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MONTREAL - O chanceler alemão, Olaf Scholz, reuniu-se na segunda-feira (22) com o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, para consolidar o acesso de seu país a novas fontes de energia. O país europeu tenta superar o mais rapidamente possível sua dependência do petróleo e gás russos.

Em coletiva de imprensa em Montreal no primeiro dos três dias da viagem oficial, Scholz afirmou que está acelerando a construção de portos, dutos e infraestrutura necessária ao gás natural liquefeito (GNL) com o objetivo de impulsionar as importações, e se aproxima de outros países, como o Canadá, para aumentar o seu abastecimento.

A Alemanha necessitará mais de GNL durante sua transição energética, afirmou, acrescentando: "É indispensável, porque queremos nos livrar da dependência do fornecimento de gás russo".

Scholz também considera futuras exportações canadenses de hidrogênio. Nesta terça-feira, ele e Trudeau, juntamente com uma importante delegação empresarial, visitarão um local reservado na província de Terranova para a produção de hidrogênio.

Trudeau promoveu o Canadá como "um provedor confiável de energia limpa que um mundo com zero emissões líquidas requer", mas minimizou a possibilidade de envios diretos de GNL do Canadá para a Alemanha, citando a grande distância das regiões produtoras de gás no leste do Canadá dos portos do Atlântico de onde partiriam.

"Estamos analisando se faz sentido exportar GNL e se é viável exportá-lo diretamente para a Europa", disse Trudeau. No entanto, ele pode anunciar um grande acordo sobre o hidrogênio. "Estamos avançando em uma variedade de invertimentos em torno do hidrogênio e esperamos falar mais sobre isso amanhã", disse Trudeau.

Scholz explicou que Alemanha aposta no hidrogênio para chegar a uma economia de zero emissões líquidas e acredita que "o Canadá desempenhará um papel tremendamente importante no desenvolvimento de hidrogênio verde no futuro".

Também está previsto que ambos os líderes falem sobre oportunidades comerciais nos estratégicos setores automotivo e mineral, além do apoio à Ucrânia, incluindo sua eventual reconstrução após a guerra.

 

 

AFP

BERLIM - A Alemanha acionou o "estágio de alarme" de seu plano de emergência de gás nesta quinta-feira em resposta à queda na oferta russa, mas não permitiu que as concessionárias repassem os custos crescentes de energia para clientes na maior economia da Europa.

A medida é a mais recente escalada de um impasse entre a Europa e Moscou desde a invasão russa da Ucrânia, que expôs a dependência do bloco ao fornecimento de gás russo e desencadeou uma busca frenética por fontes alternativas de energia.

O passo é amplamente simbólico, sinalizando para empresas e famílias que cortes dolorosos estão a caminho. Mas isso marca uma grande mudança para a Alemanha, que cultivou fortes laços energéticos com Moscou desde a Guerra Fria.

Fluxos menores de gás provocaram alertas nesta semana de que a Alemanha poderia entrar em recessão se o fornecimento russo parasse completamente. Uma grande pesquisa na quinta-feira mostrou que a economia está perdendo força no segundo trimestre.

"Não podemos nos enganar: o corte no fornecimento de gás é um ataque econômico contra nós do (presidente russo Vladimir) Putin", disse o ministro da Economia, Robert Habeck, em comunicado.

Espera-se que o racionamento de gás seja evitado, mas não pode ser descartado, afirmou Habeck, alertando:

"A partir de agora, o gás é uma commodity escassa na Alemanha... Estamos, portanto, agora obrigados a reduzir o consumo de gás, agora já no verão."

A Rússia negou que os cortes de fornecimento tenham sido deliberados, com a fornecedora estatal Gazprom culpando um atraso na devolução de equipamentos reparados causado por sanções ocidentais. O Kremlin disse nesta quinta-feira que a Rússia "cumpriu rigorosamente todas as suas obrigações" com a Europa.

 

 

Por Holger Hansen e Vera Eckert / REUTERS

KIEV - Os líderes da França, Alemanha, Itália e Romênia disseram na quinta-feira (16) que estão prontos para conceder à Ucrânia o status de candidato "imediato" para adesão à União Europeia (UE), e para apoiá-la militarmente "enquanto for necessário", durante uma primeira visita conjunta a Kiev.

"Todos nós apoiamos o status de candidato imediato a membro [do bloco europeu]", disse o presidente francês, Emmanuel Macron, após conversas com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, o chanceler alemão, Olaf Scholz, o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, e o presidente romeno, Klaus Iohannis.

"Este status envolverá também a consideração da situação dos Bálcãs Ocidentais e da vizinhança, em particular a Moldávia", acrescentou o líder francês, que detém a presidência rotativa da UE até 30 de junho.

Olaf Scholz também disse que esperava uma "decisão positiva" da União Europeia sobre a concessão do status de candidato à Ucrânia e à vizinha Moldávia. Será necessário "fazer tudo o que for necessário" para "encontrar uma unanimidade" dentro da UE para lançar estes procedimentos, acrescentou.

"Hoje, a mensagem mais importante de nossa visita é que a Itália quer a Ucrânia na União Europeia", disse Mario Draghi. "Estamos em um ponto de inflexão em nossa história. O povo ucraniano está defendendo todos os dias os valores da democracia e da liberdade que são a base do projeto europeu, do nosso projeto. Não podemos arrastar nossos pés e atrasar este processo" de adesão, o que levará tempo, continuou ele.

O bloco deve decidir por unanimidade sobre esta questão na cúpula da UE nos dias 23 e 24 de junho. Entre os 27, os países do Leste Europeu apoiam o pedido, mas outros, como a Dinamarca e a Holanda, expressaram reservas.

O presidente Zelensky enfatizou que a União Europeia estava "à beira de decisões históricas". "Os ucranianos já ganharam o direito (...) ao status de candidato" e estão "prontos para trabalhar" para que a Ucrânia se torne um "membro pleno da UE", enfatizou.

 

Apoio "inequívoco"

Os líderes franceses e alemães, que chegaram a Kiev pela manhã, também se comprometeram a continuar seu apoio militar aos ucranianos. "Estamos ajudando a Ucrânia na entrega de armas, continuaremos a fazê-lo enquanto a Ucrânia precisar", disse Scholz, que foi criticado por atrasar a entrega a Kiev.

Emmanuel Macron anunciou que a França entregaria "seis [canhões] César adicionais" à Ucrânia, armas autopropulsionadas conhecidas por sua precisão, das quais 12 já haviam sido entregues. Ele disse ainda que a França "está ao lado da Ucrânia desde o primeiro dia" e que os franceses estavam "ao lado dos ucranianos sem qualquer ambiguidade", durante uma breve visita com seus homólogos europeus a Irpin, um subúrbio de Kiev devastado pela guerra.

O presidente francês tem sido fortemente criticado na Ucrânia nos últimos dias por dizer que a Rússia não deveria ser "humilhada" e por manter um diálogo regular com Vladimir Putin. "A decisão cabe ao presidente Macron, mas não tenho certeza se o presidente russo está pronto para ouvir alguma coisa", disse Zelensky ao ser questionado sobre o assunto por um repórter. "Não se trata apenas de Emmanuel, acho que nenhum líder no mundo de hoje pode forçar individualmente a Rússia a parar a guerra".

 

"Faça a Europa, não a guerra"

Durante sua visita a Irpin, os líderes da UE passearam pelas ruas, parando em frente aos edifícios destruídos pelos combates ou por um carro queimado, e fazendo perguntas a seu guia, o ministro ucraniano da Descentralização, Oleksiy Chernyshov.

Macron parou diante de um desenho em um muro com a mensagem "Faça a Europa, não uma guerra". "Esta é a mensagem certa", comentou ele. "É muito comovente ver isto". "Nós reconstruiremos tudo", prometeu Mario Draghi.

Antes de deixar Irpin, o presidente francês elogiou o "heroísmo" dos ucranianos, e falou das "marcas da barbárie", "os primeiros vestígios do que são crimes de guerra". O chanceler Scholz denunciou "a brutalidade da guerra da Rússia, que visa simplesmente a destruição e a conquista".

Centenas de civis foram mortos nas cidades de Irpin, Bucha e Borodianka durante a ocupação russa da área em março. Estão em andamento investigações internacionais para determinar quem foi responsável por estes crimes de guerra, que os ucranianos acusam as forças russas de cometer.

Enquanto se aguarda a decisão da UE, o chanceler alemão confirmou que Zelensky "aceitou (seu) convite" para participar da próxima cúpula do G7 na Baviera, de 26 a 28 de junho, e depois da cúpula da OTAN, a ser realizada em Madri.

 

 

(Com informações da AFP)

RFI

ALEMANHA - A Alemanha derrotou a Itália por 5 a 2 na terça-feira (14) com uma exibição brilhante de futebol ofensivo em sua primeira vitória no Grupo Três da Liga das Nações, quebrando uma sequência de quatro jogos sem triunfos e ampliando sua invencibilidade sob o comando do técnico Hansi Flick.

Na melhor atuação da Alemanha sob o comando de Flick, Timo Werner marcou duas vezes após gols de Joshua Kimmich, Ilkay Gundogan e Thomas Müller.

O jovem Wilfried Gnonto diminuiu aos 33 minutos do segundo tempo e Alessandro Bastoni marcou de cabeça para os visitantes nos acréscimos.

Esta foi a primeira vitória da Alemanha na Liga das Nações em quatro partidas, e a primeira contra um dos principais países europeus sob Flick, invicto em 13 jogos desde que assumiu o comando no ano passado. Os alemães empataram com a Itália há 10 dias.

A Alemanha, que busca chegar ao auge na Copa do Mundo no Catar após uma eliminação na primeira fase em 2018, está agora com seis pontos.

A equipe de Flick teve dificuldades no empate de 1 a 1 contra a Hungria na semana passada, depois de também empatar pelo mesmo placar com Inglaterra e Itália no início deste mês.

Outra goleada aconteceu na Inglaterra, onde o time da casa perdeu por 4 a 0 para a Hungria, que lidera o grupo na Liga das Nações e ampliou a série sem vitórias dos anfitriões em uma competição que eles esperavam que fosse uma preparação para a Copa do Mundo.

O capitão da Inglaterra, Harry Kane, que foi responsável por alguns dos poucos momentos de qualidade da equipe e acertou a trave com um cabeceio, reconheceu que a queda de seu time no segundo tempo, quando sofreu três gols, foi “inaceitável”, mas pediu aos torcedores que perdoassem.

“É nossa primeira grande derrota em muito tempo. Não é hora de entrar em pânico, é hora de manter a cabeça erguida”, declarou.

 

 

Por Karolos Grohmann e Andrew Cawthorne / REUTERS

ALEMANHA - Na primeira entrevista desde que deixou o cargo de chanceler da Alemanha, Angela Merkel diz ter feito todos os possíveis para evitar o conflito na Ucrânia. Mas já sabia que o Presidente russo "queria destruir a Europa".

A ex-chanceler alemã, Angela Merkel, admitiu esta terça-feira (07.06) que já se questionou se poderia ter sido feito mais para evitar a invasão russa da Ucrânia que começou a 24 de fevereiro.

Ainda assim, quando faz uma retrospetiva dos 16 anos de governação, Angela Merkel fala com "tranquilidade" por saber que fez o possível para evitar a situação atual e sublinhou que tem total confiança na gestão do seu sucessor, Olaf Scholz.

"Penso que esta situação já é uma grande tragédia. Poderia ter sido evitada, e é por isso que continuo a fazer-me estas perguntas, mas não consigo imaginar não ter confiança no atual governo federal", afirmou.

Na sua primeira aparição pública desde que deixou o cargo a 8 de dezembro, Merkel aceitou responder às perguntas do jornalista Alexander Osang, da revista alemã Der Spiegel, em Berlim, perante uma plateia de cerca de 700 espectadores.

A ex-governante admitiu ainda que em 2014, após a anexação da península da Crimeia, o Presidente russo, Vladimir Putin, poderia ter sido tratado com mais severidade. Mas enfatiza que não se pode dizer que nada foi feito na época, referindo-se à exclusão da Rússia do G8.

"Nunca fui ingénua"

Em 2008, Angela Merkel opôs-se à expansão da NATO para o leste e a integração da Ucrânia à aliança, mas justifica: "Nessa altura, a Ucrânia já era um país dominado por oligarcas. E não podíamos simplesmente dizer: Vamos aceitá-la na NATO amanhã."

Em resposta a algumas acusações de que foi alvo, a democrata-cristã ressaltou que "nunca foi ingénua" em relação ao "ódio" de Putin ao modelo ocidental de democracia, tendo alertado diversas vezes líderes internacionais de que o objetivo do líder russo era destruir a Europa.

"Não foi possível criar uma arquitetura de segurança que o pudesse ter impedido. O que é claro, e quero dizer isto mais uma vez para que não haja mal-entendidos, é que não há qualquer justificação para esta invasão da Ucrânia. Um ataque brutal, que viola o direito internacional, para o qual não há desculpa", sublinhou.

"Sabemos que ele quer dividir a União Europeia, porque a vê como uma precursora da NATO", afirmou ainda Merkel. Um dos motivos que o Presidente russo usou para tentar justificar a invasão ao país vizinho foi precisamente a expansão da aliança militar ocidental no Leste Europeu.

Uma nova fase

Na conversa que durou cerca de uma hora e meia, e maioritariamente dominada pelo tema da guerra na Ucrânia, Merkel falou igualmente sobre a nova fase da vida, afastada da política, após 16 anos no poder.

Explicou que evita falar publicamente como ex-chefe de governo, já que o seu papel não é o de dar conselhos nos bastidores. Prefere, por isso, manter-se à distância. Disse aonda que não se candidatar novamente em 2021 foi a decisão certa.

"Estive na política 30 anos e sempre tive compromissos, compromissos e compromissos e realmente fui muito, muito feliz. Mas acredito que posso lidar muito bem com esta nova fase da minha vida e também ser muito feliz."

 

 

por:content_author: Sabine Kinkartz, cm, Lusa

DW.com

ALEMANHA - A Inglaterra evitou a segunda derrota consecutiva pela Liga das Nações, com Harry Kane marcando seu 50º gol pela seleção, de pênalti, para garantir um empate de 1 a 1 com a Alemanha fora de casa nesta terça-feira (7).

A Alemanha mereceu abrir vantagem com gol de Jonas Hofmann aos cinco minutos do segundo tempo, mas não conseguiu matar a partida contra a Inglaterra, e Kane empatou, aos 43, após ser derrubado dentro da área.

Após perder para a Hungria pela primeira vez em 60 anos no último sábado (4), na estreia do Grupo 3 da primeira divisão do torneio, a Inglaterra optou por uma escalação mais experiente na Allianz Arena, mas foi pior do que a Alemanha durante a maior parte do jogo.

 

 

Por Martyn Herman e Peter Hall / REUTERS

Por outro lado, Mercedes-Benz Classe C quase dobrou suas vendas

 

ALEMANHA - O maior mercado de veículos novos da Europa registrou retração nas vendas pelo 2º mês seguido. De acordo com a KBA, entidade que representa os revendedores no país, em abril foram comercializadas 180.264 unidades – o pior resultado desde outubro -, uma queda de 21,5% frente ao mesmo período de 2021. No 1º quadrimestre (806.218), o resultado é 9% inferior na comparação com o ano passado.

Na disputa entre as montadoras, a líder VW (29.873) perdeu quase 1/3 de seus compradores do ano passado. A briga pela 2ª posição, definida por menos de 60 unidades, foi vencida pela BMW (16.527) sobre a Mercedes (16.471). Kia (6.882), Toyota (6.448) e Mitsubishi (3.592) foram as únicas do top 20 a encerrarem o mês no azul.

 

 

 

Thiago Moreno / MOTOR1.com

BERLIM - A projeção do governo alemão de um crescimento de 2,2% este ano não pressupõe um embargo ou bloqueio à energia russa e a economia entrará em recessão se qualquer um deles acontecer, disse nesta quarta-feira o ministro da Economia, Robert Habeck.

O apoio da Alemanha à Ucrânia e as sanções contra a Rússia resultaram no crescimento menor e inflação maior que o governo está agora prevendo, disse Habeck, acrescentando: "Devemos estar preparados para pagar este preço".

 

 

Por Paul Carrel / REUTERS

UCRÂNIA - Ao comentar o massacre de civis em Bucha, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, culpou as tropas russas, mas também fez sérias acusações à ex-chanceler federal alemã Angela Merkel. Ele a convidou para visitar Bucha e ver "a que conduziu a política de concessões à Rússia em 14 anos", disse Zelenski.

Há 14 anos, em uma cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Bucareste, Merkel e o então presidente francês Nicolas Sarkozy, em particular, agiram para que a Ucrânia não recebesse um convite para ingressar na aliança militar ocidental. Eles tentavam evitar provocar a Rússia. Hoje, Zelenski chama isso de "erro de cálculo", que, segundo ele, fez com que a Ucrânia esteja passando agora "pela pior conflito da Europa desde a Segunda Guerra Mundial".

 

Nord Stream 2 aprovado após anexação da Crimeia

O governo Merkel também se recusou a entregar armas à Ucrânia após a anexação russa da Crimeia em 2014. E ainda aprovou o gasoduto Nord Stream 2 pouco tempo depois, contornando a Ucrânia como país de trânsito de gás. "De que outra forma Moscou deveria entender isso, a não ser como uma aceitação tácita de uma mudança violenta de fronteiras?" questiona Henning Hoff, do Conselho Alemão de Relações Exteriores.

O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, também se dirigiu diretamente a Merkel: "Senhora chanceler, você tem estado em silêncio desde o início da guerra. No entanto, é precisamente a política da Alemanha nos últimos 10, 15 anos, que levou à força da Rússia hoje, com base no monopólio da venda de matérias-primas". E, sob o chanceler federal Olaf Scholz, a Alemanha está bloqueando sanções mais decisivas da UE, acusou Morawiecki.

Merkel e Scholz não são os únicos que estão sob fogo no momento. Andrij Melnyk, embaixador da Ucrânia em Berlim, acusou o presidente alemão e ex-ministro do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, no jornal Tagesspiegel de ainda encarar cegamente a relação com a Rússia como "algo fundamental, mesmo sagrado, não importa o que aconteça, nem mesmo a guerra de agressão desempenha um papel importante". Provavelmente nunca antes na história da República Federal da Alemanha um embaixador estrangeiro foi tão duro com um chefe de Estado alemão.

 

Política externa de Berlim foi "grande autoengano"

As críticas não atingem apenas os indivíduos, mas toda a política externa, de segurança e comercial alemã dos últimos 30 anos. "Houve demasiado diálogo e muito pouca dureza em relação ao Kremlin", afirmou o embaixador Melnyk.

O cientista político Stephan Bierling, da Universidade de Regensburg, confirmou esta avaliação à DW: "Todos os governos alemães desde que Putin assumiu o poder têm sinalizado que relações descomplicadas com Moscou são mais importantes do que o destino da Ucrânia. Isto encorajou o Kremlin a lançar seu ataque".

Bierling já havia classificado a política externa alemã dos últimos anos como um "grande autoengano" na revista política Cicero em 24 de março. Sob a constante proteção militar dos EUA, a Alemanha teria "cedido às ilusões pacifistas" e se concentrado apenas em seus próprios negócios.

 

Ingenuidade em relação a Pequim

Bierling também vê este padrão na política da China: "Agradar para receber vantagens econômicas, aplicar ideias ingênuas de influência liberalizante de um império a partir do exterior, sacrificar ideais democráticos como os direitos humanos e a liberdade de expressão para não irritar os que estão no poder".

É verdade que vários governos europeus, assim como Washington, criticaram durante anos a política da Alemanha em relação à Rússia − e também à China. Mas isso não foi ouvido em Berlim − até que o exército russo invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro.

 

Steinmeier admite erros

Quando a guerra começou, o chanceler federal Olaf Scholz falou de um "ponto de virada". Será que ele também quis dizer "mudança fundamental na política externa alemã?"

Na última terça-feira, o presidente Steinmeier reconheceu publicamente que errou em relação à Rússia, especialmente sobre a questão do Nord Stream 2, que custou muita credibilidade à Alemanha.

"Nós falhamos em construir uma casa europeia comum", disse Steinmeier. "Eu não acreditava que Vladimir Putin abraçaria a completa ruína econômica, política e moral de seu país por causa de sua loucura imperial", acrescentou. "Nisto, eu, como outros, estava enganado."

Entretanto, quando Putin tomou posse, não havia como saber como ele se comportaria com o tempo, completou Steinmeier.

Henning Hoff discorda: Desde a segunda guerra da Tchechênia, iniciada em 1999, quando Putin era ainda primeiro-ministro, já era possível reconhecer o caráter "criminoso, hipernacionalista" do líder russo, argumenta.

Alexander Dobrindt, chefe do grupo parlamentar do partido conservador CSU, na oposição ao governo Scholz atualmente, é um dos poucos políticos alemães que ainda defende a política tradicional de incentivar mudanças através do comércio. Ele afirma que o objetivo dela era garantir a paz e criar prosperidade comum. No entanto, Putin destruiu isso. "Mas, na época, essas decisões não estavam fundamentalmente erradas", disse Dobrindt.

 

Merkel: Ucrânia não deve entrar na Otan

Com exceção de uma declaração divulgada imediatamente após a invasão russa na Ucrânia, Angela Merkel tem evitado se manifestar. O que se sabe é que ela não lamenta sua decisão, em 2008, de bloquear a adesão da Ucrânia à Otan. Ela "mantém suas decisões em relação à cúpula de Bucareste em 2008", anunciou uma porta-voz da Merkel.

E esta posição ainda é o consenso dentro da própria Otan: a maioria dos membros da aliança militar está feliz por não ser obrigada a prestar assistência militar à Ucrânia porque não quer ser arrastada para uma guerra direta com a Rússia.

O sucessor de Merkel, Olaf Scholz, também vê as coisas dessa maneira. Entretanto, ele tem incentivado mudanças na área de defesa. Hoje, o governo alemão, chefiado por um social-democrata e um vice-chanceler federal verde, anunciou que querrearmar maciçamente a Bundeswehr (as Forças Armadas da Alemanha) e também está fornecendo armas para a Ucrânia, "numa ruptura com longas tradições", como definiu Scholz na quarta-feira.

ALEMANHA - Enquanto setor industrial pinta cenários apocalípticos em caso de embargo total, especialista crítica: "Quem minimizava a dependência energética da Rússia agora diz que não podemos nos desligar tão rápido assim."

Com sanções abrangentes, o Ocidente tenta cortar as fontes de finanças do presidente russo, Vladimir Putin. Mas seria possível fazer ainda mais para dar fim à guerra ofensiva contra a Ucrânia? Os Estados Unidos, Reino Unido e Canadá já deram um passo adiante, ao proibir em parte as importações de energia da Rússia.

O mesmo não acontece na Europa: segundo estimativas, apenas a Alemanha transferiria todos os dias ao país agressor centenas de milhões de euros pelo fornecimento de energia. A justificativa de Berlim é que uma suspensão radical prejudicaria extremamente a economia alemã.

No momento, especialistas debatem acirradamente qual seria a extensão real desses danos, e se a Alemanha não poderia, sim, passar sem a energia importada da Rússia.

 

Suspensão de importações possível e manejável

Já no começo de março, um grupo de estudiosos da Academia Nacional de Ciências Leopoldina anunciava que a consequência de uma suspensão em curto prazo do fornecimento de gás natural russo seria "manejável" para a economia alemã.

Em entrevista recente ao jornal Tagesspiegel, depois de ter calculado os eventuais efeitos, juntamente com outros colegas seus, o economista Rüdiger Bachmann, da Universidade de Notre Dame, em Indiana, EUA, afirmou que um embargo dessa fonte de gás seria perfeitamente possível.

Suas conclusões se basearam num "modelo detalhado de 40 países, incluindo as relações comerciais mundiais e considerando a estrutura de input e output no nível setorial". Segundo ele, o corte das importações de gás russo faria o PIB cair de 1% a 3%. Em comparação, em 2020, a pandemia de covid-19 ocasionou uma perda de quase 5%.

"Claro que isso é enorme, mas não é nada que não se possa contrabalançar com medidas de política econômica, mesmo que o prejuízo fosse duas vezes maior", reforça Bachmann. Além disso, ressalva que o valor agregado bruto dos setores que foram fechados na crise sanitária não é menor do que o dos setores afetados agora, sobretudo o químico.

 

Advertências do setor industrial

O sindicado IGBCE, dos setores de mineração, química e energia, se apressa em alertar que a medida pode resultar numa considerável perda de postos de trabalho, pelo menos se não haver compensação. Caso os sítios de produção química da Alemanha tivessem que reduzir atividades, seus produtos faltariam em diversos setores econômicos, como a indústria farmacêutica e a de construção, o que "poderia até mesmo se fazer sentir em nível mundial".

Da indústria siderúrgica partem igualmente tons apreensivos. "Sem o gás natural da Rússia, no momento a produção de aço não seria possível", declarou a associação do setor, WV Stahl, na terceira semana de março. Segundo ela, como o aço é a matéria básica e ponto de partida de praticamente todas as cadeias de produção industriais, uma suspensão das importações poderia resultar, não só em paralisações da produção siderúrgica, como o colapso da indústria da Alemanha e da União Europeia.

A confederação patronal Gesamtmetall, da indústria metalúrgica e eletrotécnica também adverte: tal passo poderia "acarretar, no curto prazo, que não haja mais fonte de calor de processamento para a indústria e a manufatura": "Teríamos muito rapidamente paralisação da produção em muitas áreas", como na de alimentos e carne ou química, explica o diretor-gerente Oliver Zander.

 

Dados semelhantes, pontos de vista conflitantes

O economista Bachmann argumenta que uma interrupção da produção química é viável, pois os produtos do setor são substituíveis. Para Michael Hüther, do Instituto da Economia Alemã (IW), contudo, tal raciocínio é limitado demais, pois o fornecimento de produtos básicos químicos estaria intimamente integrado a outras cadeias de produção do país.

"Se paralisarmos o setor químico por um ano e meio, como ocorreria no caso de um embargo do gás, isso seria nada menos do que o fim da produção de materiais básicos na Alemanha", afirma Hüther.

Ele também critica a comparação, feita por Bachmann, com os fechamentos devido à pandemia: na época, teriam sido afetados, por um tempo mais longo, setores do consumo privado não interligados, como hotéis, restaurantes e eventos, "mas agora estamos falando de uma cadeia de processamento especializada, com interconexão muito maior".

Moritz Schularick, economista da Universidade de Bonn, também calculou numa análise que a interrupção das importações de gás seria suportável, com uma queda entre 0,5% e 3% do PIB. "Nós importamos cerca da metade do gás da Rússia, por gasodutos, o que não dá para compensar rapidamente", comentou em entrevista ao semanário Der Freitag.

O combustível se destina, em parcelas quase iguais, à calefação doméstica e à indústria, onde também é usado principalmente usado para gerar calor. Porém "cerca de 5% vão para a utilização como matéria-prima, onde é insubstituível, pois é empregado exatamente nessa forma". Porém contenções do uso do gás – na forma de temperaturas de calefação mais baixas, saneamento dos prédios e mais eficiência – podem, em parte, ajudar a abrir mão do produto russo.

 

Lacunas de abastecimento dinâmicas e cenários apocalípticos

Schularick critica Ministério alemão da Economia por, ao que tudo indica, estar pensando sobre as facunas de abastecimento de forma estática demais, comparando com o ano anterior e se perguntando como será possível fechá-las sem o gás russo.

"Mas essa lacuna é dinâmica: não precisamos daquilo que aprendermos a poupar até o inverno": com espírito inventivo e artes de engenharia, é possível reduzir a demanda de gás, prossegue o economista. Talvez se possa até mesmo diminuir o consumo, importando certos produtos que exigem muita energia.

Segundo a Confederação do Setor de Energia e Água (BDEW, na sigla em alemão), o potencial de poupar gás nas residências particulares é de 15%; na manufatura, comércio e prestação de serviços, de até 10%; enquanto a indústria pode contribuir com mas 8%. O maior potencial de economia estaria no abastecimento elétrico, onde o consumo pode ser baixado até 36%.

Em contrapartida, Achim Wambach, do Centro de Pesquisa Econômica Europeia (ZEW) alerta: "Um embargo energético desses seria único na história e teria efeitos consideráveis sobre a conjuntura. Ele teria efeitos político-econômicos, basta pensar nos 'coletes amarelos' da França."

Também o presidente do Instituto Leibniz de Pesquisa Econômica (RWI), Christoph M. Schmidt, avisa que no momento é "quase impossível fazer afirmativas confiáveis sobre a ordem de grandeza das consequências econômicas que estariam relacionadas".

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