Ao destacar histórias de diferentes grupos sociais, o conteúdo programático dissemina produções e vozes plurais no debate público
SÃO CARLOS/SP - A vulnerabilidade da população em situação de rua, a realidade de imigrantes e refugiados e as diferentes lutas pela concretização de direitos sociais estão entre os temas abordados na programação Direitos humanos para todas as pessoas: da palavra ao movimento, realizada pelo Sesc São Paulo, entre os dias 7 e 17 de março.
Com atividades que incluem desde feiras e intervenções artísticas, passando por teatro, dança, literatura e debates sobre direitos humanos, o projeto tem como objetivo colaborar para que a cidadania deixe de ser um conceito abstrato e restrito a grupos específicos e se realize como acesso a direitos sociais para toda a população.
A programação envolve 20 unidades do Sesc São Paulo, na capital, Grande São Paulo, litoral e interior, dando amplitude a vozes e perspectivas capazes de alargar a compreensão e o alcance dos Direitos Humanos. Esse pluralismo de protagonismos formará um painel de possibilidades de articulação, formação de redes e inovações sociais no campo dos Direitos Humanos.
Com a iniciativa, o Sesc São Paulo reafirma seu papel educativo e seu compromisso com o desenvolvimento sociocultural.
Abertura - A programação começou no dia 7 de março, com o debate “Direitos Humanos: da palavra ao movimento”, no Sesc 24 de maio. Com participação do jornalista Leonardo Sakamoto, presidente da ONG Repórter Brasil, e do Frei David, fundador e diretor executivo da Educafro, - que promove a inclusão universitária de pessoas negras e de baixa renda - o encontro visa instigar reflexões sobre como tornar prática as teorias sobre a defesa da dignidade humana, a justiça e a equidade social.
Foi lançado a revista digital “Direitos Humanos pra Quem?”, produzida pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. A publicação tem o objetivo de resgatar o conceito sobre este tema diante do enfraquecimento de uma pauta tão importante e necessária para uma sociedade digna.
Um dos destaques é o painel: “Proteção e Garantia de Direitos”, que proporcionará uma troca de experiências entre instituições, pessoas, ONGs e movimentos sociais que atuam para assegurar a efetivação dos Direitos Humanos. O painel será realizado com Soninha Francine (Secretária Municipal de Direitos Humanos e Cidadania), Robson César Correia de Mendonça (fundador e presidente do Movimento Estadual da População em Situação de Rua), Morgana Damásio (jornalista e coordenadora de comunicação da Conectas Direitos Humanos). Outros participantes são Oriel Rodrigues de Moraes (assessor jurídico da CONAQ - Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos), Luis Baron (articulista e presidente da Associação EternamenteSOU), Rogério Sottili (diretor-executivo do Instituto Vladimir Herzog) e Mafoane Odara (presidente do Fundo Brasil de Direitos Humanos, colunista da Marie Claire e professora na Fundação Dom Cabral e ESPM).
Arte e Direitos Humanos
A iniciativa também mostra a potência das produções artísticas para promover reflexões sobre Direitos Humanos. Por meio dessas apresentações, o público pode entrar em contato com a diversidade das experiências humanas, ampliando a visibilidade de questões sociais, desconstruindo estereótipos e favorecendo o desenvolvimento de novas percepções da realidade.
Entre os espetáculos que compõem a programação de Direitos humanos para todas as pessoas: da palavra ao movimento está o “Cena Ouro - Epide(r)mia - Cia Munguzá de Teatro”, no Sesc Av. Paulista. A partir do encontro entre diferentes agentes da região central da cidade de São Paulo (Boca do Lixo e Cracolândia), a peça discute questões territoriais e os desafios de pessoas em vulnerabilidade, como, por exemplo, em situação de rua, e LGBTQIAP+.
Já a apresentação “Corteja Paulo Freire” por meio do protagonismo do educador e dos bonecos gigantes Patativa do Assaré, Federico Garcia Lorca, Ivone Gebara e Dom Helder Câmara aborda assuntos como emancipação e a transformação social no acesso a direitos. O espetáculo acontece em três locais: Sesc Carmo (Praça da Sé), Sesc Rio Preto e Sesc Piracicaba.
Uma notícia de jornal sobre um menino refugiado encontrado dentro de uma mala no caminho entre África e Europa inspirou a fábula lúdica “Quando eu morrer vou contar tudo a Deus”, do Coletivo O Bonde. Com o texto de Maria Shu e direção de Ícaro Rodrigues, a fábula, que será apresentada no Sesc São Carlos, trata do poder da imaginação em um mundo cada vez mais hostil com crianças e adultos.
No Sesc Vila Mariana, a Cia Os Crespos encena a peça “De mãos dadas com minha irmã”. A história gira em torno da personagem Obá, que sai de sua terra com a missão de salvar seu povo de uma terrível seca, mas perde a memória e terá de escutar todas as águas do universo.
A unidade da Vila Mariana também promove a “Mostra Refúgios Culturais”, nos dias 16 e 17 de março, que contará com objetos artesanais de migrantes e pessoas refugiadas. Durante dois dias, participarão da exibição pessoas em situação de refúgio oriundas de países como Síria, Senegal, Guiana Francesa, Irã, Peru, Congo, Togo, Colômbia, Sudão do Norte, Angola e Venezuela. No evento, o público poderá comprar produtos como bonecas africanas, roupas e tecidos senegaleses, henna árabe, perfumes sírios entre outros.
A Orquestra Mundana Refugi se apresenta nos dias 9 e 10 de março no Sesc 24 de Maio. Formada por 22 músicos brasileiros, imigrantes e refugiados de diversas partes do mundo, a orquestra irá lançar o álbum “Todo Lugar Aqui”. Além de cantos tradicionais representando as culturas da orquestra, a pesquisa para a gravação do álbum incluiu temas de outros povos e regiões.
Outras apresentações de corais que reúnem diferentes grupos sociais e étnicos também são destaques na programação. Um deles é o “Coral Cênico Cidadãos Cantantes”, que é reconhecido pela ONU e trabalha com populações em situação de vulnerabilidade social, enfatizando a diversidade e o compromisso com a cultura antimanicomial. O outro é o “Coro Kyre'y Kuery”, que é formado por 15 jovens da Terra Indígena Jaraguá e se apresenta no Sesc Jundiaí, no dia 9 de março. Esse último representa um símbolo de reverência e resistência da cultura dos povos originários, já que o cantar, nas aldeias, é um ato primordial para que as tradições indígenas não sejam perdidas.
Haverá ainda o grupo “Os Escolhidos”, composto por jovens imigrantes congoleses e angolanas, que celebra a música africana. O grupo canta e valoriza as línguas pátrias: Lingala, Kikongo, Tshiluba e Suaíli. Em seu repertório, existem diferentes gêneros musicais, como rumba congolesa, acapela e zouk em línguas africanas. Os jovens se apresentam no Sesc Mogi das Cruzes, Santos, Catanduva, Pinheiros e Vila Mariana.
Crianças em situação de refúgio de sete países – Angola, República Democrática do Congo, Sudão, Líbia, Síria, Palestina e Venezuela – também participam da programação com o coral “Coração Jolie”. Formado em 2013 por iniciativa da organização não governamental IKMR – I Know My Rights (eu conheço meus direitos, em português) e com apoio do ACNUR (Agência da ONU para Refugiados), o coral canta sucessos da música brasileira colocando o refúgio em perspectiva. As apresentações ocorrem no Sesc 14 Bis, Sesc Vila Mariana e Sesc Pinheiros.
Direitos humanos para todas as pessoas: da palavra ao movimento
Quando: de 7 a 17 de março
Unidades do Sesc: Na capital (24 de maio, Avenida Paulista, Carmo, Centro de Pesquisa e Formação, Florêncio de Abreu, 14Bis, Santo Amaro, Pinheiros e Vila Mariana), no litoral (Santos) e no interior (Osasco, Mogi das Cruzes, Catanduva, Campinas, Rio Preto, Piracicaba, Araraquara, São Carlos e Jundiaí)
Programação completa: sescsp.org.br/direitoshumanos
Destaques da programação:
O quê: Peça teatral - Corteja Paulo Freire - Cia do Tijolo
Onde: Sesc Rio Preto. Dia 12/03 (terça às 19h30)
Sesc Piracicaba. Dia 13/03 (quarta, às 18h)
Classificação: livre
Entrada gratuita
O quê: Debate - Direitos Humanos e Desafios na Contemporaneidade
O quê: Apresentação - Coro Kyre'y Kuery
Onde: Sesc Jundiaí
Quando: 9/03 (sábado às 16h)
Classificação: livre
Entrada gratuita
O quê: Coral Coração Jolie
Onde: Sesc 14 BIS. Dia 9/3 (sábado às 18h30)
Sesc Vila Mariana. Dia 16/03 (sábado às 18h)
Sesc Pinheiros. Dia 17/03, (domingo às 16h)
Classificação: livre
Entrada gratuita
O quê: Orquestra Mundana Refugi
Onde: Sesc 24 de maio
Quando: 9 e 10/03 (sábado às 20h e domingo às 18h)
Classificação: livre
Ingressos: R$ 50 (inteira); R$ 25 (meia-entrada) e R$ 15 (credencial plena)
O quê: Coral Cênico Cidadãos Cantantes
Onde: Sesc Santo Amaro. Dia 9/03 (sábado às 17h)
Sesc Araraquara. Dia 16/03 (sábado às 17h)
Classificação: livre
Entrada gratuita
O quê: Grupo musical - Os Escolhidos
Onde: Sesc Mogi das Cruzes. Dia 10/03 (domingo às 16h)
Sesc Santos. Dia 13/03 (quarta às 20h)
Sesc Catanduva, 14/03 (quinta às 20h)
Sesc Pinheiros, 16/03 (sábado às 16h)
Sesc Vila Mariana, 17/03 (domingo às 17h)
Classificação: livre
Entrada gratuita
O quê: Peça teatral - Cena Ouro - Epide(r)mia - Cia Munguzá de Teatro
Onde: Sesc Av. Paulista
Quando: 12 a 14/03 (terça a quinta, às 20h)
Classificação: 14 anos
Ingressos: R$ 40 (inteira); R$ 20 (meia-entrada) e R$ 12 (credencial plena)
Acessibilidade: tradução em Libras no dia 14/03
O quê: Peça teatral - De mãos dadas com minha irmã, com a Cia os Crespos
Onde: Sesc Vila Mariana
Quando: 15 e 16/03 (sexta a sábado às 20h)
17/03 (domingo às 18h)
Classificação: livre
Ingressos: R$ 30 (inteira); R$ 15 (meia-entrada) e R$ 10 (credencial plena)
O quê: Peça teatral - Quando eu morrer vou contar tudo a Deus
Onde: Sesc São Carlos
Quando: 15/03 às 9h30 e 14h30 e no dia 16/03 às 16h
Classificação: livre
Ingressos: Grátis para crianças de até 12 anos. R$ 30 (inteira); R$ 15 (meia-entrada) e R$ 10 (credencial plena)
O quê: Mostra Refúgios Culturais
Onde: Sesc Vila Mariana
Quando: 16 e 17/03 (sábado e domingo, 12h às 18h)
Classificação: livre
Entrada gratuita
Programação Sesc São Carlos
Bate-papo
Laboratório Direitos Humanos
Encontro entre instituições que trabalham com Direitos Humanos, conduzido pelos profissionais Eleilson Leite (coordenador da ONG Ação Educativa) e Ângela Schwengber (relatoria). A atividade é direcionada para lideranças, coletivos, movimentos sociais, instituições, parceiros e rede socioassistencial.
Dia 12/3. Terça. 14h às 17h.
16 anos
Espetáculo
Quando eu morrer vou contar tudo a Deus
Com Coletivo O Bonde
Baseado numa história real, o espetáculo conta as aventuras de Abou, um menino da Costa do Marfim que foi encontrado dentro de uma mala, tentando entrar no continente europeu. Ao som de tambores e violão, quatro atores-narradores contam a história deste refugiado que, junto com sua mala Ilê - companheira, abrigo e animal de estimação - enfrentou dificuldades com criatividade, imaginação e coragem.
Ficha técnica
Texto: Maria Shu
Direção: Ícaro Rodrigues
Elenco: Ailton Barros, Filipe Celestino, Jhonny Salaberg e Marina Esteves
Elenco stand-in: Icaro Rodrigues, Felipe Gomes, Romário Oliveira e Jennifer Souza
Músicos instrumentistas: Ana Paula Marcelino e Anderson Sales
Músicos stand-in: Laruama Alves e Di Ganza
Direção musical e trilha sonora: Cristiano Gouveia
Preparação vocal: Renata Éssis
Preparação corporal: Mariane Oliveira
Cenografia e figurino: Eliseu Weide
Cenotecnia: Helen Lucinda e Flavio Serafim
Assistência de cenografia e figurino: Carolina Emídio e Iasmin Ianovale
Criação e operação de luz: Kenny Rogers
Fotos, release e divulgação: Tide Gugliano
Produção: Corpo Rastreado
Dia 16/3. Sábado. 16h.
Teatro
R$ 30,00 inteira / R$ 15,00 meia entrada / R$ 10,00 Credencial Plena / Grátis para crianças até 12 anos
Venda de ingressos
Online: 5/3. Terça. 17h.
Bilheteria Rede Sesc: 6/3. Quarta. 17h.
50 minutos
Livre - Autoclassificação