SÃO PAULO/SP - A mais recente pesquisa do Datafolha sobre a campanha presidencial deste ano, após o início de fato da disputa com horário gratuito, entrevistas e debate, apresentou uma fotografia de aparente estabilidade no quadro geral.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue à frente de Jair Bolsonaro (PL), ainda que numericamente com uma redução de dois pontos, exatamente dentro da margem de erro do levantamento feito de terça (30) a quinta (1º). Mas a leitura da movimentação em alguns segmentos mostra algumas mexidas que serão estudadas para o ajuste de estratégia das campanhas.
Uma das mais significativas foi o avanço de Bolsonaro no maior colégio eleitoral do país, o Sudeste, onde reduziu de 12 para 6 pontos a vantagem de Lula, em relação ao levantamento de agosto. O petista agora lidera por 41% a 35%. O crescimento pode estar por trás do bom desempenho do apadrinhado do presidente no maior estado da região, São Paulo, onde Tarcísio de Freitas (Republicanos) está em segundo lugar.
Lula ancora sua liderança nacional nos mais pobres. Quem ganha até 2 salários mínimos responde por 50% da amostra da pesquisa, e nesse grupo o petista sustentou sua posição ante a rodada de agosto, com 54%. Bolsonaro apenas oscilou dois pontos para cima, para 25%, apesar de ter colocado toda as suas fichas no primeiro mês de pagamento do Auxílio Brasil.
Outro problema para o presidente é a confirmação do fim do avanço que vinha fazendo no eleitorado que ganha de 2 a 5 salários mínimos, 36% dos ouvidos. Ali, segue à frente numericamente de Lula por placar estável, 40% a 36%.
O mesmo ocorreu entre as mulheres, grupo que soma 52% dos entrevistados. Ali, houve estabilidade: Lula foi de 47% para 48% e Bolsonaro, de 28% para 29% em relação ao mês passado.
Dado que o presidente passou boa parte do noticiário recente vendo o destaque ao ataque machista que fez à jornalista Vera Magalhães (TV Cultura) e à rival Simone Tebet (MDB) no debate Folha de S.Paulo/UOL/Bandeirantes/Cultura de domingo (28), pode-se dizer que saiu barato de todo modo para Bolsonaro.
No seu ponto forte, os evangélicos, o presidente também manteve o mesmo patamar de vantagem.
Lula teve uma queda expressiva entre jovens de 25 a 34 anos, 20% da amostra. Foi de 49% para 42%, enquanto Bolsonaro subiu de 31% para 37%. Na população que se declara preta (15% dos ouvidos), o petista também sofreu um tombo, de 60% para 51%, mantendo de todo modo quase o dobro das intenções do presidente, que foi de 19% para 26%.
A oscilação positiva de Tebet e de Ciro Gomes (PDT) nesta pesquisa, por sua vez, se deve ao crescimento de ambos no mesmo grupo: os 24% com curso superior. Ali, o pedetista foi de 6% para 13% e a senadora, para 7%. Ela ainda subiu entre mais velhos e ele, entre mais jovens.
O Datafolha ouviu 5.734 pessoas em 285 cidades. O levantamento, contratado pela Folha de S.Paulo e pela Rede Globo, foi registrado sob o número BR-00433/2022 no Tribunal Superior Eleitoral, e tem intervalo de confiança de 95%.
IGOR GIELOW / FOLHA de S.PAULO