CAIRO - O frenesi toma conta dos egípcios, que esperam a inauguração da nova capital do país para o fim deste ano. Ainda sem nome escolhido, a Nova Capital Administrativa, espécie de “Brasília” inteligente do presidente Abdel Fattah Al-Sisi, tem reservados 360 feddan (medida próxima de um acre), apenas para o Distrito Governamental, onde ficam dez complexos com 34 ministérios, casas parlamentares e o palácio presidencial. O entorno se abre para edifícios altamente tecnológicos, rodeados por grandes extensões verdes no design urbanístico. Um “comitê de alto nível” foi montado para organizar a programação da abertura oficial, que deverá ter uma empresa internacional especializada para promover a cerimônia, com lideranças e personalidades de todo o planeta a serem convidadas, nos moldes impactantes de uma Olimpíada ou Copa do Mundo. No poder desde 2014 e pronto para seguir até 2030, como lhe garante uma emenda constitucional, o presidente conhecido por General Sisi já está a postos para a festança “faraônica”.
A transferência da capital, do Cairo para a cidade inteligente que até agora custou 60 bilhões de libras egípcias (mais de US$ 3 bilhões), começou no fim de 2021 e a primeira fase deverá estar completa até dezembro desde ano. Em março, o Distrito Governamental estava praticamente concluído (com 98% das obras prontas), assim como o R3 (Distrito Residencial 3, o primeiro a ser iniciado). Já foram testados todos os sistemas de infra-estrutura, de energia, refrigeração, combate a incêndios, segurança e gestão de resíduos e espera-se a conclusão de obras rodoviárias e de paisagismo.
Em junho, os lançamentos se tornaram frenéticos, e a cada dia uma e outra dos 400 incorporadores responsáveis pelas obras apresentava suas entregas, ou detalhava projetos e prazos de novas torres comerciais, moradias e escolas, além de centros de tecnologia, lazer e áreas verdes da nova capital.
A cidade, que deverá estar completa em 2023, foi anunciada em 2015, e fica a cerca de 60 quilômetros das principais cidades egípcias, como o próprio Cairo, Suez e Ain Sokhna. O projeto foi chamado de Grande Transfiguração sobre a Terra da Paz, pela proximidade das Montanhas de Moisés e Santa Catarina, no Sinai. Pode receber até 7 milhões de pessoas em uma primeira fase, sendo 50 mil funcionários públicos realocados, que optarão por receber auxílio-moradia ou vale-transporte, caso façam uso do primeiro monotrilho do país. Há o projeto de um edifício-obelisco gigante, com mil metros, passando fácil os 828 andares do Burj Khalifa de Dubai, hoje o mais alto do mundo. Oficialmente, o objetivo da construção de uma nova capital é desafogar a Grande Cairo, onde moram 20 milhões de pessoas.
Denise Mirás / ISTOÉ