KIEV - A Rússia lançou ataques contra a capital da Ucrânia, Kiev, o porto de Odessa, no Mar Negro, e a região sul de Kherson, na terça-feira, antes do início de uma cúpula da Otan na Lituânia, onde as ameaças de segurança de Moscou estavam na agenda.
Nenhuma morte foi relatada em ataques noturnos de drones em Kiev e Odessa, mas um bombardeio russo matou uma mulher no vilarejo de Sofiivka, no sul, e feriu duas pessoas na cidade de Kherson, disse o governador de Kherson, Oleksandr Prokudin.
Alertas aéreos foram emitidos em toda a Ucrânia e os combates continuaram enquanto os líderes da Otan se reuniam para uma cúpula que o Kremlin criticou, alertando que Moscou responderia para proteger sua própria segurança.
"O inimigo atacou Kiev do ar pela segunda vez neste mês", escreveu Serhiy Popko, chefe da administração militar de Kiev, no aplicativo de mensagens Telegram.
A Força Aérea disse que 26 dos 28 drones kamikaze Shahed de fabricação iraniana lançados pela Rússia durante a noite foram abatidos.
Os militares disseram que os destroços que caíram danificaram vários edifícios na região de Kiev. Um prédio administrativo no porto de Odessa também foi danificado, e um incêndio foi rapidamente extinto em um terminal de grãos perto do porto, segundo autoridades.
Na cúpula de Vilnius, os líderes da Otan disseram que a Ucrânia receberá uma "mensagem positiva" ao buscar a adesão. Moscou citou a expansão da Otan para o leste como um fator em sua decisão de enviar tropas para a Ucrânia em fevereiro de 2022.
A Rússia nega ter alvejado deliberadamente civis.
por Por Valentyn Ogirenko e Gleb Garanich / REUTERS
UCRÂNIA - A Ucrânia informou nesta terça-feira (11) que drones russos atacaram instalações de grãos em um porto da região de Odessa (sul), um dos três terminais marítimos cruciais para o acordo de exportação entre Kiev e Moscou, que está a ponto de expirar.
"As forças de defesa aérea não permitiram que o plano do inimigo de atacar o terminal de grãos de um dos portos de Odessa fosse concretizado", afirmou em um comunicado o governador regional Oleg Kiper.
O exército ucraniano afirmou que derrubou 26 drones russos durante a noite. Algumas horas antes, as autoridades relataram um ataque noturno com drones contra a capital Kiev.
"O inimigo atacou Kiev por via aérea pela segunda vez este mes", anunciou a administração militar de Kiev no Telegram.
O ataque utilizou drones explosivos de fabricação iraniana Shahed, lançados a partir do sul, provavelmente da região russa de Krasnodar, segundo a nota militar.
"Todos os alvos aéreos que avançavam em direção a Kiev foram destruídos pelas forças e com os recursos de nossa defesa aérea", acrescentou a administração militar.
O ministério do Interior ucraniano informou que destroços de drones Shahed foram encontrados em uma área não divulgada da região de Kiev.
Os alertas de ataques aéreos também foram acionados nas regiões de Mykolaiv, Kherson, Kirovogrado, Poltava e Kharkiv.
Os ataques coincidem com a reunião de cúpula da Otan em Vilnius, Lituânia, onde o presidente ucraniano Volodimir Zelensky se reunirá na quarta-feira com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para defender o direito de seu país de entrar para a aliança militar.
UCRÂNIA - Os sistemas de defesa aérea russos derrubaram quatro mísseis no domingo, disseram autoridades russas, um sobre a península anexada da Crimeia e três sobre as regiões russas de Rostov e Bryansk, que fazem fronteira com a Ucrânia.
Um míssil de cruzeiro foi abatido perto da cidade de Kerch, na península da Crimeia, sem causar danos ou vítimas, escreveu o governador instalado da Rússia, Sergei Aksyonov, no aplicativo de mensagens Telegram. Ele não especificou de onde o míssil foi lançado.
A Crimeia foi anexada pela Rússia da Ucrânia em 2014, mas é reconhecida internacionalmente como parte da Ucrânia.
Autoridades locais disseram que o tráfego na Ponte da Crimeia, que liga a península ao continente russo, foi restabelecido após uma aparente suspensão. Não foi dada nenhuma razão para a paralisação do trânsito.
Em outro incidente, defesas aéreas derrubaram um míssil ucraniano sobre a região russa de Rostov, disse o governador Vasily Golubev no Telegram. "Não houve vítimas. Os destroços danificaram parcialmente os telhados de vários edifícios", escreveu Golubev.
Alexander Bogomaz, governador de Bryansk, escreveu no Telegram que os militares russos derrubaram dois mísseis ucranianos. Uma serraria foi totalmente destruída como resultado da queda de um dos mísseis, disse Bogomaz.
Moscou acusa regularmente a Ucrânia de ataques contra alvos dentro da Rússia. Kiev negou isso, dizendo que está travando uma guerra defensiva em seu próprio território.
TURQUIA - O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, reivindicou, nesta quinta-feira (6), na República Tcheca, "honestidade" e "coragem" à Otan, dias antes de uma reunião crucial da aliança militar, e reconheceu que a contraofensiva lançada contra as posições russas "não é rápida".
Sua viagem para Praga faz parte de uma ofensiva diplomática de Kiev para aderir à Otan e receber mais munições de seus aliados, que o levou antes à Bulgária e continuará na Turquia nesta sexta-feira.
"A ofensiva não é rápida, isto é um fato. Mas, mesmo assim, avançamos, não retrocedemos como os russos", disse Zelensky à imprensa ao lado do presidente tcheco, Petr Pavel.
O dirigente ucraniano assegurou que a lentidão no fornecimento de armas a seu país havia atrasado sua contraofensiva e permitiu que a Rússia fortalecesse suas defesas nos territórios ocupados.
"Exigimos honestidade em nossas relações" com a Otan, disse Zelensky em Praga. É hora de demonstrar "a coragem e a força dessa aliança", acrescentou.
Os países-membros da Otan se reúnem nos dias 11 e 12 de julho em Vilnius, a capital da Lituânia, ainda sem uma posição comum sobre as garantias de segurança que querem oferecer a Kiev nem sobre um eventual convite à Ucrânia para se juntar à aliança militar.
"A motivação de nossos parceiros deve continuar intacta", disse o presidente ucraniano anteriormente na Bulgária. Kiev reivindica aviões de combate F16 e munições de artilharia. Caso contrário, "perderemos a iniciativa no campo de batalha", frisou.
Durante a próxima etapa de sua viagem, na Turquia, Zelensky se reunirá com o presidente Recep Tayyip Erdogan, no momento em que a Rússia ameaça sair do acordo sobre as exportações de grãos ucranianos apoiado por Ancara.
- 'Onde está Prigozhin?' -
A campanha diplomática do líder ucraniano coincidiu com um bombardeio russo em Lviv (oeste) e com novas revelações sobre o paradeiro do chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, depois de seu motim contra o alto comando militar do presidente Vladimir Putin.
O presidente de Belarus, país para o qual teoricamente foi Prigozhin após um acordo com o Kremlin, disse que o polêmico empresário não estava ali, mas na Rússia.
"Quanto a Prigozhin, ele está em São Petersburgo. Onde está esta manhã? Ele pode ter partido para Moscou ou para outro lugar, mas não está em território bielorrusso", disse Alexander Lukashenko.
"Tenho certeza de que ele está livre", disse Lukashenko, afirmando que tinha conversado ontem com Prigozhin por telefone, que lhe garantiu que continuaria "trabalhando para a Rússia".
O presidente bielorrusso mediou o acordo que pôs fim à rebelião de Prigozhin nos dias de 23 e 24 de junho. No dia 27, Lukashenko informou que o líder do Grupo Wagner havia chegado a Belarus.
já o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, ao ser questionado sobre o paradeiro de Prigozhin, respondeu: "Não estamos acompanhando os seus movimentos."
Putin, que tachou Prigozhin de "traidor", deu aos combatentes do Grupo Wagner a opção de ingressar no exército regular, ir para Belarus ou voltar para a vida civil.
Mas, segundo Lukashenko, os combatentes do Grupo Wagner também estão "em seus destacamentos permanentes" na Ucrânia e não em Belarus, "por ora".
Após o motim de 24 horas que abalou o Kremlin, Prigozhin disse que não queria tomar o poder, mas proteger o Grupo Wagner do risco de ser desmantelado pelo Estado-Maior russo, a cujos responsáveis ele acusa de incompetência no conflito da Ucrânia.
- Mísseis em Lviv -
Na Ucrânia, a centenas de quilômetros da frente de batalha, a cidade de Lviv foi alvo de uma série de mísseis russos durante a noite, que mataram sete pessoas e causaram danos em mais de 30 edifícios, segundo as autoridades locais.
"Este é o ataque mais destrutivo contra a população civil do oblast [província] de Lviv desde o início da guerra", assinalou o chefe da administração militar da província, Maksym Kozytsky, no Telegram.
"Acordei com a primeira explosão, mas não tivemos tempo de sair do apartamento. Houve uma segunda explosão e o teto começou a cair", disse à AFP Olya, uma moradora da cidade.
"Minha mãe morreu, meus vizinhos morreram. Neste momento, parece que sou a única sobrevivente do quarto andar", acrescentou.
Por outro lado, o Exército russo garantiu que seus ataques foram contra lugares de "destacamento temporário" de soldados ucranianos. "Todas as instalações designadas foram atingidas", disse o Ministério da Defesa russo.
A Unesco condenou hoje o bombardeio russo contra um edifício histórico em Lviv, e ofereceu suas "sinceras condolências" às famílias das vítimas.
"Este ataque, o primeiro que afeta uma área protegida pela Convenção sobre o Patrimônio Mundial desde o início da guerra, em 24 de fevereiro de 2022, constitui uma violação" deste acordo, afirmou esta agência especializada da ONU com sede em Paris.
UCRÂNIA - Um ataque com mísseis matou quatro pessoas em um edifício residencial na cidade de Lviv (oeste) nesta quinta-feira (6), no maior bombardeio contra uma infraestrutura civil da localidade desde o início da guerra na Ucrânia, anunciaram as autoridades locais.
"Um edifício de apartamentos foi atingido por um ataque russo com mísseis", afirmou no Telegram o ministro ucraniano do Interior, Igor Klimenko.
"O terceiro e o quarto andares do prédio foram destruídos no ataque (...) Quatro pessoas morreram e nove ficaram feridas", acrescentou.
As equipes de resgate trabalhavam para resgatar as pessoas presas entre os escombros, informou Klimenko.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, prometeu uma "resposta tangível" ao ataque russo.
"Infelizmente há feridos e mortos... Definitivamente haverá uma resposta ao inimigo, uma resposta tangível", afirmou Zelensky no Telegram.
O prefeito de Lviv Andriy Sadovyi, indicou que mais de 50 apartamentos foram "destruídos" e um dormitório da Universidade Politécnica da cidade foi atingido.
"Este é o maior ataque contra uma infraestrutura civil de Lviv desde o início da invasão russa", em 24 de fevereiro de 2022, destacou Sadovyi.
Não foi possível determinar quantos mísseis foram lançados contra a cidade.
RÚSSIA - A Rússia anunciou que neutralizou cinco drones ucranianos nesta terça-feira (4) perto de Moscou e da capital, uma ação que prejudicou as operações no aeroporto internacional de Vnukovo e que o Kremlin chamou de "ato terrorista".
O ataque estava direcionado contra diversos pontos da região de Moscou e seus arredores, áreas que raramente são alvos de ações de Kiev que, ao mesmo tempo, intensificou as operações em outras localidades da Rússia.
De acordo com o ministério russo da Defesa, quatro drones foram destruídos pela defesa antiaérea perto da capital russa e o quinto foi neutralizado por "recursos de guerra eletrônica" antes de cair na região de Moscou.
O ataque não provocou vítimas ou danos, segundo o ministério, que definiu a ação como um "ato terrorista".
"Todos os ataques foram impedidos pela defesa antiaérea, todos os drones detectados foram neutralizados", celebrou no Telegram o prefeito de Moscou, Serguei Sobianin.
A ação perturbou durante três horas as operações no aeroporto de Vnukovo, um dos três grandes aeroportos internacionais de Moscou.
Um dos drones foi neutralizado perto de Kubinka, a 40 quilômetros do aeroporto de Vnukovo, de acordo com as autoridades locais, citadas pela agência estatal RIA Novosti.
Muitos voos foram desviados para outros destinos durante a madrugada. O aeroporto voltou a operar às 5H00 GMT (2H00 de Brasília), segundo a agência russa de transporte aéreo Rosaviatsia.
O quinto drone foi derrubado na região de Kaluga, ao sudoeste de Moscou, informou a agência oficial TASS.
Depois do ataque, a porta-voz do ministério russo das Relações Exteriores, Maria Zakharova, denunciou um "ato terrorista" de Kiev, direcionado contra uma área onde ficam pontos de infraestrutura civil".
Ela também acusou os países ocidentais de financiar "um regime terrorista" com o fornecimento de armas a Kiev.
- Problemas na contraofensiva ucraniana -
Na Ucrânia, o governador de Kherson, Oleksander Prokudin, anunciou no Telegram que duas pessoas morreram em bombardeios russos nesta região do sul do país.
Os ataques das tropas de Moscou também deixaram três feridos na região de Donetsk (leste) e mais três em Chernihiv (norte), segundo as autoridades locais.
Além disso, o balanço do ataque com drones russos na segunda-feira contra um edifício residencial em Sumy (nordeste) subiu para três mortos e 21 feridos.
O Estado-Maior da Ucrânia também anunciou a interceptação de 16 drones de fabricação iraniana lançados pela Rússia durante a noite.
Na frente de batalha, os combates prosseguem quase um mês após o início da contraofensiva de Kiev para tentar recuperar os territórios ocupados pela Rússia e que, até o momento, registra apenas avanços moderados.
De acordo com o ministério da Defesa do Reino Unido, as forças ucranianas tentam avançar, mas esbarram no "uso em larga escala de minas terrestres por parte da Rússia" e nos ataques com aviões, helicópteros e de artilharia.
As forças russas "conseguiram algumas vitórias com esta estratégia", mas continuam "sofrendo baixas consideráveis", acrescentou o ministério britânico.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, reconheceu na segunda-feira uma semana de combates "difíceis" em toda a linha de frente. Mesmo assim, destacou que as tropas do país conseguiram avançar 37 quilômetros quadrados no leste e no sul.
A Rússia afirma que o exército ucraniano "não alcançou os objetivos em nenhum ponto" desde o início da contraofensiva.
No campo diplomático, o presidente russo, Vladimir Putin, participou em uma reunião de cúpula virtual da Organização para a Cooperação de Xangai, da qual seu país participa ao lado da China, Índia, Paquistão e quatro repúblicas do centro da Ásia (Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão e Uzbequistão).
"A Rússia está resistindo de maneira segura e continuará resistindo às pressões externas, sanções e provocações", afirmou Putin a respeito das medidas adotadas pelos países ocidentais contra Moscou desde o início da operação na Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Ele também agradeceu aos "colegas da Organização para Cooperação de Xangai que expressaram apoio durante o motim do grupo paramilitar Wagner, que abalou o Kremlin no fim de junho.
ARÁBIA SAUDITA - A Arábia Saudita e a Rússia anunciaram na segunda-feira que fariam cortes adicionais no fornecimento de petróleo, já que uma desaceleração econômica global paira sobre as perspectivas para a demanda de energia.
A Arábia Saudita – o maior exportador mundial de petróleo bruto – disse que estenderá um corte de 1 milhão de barris por dia em sua produção de petróleo pelo menos até o final de agosto. O corte, que entrou em vigor no sábado, foi inicialmente planejado para durar o mês de julho, em uma tentativa de sustentar os preços do petróleo.
O vice-primeiro-ministro da Rússia, Alexander Novak, disse que seu país cortaria voluntariamente o fornecimento em 500.000 barris por dia em agosto, cortando as exportações.
Os anúncios fizeram com que os preços do petróleo Brent, referência global do petróleo, subissem 0,7%, sendo negociados a US$ 76 o barril. O WTI, referência dos EUA, subiu 0,8%, para US$ 71. Os preços do petróleo caíram mais de 40% desde março do ano passado, quando atingiram a maior alta em 14 anos após a invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia.
A Arábia Saudita precisa que o petróleo Brent seja negociado a cerca de US$ 81 o barril para equilibrar seu orçamento, de acordo com o Fundo Monetário Internacional. O reino caiu novamente em um déficit orçamentário este ano, depois de registrar um superávit em 2022 pela primeira vez em quase uma década.
O estado do Golfo anunciou pela primeira vez seu corte de 1 milhão de barris após uma reunião em junho entre membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Rússia e outros produtores menores, uma aliança conhecida como OPEP +.
“Este corte voluntário adicional vem reforçar os esforços de precaução feitos pelos países da OPEP + com o objetivo de apoiar a estabilidade e o equilíbrio dos mercados de petróleo”, disse a agência de notícias saudita, citando uma fonte oficial do Ministério da Energia na segunda-feira.
Na reunião de junho, Riad também disse que estenderia um corte de produção de 500.000 barris por dia – anunciado pela primeira vez em abril – até o final do ano que vem. Juntos, os cortes reduzirão a produção total de petróleo da Arábia Saudita para nove milhões de barris por dia.
Outros membros da OPEP+ prometeram reduzir a produção até o final de 2024 em meio a uma perspectiva decepcionante para a demanda global e uma forte recuperação pós-pandemia na economia chinesa parece cada vez mais improvável.
Os dados da pesquisa industrial chinesa, divulgados na segunda-feira, mostraram apenas um crescimento modesto na atividade na segunda maior economia do mundo no mês passado, com algumas empresas cortando pessoal porque as vendas ficaram mais fracas do que o esperado.
“O otimismo em torno das perspectivas de 12 meses para a produção diminuiu para uma mínima de oito meses em junho, já que algumas empresas expressaram preocupações com as condições de mercado relativamente fracas”, escreveram analistas da S&P Global no relatório de segunda-feira.
por diegof / ISTOÉ DINHEIRO
UCRÂNIA - O exército da Ucrânia reconquistou 37 quilômetros quadrados no leste e sul do país em uma semana, no âmbito da contraofensiva ante as forças da Rússia, anunciou nesta segunda-feira (3) a vice-ministra da Defesa, Ganna Maliar.
No sul, "o território liberado aumentou em 28,4 km2", o que eleva a 158 quilômetros quadrados a superfície total reconquistada nesta região desde o lançamento da contraofensiva no início de junho, declarou Maliar.
No leste, os avanços de Kiev foram de apenas nove quilômetros quadrados, de acordo com a vice-ministra.
"O inimigo resiste com força, está acontecendo uma batalha muito dura", destacou Maliar. Ela disse que as tropas russas executaram uma ofensiva no fim de semana nos arredores de Svatove, na região de Lugansk.
Os russos estão "tentando avançar para Lyman", uma cidade na região de Donetsk tomada pelo exército ucraniano no final do ano passado, segundo Maliar.
Na Rússia, o Serviço Federal de Segurança (FSB) afirmou nesta segunda-feira que impediu uma tentativa de assassinato contra o líder designado por Moscou na Crimeia, a península ucraniana anexada em 2014.
"Frustramos uma tentativa de assassinato contra o líder da Crimeia, Serguei Aksionov, organizada pelo serviço especial ucraniano", afirmou o FSB, citado pelas agências de notícias russas.
Um cidadão russo nascido em 1988 foi detido, acusado de ter sido "recrutado por oficiais do SBU", o serviço secreto ucraniano, indicou o FSB, que acusou o homem de ter "formação em inteligência subversiva na Ucrânia, incluindo o uso de explosivos".
Também nesta segunda-feira, o presidente do Comitê de Defesa da Duma (Câmara Baixa do Parlamento russo) descartou a ideia de uma nova mobilização para substituir os membros do grupo paramilitar Wagner que deixaram de combater na Ucrânia.
"O presidente da Federação Russa (Vladimir Putin), claramente e de maneira compreensível e específica, disse que não acontecerá uma nova convocação", declarou Andrei Kartapolov, de acordo com a agência estatal TASS.
"Não há necessidade de mobilização hoje ou no futuro próximo", acrescentou.
De acordo com o ex-comandante militar, "não há nenhuma ameaça de redução do potencial de combate a médio e longo prazo, e Moscou dispõe de tropas dentro das Forças Armadas russas para substituí-las".
A Rússia recrutou em setembro centenas de milhares de homens para enfrentar o conflito na Ucrânia e dezenas de milhares fugiram para o exterior para evitar a convocação.
"No momento do motim (fracassado), o grupo Wagner não era mais utilizado na linha de frente, todos estavam nos acampamentos", acrescentou Kartapolov.
Após o motim frustrado, o fundador do grupo Wagner, Yevgueni Prigozhin, aceitou partir para o exílio em Belarus, após a mediação de Minsk.
MOSCOU - O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, acusou na sexta-feira o Ocidente de exercer uma "pressão descarada" sobre os países da África e da América Latina para que adotem as medidas tomadas contra a Rússia por causa de suas ações militares na Ucrânia.
Lavrov, falando em uma coletiva de imprensa, disse que os países deveriam ter permissão para tomar suas próprias decisões sobre como conduzir suas relações com a Rússia.
O Ocidente impôs sanções econômicas abrangentes contra a Rússia após sua decisão de enviar dezenas de milhares de tropas para a Ucrânia em fevereiro de 2022. Mas muitos países do mundo em desenvolvimento -- incluindo os gigantes asiáticos China e Índia -- não adotaram medidas punitivas contra Moscou.
Reportagem de Guy Faulconbridge / REUTERS
RÚSSIA - Depois do fim da rebelião do Grupo Wagner na Rússia, o presidente Vladimir Putin deu três opções aos combatentes da milícia: ir para Belarus, voltar para casa ou se integrar às forças russas.
Mas o que exatamente aconteceu com os cerca de 20 mil combatentes liderados por Yevgeny Prigozhin "é totalmente desconhecido", comenta o especialista alemão Nico Lange.
Ele lembra que o grupo dispõe de tanques de infantaria e outros armamentos mais modernos do que o que recentemente se viu em vídeos das Forças Armadas russas.
O ministro russo da Defesa, Serguei Shoigu, e seus comandantes devem estar interessados nessas armas, mas a integração delas nas Forças Armadas pode ser demorada.
O jogo de poder entre Putin, Prigozhin e o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, que mediou o acordo que acabou com a rebelião, ainda não acabou, analisa o Instituto para o Estudo da Guerra, nos EUA.
Os pesquisadores do instituto avaliam que esse jogo de poder vai continuar tendo consequências de curto e longo prazo que podem beneficiar a Ucrânia.
Mas como a Ucrânia pode se beneficiar da atual situação na Rússia? E quais opções surgiram para o comando das forças ucranianas após a rebelião? Até agora, não se sabe se o motim mudou os planos para a contraofensiva ucraniana, que está em andamento.
Avanços lentos da contraofensiva
Informações reunidas nas redes sociais, imagens de satélite e declarações das Forças Armadas ucranianas indicam que os combatentes ucranianos conseguiram libertar alguns vilarejos ao longo da linha de combate ao leste da cidade de Zaporijia e ao norte e ao sul de Bakhmut.
Mas com frequência aparecem imagens de drones que mostram tanques de infantaria ucranianos retidos em campos minados russos – ou seja, na linha de defesa russa, que ao longo de meses foi sendo fechada com minas terrestres e barreiras de contenção de tanques.
"Claro está que ainda se trabalha no primeiro obstáculo: essa combinação de campos minados e falta de superioridade aérea, e isso parece ser muito problemático", comenta Lange, referindo-se aos progressos dos militares da Ucrânia.
O analista Brady Africk, do Instituto American Enterprise, em Washington, diz, com base em imagens de satélite, que a Rússia está fortalecendo suas linhas de defesa.
Os mapas atualizados por Africk chamam a atenção para o outro grande evento da guerra em junho: a explosão da barragem de Kakhovka, no início do mês. A Ucrânia culpa a Rússia pela explosão, e a Rússia culpa a Ucrânia.
O colapso da barragem teria sido causado por um explosivo detonado no interior da estrutura pela Rússia, que controla o local, de acordo com um trabalho de investigação do jornal americano The New York Times.
Leito secou
Nesse meio tempo, o reservatório se esvaziou. Fotos compartilhadas no Telegram e no Twitter mostram o leito seco em várias partes. No Facebook, caçadores de tesouros ucranianos compartilham suas experiências na busca de objetos de valor no solo com detectores de metal.
De acordo com um comunicado à imprensa, a Comissão Alemã de Túmulos de Guerra está investigando relatos de que "restos mortais de soldados alemães foram encontrados no sul da Ucrânia e que esses achados estão ligados à destruição da represa de Kakhovka". A organização protege os restos mortais de vítimas da Segunda Guerra Mundial em toda a Europa e providencia seu sepultamento em cemitérios.
Brecha para o exército ucraniano?
Em mapas antigos da Wehrmacht (forças armadas da Alemanha nazista), podem ser vistas várias estradas históricas que cruzavam o leito posterior do reservatório de Kakhovka, das quais a água aparentemente já foi drenada.
Ex-meteorologista da Força Aérea dos EUA, David Helms estudou a condição do antigo reservatório em imagens de satélite e as justapôs com mapas antigos da Wehrmacht. Helms faz parte de um grupo disperso de apoiadores da Ucrânia que divulgam suas descobertas sob a hashtag #NAFO, especialmente no Twitter. Ele identificou sete estradas no reservatório, agora praticamente vazio, que ainda estavam em uso durante a Segunda Guerra.
Atualmente, ao norte do antigo reservatório e do rio Dnieper, que agora flui em seu leito histórico, está o exército ucraniano e, ao sul, as forças armadas russas.
Surpreendentemente, a oeste da cidade de Vasylivka, controlada pelo exército russo, poucas posições do exército russo são visíveis, pelo menos no mapa do analista norte-americano Brady Africk, apoiado por imagens de satélite.
Parece, pelo menos, uma possibilidade de que uma brecha esteja se abrindo aqui para o exército ucraniano – com muitos imponderáveis, especialmente porque as forças russas sempre podem atacar pelo ar. No entanto, Lange diz ter a impressão, a partir da contraofensiva ucraniana, de que Kiev ainda está guardando a grande surpresa para si mesma.
Autor: Frank Hofmann / DW.com
Este site utiliza cookies para proporcionar aos usuários uma melhor experiência de navegação.
Ao aceitar e continuar com a navegação, consideraremos que você concorda com esta utilização nos termos de nossa Política de Privacidade.