BRASÍLIA/DF - Estão abertas as inscrições para o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) 2023. Os interessados poderão se inscrever pelo Sistema Encceja até o dia 2 de junho.
O prazo também vale para as solicitações de atendimento especializado e de tratamento por nome social.
O Encceja é destinado a jovens e adultos que não concluíram seus estudos na idade adequada para cada etapa de ensino, desde que tenham, no mínimo, 15 anos completos para o ensino fundamental e 18 anos completos no caso do ensino médio, na data de realização do exame.
A aplicação das provas para os ensinos fundamental e médio está prevista para 27 de agosto, em todos os estados e no Distrito Federal.
A participação é voluntária e gratuita, exceto para aqueles que se inscreveram na edição anterior e não compareceram, não justificaram a ausência ou tiveram a justificativa reprovada. Nesse caso, caso queira fazer o exame de 2023, o estudante deverá ressarcir ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) o valor de R$ 40. O pagamento deve ser feito por meio de boleto, que será gerado no sistema de inscrição e poderá ser pago em qualquer banco ou casa lotérica até 9 de junho.
Após realizar a inscrição, para acessar a página do participante, o inscrito deve utilizar o login único de acesso à plataforma Gov.br. Ele é necessário, por exemplo, para consultar o local de prova e outras informações do cartão de confirmação de inscrição, como os horários da aplicação.
O Encceja é constituído por quatro provas objetivas, por nível de ensino, cada uma contendo 30 questões de múltipla escolha e uma proposta de redação.
O Inep, ligado ao Ministério da Educação (MEC), é o responsável pela realização do exame, que é aplicado desde 2002, em colaboração com as secretarias estaduais e municipais de Educação. A emissão do certificado e da declaração de proficiência é responsabilidade das secretarias de Educação e dos institutos federais de Educação, Ciência e Tecnologia que firmam Termo de Adesão ao Encceja.
Neste ano, o exame contará com algumas novidades para quem precisa de atendimento especializado. A primeira delas é a possibilidade de optar por um cartão-resposta com fonte ampliada. A opção, voltada a pessoas com deficiência visual, pode ser feita no sistema de inscrição.
Pessoas com transtorno do espectro autista também terão uma correção diferenciada da prova de redação.
Outra novidade é que os laudos aprovados em 2022 para o mesmo tipo de atendimento especial solicitado em 2023 não precisam ser reenviados para nova análise. Por fim, participantes travestis, transexuais ou transgêneros com nome social cadastrado na Receita Federal não precisarão enviar documentação comprobatória.
Por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil
SÃO CARLOS/SP - Tecnologia com recursos que garantem a inclusão dos estudantes, os 70 óculos especiais possuem câmeras que escaneiam textos e transformam em áudio.
Escolas e bibliotecas municipais, além da Secretaria da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, receberam óculos especiais com inteligência artificial, chamados Orcam MyEye. A tecnologia criada em Israel é capaz de fazer o reconhecimento de textos e imagens e transformar em audiodescrição, permitindo transformar textos de livros ou de qualquer superfície, em voz alta, sem necessitar de conexão à internet.
Atualmente, a Rede Municipal de Ensino possui 16 mil alunos e a compra dos dispositivos foi anunciada pela Prefeitura de São Carlos, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SME). Segundo a pasta, a aquisição das 70 unidades custou R$ 1 milhão.
Ferramenta inclusiva no processo de ensino para as pessoas que possuem deficiência visual, o equipamento conta com uma câmera acoplada na haste que escaneia e faz a leitura de tudo que tiver escrito externamente, como placas e indicações. Também é possível identificar cédulas de dinheiro, produtos que estão previamente cadastrados, além da leitura de rostos, armazenando a identificação de até 150 pessoas.
A tecnologia revolucionária permite que qualquer pessoa que antes não tinha acesso à leitura possa ler o livro que quiser e usufruir do vasto acervo das bibliotecas municipais abrindo as portas de mundos diferentes.
Como funciona Orcam MyEye - O sensor óptico captura a imagem e através da inteligência artificial converte as informações instantaneamente em áudio por meio de um pequeno alto-falante localizado acima do ouvido. O dispositivo é do tamanho de um dedo e se conecta a todo tipo de armação de óculos. Basta apontar o dedo onde quer que se faça a leitura. A tecnologia tem sistema adaptado em três idiomas: português, inglês e espanhol.
O secretário municipal de Educação, Roselei Françoso, ressaltou que se trata de uma tecnologia assistiva. O município fez a aquisição de 70 óculos e estamos disponibilizamos o equipamento para as salas de recursos das escolas e também para o espaço braile, além das bibliotecas.
“O objetivo é incluir, ainda mais, os nossos alunos com baixa visão ou cegos no ensino municipal. Também repassamos 10 unidades para a Secretaria da Pessoa com Deficiência e Mobilidade para inserir e dar autonomia para todas as pessoas com deficiência visual da nossa cidade”, disse o secretário Roselei Françoso.
“Além dessa tecnologia também adquirimos kits 3D para auxiliar na formação dos estudantes da rede municipal de ensino. Todos os kits já entregues contam com notebooks, projetores 3D de alta tecnologia, óculos 3D com visão digital, sistema de som com qualidade de cinema, móveis compactos para manejo do equipamento e cadernos de atividade. Agora conseguimos oferecer mais esse dispositivo de inteligência e visão artificial que permite o acesso fácil, intuitivo e instantâneo à informação disponível em tempo real e funciona totalmente offline”, finaliza o secretário de Educação.
BRASÍLIA/DF - Quase 40% dos estudantes brasileiros do 4º ano do ensino fundamental (EF) não dominam habilidades básicas de leitura, ou seja, apresentam dificuldades em recuperar e reproduzir parte da informação declarada no texto.
Os dados são do Estudo Internacional de Progresso em Leitura (PIRLS) de 2021. Ele foi realizado em 65 países e regiões do mundo pela Associação Internacional para Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), responsável por avaliar habilidades de leitura dos estudantes matriculados no 4º ano de escolarização. Os técnicos entendem que nessa fase da trajetória escolar, o aluno, normalmente, já aprendeu a ler e essa leitura é um instrumento para novos aprendizados.
Enquanto, no Brasil, 38% dos estudantes não dominam a leitura, em outros 21 países esse percentual não passa de 5%. Dentre eles, Irlanda (2%), Finlândia (4%), Inglaterra (3%), Singapura (3%) e Espanha (5%).
O relatório mostra ainda que cerca de 24% dos alunos brasileiros dominam apenas as habilidades básicas de leitura. Somente 13% dos avaliados no país podem ser considerados proficientes em compreensão da leitura no 4º ano de escolarização, pois alcançaram nível alto ou avançado desta habilidade.
O estudo avaliou mais de 400 mil estudantes em mais de 13 mil escolas, em 57 países e oito regiões classificadas como “padrões de referência”, como localidades do Canadá, dos Emirados Árabes (Abu Dhabi e Dubai) e Moscou, na Rússia.
A pontuação média alcançada pelos estudantes brasileiros (419 pontos) está no nível mais baixo da escala pedagógica de proficiência, com quatro níveis. De acordo com relatório do PIRLS 2021, o desempenho dos estudantes brasileiros na leitura “é significativamente inferior a outros 58 países, de total de 65 países e regiões de referência participantes”.
O Brasil teve desempenho semelhante ao dos estudantes do Kosovo (421) e Irã (413), e superior somente aos desempenhos da Jordânia (381), Egito (378), Marrocos (372) e África e do Sul (288). No outro extremo, no nível Avançado, com os melhores resultados, estão: Singapura (587 pontos); Irlanda (577 pontos) e Hong Kong (573).
A edição de 2021 contou com participação do Brasil pela primeira vez. Ao todo, 187 escolas brasileiras participaram das avaliações, com 248 turmas de 4º ano do ensino fundamental e 4.941 estudantes, distribuídos em 143 municípios de 24 estados.
Em entrevista à Agência Brasil, o diretor do Instituto Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), Ernesto Martins, destacou a importância de o país integrar uma pesquisa educacional comparativa. “É um marco o Brasil participar do PIRLS, essa avaliação de leitura, porque é importante o Brasil se comparar com o mundo para a gente ver de fato se a aprendizagem, o ensino que a gente está fazendo aqui, está bem na perspectiva internacional”.
O PIRLS 2021 mostrou que o Brasil, além de se destacar negativamente pelo baixo desempenho na qualidade da leitura, também apresenta desigualdades no sistema educacional associadas às origens socioeconômicas dos estudantes, ao sexo e à cor.
No Brasil, o levantamento internacional de 2021 apontou que as meninas se sobressaem no desempenho em compreensão leitora com um resultado médio de 431 pontos, significativamente superior ao resultado médio dos meninos (408 pontos). Os estudantes autodeclarados brancos e amarelos apresentaram desempenho médio em compreensão leitora de 457 pontos, enquanto os estudantes pretos, pardos e indígenas têm uma estimativa pontual média de 399 pontos.
Em relação ao Brasil, o PIRLS declarou que a pandemia de covid-19 impactou na aplicação dos testes no país, uma vez que a maioria das escolas operavam em regime remoto ou híbrido com o presencial, o que reduziu a participação das unidades de ensino e dos alunos.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela logística da aplicação da avaliação internacional no Brasil, ressaltou o contexto dessa avaliação, ocorrida durante a pandemia.
Já o diretor do Iede, Ernesto Martins, discorda e argumenta que os resultados ruins são anteriores à pandemia. “É uma pena a gente não ter aderido ao PIRLS antes da pandemia. Seria bom a gente entender melhor qual foi o efeito da pandemia e o que é efeito de uma etapa que já não funcionava tão bem antes da pandemia. Acho difícil imaginar que o resultado ruim do Brasil se deve só à pandemia, porque o Brasil está muito atrás dos países desenvolvidos”.
O PIRLS recomendou intervenção do governo brasileiro por meio de políticas públicas ainda na etapa educacional avaliada pelo PIRLS, mas também pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) do 2º e 5º ano para evitar a repetição do baixo desempenho dos estudantes do primeiro ciclo do ensino fundamental ao longo de sua trajetória educacional.
O diretor do Iede elegeu prioridades ao governo brasileiro na gestão da educação para diminuir a distância para o desempenho de nações desenvolvidas. “Precisamos de um sistema de ensino que dê muito suporte aos estudantes, acompanhe de perto, entendendo o contexto das crianças. Além de criar o hábito de leitura desde cedo. Porque esse estudante pode não ter o hábito de ser leitor fora do ambiente escolar, até por questões de família”. Ele acrescentou ser necessário trabalhar em políticas estruturantes, como formação de professores, para garantir uma melhora.
Na semana passada, o Ministério da Educação anunciou a ampliação de vagas de tempo integral em escolas do ensino fundamental. O governo federal planeja também o lançamento de um novo Pacto pela Alfabetização na Idade Certa e realiza uma pesquisa nacional com professores alfabetizadores para compreender quais são os conhecimentos e as habilidades que uma criança alfabetizada deve ter.
O diretor do Iede, Ernesto Martins, comparou a avaliação internacional do PIRLS às avaliações nacionais gerenciadas pelo Inep: o Saeb e o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que, de acordo com ele, avaliam apenas alguns domínios da educação básica brasileira.
“Temos uma preocupação em relação ao Saeb ser pouco exigente. Se você comparar o Saeb com o PIRLS, por exemplo, não vê no Saeb textos tão longos como existem no PIRLS. Então, tem uma questão de complexidade diferente das avaliações”.
Para Martins, a solução passa por aumentar o nível de exigência das avaliações nacionais. “Acho que o Saeb e Ideb trouxeram uma grande contribuição para a gente fazer um monitoramento maior das aprendizagens. Ajudou as escolas a garantirem habilidades básicas que antes não estavam sendo garantidas, mas a gente precisa puxar a barra da avaliação [para cima]. Porque tem uma avaliação externa dizendo que o Brasil está muito mal nos anos iniciais. E, ao mesmo tempo, há uma avaliação nacional que diz que os alunos vão muito bem. Tem um problema com a nossa régua”, conclui.
Em resposta, o Inep destacou o rigor técnico das avaliações nacionais e internacionais sob responsabilidade do instituto vinculado ao Ministério da Educação (MEC). “[As avaliações] têm características próprias, mas todas são realizadas com o rigor técnico necessário para garantir a fidedignidade da medida. O que se deve observar é que, de fato, o Saeb e o PIRLS avaliam públicos diferentes com metodologias diferentes. Mas não se verifica contradição entre os resultados. As informações são complementares e ajudam a entender melhor o cenário educacional, a fim de planejar intervenções mais eficientes para sanar as lacunas de aprendizagem identificadas”.
O Inep detalhou que os resultados da última edição do Saeb, em 2021, mostram que, no 2º ano do ensino fundamental, 33,6% dos estudantes ainda leem apenas palavras isoladas. E, no 5º ano, 28,4% dos estudantes localizam informações explícitas em textos narrativos curtos, informativos e anúncios, e interpretam linguagem verbal e não verbal em tirinhas de ilustrações quadrinhos, mas, de fato, ainda não compreendem o sentido de palavras e expressões, por exemplo.
O PIRLS é realizado desde 2001 pela Associação Internacional para Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), que reúne instituições de pesquisa, órgãos governamentais e especialistas que se dedicam à realização de diferentes estudos e pesquisas educacionais comparativas.
A avaliação das habilidades de leitura pelo PIRLS está dividida em dois eixos. A experiência literária, com textos com função estética e lúdica. E a leitura de textos informativos que têm o objetivo de comunicar e esclarecer sobre um determinado tema. As provas aplicadas no fim de 2021 e início de 2022 foram nos formatos digital e em papel, conforme a localidade do mundo. No Brasil, o modelo adotado pelo Inep foi no papel.
Por Daniella Almeida - Repórter da Agência Brasil
SÃO CARLOS/SP - Pesquisadores do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF) - CEPID da FAPESP alocado no IFSC/USP -, em colaboração com colegas de outras instituições científicas, dentre elas cientistas do Tyndall National Institute, University College Cork (Irlanda), realizaram um estudo abrangente para tratamento do zumbido no ouvido, cujos resultados apontaram que a aplicação de laser dentro do pavilhão auditivo tem um efeito anti-inflamatório e de relaxamento. O conteúdo desse estudo e os resultados obtidos foram publicados em março último na revista “Journal of Personalized Medicine”, uma publicação cujo escopo é o desenvolvimento de tratamentos personalizados dentro da área da medicina.
O zumbido no ouvido é um sintoma cuja causa específica ainda não foi identificada, com tratamentos que nem sempre são eficientes, pois cada caso é um caso, o que se sugere o uso de protocolos personalizados. Insuficiência da irrigação periférica nos tecidos próximos ao labirinto (aparelho auditivo interno), lesões, insuficiência microcirculatória originada por oclusão devido a embolia ou hemorragia, diabetes mellitus, ou hipertensão arterial, são alguns dos casos onde pode ocorrer o zumbido no ouvido.
O estudo acima citado envolveu uma vasta equipe de profissionais multidisciplinares, liderados pelo pesquisador do IFSC/USP, Prof. Vanderlei Bagnato, que se concentraram em aplicar possíveis modalidades alternativas de tratamento com o intuito de identificar qual a metodologia mais eficaz. Neste sentido, os pesquisadores aplicaram diversos tipos de protocolos em um grupo constituído por mais de uma centena de pacientes voluntários, que ficaram divididos em dez sub-grupos e que se submeteram a oito sessões, com os seguintes resultados:
Um grupo de pacientes foi tratado apenas Flunarizina - medicamento indicado para zumbido no ouvido -, enquanto outro grupo foi tratado apenas com Ginkgo biloba - medicamento fitoterápico indicado para o mesmo fim. Já outros grupos foram tratados com aplicação de laser conjugado com ultrassom, enquanto a outro grupo foi aplicado laser conjugado com vacuoterapia. Dois outros grupos receberam aplicação de laser combinado com acupuntura (laserpuntura). O melhor resultado foi a aplicação de laser dentro do pavilhão auditivo, conforme descreve o pesquisador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e um dos autores do estudo, Dr. Vitor Hugo Panhoca. “Com a aplicação de laser nessa região do ouvido atingiu-se um efeito anti-inflamatório e de relaxamento. Com estes resultados, acreditamos que o laser tenha esse efeito, podendo também aumentar a irrigação periférica, obtendo dessa forma, resultados ainda maiores na luta contra o zumbido no ouvido.”
Este estudo e seus resultados foram igualmente publicados no “PubMed” plataforma do National Institute of Health (NIH), instituição mantida pelo governo norte-americano.
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