IFSC/USP abriu as portas de seus laboratórios à sociedade são-carlense
SÃO CARLOS/SP - A terceira edição da iniciativa “Casa Aberta IFSC/USP – A ciência ao alcance da sociedade”, traduzida em um convite feito para que a sociedade visitasse os laboratórios de Física Moderna do Instituto de Física de São Carlos nos dias 06 e 09 de outubro do corrente ano, teve como resultado um êxito bastante grande, com muito público interessado em ver os mais diversos experimentos e dialogar com técnicos, alunos e cientistas, principalmente com a presença de jovens alunos do ensino médio
Muitos quiseram saber como é a vida de um cientista e o que se faz num laboratório de Física Moderna para observar os principais experimentos que desvendaram o mundo atômico e levaram à criação da Física Quântica; experimentos esses que mostram o comportamento dos átomos, elétrons, das partículas de luz – chamadas fótons – e o laser, entre muitos outros. Tudo isto nas comemorações que estão acontecendo durante o “Ano Internacional da Ciência e Tecnologia Quântica”, assinalado em 2025 sob a égide da UNESCO.
Alunos e professores entusiasmados
Alunos do ensino médio da E.E Professora Maria Ramos, de São Carlos, estiveram presentes no primeiro dia do evento e Francisco de Lima Paschoalino, aluno do 2º ano, considerou que não existem muitas oportunidades para conhecer e observar experimentos. “Acho que está sendo uma boa oportunidade para os alunos conhecerem a Universidade de São Paulo e talvez, também, até encontrarem um interesse maior pela Física, sendo que a área de Física Nuclear é a que mais me interessa, já pretendo seguir essa carreira”, sublinhou o jovem.
Nícolas de Lima Tanan, é também aluno do 2º ano na mesma escola e considerou um evento muito interessante, já, segundo ele, é algo que se vê e por isso se torna atrativo. “A gente consegue ver muitas coisas e não ficamos só na teoria, mas mergulhamos um pouco na prática. Eu diria que o que mais me chamou a atenção foi a Física Nuclear; muito interessante”, pontuou o jovem aluno.
Para a aluna do 2º ano, Pietra Gonçalves de Oliveira, também aluna do 2º na E.E Maria Ramos, a visita aos laboratórios foi bastante interessante. “Como estamos no ensino médio, ainda mais no segundo ano, esta visita traz uma oportunidade para conhecermos o Instituto de Física. Aqui vemos experimentos que a gente não costuma ver na escola e que acrescenta muito à matéria que acabamos vendo no ensino médio. Muito interessante, também, o que o pessoal faz aqui no Instituto”, pontua a jovem, acrescentando que a iniciativa abre mais uma janela para que possa interpretar melhor os conceitos da física que, de forma teórica, se aprendem em sala de aula. “O que mais me chamou a atenção foi a diversidade de tudo o que existe aqui. Os materiais são muito elaborados, bem planejados, achei bem legal”, concluiu a jovem
Coube ao professor Fabrício Hender Inoue, docente da E.E. Maria Ramos, acompanhar os alunos nesta visita ao IFSC/USP, algo que para ele representa a oferta de uma visão muito importante para os alunos conhecerem como realmente acontece a produção científica, a questão laboratorial. “Importante para eles observarem as pessoas que aqui trabalham, colocando a mão na massa, vamos dizer assim, na Física, transmitindo a eles a ideia que essa área do conhecimento não é somente aquilo que é a parte teórica, os exercícios, as questões e as equações. Eles precisam ver que aqui faz-se ciência, que eles têm aqui a parte laboratorial e que podem observar como são feitos os estudos, a verificação de alguns conceitos, de algumas teorias, o desenvolvimento da tecnologia”, sublinha o Prof. Inoue.
Para o docente, é fundamental aliar a teoria à prática, de forma a que os alunos possam ver como essa sinergia funciona. “A maior parte das vezes os jovens estão dentro da sala de aula, observando a parte teórica, as equações e tudo mais, e não conseguem contextualizar onde tudo isso é utilizado. Então, fazendo essa ligação com a prática, eles conseguem visualizar a contextualização e como que é produzida a ciência, de fato”.
Outra particularidade assinalada pelo Prof. Inoue é o fato dos alunos poderem observar a universidade e como o trabalho que é feito dentro dela é sério. “Então, despertar nos alunos esse olhar mais científico, de olhar o fato de que tudo o que os cientistas fazem aqui, em qualquer momento, tem um porquê. Por que essas coisas acontecem? Como é que a gente vai chegar nisso? Você tem um problema, você tem uma situação e você quer descobrir como chegar lá, como o cientista desvenda esses desafios. Então o aluno descobre que realmente a Universidade é bacana. Alguns podem pensar que “a universidade não é pra mim”. Mas, de repente, quando observam que aqui, na cidade de São Carlos e no IFSC/USP, onde se fazem grandes trabalhos, principalmente nessa parte dos laboratórios de física, eles começam a falar que a física é legal”, complementa o docente
Leandro de Oliveira, técnico dos Laboratórios de Ensino (LEF) do IFSC/USP e um dos colaboradores mais importantes desta iniciativa, sente um prazer em participar desse evento, dada a importância que é de abrir as portas à comunidade, dando a conhecer um Instituto que é bancado pelos próprios cidadãos através de seus impostos. “É importante as pessoas conhecerem e terem esse contato com a Universidade, quebrando um tabú que ainda persiste: de fato, não é impossível entrar na melhor Universidade da América Latina. “É muito gratificante, a gente tem filhos da idade deles e, como pais torcemos muito para que eles entrem numa universidade de ponta, como é a USP. Então, eu imagino a mesma coisa, os pais dessas crianças, desses adolescentes, estão na torcida para que seus filhos entrem, nesse mundo, e nós fazemos parte desse processo e deste evento “Casa Aberta”. É uma honra muito gratificante”, sublinha Leandro de Oliveira.
A participação dos pais e encarregados de educação
Principalmente no segundo dia deste evento (09/10), a participação dos pais, acompanhando seus filhos, foi o grande destaque. Cristiano Ferrari, operador de máquina de usinagem, acompanhou sua filha nesta visita, salientando que era uma iniciativa importante. “Estes jovens estão no início da carreira estudantil e é importante que tenham um verdadeiro conhecimento do que é a Universidade, algo que talvez possa servir de incentivo para eles”, pontua Cristiano, que destacou que o que mais chamou a atenção dele foi a disposição que o Instituto de Física de São Carlos mostrou para levar essa iniciativa até os jovens estudantes. “Eu conheço um pouco a Universidade e não são todos os departamentos que fazem isto, e o Instituto tem uma tradição de fazer este tipo de eventos já há muitos anos. E, agora que minha filha está na idade de começar a decidir alguma coisa, estou aproveitando para ela poder conhecer e participar. E, é um momento muito especial, com toda certeza, porque é o despertar também do próprio aluno para uma profissão; e não só do próprio aluno, como também do munícipe, que sequer imagina o que o Instituto de Física de São Carlos hoje produz em termos de ciência e tecnologia”.
Gustavo Ass Netto, engenheiro de produção, acompanhou seus filhos Miguel e Tomás na visita e não escondeu a sua satisfação. “Eu acho excelente, porque a gente já vai fomentando nos jovens, nas crianças, esse desenvolvimento intelectual para vermos o que elas querem para o seu futuro, o que elas vão desenvolver dentro da sociedade; não só para si mesmas, não só para terem uma profissão e um ganho próprio, mas também para contribuírem para o desenvolvimento da sociedade e das próximas gerações. O que assisti aqui é uma forma inteligente de juntar a teoria com a prática, que, no meu ver, é a melhor forma de conhecimento. Então, nisso, o jovem vai se desenvolvendo, vai melhorando, como eu disse, ele vai chegar no mercado de trabalho já tendo uma visão ampla daquilo que ele quer ser perante a sociedade. Meus filhos adoraram!”
Missão cumprida
Para o docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Sebastião Pratavieira, que coordenou a iniciativa junto com outros professores, o evento foi um grande sucesso, já que a população atendeu o convite do IFSC/USP, cruzou as portas dos laboratórios para conhecer as pesquisas que são feitas no Instituto e os alunos que trabalham nos laboratórios. “Esta é uma atividade que não utiliza um professor, um pesquisador já formado para conversar com a população…São os nossos alunos, aqui da graduação, que estão começando a praticar, a explicar ciência. Então, são dois motivos importantes para os nossos alunos aprenderem já a transmitir esse conhecimento, principalmente neste evento com tanta gente presente – de crianças com idades entre os cinco e seis anos, até senhores com mais setenta anos”, destaca o pesquisador.
“Eu agradeço as escolas, tanto a Maria Ramos quanto a Marivaldo Degan, aqui de São Carlos, que vieram, atendendo o nosso convite e a gente fica muito feliz com esse evento. Sentimos que nossa missão está cumprida ao ver a população aderindo a esta iniciativa, pessoas das mais variadas profissões, com vários níveis de escolaridade, muitos alunos, algo que nos entusiasma a seguir em frente, até porque estamos só na terceira edição da “Casa Aberta IFSC/USP – A ciência ao alcance da sociedade”. Também agradeço a equipe de jornalismo e diretoria do IFSC/USP; a equipe do LEF, a prefeitura campus USP São Carlos, nossos alunos da disciplina de Lab. Avançado de Física e todo público que compareceu.”conclui o docente.
Atendendo ao sucesso alcançado, tudo indica que esta iniciativa possa ocorrer com mais frequência.
Quem participou na “Casa Aberta IFSC/USP – A ciência ao alcance da sociedade” se mostrou bastante interessada nos conceitos que foram transmitidos pelos alunos de graduação do Instituto, principalmente os alunos das escolas públicas, que através dessa experiência certamente se sentiram motivados a prosseguir seus estudo rumo à Universidade.
Confira alguns vídeos e fotos do evento: