MÉXICO - Um novo estudo concluiu que efeitos de mudanças climáticas foram determinantes para a extinção da civilização Maia, na região mesoamericana. O estudo foi publicado na revista Nature Communications, e afirma que uma seca prolongada impactou diretamente no colapso do reino: segundo o texto, a cidade de Mayapan, capital da civilização, se encontrava deserta no período, em processo que intensificou a fome e as rebeliões que provocaram a queda.
O estudo é apresentado como um trabalho transdisciplinar que combina arqueologia, história e informações paleoclimáticas para explorar “as relações dinâmicas entre mudança climática, conflitos civis e colapso político” em Mayapan, na Península de Iucutã, no sudeste do México, durante os séculos 13 e 14. “Fontes múltiplas de informações indicam que conflitos civis aumentaram significativamente e correlacionando as contendas na cidade com a seca que aconteceram entre 1400 e 1450”, diz.
Segundo o estudo, uma das mais sofisticadas civilizações do passado, que ocupava a região entre o México, a Guatemala, Belize e partes de Honduras e El Salvador, viu o efeito de conflitos internos e guerras civis se intensificar por conta da seca prolongada. O processo agravou quadro de fome e migração sobre o contexto de conflito, precipitando especialmente o colapso de uma das mais incríveis sociedades de então.
A desertificação afetou a agricultura na região, e a falta de água e comida também levou a conflitos na capital, e o estudo apresenta o quadro como exemplo importante para os impactos que mudanças semelhantes podem trazer hoje. “Nosso trabalho transdisciplinar destaca a importância de compreender as complexas relações entre sistemas sociais e naturais, especialmente avaliando o papel das mudanças climáticas exacerbando as tensões políticas internas em áreas onde a seca levou à insegurança alimentar”, diz o texto.
Vitor Paiva / Hypeness