ALEMANHA - EUA concordaram com a venda do sistema de defesa antimísseis israelense Arrow 3 para a Alemanha, um contrato de defesa no valor de US$ 3,5 bilhões (aproximadamente 17,5 bilhões de reais, na cotação atual), apresentado como "o maior já assinado" por Israel. O anúncio deste acordo foi feito pelo Ministério da Defesa de Israel.
O sistema Arrow (que signifca flecha, em inglês) é desenvolvido e fabricado pela Israel Aerospace Industries (IAI) em colaboração com a fabricante americana de aeronaves Boeing. Já o Arrow 3, o nível superior deste sistema antimísseis, destina-se a interceptar dispositivos acima da atmosfera com um alcance que pode chegar a 2.400 km.
"O Ministério da Defesa de Israel, o Ministério Federal da Defesa da Alemanha e o IAI devem assinar o histórico acordo de defesa de US$ 3,5 bilhões, marcando o maior acordo de defesa já assinado por Israel", disse o funcionário.
"Este projeto de abastecimento é essencial para poder proteger a Alemanha de ataques com mísseis balísticos no futuro", disse o ministro da Defesa, Boris Pistorius, em Berlim.
Além disso, o sistema "deve proteger os céus europeus, e estamos visando sua integração no escudo de defesa da OTAN", disse ele em sua conta no X (ex-Twitter).
"Virada histórica"
A Alemanha decidiu reinvestir maciçamente em seu exército de soldados voluntários das Forças Armadas Alemãs, o Bundeswehr, após a invasão russa da Ucrânia há um ano e meio. Foi criado um fundo especial de 100 bilhões de euros para a sua modernização, dois terços dos quais serão comprometidos até ao final de 2023, segundo dados oficiais.
Berlim lançou o projeto European Sky Shield em outubro, que conta com os sistemas antiaéreos alemães Iris-T para defesa antiaérea de curto alcance, o American Patriot para médio alcance e o americano-israelense Arrow 3 para longo alcance. Até agora, o projeto reuniu pelo menos 17 países.
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, chamou o acordo de "o mais importante na história de Israel" que "ajudará a fortalecer Israel e sua economia". Segundo ele, o contrato final deve ser assinado até o final de 2023 após sua aprovação pelos parlamentos alemão e israelense, com entrega prevista para o final de 2025.
Em um aceno para a história, Netanyahu lembrou em seu comunicado à imprensa que "75 atrás, o povo judeu foi reduzido a cinzas na Alemanha nazista, 75 depois, o Estado judeu dá à Alemanha, outra Alemanha, ferramentas para se defender (...) Que virada histórica!" ele disse, referindo-se ao Holocausto, a tentativa da Alemanha de Hitler de exterminar os judeus europeus durante a Segunda Guerra Mundial.
Puramente defensivo
A IAI vai instalar uma nova infraestrutura para o programa alemão e contratará novos engenheiros e funcionários em Israel e nos Estados Unidos, disse o diretor da Organização de Defesa contra Mísseis de Israel, Moshe Patel.
"O governo alemão quer que seja exatamente o mesmo sistema que usamos", disse ele a repórteres.
A Alemanha está comprando "a estrutura completa" do sistema que pode proteger todos os cidadãos alemães, disse ele, acrescentando que outros países, principalmente na Europa, estariam interessados no sistema.
Para o presidente do IAI, Boaz Levy, o Arrow 3 é um "sistema variável". "Ele pode ser modificado de acordo com as ameaças, e é por isso que a Alemanha está comprando o sistema que pode ser usado de acordo com suas próprias necessidades", detalhou Levy em comunicado.
Este acordo torna Israel um jogador "importante", não apenas regionalmente, mas também globalmente, disse à AFP Miri Eisin, ex-oficial da inteligência militar israelense, lembrando que é puramente "defensivo".
O Arrow 3, que foi projetado para lidar com as crescentes capacidades dos adversários regionais de Israel, como Irã e Síria, foi testado com sucesso no passado, segundo as autoridades israelenses.
(Com AFP)
por RFI
BERLIM - A economia da Alemanha não deve ter uma recuperação sustentada nos próximos meses com base em indicadores como novas encomendas e clima de negócios, disse o Ministério da Economia nesta segunda-feira.
"Na frente doméstica, a esperada recuperação cautelosa do consumo privado, serviços e investimento está mostrando os primeiros sinais de esperança, que devem se fortalecer ao longo do ano", disse o ministério em seu relatório mensal.
"Ao mesmo tempo, a demanda externa ainda fraca, as contínuas incertezas geopolíticas, as taxas ainda altas de aumento de preços e os efeitos cada vez mais perceptíveis do aperto monetário estão amortecendo uma recuperação econômica mais forte."
Por Miranda Murray / REUTERS
ALEMANHA - Ministério alemão da Economia alerta que não há sinais de melhora em curto prazo. Queda nos dados de junho foi pior do que o previsto. Quadro atual pode ser sinal de futuras más notícias para o PIB do país. A produção industrial alemã caiu pelo segundo mês consecutivo, segundo dados de junho publicados na segunda-feira (07/08) pelo Departamento Federal de Estatísticas (Destatis). O setor registrou queda de 1,5%, bem superior ao mês anterior, de 0,1%.
O Ministério alemão da Economia afirmou que, apesar de um aumento na demanda, a alta dos preços de energia e da taxa de juros puxaram a economia para baixo.
O tombo foi maior do que o esperado pelos analistas, segundo uma pesquisa da empresa de análise de dados financeiros Factset, que havia previsto queda de 0,5%.
A tradicionalmente forte indústria automobilística alemã teve uma queda significativa de 3,5%, após um aumento na produção de 5,8% no mês anterior. O setor da construção civil registrou baixa de 2,8%, o que também contribuiu para o desempenho ruim de junho.
"A perspectiva para a economia industrial permanece sombria apesar das demandas crescentes, uma vez que estas são afetadas pelas flutuações nos pedidos de grande porte", informou a pasta.
"Dada a contenção nos negócios e as expectativas de exportação por parte das empresas, não há atualmente sinais de uma recuperação perceptível."
"Letargia persistente"
O analista do banco digital ING Carsten Brzeski avalia que os dados mais recentes seriam "mais uma ilustração da estagnação contínua do país", acrescentado que esse quadro pode ser um sinal de futuras más notícias para o Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha.
"Com os números de hoje, aumenta o risco de que a estimativa provisória do crescimento estagnado do PIB no segundo trimestre ainda possa ser revista para baixo", afirma Brzeski.
"O clima ruim entre as empresas indica uma letargia persistente", avalia Alexander Krüge, economista chefe do banco privado Hauck Aufhäuser Lampe.
Enquanto cresciam os efeitos da crise iniciada pela invasão russa da Ucrânia, que geraram altas na inflação e na taxa de juros, a maior economia da Europa caiu de maneira inesperada em uma recessão no final de 2022 e início de 2023.
O banco alemão Bundesbank prevê que a economia do país deverá se contrair em 0,3% em 2023.
Um aspecto positivo dos dados mais recentes é a recuperação da produção da indústria farmacêutica, que evitou uma queda maior no resultado geral com um crescimento de 7,9%, após cair 13,3% em maio.
rc (AFP, Reuters)
BERLIM - A expansão da fábrica da Tesla no Estado alemão de Brandemburgo pode torná-la a maior fábrica de automóveis da Alemanha. O objetivo é produzir até um milhão de carros elétricos por ano.
A fabricante aguarda a conclusão definitiva de um estudo de impacto ambiental que terá a colaboração dos cidadãos locais por meio de um aplicativo. Uma audiência pública pode ocorrer em outubro para discutir as questões levantadas.
A construção da fábrica da Tesla foi desacelerada devido a conflitos com grupos ambientalistas quanto ao potencial impacto da usina nas florestas e na vida selvagem, bem como a quantidade de água que a instalação drenaria de fontes locais.
A Tesla começou a produzir seu Modelo Y — SUV totalmente elétrico — no início do ano passado. Em março, a produção havia atingido 5 mil veículos por dia.
Embora ainda ofuscada pelas grandes marcas de automóveis da Alemanha em vendas gerais, os modelos Y e 3 foram os veículos totalmente elétricos mais vendidos na Europa no primeiro trimestre, ultrapassando o ID.3 e ID.4 da Volkswagen, segundo o Jato Dynamics, um grupo de pesquisa do consumidor.
O mercado europeu de veículos elétricos desacelerou, mas as vendas seguem crescendo. Durante os primeiros cinco meses deste ano, as vendas de veículos totalmente elétricos aumentaram 42,3%, para 730.137 veículos na União Europeia, Associação Europeia de Comércio Livre e Reino Unido, segundo dados da European Automobile Associação de Fabricantes.
Neste período, a Tesla vendeu 138.294 carros, aumentando sua participação nas vendas de veículos novos na região para 2,6%, deixando-a à frente de fabricantes estabelecidos, como Nissan e Volvo.
Com o crescimento da Tesla, o sindicato IG Metall da Alemanha saudou a perspectiva de empregos adicionais na fábrica da Tesla em Grünheide. No entanto, observou que a empresa demitiu cerca de 200 funcionários e trabalhadores terceirizados. / Dow Jones Newswires
ALEMANHA - A Volkswagen está enfrentando cada vez mais problemas por conta da queda na demanda por seus carros elétricos. Primeiro na China, e agora também na Alemanha, sua terra natal, onde as vendas estão muito abaixo das metas estipuladas.
Segundo uma reportagem do site alemão Handelsblatt que cita como fonte um revendedor local da VW, os pedidos de pessoas físicas seguem em queda, o que está afetando todos os modelos da linha elétrica: ID.3, ID.4, ID.5 e ID.Buzz.
Na verdade, a própria Volkswagen já reconhece publicamente o problema de queda nas vendas de carros elétricos. Um porta-voz da marca confirmou a situação "assim como outros fabricantes de automóveis uma relutância geral em comprar carros elétricos".
A matéria aborda algumas questões que podem estar por trás da queda nas vendas da montadora alemã. Entre elas, a redução dos incentivos em alguns mercados europeus, inflação ainda alta na Zona do Euro e preços.
No entanto, o maior golpe contra a montadora alemã (e também outras marcas) é a Tesla e sua guerra de preços em diversos mercados, inclusive na própria Alemanha, onde a montadora de Elon Musk está consolidando uma giga-fábrica para a produção do Tesla Model Y. Nesse ponto, os executivos da VW disseram à publicação:
"A redução de preços da Tesla é um golpe fatal para a empresa".
E falando em números, a Volkswagen já produziu 97.000 unidades de veículos elétricos da linha ID. nas fábricas de Zwickau, Dresden e Hanover desde o começo do ano, mas emplacou apenas 73 mil. No mesmo período, a Tesla já emplacou mais de 100.000 unidades na região.
Prova disso é que há alguns dias foi relatado que uma seção da fábrica da Volkswagen em Emden, permanecerá fechada por seis semanas. Os trabalhadores da fábrica nas linhas de veículos elétricos terão uma pausa prolongada de um mês no verão europeu, e um turno será cancelado por duas semanas.
Manfred Wulff, chefe do conselho de trabalhadores da fábrica de Emden, disse à Agência de Imprensa Alemã e ao Nordwest Zeitung (jornal do noroeste) que também haverá uma redução no número de trabalhadores da fábrica. 300 dos 1.500 trabalhadores temporários não terão seus contratos renovados em agosto de 2023.
Com a proposta de se transformar em uma montadora de carros elétricos na próxima década, a Volkswagen mantém seus investimentos para aumentar a participação dos modelos de emissão zero nos principais mercados globais.
por Julio Cesar / InsideEVs Global
ALEMANHA - Chancelada na sexta-feira (07/07) pelo Bundesrat, a câmara alta do Parlamento alemão, a reforma da lei da imigração que promete simplificar o acesso ao mercado de trabalho alemão a pessoas de fora da União Europeia (UE) superou sua última etapa legislativa.
As mudanças serão introduzidas gradualmente até 2024.
Veja abaixo um resumo dos principais pontos aprovados.
"Cartão de oportunidade" para procurar emprego
Permite aos estrangeiros que vivam na Alemanha por até um ano enquanto procuram emprego. Pré-requisito: ter qualificação profissional com duração mínima de dois anos ou um diploma universitário.
Os cartões, baseados em um sistema de pontos, serão concedidos àqueles trabalhadores com bom potencial para o mercado de trabalho e consideram os seguintes critérios: qualificação e experiência profissional, conhecimentos de inglês e de alemão, idade e conexões com a Alemanha. No caso de casais, o potencial profissional do parceiro também é levado em conta.
Renda: para ter alguma renda enquanto procura trabalho, quem receber o cartão também poderá exercer uma ocupação ocasional de até 20 horas semanais.
Processo simplificado para quem não estudou na Alemanha
Mesmo quem ainda não tem a qualificação profissional reconhecida na Alemanha poderá migrar e começar a trabalhar desde o primeiro dia no país – exceto para profissões regulamentadas por lei, como advocacia –, desde que cumpra os seguintes requisitos:
Qualificação profissional com duração mínima de dois anos.
Experiência profissional mínima de dois anos.
Uma oferta concreta de emprego com remuneração mensal mínima de acordo com a categoria profissional.
Quem receber abaixo da renda mínima mensal estipulada precisará ter a qualificação profissional reconhecida na Alemanha. Para isso, empregado e empregador devem cumprir eventuais exigências adicionais de qualificação.
Mais flexibilidade para quem estudou na Alemanha
Quem estudou na Alemanha ou já teve sua qualificação profissional reconhecida vai poder trabalhar em uma área correlata, se assim quiser. Por exemplo: um pedreiro poderá trabalhar como pintor, alguém formado em administração de empresas poderá trabalhar com logística.
Mais flexibilidade para estudantes e alunos de cursos de alemão
Estudantes de nível técnico e superior terão mais flexibilidade para conciliar os estudos com algum trabalho.
Estudantes de escolas de alemão poderão exercer um trabalho ocasional.
Regras especiais para profissionais de TI
Profissionais da área de Tecnologia da Informação poderão trabalhar na Alemanha sem diploma acadêmico e sem conhecimentos de alemão, desde que comprovem sua qualificação por outros meios (experiência profissional).
Reunião familiar
Profissionais empregados que recebam um visto de permanência a partir do dia 1 de março de 2024 poderão trazer seus pais e até sogros para a Alemanha.
Integração de refugiados
Pessoas que pediram asilo à Alemanha antes do dia 29 de março de 2023 poderão permanecer no país independente da análise do requerimento caso tenham uma oferta de trabalho para a qual possuam qualificação profissional adequada.
por dw.com
ALEMANHA - Se no Brasil os profissionais de enfermagem às vezes chegam a esperar anos para conseguir um emprego, na Alemanha existem apenas 33 trabalhadores qualificados desempregados para cada 100 vagas no setor. Mas essa não é a única razão que leva enfermeiros brasileiros a buscarem uma nova vida no exterior: as condições de trabalho também desempenham um papel importante.
Thaiana Santos, do Rio de Janeiro, por exemplo, não demorou para perceber que não queria mais trabalhar no Brasil. "Por razões financeiras, eu trabalhava em dois ou três hospitais ao mesmo tempo", diz a jovem de 29 anos. Apesar disso, o salário, segundo ela, não dava nem para viajar nas férias. "Estava sobrecarregada, cansada e só trabalhava para pagar minhas contas", recorda. Após conversar com amigos que trabalham na Alemanha, ela decidiu emigrar.
Jaqueline Piccoli Korb também passou por uma situação semelhante. Ela trabalhou em Ijuí por quatro anos antes de decidir vir para a Alemanha. "Eu ainda era nova, não estava mais muito satisfeita com o meu trabalho e queria acumular experiência de vida", conta a enfermeira. Na Alemanha, ela tinha a esperança de que poderia economizar mais e ter uma qualidade de vida melhor.
Já Luiza Moraes não chegou a trabalhar no Brasil. Após os estudos, ela se preparou para ir direto para a Alemanha. "Eu sempre quis ir para o exterior", diz. Por intermédio de uma empresa de serviços terceirizados, ela conseguiu uma vaga no Hospital Universitário de Schleswig-Holstein, em Kiel, onde trabalha desde outubro de 2020.
Uma ponte entre enfermeiros e clínicas
Com o intuito de recrutar profissionais do exterior, alguns hospitais alemães recorrem a empresas, que cuidam de todo o processo de contratação, desde o recrutamento até a entrada na Alemanha. Isso inclui aulas de alemão ainda no Brasil e o pedido de visto. Como os prestadores de serviços são pagos pelos próprios hospitais, os cursos de idiomas, por exemplo, saem de graça para os profissionais. Santos está entre os que vieram para a Alemanha dessa forma. No seu caso, esse processo levou dois anos.
Mas os caminhos para a Alemanha são diversos. No Brasil, Korb conheceu Michael Stalp, diretor dos dois hospitais da Helios Klinik em Mittelweser, na Baixa Saxônia. Casualmente no país na ocasião, Stalp acabou fechando uma parceria com um hospital em Ijuí. O diretor conta que a oportunidade de atrair especialistas do sul do Brasil surgiu justamente através do contato e da cooperação pessoal.
Na avaliação do médico, o projeto tem sido um sucesso. Segundo Stalp, em duas visitas por ano a Ijuí, foram recrutados cerca de 20 a 25 profissionais, que trabalham diferentes unidades do hospital Helios em Nienburg, Cuxhaven e Leipzig. Em Nienburg, onde Korb está empregada, há mais uma brasileira e outros dez profissionais do país devem chegar nos próximos meses. Esses serão os primeiros vindos pelo projeto de longo prazo nesta unidade. Atualmente, eles estão no Brasil terminando um curso de alemão.
Emprego em tempo integral
Ao chegar à Alemanha, os profissionais precisam fazer um curso de revalidação, que também inclui aulas de alemão. Na Helios Klinik, esse curso possui também aulas de integração. Ao final do processo, há ainda uma prova oral e uma prova escrita, cuja conclusão bem-sucedida concede enfim o almejado registro de enfermagem.
Korb está contente por ter vindo para a Alemanha há cerca de dois anos. "No começo foi difícil. Eu não conseguia entender tudo. Mas agora melhorou muito e consigo conversar bem com os pacientes", conta a jovem de 30 anos, que também diz se sentir muito acolhida.
Santos também se adaptou bem na Alemanha e hoje possuiu um apartamento próprio em Berlim. Antes, ela vivia em um apartamento cedido pelo Hospital Evangélico Rainha Elisabeth Herzberge, onde trabalha. O seu alemão também melhorou muito: "Só tenho ainda um pouco de medo de falar ao telefone", diz, admitindo que ainda precisa se acostumar com algumas coisas.
Diferenças entre trabalhar na Alemanha e no Brasil
O trabalho e a formação de profissionais de enfermagem na Alemanha e no Brasil diferem entre si. Todas as três enfermeiras se formaram em enfermagem. A formação de Korb, por exemplo, durou cinco anos.
As atribuições também são diferentes: "No Brasil, por exemplo, os familiares cuidam muito, dão banho nos parentes", diz Moraes.
Santos também teve que primeiro se adaptar. No Brasil, sua função não envolvia preparar ou administrar medicamentos, tarefas que, junto com o banho, eram realizadas por outros funcionários. Ela descreve seu trabalho no Brasil mais como uma espécie de gerente de setor. "Temos mais autoridade e mais liberdade lá", diz. No começo, isso foi motivo de uma certa frustração, recorda, acrescentando que ainda tem medo de fazer algo errado. "O que é certo no Brasil pode ser errado aqui".
Apesar disso, ela não pretende voltar para o Brasil. "A qualidade de vida [aqui] é melhor, tenho férias, posso viajar e aproveitar meu tempo livre". Na Alemanha, ela também não tem medo de andar sozinha nas ruas, como era tinha no Brasil.
Moraes também não tem planos de voltar ao Brasil. A jovem de 27 anos está atualmente fazendo um curso para atuar no apoio de equipes internacionais de enfermagem. "Na Alemanha, eu queria ter uma perspectiva e segurança, então é uma situação perfeita." Ela admite sentir falta da família, mas como fez amigos no país europeu, seu dia a dia se tornou mais fácil.
Korb também não se arrepende de ter vindo para a Alemanha. "Eu faria tudo de novo", diz a jovem de 30 anos.
Enfermeiras querem mais compreensão
As três enfermeiras veem com bons olhos o plano do governo alemão de trazer mais profissionais de enfermagem do Brasil.
Para Santos, porém, é importante que os profissionais estrangeiros recebam algum tipo de apoio na busca por moradia. Ela também gostaria que houvesse uma compreensão maior sobre a capacidade das enfermeiras brasileiras e um conhecimento prévio dos colegas alemães sobre os procedimentos no Brasil. "Tive sorte, mas conheço muita gente que não foi bem recebida pelos colegas", conta, acrescentando ter ouvido casos de brasileiros que tiveram ataques de pânico.
Moraes tem opinião semelhante. Afinal, mesmo que a situação, no início, seja equiparável a de estagiários, "nós não somos estagiários". Ela ressalta que mal-entendidos ocorrem muitas vezes não pela falta de capacidade, mas devido às barreiras linguísticas iniciais.
Elisa de Oliveira Brinkhoff / DW.com
ALEMANHA - A coalizão de governo da Alemanha concluiu um acordo para reformar a atual lei de cidadania no país, de acordo com a mídia alemã. O projeto de lei costurado pela ministra alemã do Interior, Nancy Faeser, visa simplificar e agilizar significativamente o processo de obtenção do passaporte alemão.
Segundo reportagem do jornal Süddeutsche Zeitung, o prazo mínimo para que migrantes que vivem no país tenha direito a pedir cidadania deve ser reduzido dos atuais oito anos para cinco anos.
"Queremos que as pessoas que se tornaram parte de nossa sociedade também possam ajudar a moldar democraticamente nosso país", disse Faeser ao periódico. "Isto é também crucial para atrair os trabalhadores qualificados de que precisamos urgentemente", acrescentou.
Em casos comprovados de "desempenho excepcional" de integração ao país, como bons conhecimentos linguísticos, prestação de serviços voluntários para a sociedade ou performance destacada no trabalho, a naturalização será possível já após três anos de moradia na Alemanha.
Filhos de pais estrangeiros nascidos na Alemanha também deverão poder se tornar alemães mais rapidamente. A condição: que um dos pais viva há cinco anos legalmente no país. Atualmente, isso só é possível após oito anos.
De acordo com o periódico alemão, idosos com mais de 67 anos serão isentos do teste escrito de comprovação de domínio do idioma alemão durante o processo para obtenção do passaporte. Em vez disso, poderão ter o domínio da língua atestado por meio de prova oral.
Possibilidade de dupla cidadania
Uma das principais mudanças previstas é o fim da exigência da renúncia da cidadania anterior para se obter o passaporte alemão. De acordo com o Süddeutsche Zeitung, o texto do projeto de lei constata que esse princípio legal não corresponde mais à prática cotidiana, já que há anos a maioria das naturalizações ocorre atualmente sem que as pessoas precisem abrir mão de outras nacionalidades, devido a uma série de exceções à regra.
O líder da bancada parlamentar do Partido Social-Democrata (SPD), Dirk Wiese, disse ao jornal Rheinische Post que um acordo está próximo. "Detalhes importantes já foram praticamente esclarecidos", afirmou. Segundo ele, devem ser excluídas do direito de naturalização pessoas que comprovadamente cometeram crimes antissemitas, racistas, xenófobos ou desumanos. "Só pode obter a cidadania quem respeita o nosso sistema de valores", disse o deputado, especialista em política interna.
A reforma da lei de cidadania está prevista no contrato de coalizão firmado no final de 2021 pelos partidos que integram a atual aliança de governo, formada por social-democratas, verdes e liberais.
md/bl (DPA, EPD, AFP)
BERLIM - A economia alemã mostrou resiliência no ano passado graças a uma forte resposta com medidas econômicas e a um inverno ameno, mas o crescimento permanecerá fraco no curto prazo, disse o Fundo Monetário Internacional (FMI) na terça-feira.
As condições financeiras mais apertadas e o choque do preço da energia começaram a pesar no crescimento de curto prazo, alertou o FMI em seu relatório sobre a Alemanha.
A instituição prevê que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha fique próximo de zero em 2023, antes de se fortalecer gradualmente para entre 1% e 2% no período de 2024 a 2026.
Embora a inflação esteja caindo de forma constante, o núcleo se mostra firme, de acordo com o relatório. "A principal prioridade no curto prazo é, portanto, apoiar a desinflação com um aperto moderado da instância fiscal em 2023", afirmou.
No médio prazo, a Alemanha pode precisar criar mais espaço fiscal para investimentos no futuro, disse o FMI. O Fundo espera que o déficit do país diminua para cerca de 0,5% do PIB até 2027, à medida que as medidas de alívio de energia forem eliminadas.
O FMI alertou que a incerteza é alta e os riscos para as previsões estão inclinados para baixo.
Por Maria Martinez / REUTERS
ALEMANHA - O chanceler alemão, Olaf Scholz, e chefes dos 16 estados do país concordaram na quarta-feira (10) com novas medidas para conter o aumento da imigração.
"Controlar e limitar a imigração irregular é uma prioridade para a Alemanha", assinalou Scholz em entrevista coletiva.
O acordo inclui a modernização dos sistemas de informática para agilizar o processamento dos pedidos de asilo, que demoram, em média, 26 meses, o que poderá acelerar as expulsões dos que são recusados. Também foi ampliado o período máximo de detenção de migrantes, de 10 para 28 dias.
Nos primeiros quatro meses de 2023, 101.981 pedidos de asilo foram apresentados na Alemanha, um aumento de 78% em relação ao mesmo período de 2022.
Quase 218.000 pedidos foram apresentados no ano passado, o maior número desde 2015-16, quando o país recebeu um grande número de migrantes da Síria e do Afeganistão. Além disso, mais de 1 milhão de pessoas chegaram da Ucrânia após a invasão russa àquele país.
A Alemanha também buscará formar "novas alianças migratórias" com os países de origem dos recém-chegados, disse Scholz em entrevista coletiva, acrescentando que estes acordos irão facilitar a chegada de "pessoal qualificado" dos países relevantes, em troca do retorno dos migrantes irregulares.
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