fbpx

Acesse sua conta de usuário

Nome de usuário *
Senha *
Lembrar de mim
 

SÃO CARLOS/SP - A tradição, que diz que para se fazer uma boa cerveja é necessário um bom mestre-cervejeiro, parece ter caído por terra com o aparecimento da Inteligência Artificial (IA). No mínimo, é isso que parece ter acontecido através de um projeto desenvolvido pelo IFSC-USP (Unidade EMBRAPII), em parceria com duas empresas startups da cidade de São Carlos.

Um equipamento acaba de ser desenvolvido com capacidade para analisar tudo o que acontece dentro dos tanques que fabricam cerveja durante as diferentes etapas de produção. O processo é feito com sinais infravermelhos que passam pela cerveja e que alimentam um computador com uma IA que interpreta como esses sinais coincidem com a qualidade esperada. Ao ler constantemente esses sinais, o computador toma decisões em tempo real para alterar as condições ao longo da produção, gerando assim, no final, o resultado esperado, ou seja, a melhor cerveja possível.

Segundo o docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Vanderlei Bagnato, “A técnica mostra-se ótima para produção de cerveja, mas pode ser revolucionária na indústria de alimentos de modo geral, além também na produção de fármacos e na extração de essências naturais”.

O grupo de empresas e os pesquisadores envolvidos já depositaram as patentes relacionadas às técnicas e aos equipamentos mencionados e agora procuram por grandes usuários para essa tecnologia brasileira de ponta.

BRASÍLIA/DF - A paixão pela ciência uniu o destino das pesquisadoras Ester Sabino, 63 anos, e Jaqueline Goes, de 33 anos. De gerações distintas, elas participaram do primeiro sequenciamento genético do novo coronavírus no Brasil. O mapeamento genético do vírus realizado em apenas 48 horas – enquanto a média mundial é de cerca de 15 dias –, gerou uma repercussão inesperada na equipe de especialistas.

Em entrevistas exclusivas à Agência Brasil, Ester e Jaqueline falaram sobre as perspectivas e valorização de suas carreiras e da ciência no país, no Dia Internacional da Mulher. Ampliar a divulgação da ciência no país e garantir investimentos para a produção científica estão entre os principais pontos defendidos pelas duas pesquisadoras.

Ingra Morales, Érica Manuli, Ester Sabino, Flávia Sales, Jaqueline Goes participaram do sequenciamento do coronavírus no Brasil.

Equipe de pesquisadoras que mapeou o genoma do SARS-CoV-2. Da esquerda para a direita: Ingra Morales, Érica Manuli, Ester Sabino, Flávia Sales e Jaqueline Goes - Almir R. Ferreira/ SCAPI IMT

Jaqueline é biomédica e coordenadora da Rede Colaborativa de Sequenciamento Genético no Brasil (Rede SEQV Br). Ela defende regulamentar a profissão no país e lembra que as bolsas de pesquisa ficaram quase dez anos sem reajuste. Em fevereiro o governo anunciou aumento de 25% a 200% nos valores pagos.

"Trata-se o pesquisador como se ele fosse um estudante, mas esquece-se que ele já é um profissional graduado. Não faz sentido ganhar R$ 1.500 para desenvolver pesquisa, que é algo tão importante para o país. Essa desvalorização do cientista também impacta na produção, porque muitas vezes o cientista está ali, mas não está em condições ideais. Nem de moradia, nem de alimentação, nem de apoio psicológico e, obviamente, isso vai impactar na produtividade dele dentro da pesquisa" pontuou.

Além da regulamentação profissional, Jaqueline defende a modernização da legislação brasileira para assegurar, por exemplo, mais agilidade na importação de insumos para a pesquisa.

"O Brasil não produz [insumos] e toda a ciência brasileira é pautada pelas importações de produtos produzidos fora do país. Isso faz com que tudo encareça porque esses materiais são importados em dólar ou euro".

"Também é necessário considerar a cadeia logística [para importação], pois a gente cansa de receber reagentes que ficam na alfândega por 15 dias, 20 dias, muitas vezes em temperatura inadequada", acrescentou.

A imunologista e professora do Departamento de Moléstias Infecciosas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Ester Sabino também defende o aporte de mais verbas para atividades de pesquisa e diz que na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro houve uma “guerra contra ciência”.

“Hoje realmente a área de ciência precisa de muito apoio para poder continuar crescendo do jeito que estava antes desses últimos quatro anos, quando houve uma guerra contra a ciência. O valor das bolsas [de ensino e pesquisa] caíram, os estudantes vivem muito mal e isso tem um grande impacto”, ressaltou a professora.

Segundo Ester Sabino, gerações inteiras de pesquisadores se perdem, já que muitos talentos vão para o exterior em virtude da falta de investimento e perspectivas na área.

“A ciência é uma coisa de longo prazo. Sinto falta de pessoas mais novas que eu, que já estivessem fazendo os seus grupos, senão vamos ter de novo uma falta de pesquisadores. Essa leva [de pesquisadores] que foi formada pode cair de novo, como aconteceu na década de 60”, avalia.

Carreira

Com mais de 30 anos desenvolvendo pesquisa no país, Ester Sabino lembra das dificuldades do início da carreira, no final da década de 1970.

“Quando eu entrei para fazer medicina, tudo era muito mais difícil que agora. Tinha muito cientista indo embora do Brasil. Não me lembro de nenhum professor falando de iniciação científica. Se fazia muito pouca pesquisa na faculdade de medicina”.

Segundo ela, na década de 1950 a faculdade de medicina no Brasil era considerada uma das dez melhores do mundo, mas sem investimentos, cientistas brasileiros começaram a deixar o país a partir da década de 60.

“Quando entrei na faculdade, em 1978, já não tinha ninguém [fazendo pesquisa científica]”, lembra.

O trabalho com sequenciamento genômico começou nos anos 80, com o então recém-descoberto vírus HIV transmissor da Aids. De lá, a pesquisadora passou a atuar com doenças transmissíveis pelo sangue, seguindo para estudos sobre doenças tropicais, como a Doença de Chagas.

“Fui fazendo as coisas à medida que conseguia recursos para estudar. A ciência é muito dependente de recursos, nem sempre o que eu quero estudar é o que tem recurso disponível. Então, parte do que eu faço tem a ver com o tema para o qual consigo esses recursos”, explicou.

“Eu acho que precisamos encontrar um jeito para que a pesquisa fique menos dependente dos solavancos da economia. Essa é uma área considerada extremamente necessária e os fundos deveriam ser mantidos de forma estável”, defende.

Segundo a pesquisadora, a experiência acumulada com o sequenciamento de outros vírus permitiu que a análise do DNA do SARS-CoV-2, nome científico do novo coronavírus, fosse agilizada pela equipe.

“Estávamos muito preocupados com isso, em fazer testes que dessem respostas rápidas. Era nisso que estávamos trabalhando antes de a pandemia chegar. Então quando chegou o vírus, estávamos preparados com essa tecnologia”, conta.

Apesar dos constantes avanços e retrocessos na produção científica brasileira, a imunologista se mantém otimista com as perspectivas para a profissão no país.

"Nós ficamos viciados em fazer ciência, a gente quer saber. A atividade em si te dá essa alegria: conversar, trocar ideias, fazer novos estudos. Isso dá muito prazer. Só que, por outro lado, é preciso ser resistente, estudar muito", contou.

"Espero que a gente volte ao patamar do que estava sendo feito antes porque é sempre bom trabalhar no seu próprio país. As pessoas pensam que lá fora é mais fácil. Realmente tem uma infraestrutura melhor, mas nem sempre é fácil viver em outra cultura e aqui você faz sempre a diferença", assegurou.

Representatividade

A repercussão do trabalho com o sequenciamento genômico do SARS-CoV-2 chegou a assustar Jaqueline. No entanto, a opção da pesquisadora foi de encarar o momento como oportunidade de ampliar o conhecimento científico para a população.

"Quando eu comecei a ter reconhecimento eu fiquei muito preocupada. Primeiro em relação a como seria todo esse processo de exposição e segundo porque eu não tinha feito nada sozinha. Então tinha toda uma equipe por trás que trabalhou bastante, mas que acabou não tendo tanto destaque quanto eu tive. Então eu tinha muito medo de me posicionar, eu tinha muito medo de aparecer na mídia. Aos poucos eu fui entendendo que era necessário estar presente, para aproximar a ciência da população", assegurou.

Como resultado do trabalho, Jaqueline Góes foi uma das cientistas escolhidas pela fabricante de brinquedos Mattel para ser homenageada com a boneca Barbie. Ela foi a representante brasileira junto com outras cinco cientistas da Austrália, Canadá, Estados Unidos e Reino Unido.

"Quando eu recebi a notícia, minha primeira reação foi rejeitar [a homenagem]. Em um primeiro momento, eu não quis aliar meu nome a uma marca que havia me trazido muitas frustrações na infância. A Barbie é uma boneca de cor branca e eu não me enxergava em um modelo inacessível", disse.

Ela conta que, em seguida, faz uma outra releitura da proposta e começou a entender que aquilo poderia mudar paradigmas: "a presença de uma boneca negra, cientista, brasileira poderia mudar o imaginário das crianças no Brasil".

"É esse o papel da representatividade que hoje eu estou tentando realmente me apropriar para tentar mudar vidas, transformar a vida de meninas como eu", acrescentou.  

A biomédica explica que a atuação em busca de informações essenciais para a produção de medicamentos e vacinas a fez ocupar um espaço diferente do imaginava quando ingressou no curso de biomedicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.

"Comecei a entender a questão da representatividade, o quanto isso era importante para mostrar as pessoas. E, principalmente, pessoas negras: elas podiam sim alcançar esse espaço, de sucesso acadêmico", conta Jaqueline, ao concluir: "Hoje [ocupo espaço] de ser uma porta-voz da ciência, principalmente como representante feminina e negra para mostrar que a ciência está a disposição da sociedade de forma saudável, inclusiva, diversa", completou.

 

 

Por Heloisa Cristaldo – Repórter da Agência Brasil

BRASÍLIA/DF - Levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que o rendimento médio mensal das mulheres no mercado de trabalho brasileiro é 21% menor do que o dos homens – R$ 3.305 para elas e R$ 2.909 para eles. Os dados, divulgados na segunda-feira (6), têm como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no terceiro trimestre de 2022.

Mesmo nos setores de atividades em que as mulheres são maioria, em média, elas recebem menos. Nos serviços domésticos, as trabalhadoras ocupam cerca de 91% das vagas, e o salário é 20% mais baixo que o dos homens. Em educação, saúde e serviços sociais, mulheres representam 75% do total e têm rendimentos médios 32% abaixo dos recebidos pelos homens.

No setor de serviços domésticos, as mulheres com menos de um ano de estudo recebem R$ 819; com ensino fundamental incompleto, R$ 972; com ensino fundamental completo, R$ 1.092; com médio incompleto, R$ 926; com médio completo, R$ 1.087; com superior incompleto, R$ 1.120; e com superior completo, R$ 1.257.

No mesmo setor, os homens com menos de um ano de estudo, recebem R$ 1.061; com ensino fundamental incompleto, R$ 1226; com ensino fundamental completo, R$ 1.386; com médio incompleto, R$ 986; com médio completo, R$ 1.470; com superior incompleto, R$ 1.156; e com superior completo, R$ 1.771.

Nas áreas de educação, saúde, e serviços sociais, as mulheres com menos de um ano de estudo recebem R$ 1.565; com ensino fundamental incompleto, R$ 1.333; com fundamental completo, R$ 1.358; com médio incompleto, R$ 1.261; com médio completo, R$ 1.718; com superior incompleto, R$ 1.840; e com superior completo, R$ 4.063.

Com menos de um ano de estudo, os homens que trabalham nessas áreas recebem R$ 1.928; com ensino fundamental incompleto, R$ 1.750; com fundamental completo, R$ 1.551; com médio incompleto, R$ 1.554; com médio completo, R$ 2.076; com superior incompleto, R$ 2.302; e com superior completo, R$ 6.331.

“A desigualdade de gênero no mercado de trabalho reproduz e reafirma esse desequilíbrio já existente em todas as esferas da sociedade, sob a forma do machismo. A partir dos papéis atribuídos a homens e mulheres, negros e negras, desenham-se as desigualdades e as relações de poder, seja econômico, sexual ou político”, destaca a pesquisa do Dieese.

Famílias

O levantamento do Dieese mostra que a maioria dos domicílios no Brasil é chefiada por mulheres: dos 75 milhões de lares, 50,8% (38,1 milhões de famílias) tinham liderança feminina. Já as famílias com chefia masculina somaram 36,9 milhões (49,2%). As mulheres negras lideravam 21,5 milhões de lares (56,5%) e as não negras, 16,6 milhões (43,5%), no terceiro trimestre do ano passado.

Em termos de renda média do trabalho da família, os domicílios de casais com e sem filhos receberam os maiores valores (R$ 4.987 e R$ 4.898, respectivamente). Já as famílias formadas por mulher não negra com filhos têm renda de R$ 3.547; e por mulher negra com filhos, R$ 2.362. Já as famílias de homem não negro com filhos têm renda de R$ 4.860; e de homem negro com filhos, R$ 2.923.

“Os indicadores mostraram o que se vivencia na prática: um contingente de mulheres que ganha menos se insere de forma precária e leva mais tempo em busca de colocação no mercado de trabalho. Esse quadro faz com seja perpetuada a situação de vulnerabilidade não só da mulher chefe de família, mas de todos os familiares, com a transferência de milhares de crianças e jovens da escola para o mercado de trabalho, para que contribuam com a renda da família”, destaca a pesquisa do Dieese.

De acordo com a entidade, para mudar esse cenário será necessário reforçar políticas transversais de igualdade de gênero, garantir igualdade de oportunidades no mercado de trabalho, reduzir a desigualdade econômica e aumentar o número de mulheres em posição de liderança.

“É preciso que o país cresça e gere renda e emprego de qualidade, mas é necessário também enfrentar as desigualdades de gênero, raça e cor, e que as mulheres tenham mais voz na sociedade, via negociação coletiva e políticas públicas.”

 

 

Por Bruno Bocchini – Repórter da Agência Brasil

Estudo insere-se nos ODS da “Agenda 2030” da ONU

             

SÃO CARLOS/SP - Tendo como cenário apenas o Brasil - ou seja, não contando com o resto do mundo -, estima-se que cerca de 40% da produção de frutas e verduras sejam irremediavelmente perdidos no campo, enquanto que no processo de comercialização do produto restante, a partir do momento da compra de qualquer desses produtos, o consumidor se confronta com uma rápida deterioração dos alimentos. Estas são duas infelizes realidades que estão diretamente ligadas aos propósitos da “Agenda 2030” da ONU, em seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) - campo 12 - Consumo e produção responsáveis: assegurar padrões de produção e consumo sustentáveis. Ou seja, uma produção e consumo de alimentos que se processem de forma responsável, reduzindo o desperdício e as perdas.

E, foi isso que levou pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos (IQSC/USP) e do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) a se juntarem em uma pesquisa que tem como objetivo contrariar essa realidade, através do desenvolvimento de um filme polimérico que proteja e prolongue a vida de frutas e hortaliças, tendo sido escolhido como modelo o morango, atendendo a que essa fruta é altamente perecível.

A pesquisa inicial tem sido desenvolvida pelo docente e pesquisador do IQSC/USP, Prof. Stanislau Bogusz Junior e pela doutoranda Mirella Romanelli Vicente Bertolo, um trabalho que já dura há cerca de quatro anos. O pesquisador confirma que, se houver boas condições de produção, de colheita e armazenamento, o morango resfriado pode durar em média três ou quatro dias, no máximo, sendo que após esse período ele começa a criar fungos e isso leva a perdas em todos os níveis. Foi a partir desse exemplo que os pesquisadores se lançaram no trabalho de desenvolver algo que protegesse e prolongasse a vida útil dos alimentos. “Inserido na área de química dos alimentos, o que nós estamos fazendo é tentar entender qual a vida útil dessa fruta na prateleira, com o foco de interferir nesse processo para que ela possa durar muito mais tempo, diminuindo assim as perdas”, sublinha o pesquisador.

Extrato de casca de romã

Produzir novos materiais para essa finalidade é o foco principal, sendo que neste caso concreto os filmes poliméricos se apresentam como uma solução muito viável, já que são completamente diferentes daqueles que são fabricados com plástico e que são obtidos através dos derivados do petróleo e que geram uma série de contaminações a nível ambiental. “Utilizamos compostos naturais à base de quitosana e gelatina, um polissacarídeo e uma proteína -, e com esses materiais preparamos os citados filmes. Esses materiais formam uma película invisível sobre cada fruta, como se você a embalasse individualmente, sendo que essa espécie de “barreira” vai impedir que micro-organismos entrem em contato com a fruta, ou com a hortaliça, impedindo, também, que se desenvolvam aqueles que já existem nesses produtos. Para que esse processo tivesse sucesso, adicionamos extratos naturais que têm propriedades preservativas, conservantes e que promovem um prolongamento da vida útil do alimento, neste caso, do morango. Para termos condições de produção e de consumo responsáveis, utilizamos extratos de resíduos agroindustriais, sendo que neste caso concreto do morango utilizamos um extrato de casca de romã. A romã tem cerca de 40%-50% de seu peso constituído pela casca, sendo que quando essa fruta é consumida o destino dela é o lixo, para reciclagem”, esclarece o pesquisador.

Ao obter esse extrato natural da casca de romã, os pesquisadores incorporaram-no nos filmes - que neste caso são feitos à base de gelatina e quitosana. Como estes filmes se baseiam em produtos naturais e comestíveis, o consumidor ingere o morango junto com o filme.

Artigos científicos e a participação do IFSC/USP na pesquisa

No andamento deste projeto, os pesquisadores decidiram convidar o docente e pesquisador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Prof. Vanderlei Bagnato, e o pós-doutorando Lucas Dias, para integrarem as pesquisas através de estudos e testes na aplicação de luz laser sobre o filme, algo que aumentou as propriedades conservantes do material.

Ao todo, já foram publicados dois trabalhos científicos sobre este estudo, estando em fase de publicação um terceiro artigo. “Na verdade, os dois artigos já publicados e o terceiro em fase de publicação se complementam em todo este projeto. O primeiro artigo, onde o pós-doutorando do IFSC/USP, Lucas Dias, é o primeiro autor, é um estudo comparativo que utiliza a curcumina e o extrato de casca de romã, com aplicação de luz laser. Esse estudo levou em consideração que esses compostos e essa aplicação são eficazes e são elementos agregadores contra o crescimento bacteriano, podendo ser aplicados com muita eficácia nas áreas médica e alimentar”, sublinha Mirella Bertolo. O segundo artigo, que tem a pesquisadora como primeira autora, é um estudo de desenvolvimento e caracterização de filmes apenas para a área de alimentos, enquanto que o terceiro artigo, ainda em fase de conclusão, demonstra os efeitos da combinação dos filmes de quitosana, gelatina e extrato de casca de romã com a aplicação de luz nos morangos revestidos. “Na literatura científica existem inúmeros estudos que relatam os benefícios dos compostos fenólicos, principalmente no que se refere à casca de romã, mas são poucos os trabalhos que combinam a potencialidade desses extratos com a aplicação de luz para a segurança alimentar, o que é muito estimulante para este nosso estudo”, comemora Mirella.

Para o Prof. Vanderlei Salvador Bagnato, Coordenador do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF), alocado no IFSC/USP, a meta de se combaterem as perdas e os desperdícios alimentares é algo que constitui uma prioridade. “De fato, além das perdas que se verificam na produção, no campo, e que acontecem pelas mais variadas razões - colheita deficiente, transporte inadequado, etc., as frutas deterioram-se rapidamente, principalmente graças à ação de fungos e micro-organismos. Além disso, a maioria das frutas não consegue atingir um tempo de espera razoável nas prateleiras, já que, quando embaladas, ou seja, em micro-ambientes fechados, elas estão sujeitas ao aparecimento de micro-organismos, que as destroem”, elucida o pesquisador.

O CEPOF começou já há algum tempo uma linha de pesquisa que tem o objetivo de desenvolver um “spray” que é jogado sobre as frutas, sendo que a própria luz ambiente realiza uma foto-reação evitando a formação de colônias bacterianas. “O Instituto de Química de São Carlos (IQSC/USP) usou, nesta pesquisa, uma molécula diferente daquela que usamos em nossos trabalhos, já que ela só age com a ação da luz - ação fotodinâmica, destruindo os micro-organismos. O IQSC/USP utilizou compostos extraídos da casca da romã e aí nós participamos com a realização de diversos testes e ensaios nos nossos laboratórios, validando o processo. O que verificamos foi que a película protetora à base de quitosana, gelatina e extrato de casca de romã, além de ser eficaz no combate aos fungos e micro-organismos no morango, também é eficaz com a ação da luz, algo que é bastante positivo no contexto da pesquisa”, enfatiza Bagnato, acrescentando que “(...) colaborar com os colegas do IQSC/USP é algo extremamente importante e muito saudável. A interação destes dois Institutos, que têm, neste caso específico, um mesmo interesse e objetivo - o combate ao desperdício e à perda de alimentos -, é deveras muito importante, o que confirma o fato deles estarem entre as Unidades mais produtivas da Universidade de São Paulo.

Casca de romã e morangos - um sistema modelo

A romã foi escolhida e investigada como um sistema modelo, sendo que os estudos também poderiam ser realizados com extratos obtidos de outras frutas. “O que fizemos com a romã poderá ser executado com casca de laranja e, nesse caso, é óbvio que as propriedades seriam diferentes, e é claro também que em vez de termos utilizado o morango poderíamos ter utilizado outra fruta ou uma hortaliça. Contudo, o morango é, como foi já sublinhado, muito sensível, e por isso ele foi selecionado para esta nossa pesquisa”, pontua Stanislau Bogusz.

Outra curiosidade relativa a esta pesquisa foi o fato de os pesquisadores terem realizado testes sensoriais utilizando metodologias analíticas, tendo, dentro desse contexto, convidado dezoito pessoas treinadas para serem provadores dos morangos com o recobrimento do filme e sem recobrimento. “O resultado foi muito bom, atendendo a que nenhuma dessas dezoito pessoas conseguiu encontrar diferenças do ponto de vista sensorial, ou seja, no paladar. Isso é ótimo porque indica que com este procedimento o consumidor não irá rejeitar o produto que está coberto com o filme, pois ele terá cheiro e paladar iguais, sem que seja detectado visualmente. O que se espera é que este biofilme possa ser adotado em outras frutas, hortaliças, etc.”, finaliza o pesquisador.

Com uma patente já depositada (Número do registro: BR10202102640, título: "Composições poliméricas com propriedades antioxidantes e antimicrobianas para revestimento de frutas, método de preparação do revestimento e seu uso") e com cerca de 90% do trabalho de pesquisa concluído, existe a grande probabilidade deste biofilme poder entrar brevemente no mercado e ser comercializado a um preço muito baixo, bastando, para isso, haver interesse dos investidores.

Esta pesquisa teve o apoio da FAPESP, através dos seguintes processos: (2019/18748-8) Composição química de morangos recobertos com biofilmes a base de extratos de casca de romã, quitosana e gelatina / (2022/04977-8) Associação de resíduos agroindustriais na formulação de revestimentos ativos de quitosana e gelatina: valorização de extratos de romã e casca de amêndoa como fontes de compostos fenólicos.

Objetivo é identificar quais são as principais medidas capazes de contribuir com a percepção de segurança

 

SÃO CARLOS/SP - A pesquisa "A percepção de segurança pessoal de pedestres no espaço urbano", desenvolvida por Lara Reis Rodrigues, estudante de mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana (PPGEU) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), está recebendo contribuições de toda população.
Com orientação da professora Rochele Amorim Ribeiro, do Departamento de Engenharia Civil (DECiv) da UFSCar, a pesquisa tem como objetivo identificar quais são as principais medidas a serem aplicadas no espaço urbano capazes de contribuir com a percepção de segurança pessoal ao caminhar, no que se refere à criminalidade e à vitimização sexual.
Os interessados podem contribuir por meio de preenchimento do questionário online (https://forms.gle/xifALy3DogyFrP5G8). Podem participar pessoas com mais de 18 anos e que residam em território brasileiro. O tempo de preenchimento é de aproximadamente 10 minutos e não é necessário ter conhecimento técnico ou experiência sobre o assunto, caminhada ou segurança pessoal.
Ao concordar em contribuir com a pesquisa, o participante terá acesso ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UFSCar, o qual deverá ser lido e autorizado para dar início ao questionário. Mais informações estão disponíveis no questionário. (CAAE: 62807122.3.0000.5504)

SÃO CARLOS/SP - Cientistas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) desenvolveram uma nova rota para obtenção de ácido glicônico que pode facilitar a produção nacional desta matéria-prima importante em diferentes indústrias, desde a alimentícia (como regulador de acidez) e a farmacêutica (como fonte para suplementação de cálcio e ferro) até a construção civil (como aditivo de concreto) e de produtos de limpeza, dentre outras. A tecnologia desenvolvida e testada por grupo vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química (PPGEQ) da UFSCar resulta na conversão de amido solúvel - de milho, batata, mandioca e outros - em ácido glicônico e sais derivados, em etapa única e com elevados rendimentos.

As duas técnicas mais utilizadas para a produção do ácido glicônico e sais derivados são a utilização de enzimas comerciais isoladas e purificadas e, principalmente, cultivos aeróbios utilizando o fungo Aspergillus niger.

O que o grupo da UFSCar desenvolveu foi um sistema em que as células do A. niger, em condição de não crescimento (células inteiras inativas), atuam como biocatalisadores, associadas, em um biorreator pneumático, a enzimas comerciais amilolíticas (α-amilase e amiloglucosidase). Assim, é dispensada a necessidade de suplementação do meio com nutrientes - para manutenção da viabilidade do fungo - e, também, de condições rigorosas de assepsia exigidas nos cultivos já empregados industrialmente. Também deixam de ser necessárias as etapas de isolamento e purificação das enzimas naturalmente presentes na parede celular do A. niger (enzimas glicose oxidase e catalase), o que contribui na redução de custos do processo com insumos.

"Até onde temos informações, o ácido glicônico usado na indústria brasileira é majoritariamente importado, e há interesse na produção nacional", esclarece Emanoela F. Queiroz Pucci, doutoranda no PPGEQ, cuja pesquisa resultou na nova tecnologia. "Para essa aplicação em escala industrial, precisamos agora de parcerias com o setor industrial, por exemplo com indústrias de processamento de amiláceos, ou indústrias que já utilizem o fungo A. niger, para promover o escalonamento da tecnologia desenvolvida em laboratório", complementa.

A tecnologia está registrada junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial, e empresas interessadas no licenciamento para desenvolvimento dessa parceria podem entrar em contato com a Agência de Inovação da UFSCar, pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou pelo telefone (16) 3351-9040. Além de Pucci, são inventores listados na solicitação de patente Alberto Colli Badino Junior e Paulo Waldir Tardioli, ambos docentes no Departamento de Engenharia Química da UFSCar.

A pesquisa teve apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

SÃO CARLOS/SP - O envelhecimento populacional é um fenômeno de dimensão mundial, relativo ao aumento da população acima de 60 anos de idade, comparada aos outros segmentos etários, ocasionando alterações na estrutura da pirâmide etária. No processo de envelhecimento, o avanço da idade pode acarretar o declínio das funções cognitivas, em particular, funções como raciocínio, velocidade do processamento de informações, controle inibitório, atenção, memória operacional e episódica. É nesse contexto que uma pesquisa de doutorado, realizada pela parceria entre a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), está buscando voluntários para avaliar os efeitos da administração aguda de Modafinil na cognição e na aprendizagem de idosos saudáveis.
De acordo com Ana Julia de Lima Bomfim, doutoranda responsável pela pesquisa, o Modafinil é um nootrópico, medicamento estimulante que promove o estado de vigília. No Brasil, o Modafinil foi aprovado para comercialização pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no ano de 2014. Atualmente, devido à sua eficácia clínica, o uso do Modafinil também vem sendo investigado em uma série de condições médicas e psiquiátricas, em especial, no tratamento da fadiga e sonolência associadas à depressão, ao Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e à esquizofrenia.
Bomfim relata que já há estudos com resultados que indicam que o Modafinil pode agir especificamente para melhorar os mecanismos de aprendizagem, visto que o desempenho cognitivo dos participantes melhorou significativamente. "As investigações que visam explorar o uso de nootrópicos para potencializar os desempenhos cognitivos de indivíduos saudáveis têm se expandido, entretanto, poucos estudos têm como objetivo analisar essa relação em idosos", explica a doutoranda. A pesquisa é realizada no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Saúde Mental e Cognição da FMRP-USP, sob orientação de Marcos Hortes Chagas. A coorientação do estudo é de Letícia Pimenta Costa-Guarisco, docente do Departamento de Gerontologia (DGero) da UFSCar, onde serão realizados os encontros com os voluntários.
Como o declínio cognitivo pode ocorrer ao longo do envelhecimento, a prevenção desse quadro é importante para garantir um envelhecer com qualidade de vida e autonomia para a população. Bomfim explica que diversas abordagens farmacológicas e não-farmacológicas estão sendo investigadas, com o intuito de retardar ou minimizar os prejuízos cognitivos relacionados à idade. "Considerando que a administração de substâncias nootrópicas pode influenciar nas habilidades cognitivas e potencialização da aprendizagem, o presente estudo buscará entender o papel do Modafinil no desempenho cognitivo e aprendizagem em idosos", acrescenta a pesquisadora no que se refere à importância da atual pesquisa.

Voluntários
Para desenvolver a pesquisa, estão sendo convidados voluntários, homens ou mulheres, a partir de 60 anos de idade, que não tenham diagnóstico de Alzheimer e que tenham disponibilidade para participar de três encontros presenciais no DGero da UFSCar. Os voluntários passarão por três diferentes testes - avaliação da aprendizagem, das funções cognitivas e da velocidade e eficiência do indivíduo.
Pessoas interessadas em participar podem entrar em contato com a pesquisadora pelo telefone/WhatsApp (16) 99721-2482 ou pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (CAAE: 29341420.3.0000.5504).

Estudo busca voluntárias para avaliações gratuitas e resultado pode ser importante para indicação de tratamentos e prevenção

 

SÃO CARLOS/SP - Uma pesquisa de doutorado, realizada no Laboratório de Pesquisa em Saúde da Mulher (Lamu) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), está avaliando a relação entre a composição corporal feminina (massa gorda, muscular e óssea) e as disfunções da musculatura do assoalho pélvico. Essa relação ainda não está comprovada, mas há indícios de que a obesidade, por exemplo, possa ser um fator de risco para o desenvolvimento dessas disfunções que podem prejudicar atividades diárias das mulheres. A ideia é que o estudo possa identificar fatores de risco ou de proteção, auxiliando na prevenção e no tratamento desses problemas.
O estudo é realizado pela doutoranda Ana Jéssica dos Santos Sousa, sob orientação de Patricia Driusso, docente do Departamento de Fisioterapia (DFisio) da UFSCar e coordenadora do Lamu. O estudo busca voluntárias que receberão, gratuitamente, avaliação da função da musculatura do assoalho pélvico (MAP) e da composição corporal.
Dentre as disfunções mais comuns da MAP estão a incontinência urinária e fecal, disfunção sexual e prolapso e deslocamento de órgãos pélvicos. De acordo com a pesquisadora, a relação entre a composição corporal das mulheres e as disfunções do assoalho pélvico ainda não está comprovada, mas estudos apontam que a obesidade é um fator de risco para o desenvolvimento desses problemas. "No entanto, não há pesquisas que indiquem qual é a quantidade de massa gorda que pode prejudicar a função da MAP", esclarece Ana Jéssica Sousa. A hipótese do atual estudo é que a concentração de massa gorda localizada na região pélvica e abdominal possa sobrecarregar a MAP prejudicando sua função - continência urinária e fecal, sustentação de órgãos pélvicos, função sexual e outras.
"As disfunções do assoalho pélvico impactam negativamente a qualidade de vida feminina, pois prejudicam a realização das atividades de vida diária e participação social dessas mulheres", descreve a doutoranda da UFSCar. A partir disso, a expectativa do estudo é que os resultados possibilitem a identificação de fatores de risco e/ou de proteção relacionados à composição corporal feminina, auxiliando na prevenção e tratamento dessas disfunções.
Para realizar o estudo, estão sendo convidadas mulheres com idade superior a 35 anos, que não estejam na menopausa, que não tenham mais de dois filhos e que não possuam implantes metálicos. As interessadas devem preencher este formulário eletrônico (https://bit.ly/3AlRfrY) até o próximo dia 1º de dezembro. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (CAAE: 16464919.9.0000.5504).
Laboratório da Universidade desenvolve pesquisas relacionadas à Ciência do Treinamento de Força e capacita profissionais para atuação na área

 

SÃO CARLOS/SP - O número de séries e repetições durante um treino de musculação influência nos resultados? É mais eficiente realizar mais repetições com menos peso ou usar mais peso com menos repetições, na academia? É melhor manter um treino por bastante tempo ou trocar de exercício e cargas frequentemente? Será verdade que um treino só pode ser considerado eficiente se provocar dores musculares? E a musculação para mulheres? Elas têm mais dificuldade de ganhar músculos que os homens? As dúvidas relacionadas a esse tipo de atividade física são inúmeras e mitos e verdades são compartilhados diariamente. Para esclarecer todas essas questões, nas últimas décadas, pesquisadores em todo o mundo têm desenvolvido estudos sobre a Ciência do Treinamento de Força e conquistado avanços científicos relevantes que ajudam a responder as perguntas que são feitas há anos.
Segundo o professor Cleiton Augusto Libardi, do Departamento de Educação Física e Motricidade Humana e coordenador do Laboratório de Adaptações Neuromusculares ao Treinamento de Força (MuscuLab), ambos da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), ainda são muitas as questões envolvendo a maneira correta de realizar exercícios, mas a ciência tem ajudado a mudar paradigmas na prescrição do treinamento da musculação, visando ao ganho de massa muscular, a chamada hipertrofia. De acordo com o pesquisador, entre as dúvidas mais frequentes, está a relação entre o número de repetições, a quantidade de carga levantada e os resultados obtidos na musculação. "Estudos do MuscuLab demonstraram que desde que o treinamento seja realizado até próximo a fadiga muscular, mais repetições com menos peso ou mais peso com menos repetições são igualmente efetivos para aumentar a força e massa muscular", explica o especialista.
Em outras análises, o Musculab da UFSCar demonstrou ainda que a variação do estímulo não garante maiores ganhos de massa muscular e nem evita a estagnação dos ganhos, ou seja, um programa de musculação tradicional, realizado com cargas, séries e repetições fixas, promove ganhos de massa muscular similares a protocolos de treino em que são manipulados frequentemente carga, repetições, séries e intervalo de descanso, por exemplo. "Desta forma, não apenas o praticante de musculação que gosta de mudar o treino com frequência, mas também aquele que não gosta de mudar frequentemente seus programas de treinamento podem se beneficiar igualmente", esclarece.
Dentre outras hipóteses pesquisadas, os estudiosos demonstraram que não é necessário ter dor muscular nos dias seguintes após uma sessão de treinamento, a chamada dor tardia, para que o músculo cresça. "Na verdade, quando existem esses pequenos traumas nos músculos, causados pelo exercício, o organismo cuida primeiro de repará-los para que, só quando o músculo estiver regenerado, a síntese de proteínas seja direcionada não mais para o reparo, mas sim para a hipertrofia muscular", completa Cleiton Libardi.
Outra questão feita ao longo das últimas décadas é se haveria alguma diferença de ganhos musculares entre homens e mulheres. O professor Cleiton Libardi esclarece que, apesar das diferenças nas concentrações de hormônios anabólicos, as mulheres apresentam uma taxa de síntese de proteínas e ganhos de massa muscular relativos similares aos dos homens. O ponto é que devido às alterações nas concentrações hormonais durante a puberdade, principalmente de testosterona, os homens desenvolvem mais massa muscular que as mulheres. Apesar disso, quando a massa muscular de homens e mulheres é estimulada por meio dos exercícios de musculação, a resposta ao estímulo é similar entre os sexos. "No entanto, os ganhos absolutos serão maiores em quem já parte de uma massa muscular maior", destaca.
Além de promover estudos, o Laboratório da UFSCar tem capacitado profissionais que atuam na área. Atualmente, o Curso de Especialização em Ciência do Treinamento de Força da UFSCar recebe inscrições. "Ainda há muita prescrição de exercícios físicos que não é pautada em evidência científicas, o que faz com que os praticantes não tenham os melhores resultados possíveis.", relata o professor. A pós-graduação habilita os profissionais a interpretar evidências científicas e utilizá-las como base para impactar positivamente a saúde e o rendimento de seus alunos e pacientes, seja na área da saúde, seja em esportes de alto rendimento ou no campo da estética.
São abordados assuntos como bioenergética, biomecânica, métodos de treinamento, nutrição, dentre outros. Também são apresentadas técnicas para a realização de diagnósticos e o uso do treinamento de força como intervenção segura e eficaz. A especialização ainda prepara os profissionais para aplicarem treinamentos em populações específicas, como, por exemplo, crianças, gestantes, diabéticos, cardiopatas, idosos e indivíduos com síndrome metabólica. As aulas começam em 2023. A especialização conta com um corpo docente formado por professores e especialistas da própria Universidade, além de convidados de outras instituições do País. Profissionais graduados da área da Saúde (Educação Física, Fisioterapia, Gerontologia, Terapia Ocupacional, Nutrição, Medicina etc.) e demais interessados na temática do curso podem participar. Para se inscrever e ter mais informações, como grade curricular, carga horária, valores de investimento e outras, basta acessar www.bit.ly/treinamentodeforca2023.
Resultados do estudo podem ajudar no desenvolvimento de intervenções que refinem o controle postural dessa população

 

SÃO CARLOS/SP - Um projeto de Iniciação Científica, desenvolvido no Departamento de Fisioterapia (DFisio) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), tem por objetivo investigar a atividade cerebral durante a manutenção da postura em pé, sob diferentes condições de informações visuais, em crianças e adolescentes (entre 7 e 16 anos) com paralisia cerebral (PC) e desenvolvimento típico (DT). A pesquisa é feita pela graduanda Maria Julia Melger, sob orientação de Ana Carolina Campos, docente do DFisio, e coorientação da fisioterapeuta Isabella Sudati.
De acordo com Melger, estudos que caracterizam e descrevem os padrões de ativação cerebral e como eles estão associados com o controle postural em crianças e adolescentes típicos e com PC são escassos na literatura. "Por isso, os achados podem trazer contribuições importantes para compreender os mecanismos envolvidos no controle postural, de forma a subsidiar o desenvolvimento de estratégias de intervenção que abordem componentes relevantes para a melhora do seu desempenho em atividades do dia a dia", complementa a pesquisadora.
Durante a pesquisa, os participantes - crianças e adolescentes com PC e DT - passarão por testes em duas condições de tarefa, em sequência aleatoriamente selecionada: o participante deverá manter os pés paralelos à linha do quadril olhando para um ponto fixo à sua frente e manter os pés paralelos à linha do quadril com os olhos fechados. Essa relação entre as informações visuais e a atividade cerebral será investigada na pesquisa, mas Melger aponta que a hipótese é que as alterações no controle postural estão diretamente ligadas a alterações na atividade cerebral. "Em atividades, como na marcha, por exemplo, estudos demonstram que há alterações na atividade cerebral e, agora, queremos investigar a relação com o controle postural", destaca.

Resultados esperados
Estudos já realizados mostram que a ativação cortical em crianças com PC é maior do que nas crianças com DT em tarefas de mobilidade como a marcha. Diante disso, a expectativa da pesquisa é que os participantes com PC tenham maior ativação cerebral durante a manutenção da postura em pé se comparados aos participantes com DT, nas duas condições visuais. "Ambos os grupos deverão apresentar oscilação postural e atividade cerebral aumentada na condição sem informação visual em comparação com a manutenção dos olhos abertos. Isso deve ser mais notável no grupo com PC, tendo em vista que características da paralisia cerebral, como menor controle seletivo nas extremidades inferiores e maiores erros e variabilidade nos parâmetros da marcha, se relacionam com a atividade cerebral", explica Melger sobre a expectativa do estudo.
Para a pesquisadora, investigar os mecanismos da atividade cerebral durante a manutenção da postura em pé nas crianças e adolescentes com PC contribuirá para compreender os processos neurais envolvidos na organização postural, o que pode favorecer o desenvolvimento de intervenções direcionadas para estimular o refinamento do controle postural nesse público.

Voluntários
Para realizar o estudo, estão sendo convidados crianças e adolescentes, entre 7 e 16 anos, com PC e que tenham a capacidade de se manter em pé. Também estão sendo recrutados voluntários na mesma faixa etária que tenham desenvolvimento típico para integrar o grupo controle da pesquisa.
Os participantes não precisam residir em São Carlos e passarão por avaliações da atividade cerebral e equilíbrio na UFSCar. Interessados em participar devem entrar em contato com a equipe de pesquisa pelo telefone (14) 99117-4624. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (CAAE: 51559421.6.0000.5504).

Nosso Facebook

Calendário de Notícias

« Abril 2024 »
Seg. Ter Qua Qui Sex Sáb. Dom
1 2 3 4 5 6 7
8 9 10 11 12 13 14
15 16 17 18 19 20 21
22 23 24 25 26 27 28
29 30          
Aviso de Privacidade

Este site utiliza cookies para proporcionar aos usuários uma melhor experiência de navegação.
Ao aceitar e continuar com a navegação, consideraremos que você concorda com esta utilização nos termos de nossa Política de Privacidade.