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Projeto convida voluntários para responderem questionários online

 

SÃO CARLOS/SP - A pesquisa de iniciação científica "Inteligência emocional e processos de resiliência em adultos", conduzida pelo estudante de Psicologia Fernando José Porto de Almeida, sob orientação de Monalisa Muniz Nascimento, docente do Departamento de Psicologia (DPsi) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), pretende avaliar a relação entre os níveis de resiliência e de inteligência emocional em uma amostra de adultos.
A inteligência emocional (IE) pode ser definida como a capacidade mental de processamento cognitivo para avaliar, compreender e expressar emoções bem como perceber e/ou gerar sentimentos e controlar emoções para promover o crescimento emocional e intelectual. Enquanto isso, a resiliência pode ser entendida como a capacidade de um sistema dinâmico em adaptar-se de forma bem sucedida a uma situação perturbadora que ameaça seu desenvolvimento e o desempenho de seu funcionamento global, tendo entre seus fatores protetivos características disposicionais do indivíduo, como bem estar subjetivo, competência emocional e inteligência, além da elaboração de vínculos que forneçam suporte emocional em momentos de dificuldade. 
Dessa forma, entende-se que a IE possa contribuir significativamente para a constituição de atributos individuais de resiliência mais efetivos, que auxiliem na adaptação a eventos estressores, visto que é um construto importante para o fortalecimento do poder protetivo das características disposicionais do indivíduo, bem como fundamental para a construção de laços afetivos profundos e saudáveis. 
A pesquisa parte da hipótese de que quanto maior a IE, maiores os níveis de resiliência em adultos. Para testar essa hipótese, adultos entre 18 e 60 anos são convidados a responder quatro questionários online, sendo eles um para caracterização da amostra; o Critério de Classificação Econômica do Brasil, para avaliação socioeconômica; o Inventário de Competências Emocionais (ICE-R), para avaliação da IE; e a Escala de Resiliência do Adulto (RSA), para avaliação da resiliência. Os dados serão correlacionados e analisados estatisticamente.
Os interessados devem preencher este formulário (https://forms.gle/Cxp36dcafNo7xvDn7) até o dia 30 de maio. O preenchimento leva em torno de 15 minutos. Mais informações no formulário de inscrição. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (CAAE: 75357023.4.0000.5504).

RIO NEGRO/AM - Um grupo de pesquisadores inicia nesta terça-feira (20) expedição para buscar no fundo do Rio Negro, no Amazonas, em igarapés e outros ambientes na região, espécies pertencentes à ordem dos Gymnotiformes, conhecidos como peixes-elétricos. Além de identificar novas espécies, os pesquisadores pretendem contribuir para a conscientização e preservação da biodiversidade local.

A expedição é parte do projeto Diversidade e Evolução de Gymnotiformes, que existe desde 2017 e é coordenado por Naercio Menezes, professor do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZ-USP). Ao longo desses anos, um dos resultados foi a descoberta e descrição de duas espécies de poraquê, em 2019.

“Em uma das coletas efetuadas, um dos nossos pesquisadores descobriu duas espécies novas, uma das quais produz através do órgão elétrico 650 volts, o suficiente para derrubar uma pessoa, vamos dizer assim. Essa descoberta provocou uma repercussão muito grande”, contou Menezes, ao relatar que o feito foi publicado pelo jornal New York Times.

Ele ressalta que o Museu de Zoologia tem uma representatividade muito grande dos peixes de água doce de todo o Brasil e de parte da América do Sul e que o trabalho tem um cunho voltado também para preservação. “A nossa intenção é mostrar a diversidade que existe e a ameaça que paira sobre o desaparecimento de espécies devido à construção de usinas hidrelétricas, queimadas, mineração, destruição da floresta”, disse.

Um dos exemplos que os pesquisadores vão procurar é a espécie Iracema caiana, coletada apenas uma vez em 1968 na região da expedição, além de outros que possam contribuir com estudos em andamento ou até a originar a descrição de novas espécies. Na embarcação, estarão cerca de 20 pessoas, incluindo tripulação e pesquisadores, que vão subir o rio partindo de Manaus até Santa Isabel do Rio Negro, durante a expedição, que deve durar até 2 de março.

Segundo Menezes, a possibilidade de coletar exemplares é muito grande porque a expedição reúne condições propícias como o uso de uma rede que vai arrastando no fundo do rio, uma equipe grande de pesquisadores, além do período específico em que vai acontecer.

“A expectativa é muito grande. Nós vamos tentar coletar numa época propícia porque houve uma seca muito grande na bacia amazônica no ano passado e isso fez com que as águas do Rio Negro e do Rio Branco, onde nós vamos coletar, ficassem empoçadas de tal forma que os peixes – a gente espera – ficaram concentrados em [algumas] áreas”, disse.

Os pesquisadores usarão também estudos moleculares, em que uma amostra de tecido passa por análise de DNA. Isso permite distinguir as espécies de forma mais precisa e auxilia no trabalho morfológico e anatômico.

Expedição para pesquisa busca espécies de peixes-elétricos na Amazônia. Foto: Acervo dos Pesquisadores

Peixes-elétricos usam eletricidade produzida para alimentação e para comunicação entre eles - Acervo dos Pesquisadores

 

Menezes explica que os peixes-elétricos usam a eletricidade que produzem para alimentação e para comunicação entre eles. O projeto Diversidade e Evolução de Gymnotiformes descobriu  também que uma das espécies, os poraquês, fazem predação social, que é a captura de presas em grupo.

“No passado, pensava-se que ele se alimentava isoladamente, [mas] eles têm a capacidade de cercar as piabinhas, os peixes pequenos, e vão emitindo choques contínuos. As espécies pulam fora da água e eles abocanham. Este é um comportamento que era desconhecido nos peixes”, destacou.

 

 

Por Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil

Proposta busca promover construção participativa em extensão rural e desenvolvimento sustentável

 

SÃO CARLOS/SP - Uma proposta, que será desenvolvida a partir de 2024 e que busca promover a construção participativa de ações e diretrizes inovadoras de políticas públicas de extensão rural e desenvolvimento sustentável, com foco na articulação de experiências e saberes agroecológicos, bem como na formação técnica de agricultores familiares assentados e comunidades quilombolas do estado de São Paulo. Esse é o projeto "Construção participativa de ações e diretrizes de políticas públicas de extensão rural em agroecologia e desenvolvimento sustentável", uma iniciativa do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), articulada através da cooperação entre o Núcleo de Pesquisa e Extensão Rural (NuPER) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
No dia 29 de janeiro, a UFSCar foi sede da primeira reunião geral de desenvolvimento do projeto. O encontro contou com a participação de toda a equipe, composta por docentes, pesquisadores, técnicos e articuladores locais. Também participou do encontro a Superintendente do Incra no estado de São Paulo, Sabrina Diniz. O indicativo é de que nas próximas semanas a Universidade formalize o Termo de Cooperação com o órgão, consolidando a parceria.
Durante a atividade, Diniz destacou que a iniciativa está inserida em um contexto de reconstrução da agenda de implementação e acompanhamento de políticas públicas para a reforma agrária no Brasil, desarticulada desde o fim do governo de Dilma Rousseff.
"A gente passou por um período de seis anos de retrocesso da reforma agrária, seja pela não criação de novos assentamentos, seja pela ausência do Incra dentro de áreas de assentamentos, trabalhando para o desenvolvimento desses territórios. Então, a gente constrói esse projeto agora para poder atuar numa reconstrução do desenvolvimento dos assentamentos, fundada basicamente em bases agroecológicas", afirma a Superintendente.
Joelson Gonçalves de Carvalho, docente do Departamento de Ciências Sociais (DCSo) e Coordenador do NuPER, destaca a importância deste tipo de articulação para "atuar, através da universidade pública, para transformar o horizonte da extensão rural, inserindo quilombos, comunidades tradicionais, acampamentos e assentamentos de reforma agrária no orçamento federal".

Comunidades quilombolas no Programa Nacional de Reforma Agrária
O projeto dialoga com uma das atuais demandas do Incra, que é a retomada da inserção de famílias quilombolas no Sistema de Informações de Projetos de Reforma Agrária (Sipra). Esse cadastramento é fundamental para realizar o processo de titulação e regularização fundiária, conferindo segurança jurídica ao direito dessas comunidades sobre seu território. Além disso, estar cadastrado nesse sistema é um dos requisitos para inscrição no Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF), um instrumento que serve para identificar quem é beneficiário do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA).
É através desse cadastro que agricultores e agricultoras quilombolas poderão acessar os programas de crédito e fomento oferecidos pelo Incra, além de serem habilitados a comercializar sua produção em programas de compras públicas, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
Rodrigo Marinho Rodrigues da Silva, liderança do quilombo Ivaporunduva, localizado na região do Vale do Ribeira, é um dos 22 técnicos e articuladores que compõem a equipe do projeto. Para ele, "essa nova iniciativa, de podermos aproximar essas políticas públicas que estão ligadas ao contexto da reforma agrária das comunidades quilombolas, é um passo que estamos dando rumo ao acesso aos direitos dessas comunidades".

Agroecologia e desenvolvimento sustentável
A questão ambiental está entre os princípios estruturantes do projeto, desenvolvido em cooperação com a UFSCar. A meta principal da proposta é articular regionalmente instituições e movimentos sociais de forma permanente, estimulando e fortalecendo práticas agroecológicas como política de Estado.
"Não há mais como discutir reforma agrária e desenvolvimento rural sem abordar a questão ambiental. O país inteiro, seja urbano, seja rural, tem sofrido com as mudanças climáticas, e a produção agropecuária desse país tem contribuído significativamente para essas mudanças climáticas", destaca a superintendente do Incra, Sabrina Diniz.
Nesse cenário, a agricultura familiar, além de ser a principal fonte de produção de alimentos do país, pode contrapor-se ao modelo de produção do agronegócio, promovendo o desenvolvimento de práticas ecologicamente sustentáveis e socialmente justas.
Para a equipe do projeto, quilombos e assentamentos de reforma agrária têm protagonizado experiências bem-sucedidas, orientadas ao desenvolvimento de uma agricultura ecologicamente sustentável, que busca promover o exercício soberano das políticas nacionais de abastecimento e, simultaneamente, combater a pobreza e a insegurança alimentar no meio rural brasileiro. Espera-se que a parceria com a Universidade permita levantar e sistematizar essas práticas, subsidiando o apoio técnico para a transição agroecológica dos territórios atendidos pelo projeto, que ainda não se enquadram nesse modelo produtivo.
Na prática, essas ações irão auxiliar, por exemplo, na estruturação e consolidação de associações e cooperativas que produzem alimentos em bases agroecológicas, bem como na sua inserção em programas de compras públicas, como o PAA e o PNAE.
Mais informações estão disponíveis na página do projeto [https://nuperufscar.com.br/projetos/18], no site do Núcleo de Pesquisa e Extensão Rural da UFSCar.

SÃO CARLOS/SP - A presença de bactérias na água usada para consumo humano em geral não é um problema, já que é mais comum que elas não causem malefícios à saúde humana. No entanto, essa situação pode se inverter dependendo do tipo e da quantidade dessas bactérias, que não são detectadas pelos métodos comumente usados no Brasil para monitoramento de qualidade da água no processo de tratamento, distribuição e armazenamento. Estudo realizado em município no interior do estado de São Paulo, usando a técnica de citometria de fluxo, mais sensível que aquelas usadas tradicionalmente para essa função, identificou a presença de bactérias em caixas d?água residenciais, em um conjunto de 36 amostras coletadas em pontos distintos da cidade. O resultado, publicado recentemente, aponta que a aplicação da técnica pode ser ferramenta muito útil no monitoramento do crescimento bacteriano após as estações de tratamento, permitindo averiguar possíveis contaminações.

A pesquisa foi desenvolvida por Leandro Manoel Afonso Mendes, estudante de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com orientação de Hugo Sarmento, docente no Departamento de Hidrobiologia. "A qualidade da água é o fator individual mais importante para garantir a saúde pública, e as estações de tratamento têm o compromisso de fornecer um suprimento seguro de água potável para a população, garantindo a ausência e limitando o crescimento de qualquer microrganismo que possa causar alguma doença", situa Sarmento. No entanto, o docente explica que é comum as bactérias aparecerem durante os processos de tratamento e distribuição da água. "A presença dessas bactérias, na maioria das vezes, não causa malefícios à saúde humana, mas é preciso um controle rigoroso para garantir a qualidade da água fornecida", avalia Sarmento, que coordena o Laboratório de Biodiversidade e Processos Microbianos (LMPB), onde as amostras foram analisadas.

Normalmente, a contagem dos microrganismos é feita por técnica que utiliza placas de cultivo como um parâmetro geral de qualidade microbiana da água potável. Sarmento indica que diversos estudos demonstraram a presença de microrganismos na água potável ou em biofilmes utilizando técnicas mais sensíveis como a citometria de fluxo, que ainda não é utilizada no Brasil com esta função. "Este método é utilizado para enumeração direta das concentrações totais de células na água, utilizando marcadores de ácidos nucléicos fluorescentes e detecção de características específicas de cada célula. Existem na literatura relatos de detecção de microrganismos, alguns patógenos, em água de distribuição, reforçando a importância de tais achados para a saúde coletiva", destaca o docente da UFSCar. Ele reforça, também, que esses estudos estão concentrados em países onde não existem caixas d?água residenciais no circuito de distribuição, um elemento que pode deteriorar a qualidade da água armazenada. "No hemisfério Norte, as pessoas não têm caixas d?água individuais. São grandes reservatórios por bairro, controlados por empresas", relata.

Resultados
Os pesquisadores apontam que foi constatada a presença de bactérias no interior dos reservatórios analisados e nas entradas das caixas d?água, em concentrações condizentes com os resultados de estudos realizados em outros países. "Observamos uma forte correlação entre as concentrações de bactérias na água entregue pela empresa pública de saneamento e na água das caixas d?água, com maiores concentrações de bactérias nestas últimas, em geral", registram. Outra análise buscou relacionar a presença das bactérias à higienização dos reservatórios, cujo intervalo variou entre períodos de três meses a 20 anos. Os resultados indicam que se a água já chegar aos reservatórios com as bactérias, a limpeza das caixas d?água não fará diferença. "No entanto, é primordial que seja feita a limpeza periódica dos reservatórios", ressalvam.

"Nossos resultados mostram que empresas de saneamento deveriam buscar meios de implementação da citometria de fluxo como ferramenta conjunta de monitoramento do processo de tratamento, distribuição e armazenamento de água potável, principalmente para detecção e quantificação esporádica de bactérias, tal como já se faz atualmente em outros países", conclui Hugo Sarmento.

O professor conta que a citometria de fluxo já é usada em países como a Suíça, por exemplo, de forma ágil, permitindo detecção precoce de bactérias e tomada de providências em caso de necessidade. A pesquisa teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O artigo sobre o estudo foi publicado recentemente e pode ser acessado neste link.

Um fato que não pode ser contestado: microrganismos resistentes mataram cerca de 33 mil pessoas no ano de 2019, segundo uma notícia publicada na edição 335, de 04 de janeiro do corrente ano, pela FAPESP.

 

SÃO CARLOS/SP - O crescimento e proliferação de bactérias resistentes a quase todos os tipos de antibióticos fez, finalmente, acender a luz vermelha nos principais orgãos mundiais de saúde, por apresentar uma séria ameaça à capacidade de debelar infecções. Segundo a citada notícia da FAPESP, da autoria de Ricardo Zorzetto, sem antibióticos eficientes fica quase impossível realizar cirurgias, transplantes e tratamentos quimioterápicos contra o câncer, em segurança. Problemas comuns, como um corte mais profundo ou uma infecção respiratória, podem, atualmente, se tornar uma ameaça à vida, retirando os avanços verificados nas últimas décadas, onde o uso de antibióticos para tratar infecções aumentou a longevidade humana em cerca de vinte anos.

Até há algum tempo atrás, expostas à concentração adequada de antibióticos e por tempo suficiente, as bactérias facilmente morriam, segundo a FAPESP. “Se a dosagem e duração do tratamento forem inferiores ao necessário para aniquilá-las, uma parte pode sobreviver e se multiplicar, acumulando alterações no material genético que permitem escapar à ação dos fármacos”. A mesma notícia enfatiza o fato de as bactérias estarem em todos os lugares - na água, no solo, no ar e nas superfícies, inclusive no corpo humano. Com o uso intensivo de antibióticos na saúde humana e na produção de alimentos, para proteger ou tratar os animais de criação de doenças e induzir ganho de peso, as bactérias são continuamente expostas a esses fármacos e esse contato favorece a seleção das variedades resistentes.

Nos Estados Unidos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) já informou que estão surgindo bactérias contra as quais não há mais medicamentos eficazes. Igualmente, segundo a FAPESP, um levantamento coordenado pelo epidemiologista Ramanan Laxminarayan, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, estimou que, a cada ano, no mundo, ocorram 136 milhões de casos de infecção hospitalar causados por esses microrganismos. Segundo os dados publicados em junho de 2023 na revista “PLOS Medicine”, a China é, de longe, a nação mais afetada, com 52 milhões de registros, sendo que o Brasil aparece em quinto lugar, com 4 milhões de casos. No mundo todo, esses microrganismos foram os responsáveis diretos por 1,27 milhão de mortes em 2019. Quando se incluem os casos em que o indivíduo tinha outra doença além da infecção, esse número sobe para 4,95 milhões, próximo ao total de óbitos registrados em três anos de pandemia de Covid-19 e bem superior à soma das mortes anuais por malária, Aids e tuberculose.

 

Próxima década será dramática

As bactérias têm um grande poder de modificar algumas das suas estruturas, o que permite que elas desenvolvam mecanismos que resistem à ação dos agentes externos (antibióticos), sendo que desde que eles foram descobertos também se descobriu a resistência a esses agentes, algo que já perdura há muito tempo. Contudo, esse problema de resistência atingiu atualmente um nível bastante grave, já que, se até há pouco tempo era possível modificar as famílias dos antibióticos introduzindo novas estruturas que agiam nas bactérias, neste momento essas estratégias se esgotaram. O fato é que a indústria farmacêutica e o desenvolvimento técnico-científico não estão sendo capazes de apresentar novas alternativas no sentido de modificar ou mesmo introduzir elementos novos nas bactérias, já que elas se tornaram resistentes às diversas famílias de antibióticos.

Como as empresas de antibióticos já declararam que não irão conseguir resolver este problema na próxima década, significa dizer que a humanidade está “sentada” em cima de uma verdadeira bomba-relógio. Com as bactérias aumentando a sua resistência ao longo do tempo, já é comum a utilização de mais do que um antibiótico para combater determinadas infecções, na tentativa de compensar a perda da eficácia. Hoje, existem bactérias que, em comparação com o passado, precisam milhares de vezes mais drogas para serem eliminadas.

 

Para entender o problema

Segundo o docente e pesquisador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Prof. Vanderlei Salvador Bagnato, que é simultaneamente o Coordenador do Grupo de Óptica do Instituto, e Coordenador do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF), alocado nessa mesma Instituição, as bactérias têm diversos mecanismos que ajudam à sua resistência perante os antibióticos e um dos mais importantes é a sua membrana, que se altera, impedindo a penetração das moléculas do antibiótico que deveriam, de alguma maneira, modificar, inibir, ou destruir mecanismos internos de multiplicação bacteriana. “O que o antibiótico faz é inibir, atenuando a multiplicação das bactérias. Se a bactéria não pode multiplicar, ela morre. O perigo de uma infecção está na multiplicação dos microrganismos, sendo que a missão dos antibióticos é inibir a ação multiplicadora das bactérias”, pontua o pesquisador.

Embora a modificação das bactérias faça parte de um dos seus principais mecanismos, existem outros que merecem igualmente uma particular atenção, como, por exemplo, as pequenas estruturas moleculares, que são chamadas bombas de efluxo, localizadas nas suas membranas. “Essas bombas de efluxo servem para as bactérias ejetarem substâncias que são prejudiciais ao seu próprio desenvolvimento e proliferação. As bactérias  aumentam suas bombas de efluxo, ou seja, aumentam a ação de jogar fora substâncias que não interessam e uma dessas substâncias é a molécula do antibiótico. Então, as bactérias ‘aprenderam’ essa forma de defesa”, pontua o docente. Por outro lado, as bactérias apresentam um outro mecanismo que auxilia em sua sobrevivência: as enzimas que elas têm a capacidade de produzir e que destroem especificamente as moléculas dos antibióticos. E foi desta forma que as bactérias se foram adaptando.

 

Foto-oxidação - IFSC/USP na liderança para tentar resolver o problema

Ao utilizar mecanismos de foto-oxidação na tentativa de destruir os mecanismos básicos que as bactérias têm para sua própria defesa, o Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) assumiu, dessa forma, a liderança nessas pesquisas e estudos baseados no fato de que perante uma oxidação nenhum ser vivo consegue desenvolver resistência. A técnica desenvolvida pelo Instituto foi recentemente divulgada em uma sequência de artigos científicos publicados em diversas revistas científicas de grande notoriedade, entre as quais se destacam a “PNAS”, a “Proceedings” - National Academy of Science - e a “Antibiotics”, dos Estados Unidos. “Foram pesquisas cujos resultados foram extraordinários, utilizando pequenos choques de foto-oxidação - os quais chamamos de Ação Fotodinâmica. Nesse processo, colocamos uma molécula que é absorvida pela bactéria, ativamos com luz e, graças à produção de radicais livres dentro da bactéria, o processo vai destruindo a resistência da membrana, ao mesmo tempo que destrói a bomba de efluxo e a capacidade de produção enzimática. Esta ação foto-oxidativa, bastante intensa, acaba por matar a bactéria, o que significa dizer que conseguimos ter um programa para controle de infecção só usando a foto-oxidação - a Ação Fotodinâmica -, abrindo caminho para que os antibióticos tradicionais voltem a ter efeito”, comemora o Prof. Bagnato.

 

Tratamento de infecções - Pneumonia é destaque

A sequência de todo o trabalho pioneiro acima mencionado desagua igualmente nas pesquisas que estão sendo desenvolvidas no IFSC/USP para o tratamento de infecções, principalmente de faringotoncilites (infecções causadas por agentes bacterianos que acometem as regiões da faringe, laringe e amígdalas) e da pneumonia. “O que estamos propondo é, primeiramente, dar um choque fotodinâmico, principalmente nas infecções comuns, como as faringgotoncilites, através de  iluminação extracorpórea, ou então aquelas que atingem as vias respiratórias ou o trato intestinal, por exemplo, ou seja, em locais onde conseguimos ir com fibra óptica para fazer esse choque fotodinâmico. E estamos já bastante evoluídos no tratamento da pneumonia resistente aos antibióticos, que é uma das principais causas de morte em pacientes intubados nas unidades de cuidado intensivo. Então, estamos conseguindo vencer todas as barreiras, inclusive com a ajuda da própria Santa Casa da Misericórdia de São Carlos, com o intuito de entender  qual é o problema principal dos componentes que estão aí nas vias respiratórias, e estamos levando esses estudos para uma colaboração internacional com os Estados Unidos - Universidade do Texas”, conclui o pesquisador.

Embora o número de óbitos causados por pneumonia seja elevado, o certo é que a atenção dos pesquisadores do IFSC/USP também está voltada para um outro fator que gera preocupação: os fungos, que não são combatidos com antibióticos, começaram a entrar na via respiratória (infecção fúngica dos pulmões), tendo em consideração que eles também estão resistindo aos fungicidas. E, por incrível que possa parecer, as pesquisas realizadas no IFSC/USP, utilizando a ação fotodinâmica, já provaram que  ela também consegue quebrar a resistência fúngica aos fungicidas ou mesmo matar, igualmente através de iluminação extracorpórea.

Os Professores Vanderlei Salvador Bagnato e Kate Blanco, junto com as alunas de pós-doutorado Dras. Jennifer Machado, Claudia Patino e outros oito alunos de pós-graduação compõe a equipe que atua no Laboratório do IFSC/USP dedicado unicamente a desenvolver as pesquisas e desenvolver métodos com a finalidade de quebrar as bactérias resistentes.

Mais de 100 jovens brasileiros já participaram do estudo, que recebeu prêmio internacional na área de Fisioterapia

 

SÃO CARLOS/SP - Uma pesquisa de doutorado, realizada no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia (PPGFt) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), foi premiada durante o Congresso Mundial de Fisioterapia, ocorrido em Dubai, neste ano. Concorrendo com pesquisas de todas as partes do mundo e em diferentes ramos da Fisioterapia, a pesquisa da UFSCar recebeu o prêmio "Apresentação de pôster de destaque da Fisioterapia Mundial: região da América do Sul". Em linhas gerais, o estudo busca compreender como está sendo o processo de transição para a vida adulta de adolescentes e jovens adultos com paralisia cerebral (PC) no Brasil. Mais de 100 participantes de todas as regiões brasileiras já foram avaliados durante a pesquisa, que ainda recebe voluntários para as últimas análises.
A pesquisa é conduzida pela doutoranda Camila Araújo Santos Santana, sob orientação de Ana Carolina de Campos, do Departamento de Fisioterapia (DFisio) da UFSCar, e tem parceria com pesquisadores da McMaster University, do Canadá, e da University Medical Center Utrecht, da Holanda. O estudo tem apoio financeiro da Coordenação de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Programa Capes PrInt-UFSCar e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). 
De acordo com Camila Araújo, a compreensão do processo de transição para a vida adulta de jovens com deficiência ainda é pouco explorada no Brasil, o que dificulta a organização dos serviços e políticas públicas para atender às reais demandas dessa população. "Este é um estudo que, em uma de suas etapas utilizou de metodologia participativa para o envolvimento do público, e incluiu os próprios jovens com PC como reais parceiros. Os dados deste estudo trarão informações inéditas sobre diversas áreas da vida dos jovens com paralisia cerebral, que poderão ser utilizadas por profissionais de outras áreas além de Fisioterapia", aponta a pesquisadora.  
O principal objetivo da pesquisa é entender as experiências dos jovens com PC durante a fase de transição para a vida adulta em diversas áreas da vida e identificar fatores influenciadores para a aquisição de autonomia em participação. Até agora, o estudo já levantou dados importantes: "a identificação de fatores de maior impacto pessoal e social para um processo de transição para a vida adulta com maior ou menor autonomia, como a influência da idade, do capacitismo e a acessibilidade", destaca ela.
A pesquisa será concluída em 2024 e ainda há vagas para a participação de adolescentes, entre 13 e 17 anos, que tenham diagnóstico de PC e consigam compreender e responder perguntas de simples à média complexidade. A participação consiste em resposta de questionários e pessoas interessadas podem entrar em contato pelo e-mail cassantana@estudante.ufscar.br ou pelo Instagram do projeto, também nomeado de "Futuro à vista na Paralisia Cerebral".

Premiação
Os resultados dos trabalhos premiados no Congresso Mundial de Fisioterapia foram divulgados recentemente e a pesquisadora celebrou o reconhecimento. "A importância do estudo já vinha sendo destacada pelos próprios participantes, e ter o reconhecimento também de profissionais em um evento internacional foi a confirmação que estamos realizando um trabalho de relevância", comemora Camila Araújo.
Mais informações sobre a pesquisa podem ser acessadas no Instagram (@futuroavista.transicao).

Estudo da UFSCar busca participantes para testes e exames como espirometria e bioimpedância

 

SÃO CARLOS/SP - Uma pesquisa de mestrado, do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia (PPGFt) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), tem por objetivo compreender, de um modo geral, como o comportamento do sistema cardiopulmonar influencia o desempenho dos asmáticos durante a prática do exercício. A pesquisa é feita no Laboratório de Fisioterapia Cardiopulmonar (Lacap) e está convidando voluntários para realizarem testes e exames gratuitos.
O estudo é conduzido pela mestranda Gabriele Da Dalto Pierazzo, sob orientação de Adriana Sanches Garcia de Araújo, docente do Departamento de Fisioterapia (DFisio), e coorientação de Cássia da Luz Goulart, pós-doutoranda do PPGFt.
A asma é uma doença que acomete os pulmões, acompanhada de uma inflamação crônica dos brônquios, espécies de tubos que levam o ar para dentro dos pulmões. A doença pode ser mais leve ou chegar a interferir nas atividades diárias do paciente. Dentre os principais sintomas estão dificuldade para respirar, dor no peito, tosse e respiração ofegante. Geralmente, a asma é controlada com inaladores de resgate, que tratam os sintomas, e inaladores de controle (esteroides), que os previnem. Os casos graves podem exigir inaladores de ação prolongada que mantêm as vias aéreas abertas, bem como esteroides orais.
De acordo com Gabriele Pierazzo, o foco da pesquisa é compreender o comportamento do oxigênio nos músculos, a dilatação da artéria que fica no braço e o controle cardíaco de pacientes asmáticos durante o exercício. Os participantes realizarão diferentes testes e exames para avaliar todas as questões. "A expectativa é que o estudo traga novos conhecimentos sobre como a asma afeta as pessoas. Esse resultado pode ser aplicado na prática clínica por meio de novas estratégias de intervenção em fisioterapia cardiopulmonar e em outros atendimentos de pessoas com asma", aponta a pesquisadora.
Para desenvolver a pesquisa, estão sendo convidadas pessoas, entre 18 e 60 anos, que tenham diagnóstico de asma e que não sejam fumantes. Os exames e testes serão feitos em duas visitas ao Lacap, conforme agendamento com os participantes. As pessoas interessadas em participar podem entrar em contato pelo telefone (14) 98171-1017 ou pelo e-mail gabrielepierazzo@estudante.ufscar.br. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (CAAE: 73352223.8.0000.5504).

SÃO PAULO/SP - Na reta final de seu primeiro ano de mandato, o presidente Lula (PT) manteve sua avaliação estável. O petista fecha 2023 com 38% de aprovação dos brasileiros, enquanto 30% consideram seu trabalho regular, e o mesmo número, ruim ou péssimo.

Os dados são da quarta rodada de pesquisa do Datafolha sobre a popularidade do presidente, que ouviu 2.004 eleitores em 135 cidades do Brasil na terça (5). A margem de erro média é dois pontos para mais ou para menos.

Os números se mostraram praticamente imutáveis ao longo das quatro aferições ao longo do mandato. A única variação expressiva ocorreu entre junho e setembro, quando a reprovação subiu de 27% para 31%, ainda assim nada que caracterizasse um tombo.

O perfil da aprovação presidencial é bem homogêneo, com as nuances seguindo as linhas básicas da campanha eleitoral: é mais bem avaliado entre nordestinos (48%, num grupo que representa 26% da amostra) e quem tem menos escolaridade (50% nesses 28% dos ouvidos).

Na mesma linha, sua reprovação sobe a 39% entre os 22% com curso superior e os 15% que moram no Sul. O maior índice é visto nos 4% mais ricos: 47% dessas pessoas que ganham mais de 10 salários mínimos mensais veem Lula como ruim ou péssimo.

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Apesar de algumas iniciativas de aproximação, o petista não teve sucesso em ganhar o coração evangélico, grupo de 28% do eleitorado muito influente politicamente, geralmente associado ao bolsonarismo. Nele, sua reprovação é de 38%, ante 28% registrados entre católicos (52% da população ouvida).

Um grupo que se destaca é o dos mais jovens, que forma 15% do eleitorado, no qual Lula atinge a maior taxa de avaliação regular (40%) --um sinal de que a política tradicional adotada pelo petista pode ter apaziguado os ânimos após os turbulentos anos de Jair Bolsonaro (PL, 2019-2022) e a apoplexia golpista do 8 de janeiro, mas talvez não tenha grande apelo no eleitorado futuro.

O entorno presidencial pode comemorar tal estabilidade em meio a um ano arrastado na política, com decisões longamente proteladas, como a escolha dos novos titulares do STF (Supremo Tribunal Federal) e da PGR (Procuradoria-Geral da República), e constantes atritos com o centrão de sua base parlamentar.

A gestão Lula também foi marcada até aqui pela falta de novas marcas, tendo reciclado com maior ou menor grau de repaginação diversos programas de seus mandatos anteriores, como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e o Bolsa Família.

Esse marasmo se reflete na avaliação crescente e majoritária de que Lula fez menos do que o esperado neste primeiro ano.

O Datafolha aferiu em março 51% dos eleitores dizendo isso; são 57% agora. Já aqueles que acham que ele superou expectativas oscilaram de 18% para 16%, assim como os que dizem que ele fez o esperado (25% para 24%).

No cenário internacional, aposta de destaque do presidente após o ostracismo proposital da gestão Bolsonaro, o desempenho de Lula acabou sendo marcado por contradições e vaivéns, como na questão da Guerra da Ucrânia, na relação com os Estados Unidos e Europa ou na agenda ambiental ambígua.

Assim, o bom resultado relativo pode ser debitado da economia, que deverá ter um crescimento acima do esperado, de 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto) e, mais importante, registra inflação estável e as menores taxas de desemprego desde 2014. Isso, em política, é popularidade na veia.

O país fechou os três primeiros trimestres do ano com 7,6% de desemprego, e com 100,2 milhões de pessoas com alguma atividade remunerada.

Lula voltou ao governo para um inédito terceiro mandato após ter liderado o Brasil de 2003 a 2010. Tal condição, como os números mostram, lhe tirou o frescor de novidade política e o levou a não repetir o desempenho de seu primeiro mandato: no fim de 2003, ele tinha 42% de ótimo/bom, 41% de regular e 15%, de ruim/péssimo.

Números semelhantes tinha Fernando Henrique Cardoso (PSDB) ao fechar 1995, enquanto Dilma Rousseff (PT) marcava 59% de aprovação, 33% de regular e 6%, de reprovação em 2011. Em relação a eleitos pela primeira vez à mesma altura do mandato, Lula supera bem Fernando Collor (PRN), que em 1991 tinha só 23% de ótimo/bom, 40% de regular e 34% de ruim/péssimo.

Já na comparação direta com Bolsonaro, que segue sendo seu maior opositor político até pela conveniência que a polarização traz ao petista, Lula se sai melhor. No fim de seu primeiro ano, quando não havia começado o período mais agudo da gestão, o então presidente tinha 30% de aprovação, 32% de avaliação regular e 36% de ruim/péssimo.

Os dados são fotografias, por óbvio. FHC e Dilma foram reeleitos, mas a sucessora de Lula acabou sofrendo impeachment em 2016, assim como Collor renunciou em 1992 para evitar o mesmo destino. E o criticado Bolsonaro quase venceu Lula no ano passado, perdendo o segundo turno por apenas 1,8 ponto percentual.

 

 

por IGOR GIELOW / FOLHA de S.PAULO

Resultados foram publicados em artigo derivado de pesquisa da UFSCar

 

SÃO CARLOS/SP - Os ecossistemas de água doce enfrentam sérios problemas devido a proliferações de algas nocivas, a exemplo da Prymnesium parvum ou "alga dourada". Um trabalho publicado no mês de setembro em uma revista científica demonstrou o alto potencial invasor dessa alga em reservatórios da América do Norte, Europa e Austrália, embora a presença de populações tóxicas da espécie já tenha sido reportada em ambientes aquáticos no Brasil. A publicação é derivada da pesquisa de doutorado do primeiro autor do artigo, Rafael Lacerda Macêdo, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais (PPGERN) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). 
O artigo, intitulado "Towards effective management of the marine-origin Prymnesium parvum (Haptophyta): A growing concern in freshwater reservoirs?" ("Em busca do manejo eficaz da alga de origem marinha Prymnesium parvum: Uma crescente preocupação em reservatórios de água doce?"), foi publicado na revista científica Harmful Algae e está disponível em https://bit.ly/3QzIlOR
No estudo, foram utilizadas "técnicas avançadas de Modelos de Distribuição de Espécies (SDM) para avaliar o risco de invasão de P. parvum em reservatórios de diferentes partes do mundo: na América do Norte, Europa e Austrália. O estudo alerta para o fato de que o potencial de invasão do P. parvum é muito maior do que se pensava, abrangendo áreas geográficas muito mais extensas. Isso é preocupante, pois essa espécie pode colonizar várias bacias e regiões em que ainda não se tem registro de sua ocorrência", alertam os autores.
"A Prymnesium parvum é comumente referida como alga dourada devido aos pigmentos de fucoxantina encontrados em seus cloroplastos [organelas que ocorrem nas células de plantas e algas]; trata-se de uma microalga unicelular que possui dois longos flagelos [filamentos finos e compridos] que permitem o movimento e auxiliam na absorção de nutrientes", descreve Macêdo. "Seu sucesso como invasora dá-se, entre outras coisas, à capacidade eurihalina (capacidade de tolerar grandes variações de salinidade) e euritérmica (capacidade de tolerar grandes variações de temperatura) do organismo", explica o pesquisador. "Ela é capaz de tolerar, por exemplo, salinidades que variam, na Escala Prática de Salinidade, de 3 PSU (ligeiramente acima da água doce) a 30 PSU (água do mar), e temperaturas entre 2 e 30°C, além, ainda, da sua capacidade mixotrófica (capacidade de alternar o mecanismo de obtenção de energia entre eutotrofia - quando efetuam a síntese de moléculas orgânicas através da fotossíntese - e heterotrofia - a partir da obtenção de fontes orgânicas externas). Ao alcançar áreas não nativas, ainda por meios não totalmente claros (possivelmente por água de lastro não tratada), essas características a tornam uma alga altamente competitiva, dominando a comunidade planctônica onde ela invade, com riscos à fauna e ao ambiente locais".
O trabalho é destinado, principalmente, a tomadores de decisão como órgãos ambientais de países afetados ou sob risco de nova invasão da alga, além da comunidade civil em geral que faz uso recreacional e utiliza para consumo a água proveniente de reservatórios, explica Macêdo. "O risco é maior principalmente durante períodos de estiagem quando algas nocivas aumentam seu potencial tóxico devido ao aumento da salinidade. A alga dourada já tem registro de ocorrência no Brasil e pode causar danos ambientais como mortandade de peixes, além de prejuízos econômicos e sociais se não houver monitoramento em estágios iniciais da invasão", ressalta o pesquisador. Ainda não há modelagem preditiva para avaliar riscos de invasão pela alga dourada no Brasil, porém outros fatores como mudanças climáticas e a instabilidade do nicho da espécie, como descrito por Macêdo, podem colocar os ecossistemas aquáticos brasileiros na rota de mais uma espécie invasora nociva.
O estudo de Rafael Macêdo, orientado pela professora Odete Rocha, do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva (DEBE) da UFSCar e uma das autoras do artigo, surgiu a partir do contato com o pesquisador Phillip Haubrock, pós-doutorando no Department of River Ecology and Conservation do Senckenberg Research Institute and Natural History Museum, de Frankfurt, na Alemanha, que também assina o artigo. Macêdo atualmente desenvolve seu projeto de pós-doutoramento acerca de espécies invasoras aquáticas na Freie Universität, Berlim, também na Alemanha. Para ele, "esse trabalho ressalta a importância de conexões e colaborações entre profissionais de diferentes áreas e países".
Estudo convida pais de crianças de 5 a 12 anos de idade para participação online

 

SÃO CARLOS/SP - Um estudo na área de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) está investigando as percepções paternas acerca das práticas educacionais positivas e negativas com seus filhos e filhas. Para isso, convida pais para preencherem um formulário online.
"As práticas educativas parentais são um conjunto de estratégias específicas utilizadas pelos pais em diferentes contextos e que tem como objetivo educar, socializar e regular determinados comportamentos que podem ser considerados inadequados", explica Thais F. Accica, graduanda em Psicologia na UFSCar e responsável pelo estudo. "Nesse sentido, existem práticas que são consideradas positivas e que colaboram para com o desenvolvimento da criança, e práticas negativas, que podem causar impactos desfavoráveis à mesma", complementa.
Segundo a pesquisadora, as mudanças sociais e rearranjos familiares impactam diretamente a forma com a qual as crianças são educadas e se desenvolvem, sendo assim, essencial pesquisar o tema para que a literatura esteja sempre atualizada. "A escolha de contemplar apenas a percepção paterna acerca do assunto vem da lacuna existente na literatura de pesquisas que são voltadas para o público de pais e/ou responsáveis que se consideram figuras paternas. Mesmo em pesquisas que são abertas para ambas as figuras parentais, percebe-se que a maior parte dos respondentes são figuras maternas", relata a pesquisadora.
Podem participar pais de crianças de 5 a 12 anos de idade. A participação é online, em uma única etapa, e consiste no preenchimento do formulário online disponível em https://bit.ly/3ul612e. O tempo estimado de resposta é de 15 a 25 minutos. Dúvidas podem ser esclarecidas com a pesquisadora Thais Accica pelo telefone (19) 97409-4069 (com WhatsApp) ou pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..br
A pesquisa, intitulada "Explorando o outro lado: percepção paterna de práticas parentais positivas e negativas", tem orientação da professora Débora de Hollanda Souza, do Departamento de Psicologia (DPsi), e consiste numa monografia de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (CAAE: 71323223.1.0000.5504).

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