hospital Clinic de Barcelona, na Espanha. É especialista titulada pela Federação Brasileira de Gastroenterologia e também é doutoranda em Hepatologia pela Faculdade de Medicina da USP.
Atualmente, faz parte do corpo clínico da GastroVita Araraquara, é médica assistente do Hospital Estadual de Américo Brasiliense e professora da disciplina e do internato de Gastroenterologia, do curso de medicina, da Universidade de Araraquara (Uniara).