JOHANESBURGO – O barulho produzido pela mineração no fundo do mar em busca de níquel, cobalto e outros metais para a transição para energia verde pode interferir na capacidade das baleias de navegar nas profundezas do oceano e se comunicar umas com as outras, de acordo com um estudo divulgado nesta terça-feira.
Rochas do tamanho de batatas repletas de metais usados em baterias cobrem vastas extensões do fundo do oceano a profundidades de 4 a 6 quilômetros. Várias empresas têm proposto aspirar esses nódulos do fundo do mar e processar seus metais para uso em baterias de veículos elétricos.
O estudo revisado por pares, financiado pela Umweltstiftung Greenpeace, um braço da organização ambiental, argumenta que são necessárias mais pesquisas para avaliar o risco que a mineração em águas profundas pode representar aos grandes mamíferos marinhos, embora os pesquisadores não tenham coletado dados de campo.
A Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), um órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) sediado na Jamaica, deve aprovar a mineração em alto mar para águas internacionais já no verão europeu. Líderes na França, Fiji, Canadá e Alemanha expressaram preocupação com a prática.
Os defensores da mineração em águas profundas dizem que isso reduziria a necessidade de grandes operações de mineração em terra, que geralmente são impopulares nas comunidades anfitriãs.
Os detratores dizem que muito mais pesquisas são necessárias para determinar como a mineração em águas profundas pode afetar os ecossistemas aquáticos.
“Os sons produzidos pelas operações de mineração, inclusive de veículos operados remotamente no fundo do mar, se sobrepõem às frequências nas quais os cetáceos se comunicam”, disse o estudo, publicado na revista Frontiers in Marine Science.
Reportagem de Helen Reid; reportagem adicional de Ernest Scheyder / REUTERS
ALEMANHA - O líder da CDU, Friedrich Merz, vê confirmada sua guinada à direita dentro do partido com vitória conservadora na eleição da capital. Difícil vai ser achar um parceiro para governar.
O mapa da votação realizada no domingo passado (12/02) na cidade-Estado de Berlim parece com uma folha verde queimada nas bordas: uma grande mancha verde na região central, que é dominada pelo Partido Verde, cercada de preto, a cor que normalmente é usada para representar os conservadores da União Democrata Cristã (CDU).
O mapa pode até não ser perfeito como representação visual, pois quem ficou em segundo lugar na contagem geral de votos foi o Partido Social-Democrata (SPD), mas ilustra a divisão cultural que permeia toda a Alemanha: uma geração jovem, urbana, de centro-esquerda, preocupada com as mudanças climáticas, e do outro lado uma geração mais velha, suburbana, cuja principal preocupação é a criminalidade.
Nach der #BerlinWahl2023 ist deutlich: Wo die Karte 2021 rot war, ist sie nun schwarz. Die SPD konnte keinen Wahlkreis für sich entscheiden – die CDU konnte aufholen und wurde zum Wahlgewinner. Innerhalb des Berliner S-Bahn Rings wurde vorwiegend Grün gewählt. #rbbwahl #aghw23 pic.twitter.com/JbZncq4RQW
— rbb|24 (@rbb24) February 13, 2023
A CDU, que foi de longe o partido mais votado, com mais de 28% dos votos, se impôs, ao que tudo indica, por ter focado no tema segurança e ordem. Uma pesquisa do instituto Infratest Dimap mostrou que essa foi a questão mais importante para os eleitores berlinenses de um modo geral: 23% a escolheram como sua principal preocupação, à frente de moradia (17%) e clima (15%). E a CDU, para a maioria dos eleitores, é o partido mais adequado para tentar resolver o problema.
Violência no réveillon
As cenas de violência vistas no réveillon em bairros de Berlim certamente ajudaram a CDU. Pesquisas de novembro e dezembro mostravam SPD, CDU e Partido Verde numa disputa acirrada. Na primeira semana de janeiro (quando eleitores começaram a enviar seus votos pelo correio), a imprensa estava cheia de manchetes sobre homens jovens lançando fogos de artifício contra trabalhadores dos serviços de emergência.
Isso alimentou um debate, de conotação racista, que o candidato da CDU, Kai Wegner, soube aproveitar. Muitas regiões onde ocorreram distúrbios têm grandes comunidades de imigrantes, e Wegner abriu um debate na mídia ao exigir que o governo da cidade-Estado divulgasse os nomes dos cidadãos alemães suspeitos de envolvimento nos distúrbios, para que o público pudesse determinar se eram de origem árabe ou turca.
A sugestão de Wegner foi duramente criticada pelos adversários dele, a prefeita Franziska Giffey, do SPD, e a candidata dos verdes, Bettina Jarasch, mas parece ter tocado em preconceitos profundos na população: 83% dos eleitores que mudaram o voto para a CDU, na pesquisa da Infratest Dinap, concordam com a afirmação "acho bom que se nomeie claramente os problemas com imigrantes."
O cientista político Frank Decker, da Universidade de Bonn, considera que essa questão, em especial, pode afetar a coalizão liderada pelo chanceler federal, Olaf Scholz. "A CDU conseguiu impor que certas questões fossem transformadas em tabus", observa. "E o que chama a atenção no caso de Berlim é que essa questão ajudou a CDU mais do que a AfD. Esse voto de protesto contra a política migratória normalmente vai para a AfD."
De fato, o partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) ficou com 9% dos votos na eleição, mas isso é um aumento de apenas 1 ponto percentual na comparação com 2021, enquanto a CDU conseguiu adicionar 10 pontos percentuais ao seu resultado daquele ano. "Os partidos de centro-esquerda, em especial os verdes, vão ter de se perguntar como lidar com a questão", diz Decker. "E essa é uma questão permanente. Esta é uma sociedade de migração, além disso estamos lidando com a questão dos refugiados já faz um tempo."
Migração e mudanças climáticas
Essa perspectiva deverá dar novo ímpeto ao líder nacional da CDU, Friedrich Merz, que participou da campanha eleitoral em Berlim e abriu seu próprio debate de teor racista em janeiro, com seu comentário sobre "pequenos paxás".
Num debate na televisão, Merz fez uma relação causal direta entre os distúrbios no réveillon em Berlim e crianças árabes de 8 anos em escolas primárias alemãs que, segundo ele, não têm respeito por professoras. "É aí que tudo começa", afirmou Merz. "São predominantemente pessoas jovens do mundo árabe que não estão preparadas para seguir as regras aqui na Alemanha."
A outra questão da eleição regional de Berlim que deverá se tornar decisiva para a política nacional é a política climática – em especial para os automóveis. Jovens ativistas alemães começaram a confrontar motoristas pelo país bloqueando ruas, e os planos do Partido Verde para transformar em áreas de pedestres partes da capital afastaram eleitores conservadores.
"Tráfego desempenha um papel grande em emissões, e há uma necessidade objetiva de que algo seja feito, mas é um tema altamente controverso, sobretudo em grandes cidades", diz Decker. "É muito difícil reduzir o tráfego, e há um grande potencial de conflito, e a coalizão em nível federal terá que abordar isso também."
Próxima coalizão
A vitória de Wegner em Berlim é também uma vitória para Merz, um antagonista da ex-chanceler federal Angela Merkel na CDU: esse foi o primeiro parlamento regional no qual a CDU conseguiu tirar a maioria do SPD na era pós-Merkel. O problema é que nenhum governo alemão funciona sem coalizão, e mesmo uma CDU mais à direita terá que fazer concessões centristas.
Pelo resultado das urnas, a atual coalizão de esquerda que governa Berlim, formada por SPD, Partido Verde e A Esquerda, ainda tem maioria parlamentar – o que significa que a CDU, para liderar um governo, terá de fazer generosas concessões ao SPD ou aos verdes para atraí-los para uma coalizão.
"Isso obviamente não é uma derrota para Merz, mas também não o ajuda muito", comenta Decker. "Acho provável que a atual coalizão se mantenha no poder, assim a CDU não terá muito de sua vitória eleitoral."
Scholz, aparentemente, saiu da eleição sem maiores danos. Apesar de os social-democratas terem obtido um dos piores resultados da história na capital, pesquisas mostram que os eleitores culpam o SPD local por um mau governo na cidade-Estado.
Governar sem os liberais
Uma outra consequência importante da eleição em Berlim está relacionada ao Partido Liberal-Democrático (FDP). Esse parceiro natural de coalizão para a CDU tem acumulado maus resultados em eleições regionais, o que se confirmou mais uma vez no domingo passado, em Berlim, quando o FDP ficou abaixo da barreira de 5% dos votos para entrar no parlamento local.
Com o FDP relegado a uma posição de partido nanico, a CDU acaba sendo forçada – tanto agora em Berlim como talvez na próxima eleição nacional – a achar pontos em comum com o SPD ou com o Partido Verde.
Autor: Ben Knight / DW
FRANÇA - O Presidente francês, Emmanuel Macron, recebeu ontem Volodymyr Zelensky para um jantar no Palácio do Eliseu, com a presença também de Olaf Scholz, o chanceler alemão. O apoio militar à Ucrânia foi o principal tema de discussão entre os três líderes.
O Presidente Volodymyr Zelensky chegou por volta das 21h50 a um terminal especial do aeroporto de Orly, e seguiu depois para o Palácio do Eliseu, sendo saudado pelos franceses que vieram às janelas no seu trajeto para acolher o líder ucraniano. Chegado à residência do Presidente Emmanuel Macron, Zelensky foi acolhido calorosamente.
"A Ucrânia pode contar com a França, a Europa e seus aliados para ganhar a guerra. A Rússia não pode e não deve ganhar esta guerra. Enquanto ela continuar, vai ser necessário que continuemos, adaptemos e modelemos o dispositivo militar necessário à Ucrânia", declarou o Presidente francês, numa declaração conjunta aos jornalistas.
Por seu lado, Volodymyr Zelensky que passou o dia em Londres, reiterou o seu pedido por armamento pesado e aviões, pedindo aos seus aliados que não abandonem Kiev.
"Atualmente temos muito pouco tempo, temos de falar das semanas e meses que aí vêm e peço as armas necessárias para a Paz porque precisamos travar esta guerra", declarou o Presidente ucraniano, mencionando que pediu "aviões" e "armamento pesado" para continuar a fazer recuar Moscovo.
Já Olaf Scholz lembrou que há pouco tempo a Alemanha cedeu finalmente tanques Leopard a Kiev, algo há muito reclamado por Zelensky. O chanceler disse mesmo que o apoio à Ucrânia vai durar enquanto for necessário.
"Desde o início desta guerra atroz, a Europa e os seus parceiros estiveram sempre ao lado da Ucrânia. Fizemo-lo financeiramente e com armamento, mais recentemente com tanques pesados e vamos continuar a fazê-lo enquanto for necessário", prometeu Olaf Scholz.
por Catarina Falcão / RFI
ALEMANHA - O fóssil da mais recente e exótica espécie de pterossauro descoberta em um grande bloco de calcário na Alemanha revelou um animal de aparência pouco amistosa: batizado de Balaenognathus maeuseri, o réptil voador tinha uma mandíbula longa com 400 dentes em forma de gancho alinhados. Um artigo assinado por paleontólogos da Inglaterra, Alemanha e México foi publicado na revista Paläontologische Zeitschrift, registrando a descoberta ocorrida acidentalmente, enquanto cientistas escavavam a pedra em busca de fósseis de crocodilo na Formação Torleite, no município de Wattendorf, no sul do país.
De acordo com David Martill, paleontólogo e pesquisador da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra, e principal autor da pesquisa, o bom estado de preservação do fóssil sugere que o animal foi enterrado por sedimentos pouco depois de morrer, no calcário de camadas finas que é uma ótima superfície para preservação de fósseis.
“Este foi um achado casual de um esqueleto bem preservado com articulação quase perfeita, que sugere que a carcaça deve ter estado em um estágio muito inicial de decomposição com todas as articulações, incluindo seus ligamentos ainda viáveis”, disse o cientista, em comunicado.
Além da boa preservação, a descoberta se destaca pelo formato de dentes nunca visto em um pterossauro, que utilizava seu bico em formato de colher para capturar líquidos e, em seguida, espremer o excesso, capturando as presas na boca. “Esses pequenos ganchos teriam sido usados para capturar os minúsculos camarões dos quais o pterossauro provavelmente se alimentava – certificando-se de que descessem pela garganta e não fossem espremidos entre os dentes”, explica Martill. Segundo consta, o animal atravessava lagoas rasas, sugando crustáceos de forma semelhante a patos e flamingos.
O nome Balaenognathus com o qual o pterossauro foi batizado se traduz como “boca de baleia” por seu método filtrante de alimentação: o termo maeuseri foi incluído em homenagem a Matthias Mäuser, coautor do estudo, que faleceu durante a redação do artigo. Apesar de sua dentição impressionante, o réptil voador alemão recém-descoberto não é campeão de dentes: o Pterodaustro, descoberto na Argentina no final dos anos 1960, por exemplo, carregava mais de mil dentes grossos em sua mandíbula.
por Vitor Paiva / HYPENESS
UCRÂNIA - Relatos na imprensa alemã afirmam que a Alemanha decidiu, após meses de hesitação, enviar à Ucrânia os modernos tanques de guerra Leopard 2, além de permitir que outros países, como a Polônia, possam adotar a mesma medida para reforçar a defesa das tropas ucranianas contra aos invasores russos.
A notícia, inicialmente divulgada nesta terça-feira (24/01) pela revista alemã Der Spiegel, também afirma que os Estados Unidos deverão fornecer tanques Abraham a Kiev. Antes mesmo da confirmação oficial, autoridades ucranianas já comemoravam o que avaliam como sendo um fator de mudança nas frentes de batalha, na guerra que já dura 11 meses.
"Algumas centenas de tanques para nossas equipes, as melhores equipes de tanques do mundo. Isso sim se tornará um punho golpeante para a democracia contra a autocracia do pântano", afirmou Andriy Yermak, chefe de gabinete do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, no aplicativo de mensagens Telegram.
Há meses Kiev vem insistindo para que o Ocidente envie os tanques de que tanto precisa para dar mais poder de fogo e mais mobilidade a suas tropas, para romper as linhas de defesa russas e recapturar territórios no leste e no sul do país.
Até o início da noite, o governo alemão ainda não havia comentado a notícia, assim como os Ministérios da Defesa e do Exterior. Segundo a Spiegel, a decisão de enviar os blindados envolveria ao menos uma companhia de tanques Leopard 2 A6, o que representa 14 unidades.
"O fato de a Alemanha apoiar a Ucrânia com os tanques Leopard é um forte sinal de solidariedade" afirmou Christian Duerr, líder parlamentar do Partido Liberal Democrata (FDP), uma das siglas que forma a coalizão de governo na Alemanha, ao lado do Partido Social-Democrata (SPD) e dos Verdes.
Facilidades de envio e manutenção
As frentes de batalha na Ucrânia, que se estendem por mais de mil quilômetros através do leste e do sul do país, estão, em grande parte, estagnadas há pelo menos dois meses, apesar de várias perdas sofridas nos dois lados no conflito.
As conversas em torno do envio dos tanques de guerra dominou as discussões entre os aliados de Kiev no Ocidente nos últimos dias.
Berlim possui um papel central nesse debate, uma vez que os tanques Leopard de fabricação alemã – utilizados por Exércitos de vários países da Europa – são amplamente considerados como a melhor opção para a Ucrânia, por estarem disponíveis em grande quantidade, além de serem de fácil manutenção e envio.
Os social-democratas do chanceler alemão, Olaf Scholz, temem que o envio possa gerar um acirramento das agressões russas em solo ucraniano e um aumento do risco de que a Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan) seja arrastada para o conflito.
Scholz vinha sendo cada vez mais pressionado para tomar uma decisão. O presidente Zelenski chegou a afirmar que a hesitação de Berlim estava custando vidas ucranianas. O primeiro pedido ucraniano pelo envio de tanques Leopard foi feito pouco depois do início da invasão russa ao país, em 24 de fevereiro do ano passado.
Na terça-feira, 24, a Polônia disse ter enviado um pedido formal ao governo alemão para que permitisse que as Forças Armadas polonesas pudessem enviar seus próprios tanques Leopard 2 para a Ucrânia. Regulamentações de defesa estabelecem que o país que produziu os equipamentos deve aprovar as reexportações dos armamentos dos países da Otan para os aliados.
EUA devem enviar tanques Abrahams
Segundo a Der Spiegel e a agência de notícias Reuters, os Estados Unidos estariam dispostos a abandonar sua oposição ao envio de tanques M1 Abrahams à Ucrânia. O equipamento é considerado menos adequado do que os Leopard devido ao alto consumo de combustível e pelas dificuldades de manutenção.
Se confirmada, essa medida parece ter sido elaborada de modo a facilitar o envio dos Leopard pela Alemanha, que havia pedido uma frente unida entre os aliados na defesa da Ucrânia.
rc (Reuters)
por dw.com
ALEMANHA - O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) da Alemanha subiu 21,6% em dezembro de 2022 ante igual mês do ano anterior, desacelerando após dar um salto anual de 28,2% em novembro, segundo dados publicados nesta sexta-feira, 20, pela Destatis, a agência oficial de estatísticas do país. Em relação a novembro, o PPI alemão caiu 0,4% em dezembro.
No fechamento de 2022, o PPI da maior economia europeia teve alta média de 32,9% ante 2021, a maior em série histórica iniciada em 1949, informou a Destatis.
LUETZERATH - A polícia começou na terça-feira a desmontar barricadas e dispersar ativistas que protestavam contra a expansão de uma mina de carvão a céu aberto que destacou as tensões sobre a política climática da Alemanha durante uma crise energética.
Os manifestantes, muitos usando máscaras ou balaclavas, protestaram contra a mina Garzweiler, administrada pela empresa de energia RWE na vila abandonada de Luetzerath, que faz parte do distrito de carvão marrom do Estado da Renânia do Norte-Vestfália, na região ocidental do país.
Eles formaram correntes humanas, organizaram protestos e ocuparam prédios abandonados em Luetzerath, que serão destruídos para dar lugar à expansão da mina. Alguns se enterraram em buracos no chão, enquanto outros ficaram pendurados em tripés de madeira.
"Você considera isso um despejo pacífico? É ridículo o que você está fazendo, como você não está envergonhado?" disse um manifestante enquanto a polícia arrastava ativistas que estavam sentados em uma rua lamacenta.
Os protestos destacam as crescentes tensões sobre a política climática de Berlim, que, segundo os ambientalistas, ficou em segundo plano durante a crise energética que atingiu a Europa no ano passado após a invasão da Ucrânia pela Rússia, forçando o retorno a combustíveis mais sujos.
A questão é particularmente sensível para os Verdes, agora de volta ao poder como parte do governo de coalizão do chanceler Olaf Scholz, após 16 anos na oposição entre 2005-2021.
Muitos verdes se opõem à expansão da mina, mas o ministro da Economia, Robert Habeck, do partido, defendeu a decisão do governo. Alguns ativistas despejaram 250 kg de blocos de carvão em frente à sede local do Partido Verde, segundo informou a mídia alemã.
Reportagem de Riham Alkousaa, Andy Kranz, Stephane Nitschke, Petra Wischgoll / REUTERS
ALEMANHA - As autoridades alemãs anunciaram, no domingo (8), a detenção de dois jovens iranianos, suspeitos de preparar um atentado "islamita" com cianureto e ricina, apesar de, após uma revista à sua casa, os agentes não terem encontrado nenhuma substância tóxica.
A imprensa alemã reportou que as prisões se seguiram a uma advertência do FBI.
Os dois detidos são M.J., de 32 anos, e seu irmão, J.J., de 25, e em breve ambos "serão apresentados perante um juiz em vista de sua prisão provisória", informou na tarde deste domingo, em nota, o Ministério Público regional de Düsseldorf (oeste da Alemanha).
"São acusados de entrar em acordo para cometer um atentado de inspiração islamita, para o qual queriam obter substâncias tóxicas, como cianeto e ricina, com as quais pretendiam matar um número indeterminado de pessoas", informou o MP.
O apartamento dos suspeitos em Castrop-Rauxel (na região da Renânia do Norte-Westfália, no oeste da Alemanha) foi revistado em busca de "substâncias tóxicas", destinadas a cometer um ataque, segundo uma nota da procuradoria-geral e da polícia.
No entanto, os investigadores não encontraram "nenhum indício" da presença destes produtos no alojamento dos suspeitos, destacou ao meio-dia à AFP o procurador de Düsseldorf, Holger Heming.
Os dois foram detidos no mesmo local durante a madrugada de sábado para domingo, reportaram veículos de imprensa alemães.
- Grupo no Telegram –
Segundo o ministro regional do Interior, Herbert Reul, as autoridades receberam "pistas que deviam levar a sério" e que levaram "a polícia a agir durante a noite".
Os veículos de imprensa Der Spiegel e Süddeutsche Zeitung reportaram que o FBI tinha advertido os serviços secretos alemães sobre esta ameaça durante o período natalino.
Segundo a Der Spiegel, a polícia federal americana conseguiu se infiltrar em um grupo do Telegram, no qual um dos suspeitos se informou sobre como cometer atentados com explosivos ou com substâncias tóxicas.
Apesar da ausência de provas na revista domiciliar, a ministra federal do Interior, Nancy Faeser, justificou a incursão dos agentes.
"Nossos serviços de segurança levam muito a sério cada pista sobre o perigo do terrorismo islâmico", ressaltou, em nota.
Agora, a justiça deverá determinar se abre um processo contra os dois suspeitos.
Eles são suspeitos de "terem preparado um ato de violência ameaçando a segurança do Estado, ao obter cianureto e ricina para cometer um atentado de caráter islamita", informaram os investigadores.
A ricina é um agente muito tóxico, classificado pelo Instituto Robert Koch, encarregado na Alemanha da vigilância sanitária, como "arma biológica" e é extraída de sementes da planta de rícino. Pode, inclusive, ser um veneno mortal, assim como o cianureto.
Nas imagens da emissora de televisão privada NTV, observa-se as duas pessoas detidas em roupas íntimas, levadas por agentes vestindo trajes de proteção especial devido ao risco biológico.
Em 2018, a polícia alemã deteve um tunisiano de 31 anos e sua esposa, suspeitos de planejar a execução do que teria sido o primeiro atentado "biológico" no país.
Na residência do casal, que tinha jurado lealdade ao grupo extremista Estado Islâmico (EI), os investigadores encontraram 84,3 mg de ricina e cerca de 3.300 sementes de rícino para produzir veneno. Dois anos depois, o homem foi condenado a dez anos de prisão e sua esposa, a oito.
A Alemanha tem sido sacudida nos últimos anos por vários ataques islamitas, entre eles um atropelamento em massa em um mercado de Natal, em Berlim, que matou 13 pessoas em dezembro de 2016.
BERLIM - As exportações alemãs caíram de forma inesperada em novembro, uma vez que a inflação alta e a incerteza do mercado continuam pesando na maior economia da Europa, apesar da redução dos problemas na cadeia de suprimentos.
As exportações caíram 0,3% no mês, mostraram dados do escritório federal de estatísticas nesta quinta-feira. Analistas consultados pela Reuters previam crescimento de 0,2%.
A queda de novembro ocorre depois que os números de outubro foram revisados para cima, para um crescimento de 0,8% ante uma queda inicialmente relatada de 0,6%.
As importações também registraram uma queda maior que a esperada de 3,3% em novembro, em comparação com expectativa de recuo de 0,5%.
Uma pesquisa publicada na segunda-feira mostrou que a contração do setor industrial da Alemanha diminuiu um pouco em dezembro devido à maior disponibilidade de materiais, embora a demanda mais fraca continue afetando os fabricantes.
O instituto econômico Ifo constatou que o número de empresas do setor industrial relatando problemas com escassez de materiais caiu pelo terceiro mês consecutivo em dezembro.
Reportagem de Miranda Murray e Rachel More / REUTERS
ALEMANHA - O governo da Alemanha rejeitou formalmente o pedido da Polônia para negociar uma compensação pelos danos sofridos durante a Segunda Guerra Mundial, anunciou o Ministério das Relações Exteriores polonês na terça-feira (03/01).
"Segundo o governo alemão, a questão das reparações e indenizações pelos danos devido à guerra está encerrada e o governo alemão não tem intenções de abrir negociações sobre esse assunto", informa um comunicado divulgado pela diplomacia após receber uma resposta oficial de Berlim.
A Polônia acrescentou que continuará exigindo compensação pela "agressão e ocupação alemã entre 1939-1945".
O partido nacionalista Lei e Justiça (PiS), que comanda o governo da Polônia, vem revivendo pedidos de indenização desde que assumiu o poder em 2015 e tem feito da promoção da vitimização da Polônia durante a guerra um pilar central de seu apelo ao nacionalismo.
Em setembro, a Polônia estimou as perdas pela Segunda Guerra Mundial em cerca de 1,3 trilhão de euros e enviou uma nota diplomática formal para Berlim com um pedido de indenização.
O serviço de imprensa do Ministério das Relações Exteriores alemão confirmou nesta terça-feira que o governo federal "respondeu a uma nota verbal da Polônia, de 3 de outubro de 2022", reiterando que não divulga publicamente "os conteúdos de sua correspondência diplomática".
A ministra das Relações Exteriores alemã, Annalena Baerbock, também já havia negado o pedido durante uma visita a Varsóvia em outubro e afirmou que, para Berlim, este é um capítulo encerrado.
Berlim não vê base legal
Em setembro de 2022, quando o governo poloês apresentou sua estimativa de indenização de 1,3 trilhão de euros, o governo federal alemão já havia afirmado que não via nenhuma base legal para o pedido de reparação. Berlim argumenta que a então liderança comunista polonesa renunciou às reparações alemãs em 1953.
"A posição do governo federal permanece inalterada, a questão das reparações foi esclarecida", disse à época um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.
"Há muito tempo, em 1953, a Polônia renunciou a outras reparações e confirmou essa renúncia várias vezes. Esta é uma pedra angular da ordem europeia de hoje. A Alemanha mantém sua responsabilidade política e moral pela Segunda Guerra Mundial."
O governo da Polônia, por sua vez, rejeita a declaração de 1953, feita pelos então líderes comunistas do país sob pressão da União Soviética.
Berlim também justifica que todas as reivindicações relativas a crimes alemães na Segunda Guerra Mundial perderam a validade, o mais tardar, com a assinatura do Tratado Dois-Mais-Quatro, em 1990, o qual vale como "ponto final na questão da reparação". O tratado foi assinado pela República Federal da Alemanha, a República Democrática Alemã e as quatro potências que ocuparam a Alemanha desde o fim da Segunda Guerra Mundial: Estados Unidos, França, Reino Unido e União Soviética e foi a base para a reunificação alemã.
Em 1º de setembro de 1939, a Alemanha nazista invadiu a Polônia. Dos cerca de 35 milhões de habitantes do país na época, cerca de 6 milhões foram mortos - entre eles cerca de 3 milhões de judeus. A capital, Varsóvia, foi praticamente toda arrasada, grande parte do país foi saqueada e destruída.
Após a Segunda Guerra Mundial, a Polônia, que figurou oficialmente entre as nações vencedoras do conflito, anexou, com ajuda soviética, vastas áreas que pertenciam à Alemanha, resultado na expulsão de milhões de alemães étnicos e repovoamento de cidades com poloneses.
Críticas da oposição polonesa
Também em setembro, o líder da oposição polonesa e ex-presidente do Conselho da União Europeia (UE), Donald Tusk, criticou o pedido feito pelo governo polonês dominado pelo PiS. Para ele, o PiS não está preocupado com o pagamento de indenizações, mas com uma campanha política doméstica.
"O líder do PiS, Jaroslaw Kaczynski, não esconde o fato de que quer construir apoio ao partido no poder com esta campanha anti-alemã", disse.
O deputado da oposição Grzegorz Schetyna também considerou que o pedido foi apenas um "jogo na política interna", argumentando que o seu país precisa "construir boas relações com Berlim".
jps (Reuters, DW)
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