UCRÂNIA - O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, defendeu a restauração da integridade territorial" de seu país após 23 dias de invasão dos militares russos, que cifrou em tantos quantos aqueles que se manifestaram na sexta-feira (18) em Moscou pelo oitavo aniversário da anexação da península ucraniana da Crimeia.
"Quero que todos me escutem agora, especialmente em Moscou. É hora de nos conhecermos. Hora de conversar. É hora de restaurar a integridade territorial e a justiça para a Ucrânia. Caso contrário, as perdas da Rússia serão tais que não terá várias gerações para ascender", disse Zelenski em um vídeo divulgado no site da presidência ucraniana.
Sobre a manifestação realizada na sexta-feira no estádio Luzhniki, em Moscou, dirigida pelo presidente Vladimir Putin e cujo público o Ministério do Interior russo estimou em cerca de 200 mil pessoas, Zelensky afirmou que "aproximadamente o mesmo número de tropas russas participou da invasão da Ucrânia".
"Imagine que há 14.000 cadáveres e dezenas de milhares de feridos e mutilados naquele estádio em Moscou. Já existem muitas perdas russas com esta invasão", acrescentou. "Este é o preço da guerra. Um pouco mais de três semanas. A guerra deve acabar", insistiu.
Segundo as autoridades russas, mais de 200.000 russos apoiaram nesta sexta-feira a "operação militar especial" na Ucrânia durante um ato patriótico maciço em Moscou, com slogans como "Por um mundo sem nazismo!", "Pelo presidente!" e "Pela Rússia!".
Sobre a invasão, Zelenski mencionou em seu vídeo que nesta sexta-feira havia sete corredores humanitários na Ucrânia, seis na região de Sumy e um na região de Donetsk, e que mais de 9.000 pessoas foram deportadas de Mariupol. "No total, mais de 180.000 ucranianos foram resgatados durante os corredores humanitários", detalhou.
O governante ucraniano, no entanto, denunciou que os militares russos continuam bloqueando o fornecimento de itens humanitários na maioria dos trajetos para as cidades vizinhas. "Esta é uma tática perfeitamente consciente. Eles têm uma ordem clara de fazer absolutamente tudo para que a catástrofe humanitária nas cidades ucranianas seja um 'argumento' para os ucranianos cooperarem com os ocupantes", lamentou, ressaltando que essa atitude é "um crime de guerra".
"Toda figura russa que der essas ordens e todo soldado russo que as executar serão identificados. E receberão uma passagem obrigatória de ida para Haia. Na cidade onde está localizado o Tribunal Penal Internacional", completou.
Zelenski também informou que intensos combates ocorreram na região de Kharkiv, especialmente perto de Izium, e que o exército ucraniano deteve os ocupantes na região de Kiev, Sumy e Chernigov, no sul. "Parece que seus comandantes militares não podem oferecer à sua liderança política nada além de táticas cruéis e equivocadas para nos desgastar, para desgastar a Ucrânia", considerou. Por fim, Zelenski anunciou que continuará nos próximos dias a apelar aos povos do mundo para que peçam paz para a Ucrânia, e mencionou especificamente Suíça, Israel, Itália e Japão.
por Agência EFE